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2 AS IDE NO DESENVOLVIMENTO DE SOCIEDADES E COMUNIDADES ESPACIALMENTE HABILITADAS

2.3 Os conceitos, o desenvolvimento e o funcionamento das IDE

2.3.2 A organização e o funcionamento das IDE

Na constituição e desenvolvimento das IDE entende-se que entre a diversidade de definições de IDE (Chan et al., 2001; Grus et al., 2007), a maioria apresenta a mesma tipologia de componentes da IDE (por exemplo, dados, tecnologia, políticas, normas e utilizadores) (Crompvoets et al., 2004; European Parliament and the Council of the European Union, 2007; Feeney, 2003; Giff e Coleman, 2002; Vandenbroucke et al., 2009). As IDE incluem as mesmas componentes dos WEBSIG mas apresentam uma constituição própria da heterogeneidade aos seus âmbitos de aplicação, um maior desenvolvimento das componentes relacionadas com as normas e as políticas de gestão, desenvolvimento e comunicação. Ao mesmo tempo,

estas infraestruturas digitais podem apresentar uma formalização legal associada a âmbitos e opções estratégicas da administração (Wallace et al., 2006). Assim, na formulação, evolução e implementação das IDE consideram-se: i) as decisões e as opções políticas; ii) a normalização de dados e de procedimentos; iii) a publicação e o esclarecimento legal da (re)utilização dos dados entre as entidades públicas e privadas (Clift, 2003); iv) a capacitação técnica e tecnológica dos utilizadores; mas acima de tudo, v) a aposta das tecnologias de partilha, distribuição e gestão dos acessos bem como, da interoperabilidade de dados e sistemas (Wright e Wang, 2011).

As IDE apresentam as mesmas componentes que os (WEB)SIG atribuindo maior importância ao enquadramento político e normativo, e maior atenção às tecnologias, aos processos e às capacidades de partilha e acesso aos dados. Muitos modelos de representação da constituição e funcionamento das IDE têm sido publicados e adotados em todo o mundo destacando-se, em particular, a divulgação dos modelos de Rajabifard (2002) e GeoConncections (2009). Estes modelos possuem componentes e atributos, não discretos e integrados de natureza dinâmica e evolutiva (Fig. 2.6 e Fig. 2.10).

Fig. 2.10 – Representação da natureza e relação de componentes de uma IDE (GeoConnetions, 2009).

Embora as diferentes formas de concetualizar a constituição e funcionamento, as IDE incluem de forma transversal as principais componentes:

(1) as políticas globais, europeias e/ou nacionais que orientam a produção, a publicação, a partilha, o acesso e gestão dos dados na sua relação com as políticas de desenvolvimento, de inovação territorial, de infraestruturação digital, de incentivo às economias digitais, sistemas de informação e IDE (Castelein et al., 2010); as políticas podem se concentrar ainda em questões típicas de uma única organização, enquanto as outras questões são abordadas no próprio contexto legal e político mais amplo, por exemplo, as opções estratégicas, o financiamento, as políticas de dados, de privacidade, o acesso à informação pública, ou questões de segurança, entre outros (Janssen e Dumortier, 2007; Kulk e van Loenen, 2012);

(2) as normas oficiais (Série de Normas ISO 19100/ISO TC141, Normas e orientações OGC), os acordos institucionais e procedimentos sobre tecnologias, conteúdos e organização dos dados que visam

Dados Espaciais Quadro

Metadados

Serviços

Descoberta Acesso Processo

Normas incluem especificações, normas formais e práticas documentadas

a interoperabilidade e a otimização das SDI; as normas são essenciais para garantir a interoperabilidade entre os conjuntos de dados e os mecanismos de acesso, no funcionamento e na integração de uma IDE (Vandenbroucke, 2012), enquanto as normas nacionais, regionais e mesmo as normas internas às organizações permitem operacionalizar processos e procedimentos de forma normalizada e responsável; (3) as pessoas ou utilizadores individuais e coletivos que incluem diferentes tipologias de utilizadores, especializados e não especializados bem como, instituições que constituem parcerias para o desenvolvimento, partilha de acessibilidade e utilização de dados espaciais; neste grupo de utilizadores públicos e privados internos e externos aos promotores dos projetos, incluem-se os decisores políticos e técnicos, investigadores, técnicos de dados e tecnologias além dos utilizadores finais com papéis e competências complementares num contexto facilitador de proximidade, comunicação, responsabilização e operação de cada e do conjunto de utilizadores; (4) os conjuntos de dados de referência e dados temáticos, com destaque para os metadados espaciais desenvolvidas pelas instituições no âmbito dos respetivos mandatos individuais, mas em conformidade com os modelos de dados acordados, aprovadas ou em vigor (European Parliament and the Council of the European Union, 2007; RDM Working Group, 2002); a produção e a publicação de metadados espaciais, enquanto documentos para compreender, interpretar, encontrar e partilhar os dados (INSPIRE, 2003), facilitam a organização e gestão de dados espaciais, incluindo dados de avaliação e gestão da qualidade das bases de dados (Tóth e Lima, 2005);

(5) as tecnologias e em particular, as redes de acesso que permitem a publicação, a partilha e fornecem os meios de captura, transformação, armazenamento, análise, publicação e acesso aos dados e a interoperabilidade entre diferentes sistemas e tecnologias; neste conjunto incluem-se as tecnologias de captura, de armazenamento de dados, de publicação e partilha, de comunicação, de segurança, de gestão de perfis de utilizadores e monitorização das práticas de utilizadores (Rajabifard, 2002) (Fig. 2.11).

A concetualização e a divisão das IDE em componentes são importantes para estabelecer molduras de análise e avaliações das necessidades, programação, estado e evolução do desenvolvimento das IDE (Roche e Rajabifard, 2012). Mesmo assim, de acordo com as relações estruturais entende-se uma continuidade funcional evolutiva entre as diversas componentes bem como, destes com o ambiente social e económico envolvente, seja com o contexto imediato (organização, grupo e instituição) ou contextos mais abrangentes (in)diretos das diversas escalas territoriais. Neste sentido, acontecem mudanças constantes no interior e entre as diversas componentes, nomeadamente das capacidades e dos comportamentos dos utilizadores relativamente aos dados e tecnologias no quadro da aplicação e adaptação gradual de normas, bem como, na alteração de políticas de desenvolvimento territorial, setoriais ou de desenvolvimento de IDE (Rajabifard e Williamson, 2004).

Fig. 2.11 – O quadro das componentes e contextos de desenvolvimento das IDE (adap. de Jakobsson, 2002).

A constituição mas, acima de tudo, o funcionamento destas infraestruturas e os meios de mobilidade e acessibilidade de informação digital exige de uma forma subjacente, mas implícita, novas formas de conhecimentos e relacionamento entre os diferentes utilizadores (World Resources Institute, 2003). As iniciativas do desenvolvimento das IDE iniciam-se pelas opções políticas (Gore, 1999), o suporte de investigação e de inovação tenológica e organizacional associadas à criação e implementação de SIG (Masser, 2005).

As possibilidades disponibilizadas pelas redes digitais e a integração funcional dos diversos recursos e competências justificam o aparecimento e o desenvolvimento de Infraestruturas de Dados Espaciais (IDE) nos diversos níveis hierárquicos espaciais de ação-decisão, global, nacional e local) (Williamson et al., 2006), facilitando a integração funcional dos diversos recursos e as competências convergentes. Atualmente, as IDE funcionam com base em redes digitais e como tal, criam novos espaços geográficos virtuais para a partilha e serviços de dados. Estas infraestruturas digitais apresentam uma constituição e integração hierárquica como forma de gestão da complexidade da realidade, com dados e serviços de dados, gradualmente com maior detalhe e nível de concretização (Rajabifard, 2010b, 2002). Embora um quadro concetual comum, cada IDE apresenta as especificidades próprias do âmbito, de cada percurso de desenvolvimento e dos territórios associados (Rajabifard, 2002).

A base local ou temática de cada IDE determina a adoção de conteúdos e de uma organização própria associada ao contexto político, legal mas também da dimensão organizacional do objeto de estudo (Nedović-Budić et al., 2011b). Ao mesmo tempo desenvolvem-se e cruzam-se diversos níveis de funcionamento e governança multinível com a constituição de um nível operativo local e direto de acesso a dados detalhados e a produtos concretos (Béjar et al., 2009).

O aumento e intensidade de uso interno a expansão de distribuição e do número de utilizadores tendem a tornar as IDE mais complexas. Este facto associado a uma análise hierárquica indica a necessidade de estabelecer e gerir âmbitos de ação-decisão e de jurisdição de forma As iniciativas do desenvolvimento das IDE iniciaram-se pelo quadro político e cientifico em fóruns de âmbito global

Objetivos Tecnologias

Humanos Gestão

saídas

entradas REDES DE CONHECIMENTO

E TRABALHO BASE DE DADOS

NORMAS TÉCNICAS

ISO 19100 Open Geospatial Consortium (OGC)

POLITICA/ ESTRATÉGIA INSPIRE WISE Administração Desenvolvimento de projeto Pessoas Treino/Ações de Capacitação Organizações

(Onsrud e Stevens, 2002) seguida da opção de materialização por parte de um conjunto de países (IDE nacionais) (Vandenbroucke, 2006). Nestes últimos anos aconteceu um aumento considerável das IDE para níveis hierárquicos de ação-decisão de maior pormenor à escala regional (Almirall et al., 2008; Alonso et al., 2008d; Borrero, 2005; Craglia e Annoni, 2007; Latre et al., 2005) e local (Carrera e Ferreira Jr., 2006), em particular, em territórios com autonomia política e técnica. Em simultâneo, assiste-se ao desenvolvimento de IDE em grandes instituições ou organizações públicas de grande dimensão ou em empresas que usam ou exigem grandes quantidades de dados espaciais (IDE corporativas) (De Man, 2006; Masser, 2009) (Fig. 2.12).

Fig. 2.12 – As diversas escalas de ação e decisão e as tipologias de IDE (adap. de Williamson et al., 2003).

Aos diversos níveis de ação-decisão o desenvolvimento de uma IDE correlaciona-se com o desenvolvimento da sociedade da informação, o uso de tecnologia da informação pela população e a difusão da Internet no âmbito de infraestruturas digitais de informação. Os desenvolvimentos de IDE nacionais resultam e, em simultâneo, promovem os avanços na Global Spatial Data Infrastructure (GSDI) (I Masser, 2006a). A European Spatial Data Infrastructure (ESDI) associa-se à preparação e implementação da Diretiva INSPIRE (Diretiva nº 2007/2/CE do Parlamento Europeu e do Conselho de 14 de Março de 2007) para a União Europeia (Spatial Application Division Leuven (SADL), 2005).

A Associação de Infraestruturas de Dados Espaciais Global (Global Spatial Data Infrastructure Association - GSDI) foi fundada em 1998 para "promover a cooperação internacional e a colaboração em prol da evolução de infraestruturas de dados espaciais locais, nacionais e internacionais para melhorar e atender a questões sociais, económicas e ambientais". Como uma organização voluntária internacional, a GSDI não pretende estabelecer uma infraestrutura espacial global mas enfoca a sensibilização, o intercâmbio de exemplos e das melhores práticas.

As IDE globais traduzem-se ainda em IDE de natureza global temáticas como sejam o GEOSS. O Sistema de Sistemas da Observação Global da Terra (GEOSS) visa fornecer ferramentas de apoio à decisão para uma ampla variedade de utilizadores. Como um "sistema de sistemas", o GEOSS baseia-se na observação existente, processamento de dados, sistemas de intercâmbio e difusão de dados e inclui observações in

situ, no ar e no espaço. Para alcançar a interoperabilidade espera-se que os produtores e os fornecedores IDE Global

IDE Regional ou Autonómica IDE Local

IDE Organizacional ou Corporativa HIERARQUIA IDE Gestão Estratégica Operacional Funcional Modelo Baseado em PROCESSOS Modelo Baseado em

PRODUTOS Organização com similar estrutura piramidal

IDE Nacional IDE Transfronteiriça

de dados possam adotar referências e procedimentos ao nível da coordenação e disposições técnicas que incluem especificações de captura, processamento, armazenamento, divulgação e partilha de dados e metadados (Group on Earth Observations, 2013).

Os desenvolvimentos de IDE nacionais promovem os avanços na Global Spatial Data Infrastructure (GSDI) (Association for Global Spatial Data Infrastructure (GSDI), 2009) na European Spatial Data Infrastructure (ESDI). Os princípios básicos da INSPIRE centram-se na necessidade de coordenação da informação necessária para a tomada de decisão ambiental aplicada à partilha de dados espaciais mantidos pelas autoridades públicas. A Diretiva engloba cinco temas principais: Metadados; Interoperabilidade de conjuntos de dados espaciais e serviços; Serviços em rede; Partilha de dados e Monitorização e reporte. A Diretiva visa: i) a troca entre a Comissão e os Estados-Membros que apresentam vários graus de preparação e prontidão entre países, entre o nível central e subnacional das autoridades públicas nos países; e ii) a consolidação de uma visão comum da comunidade europeia de informação geográfica (European Parliament and the Council of the European Union, 2007). Neste processo, destaca-se a importância de capacitação institucional e profissional, o crescimento de agências subnacionais, a necessidade de maior ênfase na partilha de dados e a necessidade de promover o desenvolvimento e o envolvimento das comunidades de utilizadores (McDougall, 2006).

Em Portugal, o Sistema Nacional de Informação Geográfica (SNIG), ao iniciar-se em 1986, apresenta um carácter pioneiro a nível mundial (Julião, 2006; Julião et al., 2009). Esta IDE nacional apresenta responsabilidades na articulação e na promoção de iniciativas crescentes de SIG organizacionais mas, em particular de IDE de nível regional, local ou institucional. Em 1990, o Decreto-Lei nº. 53/90 criou o SNIG, a primeira IDE a ser desenvolvida na Europa e a primeira disponível on-line e o Centro Nacional de Informação Geográfica (CNIG) como um centro de investigação governamental com a missão de coordenar e implementar o SNIG. Em 2002, o Instituto Geográfico Português (IGP) dentro do Ministério do Ambiente, assumiu-se como coordenador e atualmente é o órgão responsável pela execução da política de informação geográfica. O SNIG envolve 158 instituições nacionais, regionais e locais. Em 2005, o IGP definiu uma rede de gestores de metadados e em 2007 uma rede de pontos focais para implementar a Diretiva INSPIRE. Em 2008 foi criado um grupo de trabalho de transição, como uma estrutura operacional para apoiar a implementação da Diretiva INSPIRE (INSPIRE WG). O Decreto-Lei nº 180/2009, de 7 de Agosto (alterou o SNIG pela transposição da Diretiva INSPIRE 2007/2/CE para o direito nacional e estabeleceu o Conselho Consultor do sistema nacional de informação geográfica - Conselho de Coordenação de CO-SNIG), composto por 12 autoridades públicas nacionais, como a estrutura de coordenação específica para implementar a INSPIRE sob a liderança do IGP (Fonseca et al., 2010b; INSPIRE, 2010).

O Sistema Nacional de Informação Territorial (SNIT) é um sistema de informação oficial de âmbito nacional, partilhado pelas principais entidades públicas com responsabilidades de gestão territorial, interoperável com os restantes sistemas de informação públicos, no quadro da aplicação da diretiva INSPIRE e que se destina a servir: i) finalidades de informação pública sobre o território e o estado do ordenamento; e ii) avaliação da política de ordenamento do território e urbanismo.

A IDEiA dos Açores e a IDE da Madeira são iniciativas IDE desenvolvidas pelas regiões autónomas dos Açores e da Madeira. A Infraestrutura de Dados Espaciais Interativa dos Açores (Geo@zores, IDEiA) (http://ideia.azores.gov.pt) envolve principalmente os órgãos de governo regional, municípios e empresas regionais de financiamento público e a Universidade dos Açores. O objetivo é prestar serviços de IG disponíveis livremente para esses corpos e para o público em geral. A Região dos Açores é um dos membros fundadores da Associação de NEREUS, a rede de regiões europeias, que utilizam tecnologias espaciais (www.ideia.azores.gov.pt).

A Infraestrutura Regional Geográfica de Informação da Madeira (IRIG-Madeira) é gerida pela Direção Regional de Informação Geográfica e Ordenamento do Território (DRIGOT) que definiu o quadro jurídico e institucional para a implementação da IRIG, em conjunto com as autoridades e serviços envolvidos. Em 2009, esta IDE foi apresentada como uma promissora melhor-prática no desenvolvimento de IDE. Atualmente, há pouca informação disponível e não há nenhum geoportal/site ativo. A informação é difundida por meio de um blog: www.irig-madeira.blogspot.com e disponibiliza mapas para o cidadão no site regional (www.geocidmadeira.com).

Em simultâneo, a construção das IDEL assumem ainda uma maior complexidade em espaços transfronteiriços em que as fronteiras administrativas (entre países ou território com alguma autonomia) ou mesmo naturais (ex. entre o meio marinho e terrestre) (Cinnirella et al., 2012) contribuíram para dinâmicas e percursos diferenciados de desenvolvimento e, neste sentido, para realidades biofísicas distintas e socioeconómicas divergentes (Alonso et al., 2008d; Gallego et al., 2004). Um conjunto de projetos-piloto de IDEL transfronteiriças a nível europeu mostra as potencialidades destas infraestruturas digitais na integração e na coesão territorial. Atualmente existem dinâmicas interessantes em definir as IDE para os espaços marinhos (Vaez, 2009), espaços costeiros e estuarinos (Bennett et al., 2010) e para as grandes bacias internacionais (Alonso et al., 2011c; Ceccato et al., 2011).

As inicitivas de IDE transfronteiriças a nível europeu incluem projetos como o:

i) OTALEX (www.otalex.eu), o Observatório Territorial do Alentejo (Portugal) e Extremadura (Espanha), definido como um IDE transnacional e multilingue baseada na colaboração de dez entidades públicas de Espanha e Portugal, visa a interoperabilidade de geoportais nacionais, incluindo as ações e adaptações nos conteúdos dos geoportais para permitir e facilitar a sua utilização pelos utilizadores dos dois países (Batista et al., 2010);

ii) SIGN II (www.proyectosign.org), um projeto de IDE envolvendo sete parceiros e abrangendo 56 municípios da Galiza e da parte Norte de Portugal (Alonso et al., 2008d);

iii) Terra Douro (www.sitcyl.jcyl.es/sitcyl/infodloc.sit), um observatório territorial transfronteiriço para a definição e avaliação de políticas de desenvolvimento sustentável, definido como um projeto IDE, envolvendo sete parceiros e cobrindo a área de 4 NUTS III, Salamanca e Zamora, em Espanha, e Alto Trás-os-Montes e Douro em Portugal (Julião et al., 2009);

iv) X-Border-GDI (www.x-border-gdi.org/), uma IDE regional no Rhine Westphalia que visa a cooperação e transfronteiriça para simplificar o acesso e uso da geoinformação disponível entre a Holanda, Bélgica e Alemanha (Bulens et al., 2006);

v) CROS SIS (www.cross-sis.com) IDE que visa melhorar a utilização de informação geográfica para tomar decisões em diversas regiões fronteiriças de Espanha, Holanda, Áustria e Holanda (Riecken, 2006);

vi) SDIGER (sdiger.unizar.es) é um projeto-piloto financiado pelo Eurostat, que visa demonstrar a viabilidade e as vantagens das soluções para a partilha de dados geográficos e serviços propostos entre regiões de Espanha e França no quadro de aplicação pela INSPIRE (Latre et al., 2005; Latre et al., 2013).

A natureza destas experiências representa um enorme potencial replicativo e orientador para a continuidade das atuais e o planeamento das potenciais IDE (Julião et al., 2009). Os referenciais globais e comunitários mas em particular, a experiência dos projetos transfronteiriços e dos diversos projetos da administração central (Harvey e Tulloch, 2006; Tulloch e Harvey, 2007), devem apresentar, por princípio, resposta e articulação com o desenvolvimento de projetos (WEB)SIG na administração regional e local, com especial ênfase dos SIG Municipais (Alonso, 2011b; Machado, 2013). No quadro de referenciais científicos e organizacionais globais, ao nível regional e local importa constituir e manter estruturas técnicas capacitadas de suporte às IDEL que contribuam para: i) a garantia do acesso a referenciais técnicos e à inovação; ii) a continuidade e apoio à qualidade das ações; iii) reforçar e divulgar competências; iv) articular utilizadores e ações e contribuir para ganhos de escala; bem como; v) na diminuição de custos de investimento e operacionais (Alonso et al., 2013a).

A dinâmica atual e previsível na formação de referenciais e instrumentos de interoperabilidade e partilha de dados e serviços apresentam desafios na investigação, inovação, ensino, tecnologias e impactes em termos sociais e económicos (Williamson et al., 2006). A continuidade necessária de ação obriga ao desenvolvimento de soluções políticas, legais, institucionais, organizacionais e tecnológicas e um forte compromisso, motivação e liderança (Ansell e Gash, 2008; Yalcin, 2014).

As IDE locais (IDEL) ou mesmo, as IDE corporativas apresentam uma clara dimensão tecnológica, incorporam dados de maior resolução espacial e temporal, resultam da efetivação de SIG temáticos e institucionais e possuem um carácter operativo e uma relação direta com os utilizadores finais (Georgiadou et al., 2006; Riecken, 2006; Williamson et al., 2006). As IDE territoriais, mesmo as corporativas de algumas grandes multinacionais, podem favorecer a permeabilidade e a transversalidade destes níveis de ação- decisão. Os projetos de desenvolvimento da IDE, incluindo a capacitação técnica acontecem à escala local incidentes sobre as componentes operacionais (tecnologias e dados) num contexto de diminuição de custos, interoperabilidades de sistemas e de maior capacitação (Fig. 2.13; Fig. 2.14 e Fig. 2.15).

Fig. 2.13 – As abordagens, funcionalidades, escalas de ação e decisão e as tipologias de IDE (adap. de Rajabifard, 2002).

Fig. 2.14 - As tecnologias, os projetos e as atividades de capacitação transversais à IDE.

Fig. 2.15 – Evolução das tecnologias e o desenvolvimento de redes e serviços.

As novas tecnologias permitem uma maior interação, facilitam os processos de colaboração e a comunicação, a transformação social e económica. A aposta em iniciativas de infraestruturação digital e de governo eletrónico favorecem a dissociação de sistemas de governação e democratização bem como, o acesso à informação através de serviços promotores de economias digitais e do conhecimento. Segundo Rajabifard et al., (2010b) e Masser, (2009), os fatores cruciais para o sucesso de implementação de uma IDE relacionam-se com a formação de uma visão estratégica comum, a vontade política e liderança, a

HIERARQUIA IDE Gestão Estratégica Operacional Funcional Modelo Baseado em Processos

Organização com similar estrutura piramidal Modelo Baseado em Produtos Objetivos Camadas de dados espaciais IDE

Politica de informação espacial SOCIEDADE ESPACIALMENTE HABILITADA Detalhe e quantidade de dados Politicas Dados Tecnologias SABEDORIA Co ne cti vida de Informação Conhecimento Compreensão

Âmbito da Informação e Decisão

Normas Hierarquia IDE Gestão Estratégica Operacional Funcional Modelo Baseado em Processos

Dados, Informação e tecnologias Redes de distribuição IDE

Enquadramento IDE Orientado a negócios Projetos Processos de capacitação

Organização com similar estrutura piramidal Modelo Baseado em Produtos GPS Internet WAP e-Citizen e-Society Governo eletrónico e-Business Custo Jurisdição virtual

ICT Sociedades Espacialmente Habilitadas

Valor da informação Custo Total de Dados e Informações Custo Plataforma de habilitação Tempo Valor Uso de novas tecnologias Instalações tecnológicas Potenciais de eficiência

Paginas simples de web

Portais, motores de busca e fórmulas simples Transações, soluções self service limitadas

Serviços on-line integrados, automação completa Níveis de Serviço

capacidade técnica e administrativa associada a mudanças organizacionais e uma resposta efetiva aos utilizadores finais.