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2 AS IDE NO DESENVOLVIMENTO DE SOCIEDADES E COMUNIDADES ESPACIALMENTE HABILITADAS

2.2 Os conceitos, o desenvolvimento e o funcionamento de SIG

2.2.3 Os processos e as fases de desenvolvimento de projetos SIG

Os projetos de desenvolvimento dos SIG consideram as suas componentes e as necessidades de articulação e coerência temporal das diversas fases relativamente ao âmbito tecnológico, geográfico, social e organizacional (Budhathoki e Nedović-Budić, 2006; Budic, 1993) mas também, no contexto tecnológico, social, legal político e económico-financeiro onde se inserem (Delgado-Fernández et al., 2005; Lance et al., 2009; Masser, 2010). Estes projetos visam efetivar objetivos (in)diretos de curto, médio e longo prazo num dado período temporal de implementação (Infraestructura de Dades Espacials de Catalunya (IDEC), 2012), com limitações de recursos num quadro de gestão de riscos, de recursos humanos (entre os promotores e os utilizadores finais), de comunicação e gestão de projeto (European Commission and Institute for Environment and Sustainability IES, 2006).

Em termos programáticos e de acordo com as inúmeras possibilidades de modelos de desenvolvimento a adotar, é importante prever as fases: i) de diagnóstico e conceção, que incluem a análise de contexto, características e requisitos do objeto ou âmbito do promotor; ii) de desenvolvimento e implementação, que consideram a especificação e a materialização das atividades e produtos indicados anteriormente; iii) de operacionalização e teste com a experimentação dos produtos mas também, com atividades de capacitação; iv) por último, a fase de manutenção, sustentabilidade e monitorização, o que implica desenvolver um plano de procedimentos de funcionamento, controlo e continuidade, inclusive de expansão, integração em redes de trabalho e conhecimento e ainda, de um modelo de financiamento a longo prazo (Machado, 2013; Mamede et al., 2010).

Nos processos de desenvolvimento de (WEB)SIG deve atender-se ao interesse, às representações, motivações e as capacidades de cada indivíduo, de grupo e organização, instituição ou comunidade enquanto coletivos com identidade num quadro comum de ação, em que se partilham missões, objetivos e recursos (Poore, 2011). Estas condições devem enquadrar-se nas políticas, programas, planos ou projetos com os objetivos, processos e metas propostas (Díaz et al., 2012). A avaliação mostra que existe, tal como outros processos de inovação, muita dificuldade na adoção e adaptação de (WEB)SIG pelas organizações, mas acima de tudo, na efetivação prática de todas as potencialidades que são reconhecidas a estes sistemas (Kurwakumire et al., 2013). De facto, os processos estudados mostram que a inovação institucional, a adoção e o melhor uso dos (WEB)SIG pelos utilizadores internos e externos são processos de evolução não lineares e de natureza complexa (Grus, 2010).

Ao longo das diversas fases, componentes e atividades concretas existem aspetos determinantes que facilitam ou inibem o reconhecimento do potencial da inovação e mesmo dos processos de adoção e adaptação individual e institucional resultante da introdução, normalmente de uma inovação tecnológica, metodológica ou processual (Crompvoets et al., 2008a). Nestes processos de natureza multidimensional torna-se difícil resumir todos os aspetos que se relacionam com: i) o indivíduo, como sejam os conhecimentos teóricos e tecnológicos, a motivação profissional, as competências de gestão de projeto, as

habilidades de comunicação, o tempo e os recursos disponibilizados; e ii) a instituição (motivação, envolvimento e prioridade atribuída pelos decisores, a capacidade técnica e nível de autoridade do elemento ou da equipa responsável, motivação das equipas envolvidas, comunicação e apresentação regular dos resultados do projetos, inclusão de um programa de formação interno associado, e alteração do quadro de procedimentos internos mas também, da garantia da continuidade das atividades com vista a um determinado fim); iii) o contexto territorial (Rajabifard, 2003).

Os projetos são intervenções formais onde se enquadram objetos e objetivos que afetam recursos e instrumentos numa base programática com limite temporal definido e que inclui processos de implementação e intervenção para imprimir um conjunto de transformações e mudanças (Warnest et al., 2003). Com salvaguarda dos requisitos, os projetos podem incidir sobre cada uma ou o conjunto das componentes dos SIG, do próprio contexto que definem as condições que favorecem ou inviabilizam as interações e os resultados esperados para o projeto (Rajabifard e Coleman, 2012). O desenvolvimento de SIG pode originar ciclos virtuosos de uso e geração de novos dados, informação e conhecimento, em paralelo à validação das vantagens pelos diversos utilizadores e a disseminação do uso de informação geográfica. Este facto associa-se ao aumento exponencial, em particular nestas últimas duas décadas, do número e da diversidade de áreas de aplicação e de utilizadores de dados e informação espacial (Tao, 2013).

A capacidade adaptativa como elemento de gestão da mudança visa inúmeros propósitos, como seja analisar as condições de ambiente e as dinâmicas do contexto físico e temporal imediato (Atkinson e Canter, 2011). As atividades do projeto devem considerar e incluir tarefas relacionadas com os mecanismos de análise de requisitos e as especificações participativas (Giuliani et al., 2012). A participação de todos os utilizadores e a forte preocupação com a comunicação e gestão do projeto, em particular com a atenção na divulgação interna e externa (Bugs et al., 2010), a gestão dos riscos, as questões de equidade, os aspetos legais associados à utilização e publicação dos dados, a administração e gestão económica e financeira dos projetos são questões transversais na implementação e egstão dos projetos (Donker, 2009). As entidades internas ao projeto reconhecem de forma (in)consciente e mais ou menos expressiva a alteração das formas e fluxos de dados e informação (Alonso et al., 2011c) e, neste sentido, das relações pessoais, antes demais, das relações de poder e de reconhecimento mútuo. Por último, o contexto social, político e económico pode determinar a prioridade, o nível de recursos afetos mas também, as mudanças organizacionais a imprimir e que influenciam as dinâmicas de desenvolvimento do sistema (Rajabifard e Coleman, 2012).

A última fase de manutenção, sustentabilidade e monitorização dos projetos de desenvolvimento dos SIG, e tendo em conta as oportunidades abertas pelas redes informáticas virtuais, deve corresponder à integração com outros SIG de natureza complementar, alternativa ou convergente. Para tal, o aumento de plataformas WEBSIG facilitam e exploram as possibilidades de partilha entre entidades distantes e presenças assíncronas (Alonso e Julião, 2013).

As mudanças tecnológicas associadas ao desenvolvimento de projetos SIG apresentam um nível potencial e elevado de transformação individual, organizacional e de capacidades sobre as unidades e atividades em

que se inserem. No desenvolvimento dos projetos, o número e as tipologias de utilizadores e usos a diferenciar aumenta de forma considerável ao longo do tempo tendo em conta a natureza, assim como a necessidade de prever a dimensão modular, escalar e evolutiva dos sistemas (Alonso et al., 2011c). Por esta via, a formulação e a condução dos projetos de desenvolvimento dos SIG devem focar-se no respetivo âmbito de desenvolvimento, mas ter de forma permanente, implícita e presente todo o contexto social, político, económico e legal. Muito em particular, os sistemas e os utilizadores externos com que se pretende relacionar de forma direta e indireta (Budhathoki e Nedović-Budić, 2006), relativamente ao potencial escalar e evolutivo de cada projeto na sua relação com os sistemas e processos complementares e convergentes (Câmara et al., 2006; Grus et al., 2007).

O desenvolvimento ou implementação de um projeto SIG numa organização requer a mobilização e gestão de várias capacidades complementares, internas ou externas à organização bem como, a capacitação dos utilizadores. A implementação de um SIG requer um sólido conhecimento da estrutura e funcionamento da organização e implica gerir o processo de inovação tecnológica e organizacional (Alonso et al., 2011c). Estes processos exigem uma análise das tecnologias, mas também dos aspetos políticos e estratégicos, sociais e organizacionais. Este carácter pluridisciplinar dos sistemas de informação torna-os, simultaneamente, complexos e interessantes. Neste contexto é importante conciliar a dicotomia entre a vertente técnica e a vertente social nas organizações e nos territórios com vista ao sucesso e efetivação de todas a potencialidades dos C&TIG e dos sistemas de informação (Bregt et al., 2011).

O acréscimo de projetos, de áreas de aplicação e de utilizadores de IG promove a difusão das inovações dos SIG e revelam os problemas e os desafios políticos, legais e tecnológicos para a produção, disponibilidade, qualidade, organização e acessibilidade das bases de dados espaciais (Zargar e Devillers, 2009). O crescimento e a integração dos diversos SIG, mesmo com outros SI (Carrion et al., 2009), colocam questões da perda da área de influência e o ganho de permeabilidade das áreas de jurisdição das entidades promotoras sejam dos indivíduos, das instituições, de comunidades ou dos espaços locais ou regionais (Guerra et al., 2010a).

O reforço das capacidades individuais, da intensidade de utilização, do número de utilizadores e das áreas de aplicação contribuem para a expansão e densificação das redes de SIG. Estas dinâmicas resultam da difusão das tecnologias bem como, da consciência e prova gradual dos ganhos de produtividade, eficácia e eficiência que resultam de aplicação dos SIG. Neste âmbito, a difusão e a integração destes sistemas em SIG inter organizacionais ou Sistemas de Informação Territorial (SIT) encontram-se condicionados: i) pela adoção de cada indivíduo (Budic e Godschalk, 1994); ii) pelas dinâmicas intra-organizacionais de adaptação das organizações ou instituições (Simão et al., 2009); iii) seguida ou em paralelo à articulação e integração inter-organizacional à escala territorial (Budhathoki e Nedović-Budić, 2007).

Cada indivíduo apresenta uma relação e uma posição única perante dinâmicas de difusão e adoção das inovações dependentes dos conhecimentos, aptidões de base, interesse e motivações pessoais e sociais. O comportamento de cada utilizador resulta do (re)conhecimento das experiências anteriores, do grau de participação, do nível de apoio à mudança, da autonomia e responsabilidade na inovação e projetos de SIG. As motivações, as resistências, as barreiras e as pressões individuais acontecem ao longo de gradientes da consciência, reconhecimento, disponibilidade, coordenação, cooperação e disseminação/partilha de elementos entre os indivíduos e as instituições no âmbito de adesão e inovação às dinâmicas inter-organizacionais (Nedović-Budić e Pinto, 1999). A coordenação, cooperação e integração

intra-organizacional (Nedović-Budić e Pinto, 2000) colocam dificuldades e necessidades estratégicas e operacionais (Nedović-Budić et al., 2004) nos avanços de âmbito organizacional e funcional dos SIG e evolução para os SIT (Quadro 2.1).

A introdução de tecnologias não apresenta impactes neutros mas influencia os atores e as organizações presentes no quadro da construção, reprodução e interacionismo social e mesmo político (Harvey, 2000). Enquanto, inovação tecnológica, a difusão do SIG pode ser explicada pela teoria de Rogers (Rogers, 1995) que considera que a taxa de adoção de uma inovação depende da perceção da vantagem relativa, compatibilidade, complexidade e experimentação e observação das inovações pelos indivíduos. Este modelo propõe que a taxa de adoção de uma inovação segue uma equação difusa e que o número cumulativo dos que adotam uma nova tecnologia define uma curva logística (formato em S), e que o número de utilizadores ao longo do tempo segue uma distribuição normal.

De facto, o desenvolvimento e a expansão dos utilizadores, das aplicações e das tecnologias dos SIG podem ser explicados através das teorias da difusão da inovação das tecnologias, seja numa perspetiva mais simples e interessante da teoria da inovação de Rogers (Chan e Williamson, 1999; Nedović-Budić e Pinto, 1999) ou em alternativa ou de forma complementar em coerência com a Teoria Ator-Rede (Latour, 2008, 1999). Segundo esta última teoria, o julgamento objetivo dos indivíduos em redes heterogéneas é condicionado pelas experiências, visões e comportamentos de cada potencial utilizador individual e coletivo. A visão, o interesse e o posicionamento que cada ator ou utilizador estabelece com a rede definem a difusão da inovação e a forma e momento da adoção condicionando a difusão da inovação (Câmara et al., 2006; Noucher e Golay, 2010).

Quadro 2.1 – Fatores que condicionam a consciência e a disponibilidade de partilha de dados espaciais entre entidades em redes de conhecimento e trabalho (adap. de Noucher, 2009).

Fator Explicação D is p o si çã o

Atitude Uma atitude positiva em relação à utilização e partilha de dados geográficos promove a conscientização Pressão social A pressão para a partilha de dados e desenvolvimento de serviços espaciais promove uma consciência

espacial. A pressão pode vir de comunidades SIG, de mercados da organização, das instituições (por exemplo, as organizações membros, políticos), outros departamentos ou a própria organização Conhecimento técnico Um conhecimento técnico abrangente (estruturas, processos e políticas) em questões de dados espaciais,

dispersos simetricamente entre todas as organizações, promove consciência

Confiança A confiança entre as organizações é a base para o desenvolvimento da consciência de partilha de dados.

E st ru tu ra e m r ed e

Características gerais de rede As redes pequenas e densas, que permitem um grande número de organizações e ligações, terão um maior grau de consciência do que uma rede maior, dispersa e assimétrica

Links de rede As ligações mais estáveis, multifacetadas e importantes que existem entre as duas organizações, tornam as organizações mais conscientes de partilha.

Importância na rede As Organizações importantes nas redes têm melhores oportunidades para o desenvolvimento da consciência de partilha do que as organizações de menor importância

Organismos de coordenação inter- organizacionais

Organismos inter-organizacionais devidamente organizados e representados são essenciais na promoção do conhecimento e partilha de dados.

Gestão da comunicação Comunicação multifacetada, acessível e regular sobre outras organizações e função social da organização dos gestores são essenciais para promover a conscientização em relação a todos os níveis da organização numa organização

Visões e estratégias Visões e estratégias que se concentram em colaboração inter-organizacional são ferramentas essenciais para o desenvolvimento da consciência

A difusão das TIG versus a tradução e negociação são duas interpretações alternativas possíveis da difusão da tecnologia nos SIG. Segundo o ponto de vista do modelo de inovação da difusão de Roger (Rogers, 1995), este pode ser visto como a taxa de adoção de uma inovação através de um sistema social dependente das características da própria inovação e na capacidade de inovação diferenciada dos utilizadores e dos canais de comunicação dentro do sistema social. Uma visão alternativa defende que a difusão da tecnologia TIG emerge da interação entre atores humanos e não humanos com interesses diferentes e geralmente conflituantes. A teoria Ator-Rede entende que a proliferação e a adoção de TIG e SIG aconteçam em ambientes e processos complexos em que o comportamento de cada ator depende de outros elementos, de fases ou momentos anteriores (Crompvoets et al., 2010).

A implementação e a difusão de SIG no quadro de uma organização também pode ser vista como resultado da disponibilidade individual para aceitar a nova tecnologia ou a capacidade organizacional, para internalizar ou acomodar as mudanças que implicam na organização (Rajabifard, 2003). Por norma, a nível intra-organizacional, os SIG nascem a partir de indivíduos ou pequenos grupos com recursos e capacidades limitadas (Crompvoets et al., 2009). A consolidação de competências e meios favorecem a criação e formalização de grupos ou comunidades. Numa fase posterior, o reconhecimento da utilidade de forma transversal à instituição associa-se à identificação de redundâncias, incoerências e inoperacionalidades. Estes fatos servem normalmente de motivação e disponibilidade pelos decisores e técnicos para desenvolver SIG organizacionais com âmbito e funcionalidades gradualmente transversais à instituição (Warnest et al., 2003).

Os processos de adoção e adaptação dos novos elementos relativamente à inovação exigem processos de capacitação individual, desenvolvimento organizacional, cooperação e colaboração inter-organizacional. As entidades internas aos projetos de desenvolvimento de SIG reconhecem de forma (in)consciente e mais ou menos expressiva a alteração das formas e fluxos de dados, bem como a necessidade de adaptar às novas tecnologias organizações de dados e informação (Gallego et al., 2007). Com os novos sistemas, as mudanças dos fluxos de informação resultam em alterações das relações pessoais, do posicionamento e de reconhecimento mutuo (Nedović-Budić e Budhathoki, 2006; Nedović-Budić e Pinto, 2001, 2000). Por último, o contexto social, político e económico influencia a prioridade, o tipo e o nível de recursos a afetar na adoção das inovações associados aos SIG e, neste sentido, na velocidade, continuidade, transversalidade e equidade das mudanças intra e inter-organizacionais (Budhathoki e Nedović-Budić, 2007; Johnson et al., 2001; Nedović-Budić et al., 2011a) (Fig. 2.8).

Fig. 2.8 – Os modelos de disponibilidade de aceitação (individual) de tecnologia e da matriz de capacidade de desenvolvimento organizacional (instituições) ( adap. de Rajabifard, 2002).

Modelo de Aceitação da Tecnologia

Disponibilidade (INDIVIDUAL)

Capacidade Matriz de Desenvolvimento

Organizacional (ORGANIZAÇÃO)

A maturidade dos SIG do ponto de vista tecnológico e organizacional corresponde a uma abertura e à possibilidade para a sua integração em sistemas ou infraestrutura mais complexas (Mäkelä, 2012). A disponibilidade e a intensidade dessa integração é proporcional ao gradiente que se estabelece entre as funcionalidades das tecnologias para a partilha de dados espaciais, o nível de formalização e da consciência da importância das parcerias, os avanços de comunicação, coordenação, cooperação e colaboração entre utilizadores internos e externos (Câmara et al., 2006) (Quadro 2.2).

A difusão da inovação pode acontecer em redes virtuais para uma distribuição posteriormente global assim como, na articulação de sistemas e utilizadores a uma dada escala administrativa e territorial (Salvemini, 2004). A difusão dos SIG pode colocar-se no âmbito das instituições ou à escala territorial através da partilha de dados e serviços entre sistemas, depois de acordar visões e implementar gradualmente operações conjuntas (Noucher e Archias, 2010). Esta integração pode acontecer através da partilha de recursos tecnológicos e humanos, ou de forma mais funcional com a partilha de conteúdos e de serviços (Omran, 2007).

A maioria dos processos que envolvem a utilização de informação espacial cruza as fronteiras de várias áreas de jurisdição (Bekkers, 2009; Mcdougall et al., 2007). A implementação destas cadeias de valor de dados ou serviços de dados implicam desafios tecnológicos e organizacionais, como sejam uma clara divisão e responsabilização de tarefas intra e inter-organizacionais (Nedović-Budić e Pinto, 1999). Para tal, torna-se importante e determinante garantir a formalização de processos e a respetiva responsabilização e interoperabilidade inter-organizacional (Nedović-Budić et al., 2001) através de normas na modelação dos dados, na implementação de serviços de dados e acordos institucionais. Estas dinâmicas contribuem em simultâneo para o desenvolvimento institucional, a formação de redes e de comunidades de trabalho no quadro de capacitação territorial (Harvey, 2001).

Quadro 2.2 – Características e aspetos que condicionam a formação e a intensidade das parcerias na implementação e integração de SIG para a implementação de IDE (Noucher e Archias, 2010).

Aspetos técnicos relativos a dados geográficos

Gestão comunidade Alguns parceiros aceitam que os seus dados sejam geridos por outro parceiro.

Gestão coordenada Os parceiros tornam os seus dados disponíveis para outras partes interessadas e aceita que eles afetem

as características dos dados.

Troca Os parceiros tornam os seus dados disponíveis para os outros atores.

Informações Cada parceiro descreve os dados de que dispõe, mas não os torna disponíveis para os outros.

Aquisição externa No caso de um custo de aquisição de dados externos comuns, as organizações de dados não são

afetadas.

Nenhuma Nenhuma parceria entre as agências sobre os dados.

Aspetos técnicos de tecnologia de informação geográfica

Centralizada Uma organização que propõe a ser o serviço aos outros.

Estado Todos os organismos têm o mesmo SIG. Os dados de cada organismo são armazenados numa base de

dados central.

Heterogéneo Um servidor SIG inter-organizacional está configurado com gateways para trocar organizações SIG.

Trocas Definindo protocolos de troca de dados entre as agências: formato de troca, meio físico.

Nenhuma No intercâmbio entre organizações SIG

Aspetos da formalização de parcerias Estruturas de direitos e

deveres

A estrutura jurídica que presta serviços, mas cujos clientes têm direitos e obrigações (títulos).

Estrutura de serviços A estrutura jurídica que presta serviços e clientes que têm direitos, mas não deveres ou obrigações.

Convenção 1 * N Os acordos de parceria em que uma organização desempenha um papel especial.

Convenção N * N Acordos de parceria bilaterais entre agências.

Informal Sem formalização.

Os aspetos relacionais entre atores

Colaboração Estamos a participar em projetos conjuntos, realizando as tarefas comuns com base em objetivos que vão

além dessas conquistas.

Cooperação Estamos a participar em projetos conjuntos, mas não necessariamente dispostos a cooperar para além da

realização proposta e partilhamos tarefas comuns.

Coordenação Os atores têm a vontade de harmonizar as suas ações com os outros, mas não o único a fazer juntos.

A difusão, a expansão e a dinâmica da integração dos dados e dos sistemas correspondem ao estabelecimento, à gestão da responsabilidade e das áreas de jurisdição de acordo com as competências de cada organização. Na possibilidade de influência e partilha entre as organizações criam-se relações de articulação, cooperação mas também de conflito de interesses e perspetivas (Olsson, 2009). A literatura científica de administração pública indica três formas principais para o estabelecimento da coordenação: hierarquia, mercado e de rede (Crompvoets et al., 2008a). A difusão das inovações é acima de tudo influenciada pela capacidade de coordenação e regulação das redes hierárquicas estabelecidas pela administração a diferentes níveis de ação-decisão, pelas dinâmicas e a permeabilidade oferecidas pelo mercado mas acima de tudo, pela relação dos utilizadores e organizações com as redes de conhecimento, trabalho e inovação (Sutherland et al., 2013) (Quadro 2.3).

A disseminação dos SIG na administração pública é muitas vezes condicionada pela insuficiência ou competição pelos recursos necessários e a ausência de estratégias de valorização das próprias bases de dados e dos serviços inerentes (Genovese et al., 2009b) em novos produtos, serviços de interesse e do valor económico acrescentado (Genovese et al., 2010; Krek, 2002; Krek, 2006). Neste âmbito interatuam ainda a perceção e o comportamento dos decisores técnico-políticos no quadro decisório de âmbito nacional e regional. Neste ponto, diversos autores referem o potencial motivador de disseminação dos SIG Municipais relativamente a outros agentes públicos e entidades privadas (Carrera e Ferreira Jr., 2006). A dimensão e a relevância da missão e das atividades das autarquias às escalas locais definem o efeito