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Conforme exposto no item 2.4.4, capítulo anterior, um dos grandes avanços promovidos pela Lei Maria da Penha foi a criação dos Juizados da Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher – JVDFM, afastando os casos de violência doméstica dos Juizados Especiais Criminais.

No Estado do Rio Grande do Sul, encontram-se, instalados, os seguintes Juizados da Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher:

a) Porto Alegre – 1º Cartório do Juizado de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher (Resolução nº 663/2008 – COMAG – Transforma a 1ª Vara de Delitos de Trânsito em Juizado da Violência Doméstica e Familiar);

b) Porto Alegre – 2º Cartório do Juizado de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher (Resolução 1000/2014 – COMAG – Transforma a 7ª Vara Criminal do Foro Central da Comarca de Porto Alegre em 2º Juizado de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher – retificado pela Resolução 1.013/2014).

c) Canoas - Juizado de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher (Lei nº 14.496/2014) – Resolução nº 1031/2014 – COMAG autoriza a instalação e dá outras providências).

d) Caxias do Sul - Juizado de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher (Lei nº 14.496/2014) – Resolução nº 1030/2014 – COMAG autoriza a instalação e dá outras providências).

e) Novo Hamburgo - Juizado de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher (Lei nº 14.496/2014) – Resolução nº 1032/2014 – COMAG autoriza a instalação e dá outras providências).

f) Pelotas- Juizado de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher (Lei nº 14.496/2014).

g) Rio Grande - Juizado de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher (Lei nº 14.496/2014).

h) São Leopoldo - do Juizado de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher (Lei nº 14.496/2014)

i) Encontram-se dois Juizados de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher, ainda não instalados, com previsão de instalação para o ano de 2015.

j) Passo Fundo - Juizado de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher (Lei nº 14.496/2014).

k) Santa Maria - Juizado de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher (Lei nº 14.496/2014).

Dessa forma, atualmente, o Estado do Rio Grande do Sul conta com oito Juizados de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher. Ainda serão instalados, neste ano, um JVDFM em Passo Fundo e outro em Santa Maria conforme prevê a Lei 14.496/2014.

Nas comarcas em que não forem estruturados os juizados, conforme resolução nº 562/2006 do Conselho da Magistratura do RS, será competente para julgar a matéria, na entrância intermediária, preferencialmente, a vara criminal à qual não estejam afetos os processos de júri e os de execução criminal. Na entrância inicial, a competência será da vara judicial e, havendo

mais de uma, deverá recair sobre a vara em que não tramitarem os processos de júri e os de execução criminal.

Ademais, as varas competentes nas comarcas onde não foi instalado o JVDFM são divulgadas pela Corregedoria Geral de Justiça do RS, como se vê do Ofício-circular nº 327/06- CGJ, que é acompanhado de planilha detalhada de comarca a comarca. Por exemplo, na comarca de Agudo, de entrância inicial, a Vara Judicial tem competência para julgar a violência doméstica. Já em Bagé, entrância intermediária, a 2ª Vara Criminal é competente para julgar a matéria.

Em relação à competência, o problema não é tratado em uma única esfera. A competência cível do Juizado Especializado de que fala a lei abrange apenas as medidas protetivas de urgência relacionadas nos artigos 22 a 24 da Lei nº 11.340/06.89 Assim, o julgamento das causas cíveis especialmente providências de direito de família continuam sendo competência da Vara de Família.

Nesse sentido, o Estado aplica o Enunciado nº 3, aprovado no I Fórum Nacional de Juízes de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher – FONAVID: “A competência cível do Juizado da Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher é restrita às medidas protetivas de urgência previstas na Lei

89 Art. 22. Constatada a prática de violência doméstica e familiar contra a mulher, nos termos

desta Lei, o juiz poderá aplicar, de imediato, ao agressor, em conjunto ou separadamente, as seguintes medidas protetivas de urgência, entre outras:I - suspensão da posse ou restrição do porte de armas, com comunicação ao órgão competente, nos termos da Lei no

10.826, de 22 de dezembro de 2003;II - afastamento do lar, domicílio ou local de convivência com a ofendida;III - proibição de determinadas condutas, entre as quais:a) aproximação da ofendida, de seus familiares e das testemunhas, fixando o limite mínimo de distância entre estes e o agressor;b) contato com a ofendida, seus familiares e testemunhas por qualquer meio de comunicação;c) freqüentação de determinados lugares a fim de preservar a integridade física e psicológica da ofendida;IV - restrição ou suspensão de visitas aos dependentes menores, ouvida a equipe de atendimento multidisciplinar ou serviço similar;V - prestação de alimentos provisionais ou provisórios.

Art. 23. Poderá o juiz, quando necessário, sem prejuízo de outras medidas: I - encaminhar a ofendida e seus dependentes a programa oficial ou comunitário de proteção ou de atendimento;II - determinar a recondução da ofendida e a de seus dependentes ao respectivo domicílio, após afastamento do agressor;III - determinar o afastamento da ofendida do lar, sem prejuízo dos direitos relativos a bens, guarda dos filhos e alimentos;IV - determinar a separação de corpos.

Art. 24. Para a proteção patrimonial dos bens da sociedade conjugal ou daqueles de propriedade particular da mulher, o juiz poderá determinar, liminarmente, as seguintes medidas, entre outras: I - restituição de bens indevidamente subtraídos pelo agressor à ofendida;II - proibição temporária para a celebração de atos e contratos de compra, venda e locação de propriedade em comum, salvo expressa autorização judicial;III - suspensão das procurações conferidas pela ofendida ao agressor;IV - prestação de caução provisória, mediante depósito judicial, por perdas e danos materiais decorrentes da prática de violência doméstica e familiar contra a ofendida.Parágrafo único. Deverá o juiz oficiar ao cartório competente para os fins previstos nos incisos II e III deste artigo.

Maria da Penha, devendo as ações relativas ao direito de família ser processadas e julgadas pelas Varas de Família”.

Em relação às varas especializadas, competentes para julgar a matéria enquanto não forem instalados os juizados, o Conselho da Magistratura do Tribunal de Justiça editou a Resolução nº 562/2006, que dispôs acerca da competência e do procedimento a ser adotado, cuja redação sofreu alteração pelas Resoluções nºs 571/2006 e 574/2006, na qual ficou definido que “lograda a composição, seja ela de natureza cível ou de família, dependendo do seu conteúdo será lavrado o termo de acordo que será homologado e remetido, às respectivas varas cível e de família (onde houver) para arquivamento, ficando os respectivos juízos da homologação responsáveis pela execução”. Não havendo a composição, a parte será instruída a ingressar com a ação cível e de família no Juízo Competente (onde houver). Dessa forma, a competência das varas criminais não afasta a que é atribuição das varas cíveis e de família.

Portanto, no Rio Grande do Sul, a competência do juizado e das varas especializadas é limitada às questões criminais, às medidas protetivas de urgência e aos acordos realizados, mantendo-se, em caso de não composição, a competência da vara de família.

Cabe destacar que foi criada, através da resolução nº 904/2012- COMAG, no âmbito do Poder Judiciário do Rio Grande do Sul, a Coordenadoria Estadual das Mulheres em Situação de Violência Doméstica e Familiar. A Coordenadoria tem como principais atribuições elaborar sugestões para o aprimoramento da estrutura do Judiciário na área de prevenção à violência doméstica, colaborar para formação especializada de magistrados e servidores na área do combate e prevenção à violência doméstica, fornecer dados referentes aos procedimentos que envolvam a Lei 11.340/2006 ao Conselho Nacional de Justiça, dentre outras.

4.2 Dados Gerais Sobre a Lei Maria da Penha, em Especial Junto ao Poder