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CAPÍTULO 4: O TRABALHO DO ASSISTENTE SOCIAL NA ATENÇÃO BÁSICA

4.3 Resultados e Discussões

4.3.1 O Trabalho do Assistente Social na Atenção Básica em Saúde em Sergipe

4.3.1.4 Forma de Organização

A forma de organização foi uma categoria localizada no banco de dados do SIA/SUS, escolhida com o objetivo de obter as informações a respeito do eixo principal do trabalho do assistente social na atenção básica em saúde em Sergipe, entre 2015 a 2019.

Nesse sentido, constatou-se que a educação em saúde foi o eixo que recebeu o maior número de registros (90%), no período analisado no banco de dados do SIA/SUS (gráfico 14). O número elevado de cadastros para educação em saúde sinaliza que esta é uma vertente relevante no trabalho do profissional do Serviço Social, fato que segue o direcionamento apontado pelo Conselho Federal de Serviço Social, manifestado através dos Parâmetros de Atuação do Assistente Social na Política de Saúde, o qual prever que a educação em saúde deve-se constituir como eixo central da atuação do profissional (CFESS, 2010). Conforme sinaliza o referido documento, a educação em saúde corresponde às ações socioeducativas e é uma vertente do atendimento direto aos usuários que se concretiza com o exercício da profissão.

Gráfico 14: Eixos da Forma de Organização do Trabalho do Assistente Social na Atenção Básica em Saúde em Sergipe

Fonte: MS/DATASUS. Sistema de Informações Ambulatoriais do SUS (SIA/SUS). Acesso em: abr. 2020. Em relação aos temas tratados no eixo da educação em saúde (gráfico 15), constatou- se que no período analisado por este estudo, estiveram presentes nas ações do assistente social da atenção básica em saúde em Sergipe, as seguintes temáticas: alimentação saudável (18%), cidadania e direitos humanos (16%), saúde sexual e reprodutiva (11,9%), saúde mental (10,4%), autocuidado de pessoas com doenças crônicas (8%) e prevenção da violência e promoção da cultura da paz (7,6%). De acordo com as diretrizes da Fundação Nacional de

Saúde, os temas trabalhados nas ações desse eixo devem ser organizados considerando as necessidades e características de cada território (BRASIL, 2007). Esses temas estão alinhados as diretrizes previstas no Plano Estadual de Saúde de Sergipe com vigência entre 2016 a 2019.

Gráfico 15: Temas sobre Educação em Saúde no Trabalho do Assistente Social na Atenção Básica em Saúde em Sergipe

Fonte: MS/DESF. Sistema de Informação em Saúde para a Atenção Básica (SISAB). Acesso em: abr. 2020. Segundo o que vem sendo apontado na literatura, a educação em saúde no trabalho do assistente social se constitui como um dos principais instrumentos de intervenção desse profissional na Política de Saúde, sobretudo no espaço da atenção primária, como defende Mendes (2011), que indica a contribuição da educação em saúde para a transformação de comportamentos dos usuários e da comunidade.

O trabalho do assistente social na atenção básica em saúde tem como estratégias de atuação a vertente sócioeducativa como forma de promover junto aos grupos da comunidade, aos usuários individualmente e aos profissionais, a reflexão crítica das demandas do cotidiano com a problematização da realidade do território, estimulando a construção de formas de organização da população para acessar direitos sociais e promover cidadania (CFESS, 2010).

A Educação em Saúde é um dos principais instrumentos do trabalho profissional do assistente social no campo da saúde. Assim sendo, reveste-se das dimensões ético- políticas, teórico-metodológicas e técnico-operativas que norteiam a competência profissional do assistente social que precisam ser mais bem compreendidas para a apreensão crítica da realidade profissional e para subsidiar a intervenção do Serviço Social (SANTOS; SENNA, 2017, p. 439).

De acordo com o estudo realizado por Camargo (2014), a educação em saúde encontra-se entre as competências do assistente social na atenção primária do SUS. A

associação dessas duas categorias: educação e saúde, interagem com o Serviço Social, no sentido de contribuir na promoção de qualidade de vida para a sociedade. Educação e saúde são direitos fundamentais afirmados na Declaração dos Direitos Humanos de 1948 e na Constituição Federal de 1988. Também a Lei Orgânica da Saúde (LOS) sinaliza a educação como um dos determinantes da saúde, relevante na manutenção da qualidade de vida e na organização da sociedade. A relação entre essas duas políticas é intersetorial e, no trabalho do assistente social na atenção básica, proporciona ações e intervenções direcionadas para o diálogo das diferentes formas de conhecimentos, para o enfrentamento dos problemas, para a prevenção, promoção, capacitação e qualificação em saúde.

Na visão de Martins, Borges, Felício e Wener (2017), o NASF é o espaço que direciona o trabalho do assistente social para atuação com a educação em saúde. Assim também entende Santos (2016, p. 8) que “o profissional de Serviço Social no NASF tece a compreensão dos saberes e práticas que são vivenciadas no cotidiano dos sujeitos. Tal conhecimento [...] contribui para a efetivação de um paradigma de atuação mais amplo no que tange à educação em saúde”.

No âmbito da atenção básica a saúde, as diretrizes do NASF-AB prevêem que os profissionais se utilizem desse processo educativo para contribuir com as mudanças sociais a partir da reflexão crítica sobre a realidade, para contribuir com a análise das influências dos determinantes sociais da saúde no território, também com o trabalho em equipe, de modo que possam “por meio de intervenções coletivas, com grupos de usuários, famílias e na comunidade, utilizar essas práticas de educação em saúde como espaço para abordagem interdisciplinar, tornando as atividades mais criativas e participativas” (BRASIL, 2010, p. 79). Assim, no espaço da atenção primária, a educação em saúde é pensada pelos profissionais dentro de um processo coletivo de trabalho, ocorrendo de maneira interdisciplinar como ferramenta necessária a conscientização da comunidade para os temas da saúde, despertando assim, o entendimento sobre a responsabilidade de todos os sujeitos no processo de cuidados, promoção e prevenção em saúde.