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CAPÍTULO 4: O TRABALHO DO ASSISTENTE SOCIAL NA ATENÇÃO BÁSICA

4.3 Resultados e Discussões

4.3.1 O Trabalho do Assistente Social na Atenção Básica em Saúde em Sergipe

4.3.1.6 Procedimentos

Outra variável escolhida para análise desse estudo trata dos procedimentos de trabalho do assistente social na atenção básica. Para tanto tomou-se por base a Tabela de Procedimentos, Medicamentos, Órteses e Próteses e Materiais Especiais do Sistema Único de Saúde – SUS que apresenta a estrutura organizacional dos procedimentos do SUS.

Quanto aos grupos de procedimentos (gráfico 21) as ações de promoção e prevenção em saúde (90%) foram predominantes no trabalho do assistente social na atenção primária em Sergipe, em comparação aos procedimentos clínicos (10%). Essa constatação está de acordo com os Parâmetros de Atuação do Assistente Social na Política de Saúde, que entende o profissional do Serviço Social como agente que trabalha para “sensibilizar os usuários acerca dos direitos sociais, princípios e diretrizes do SUS, rotinas institucionais, promoção da saúde e prevenção de doenças por meio de grupos socioeducativos” (CFESS, 2010, p. 56).

No trabalho do assistente social na atenção básica em saúde, as ações de promoção e prevenção configuram-se como um recurso importante para a construção de estratégias de enfrentamento das expressões da questão social, visto que essas ações são capazes de viabilizar o acesso da comunidade aos direitos sociais, possibilitando também, a partir da reflexão sobre os determinantes sociais, examinar a totalidade que caracteriza a relação entre saúde e sociedade, bem como, elaborar formas de participação democrática nos processos de gestão e de luta por direitos, seja na política de saúde, seja nas demais políticas sociais.

Gráfico 21: Grupo de procedimentos do trabalho do assistente social/APS em Sergipe

Fonte: MS/DATASUS. Sistema de Informações Ambulatoriais do SUS (SIA/SUS). Acesso em: abr. 2020.

Como recurso do trabalho do assistente social, ações de promoção e a prevenção em saúde na atenção básica, exigem que o profissional seja propositivo e que utilize os acontecimentos da realidade para levar os usuários a refletir sobre suas responsabilidades e direitos.

No âmbito da Atenção Primária à Saúde (APS), cabe ao assistente social desenvolver estratégias capazes de responder às necessidades da população, específicas do seu campo de atuação, de forma articulada e contextualizada para o entendimento da saúde como direito social e o enfrentamento dos determinantes sociais, buscando a promoção da saúde (QUINTINO et al., 2012, p. 347).

Nesse sentido tais ações constituem-se como um recurso para o profissional da atenção primária intervir e contribuir para melhorar a realidade da comunidade, “na perspectiva de incentivar o usuário e sua família a se tornarem sujeitos do processo de promoção, proteção, prevenção, recuperação e reabilitação da saúde” (CFESS, 2010, p. 45).

Segundo Vasconcelos (2009, p. 18), “é ao projetar suas ações que os profissionais se transformam em ‘recurso vivo’ podendo, assim, contribuir com os usuários na busca por transformações das suas condições de vida e de trabalho, ou seja, promover a saúde”. Nesse sentido, é importante enfatizar que as ações do profissional do Serviço Social na APS têm como responsabilidade estimular a promoção da saúde através de mudanças nas formas de pensar da comunidade, que permitem os sujeitos interpretarem as suas condições sociais e de vida, incentivando-os a deixarem a passividade para assumirem uma postura de luta por direitos, enfrentando e buscando soluções para as expressões que os adoecem.

Conforme refletiu Quintino, et al. (2012, p. 348) sobre as ações do assistente social da rede básica de saúde, os eixos de ação profissional, quanto a promoção e prevenção são: “promover ações educativas viabilizando a qualidade de vida; divulgar os direitos sociais e os serviços de saúde do município; promover a participação popular junto aos serviços de saúde; mediar a relação entre usuários e serviços de saúde; criar redes de produção de saúde”.

Nessa perspectiva as ações de promoção e prevenção no trabalho do assistente social na atenção básica em saúde contribuem para levar os sujeitos a alcançarem a autonomia e a emancipação, para que estes assumam uma postura participativa e crítica através da compreensão da doença para além do invólucro da aparência, mas, interpretando a dinâmica real das demandas que envolvem o cotidiano. Além disso, as referidas ações, com base no Código de Ética do Serviço Social, contribuem para a democratização do acesso as informações institucionais permitindo à transparência da gestão dos serviços e, o controle social. Portanto, através dessa vertente de trabalho, o profissional tem a capacidade técnica de viabilizar o acesso da comunidade a Política de Saúde e demais direitos sociais.

Outra constatação, desse eixo foi sobre os tipos de procedimentos (gráfico 22). Sobre isso, as atividades educativas/orientação em grupo se destacaram (89%) dentre os procedimentos do trabalho do assistente social na APS em Sergipe. A Política Nacional de Atenção Básica a Saúde (2017) afirma às atividades educativas como atribuição dos profissionais que atuam nessa política. Essas atividades têm como foco o cenário da realidade cotidiana, pois é a partir das vivências do dia a dia, que surgem as problematizações, as quais podem ser trabalhadas de forma lúdica e educativa, visando estimular o diálogo com a comunidade em geral, com profissionais e usuários da saúde como medida de encontrar soluções para o enfrentamento dos problemas por toda a sociedade.

Gráfico 22: Tipo de Procedimentos de Trabalho do Assistente Social na APS em Sergipe (2015-2019)

Fonte: MS/DATASUS. Sistema de Informações Ambulatoriais do SUS (SIA/SUS). Acesso em: abr. 2020. Conforme as diretrizes do NASF (2009) as atividades educativas e orientações em grupos podem ser desenvolvidas no trabalho do assistente social, por meio de oficinas com a finalidade de tratar, através da educação, sobre temas relacionados ao processo de saúde- doença. Para tanto, esse profissional, a partir das demandas da atenção básica, analisa, por exemplo, as questões mais recorrentes na comunidade para abordar durante o trabalho.

Portanto, os benefícios das atividades educativas no âmbito do SUS, encontram-se no fato de que proporcionam a comunidade de saúde repensar suas condutas, problematizar as práticas do processo de trabalho, de forma que conduzem a uma reflexão crítica da realidade, contribuindo assim, para melhorar o campo de ações da atenção básica a saúde.