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ORGANIZAÇÕES DE DEFESA E INSERÇÃO DE MINORIAS Associações e Movimentos de Mulheres

PERFIL DAS ORGANIZAÇÕES

ORGANIZAÇÕES DE DEFESA E INSERÇÃO DE MINORIAS Associações e Movimentos de Mulheres

São 22 Associações e Movimentos de Mulheres, correspondendo a 1,2% dos cadas- tros, segundo a Tabela 2. Os trabalhos desenvolvidos referem-se as lutas em favor dos direitos e da dignidade da mulher, a capacitação e a valorização da sua auto- estima. Como exemplo, na Bahia, citam-se as crescentes conquistas em relação a direitos trabalhistas como salário-maternidade para as trabalhadoras rurais e regula- rização de documentos, inclusive no SIMBAHIA RURAL.16

Há um razoável número de associações de mulheres vinculadas a atividades de artesa- nato e assistência que não atuam explicitamente em uma perspectiva de conscientiza- ção e transformação das relações de gênero, mas possuem certa importância à medi- da que valorizam o papel da mulher na busca de sua autonomia. O Movimento de Mu- lheres, tem características de um movimento social, organizado nacionalmente, o Movimento de Mulheres Trabalhadoras Rurais (MMTR) desenvolve importantes lutas

15 Nem todas fizeram parte da pesquisa.

16 Através desse sistema as mulheres podem inscrever-se como produtoras rurais e assim emitir notas

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nos sindicatos em torno de uma pauta específica de gênero, realizando um trabalho intenso de conscientização junto às mulheres e de luta por conquistas de espaço nas organizações sindicais e nos Conselhos. Este não é um movimento institucionalizado, porém, em muitos municípios tem-se transformado em associações. Há, portanto, uma maior preocupação em evidenciar as iniciativas ligadas à questão de gênero e à organi- zação que vem sendo feita em torno das mulheres no interior baiano.

O movimento de mulheres vem conquistando espaço no cenário nacional desde a década de 60. Percebe-se, nos últimos anos, uma presença maior na mídia, na lide- rança de debates nacionais, no constante esforço de transformação das relações de uma sociedade tradicionalmente patriarcal, a partir de um novo olhar sobre a liberda- de e igualdade da mulher. A participação na vida pública – política, econômica, social e cultural, a discussão dos direitos reprodutivos e sexuais e a reconstrução da identi- dade feminina não aparecem com muita ênfase no movimento baiano, prevalecendo, como os direitos emergenciais ligados às condições de trabalho e sobrevivência, também, em certo grau, a questão da violência contra a mulher.

Na Região Sisaleira, no semiárido baiano, tendo em vista a habilitação para participar em instâncias de elaboração e controle de políticas públicas, o Movimento vem se estruturando como pessoa jurídica em vários dos municípios, ao lado de discutir sobre sua identidade e missão, não perdendo, assim, as características de movimen- to social. Deve-se observar que este é um passo estratégico importante, embora em alguns municípios o segmento mulher se constitua como um departamento de sindi- cato ou secretaria de partidos. Não obstante esse avanço organizativo e a possibilida- de de maior autonomia, há riscos de certa burocratização e de perder a expressivida- de que tem como movimento. Deve-se ressaltar o importante papel que o Movimen- to tem desempenhado na discussão da temática com os professores e monitores de programas ligados às ONGs locais, no sentido de valorizar raízes culturais no público participante, ou seja, famílias e crianças, através dos projetos Agente Família, Baú de Leitura, Programa de Formação Continuada de Professores.17

Organizações Estudantis

Foram cadastradas 5 organizações estudantis, correspondendo a 0,3% das organiza- ções, conforme Tabela 2. São 4 grêmios e a União da Juventude Socialista, esta filiada a partido político. Tradicionalmente, são esses tipos de organizações que mais agre- gam o segmento juvenil. O fato de ter sido identificado um baixo número de organiza- ções estudantis, no entanto, não significa que os jovens não estejam presentes na vida associativa. Nota-se que muitos deles estão buscando novas formas de inserção no espaço público, via grupos de cunho político, como os grupos e fóruns de cidada- nia, ou mesmo pela via artístico-cultural. Essa constatação está em consonância com os levantamentos atualmente realizados onde verificam as formas contemporâneas de expressão juvenil.

Perfil das Organizações

Movimento dos Sem Teto

A falta de moradia é um problema grave nas médias e grandes cidades e está associ- ada a processos como o de urbanização desordenado, à migração e às precárias con- dições de trabalho oferecidas. Para os municípios pequenos, existe um levantamento realizado pelo Ministério das Cidades,18 onde se revela que as favelas estão presen-

tes em 19,5% e os loteamentos irregulares em 36,4% dos municípios com menos de 20.000 habitantes. A baixa ocorrência de iniciativas voltadas para pessoas sem mora- dia, como o Movimento dos Sem-Teto, que representa 0,1% das organizações cadas- tradas, conforme Tabela 2, não chega, portanto, a caracterizar a ausência de deman- da por melhores condições de moradia, mas já se apresenta como um fenômeno no interior do Estado. Nos grandes centros urbanos, as ocupações estão sendo uma maneira de colocar em questão a ociosidade dos equipamentos urbanos e a especula- ção imobiliária.

O que há de novo no processo é o nível de organização e a estratégia utilizada pelo Movimento dos Sem Teto que se assemelha a do MST, embora seja um movimento independente. Apesar da ação ofensiva e ilegal da ocupação, o Movimento tem uma postura de negociação, procurando não se confrontar com as decisões judiciais ou com o aparato policial, e busca mediações em termos institucionais (Comissões do Legislativo, Tribunal de Justiça, Secretários Municipais de Habitação). Por parte das autoridades, tem havido muitas promessas de construção de habitações e certa tole- rância quanto a prazos de desocupações.

Tem-se a destacar, em Teixeira de Freitas, o Movimento de Luta por Teto, criado em 2000, nascido no sindicato de trabalhadores da construção civil, no qual já estão ca- dastradas 10 mil famílias, sendo que 4 mil estão assentadas em terrenos baldios. Recebe apoio da CUT e dos Sindicatos dos Bancários e de Construção Civil. Entre os resultados obtidos, destacam-se o assentamento de 2.500 famílias no Loteamento Colina Verde, a desapropriação do bairro de Redenção e Luís Eduardo Magalhães e bairro Jerusalém. Em Vitória da Conquista, há um Movimento de Moradia que utiliza a estratégia de ocupação de lotes particulares e áreas públicas para sensibilizar as autoridades em relação ao problema e pressionar pela implementação de política habitacional. Segundo lideranças do movimento, há em Conquista cerca de 20 mil sem tetos. Além das ocupações, o movimento tem mobilizado esse segmento em marchas pelo centro da cidade, procurando negociar com a Prefeitura.

Em Camaçari, mais de mil pessoas ocuparam uma área conhecida como “Espaço Alfa”, mas foram desalojadas por ordem judicial. Face a isso, 200 pessoas acampa- ram em frente à Câmara Municipal. Segundo o jornal local, há um Movimento dos Sem Teto de Camaçari, mas após este evento não se teve noticia de sua continuidade (A Tarde Municípios, 29.05.2001, p. 5). Em Santo Antônio de Jesus, há uma associa- ção dos Sem Teto com 300 associados dos quais 70 têm maior participação. Criada em 1988, constituída por donas de casa e aposentados, iniciou a organização com uma ocupação de uma área cujo proprietário estava em débito com o município.

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DEFESA DE DIREITOS