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SERVIÇOS E ASSESSORIAS Beneficentes/filantrópicas

PERFIL DAS ORGANIZAÇÕES

SERVIÇOS E ASSESSORIAS Beneficentes/filantrópicas

As organizações beneficentes ou filantrópicas, são aquelas que oferecem algum tipo de serviço assistencial. Organizações antigas e tradicionais - com registros datados desde 1919 -, atendem material ou emocionalmente a pessoas, grupos ou segmen- tos sociais. Estão presentes em todos os municípios da amostra, com 85 ocorrênci- as, 5%, de acordo com a Tabela 2, possuindo uma certa concentração na região do Litoral Sul. Em muitos casos, atuam em paralelo ao Poder Público, gerando recursos através de atividades como os mutirões etc., ou buscando recursos com agências financiadoras externas. Grande parte está vinculada fortemente às Igrejas Católica e Evangélicas, Centros Espíritas e grupos leigos (comerciantes e profissionais libe- rais). Exemplos conhecidos são os Lions Clubs,11 as Sociedades Beneficentes e os

Clubes de mães.

11 A Receita Federal considera estas organizações no grupo de associações religiosas e assistenciais, com

uma participação de 29% das associações não lucrativas do país, em 1979. (Secretaria da Receita Federal,

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SOCIEDADE CIVIL NA BAHIA...

Associação de Promoção Humana

As organizações de promoção humana, em número de 80, representam 4% das orga- nizações cadastradas, conforme Tabela 2. São bastante antigas, mas, segundo a amos- tra desta pesquisa, somente a partir do fim da década de 1950 ou 1960, surgiram organizações na Bahia com objetivos voltados para o fomento de políticas públicas estatais que atendessem às necessidades sociais – correspondendo também ao mo- mento histórico em que o Estado passa a intervir de forma mais intensa na resolução de problemas sociais gerados no âmbito privado, como a inflação e o desemprego. A característica que distingue esse tipo de organização das beneficentes, no entanto, é a perspectiva da ação e transformação. Enquanto aquelas se propõem a criar condi- ções para o desenvolvimento autônomo do beneficiário de seus serviços, assim como de sua família, as organizações beneficentes procuram atender a necessidades ime- diatas a partir de campanhas de doações, realização de atividades de arrecadação de recursos, com uma prática de natureza assistencialista em que os beneficiários são meros objetos da ação.

Organizações não-governamentais

Foram identificadas 15 organizações não-governamentais (ONGs), segundo registra a Tabela 2. São assim consideradas aquelas organizações sem fins lucrativos caracteriza- das por conter um corpo técnico e administrativo permanente, e por atuarem em mais de uma temática ou com mais de uma causa social. Essas organizações, em geral, contam com o apoio de agências financiadoras internacionais e, na Bahia, vêm sendo responsáveis pela organização e capacitação da sociedade civil local em torno do de- senvolvimento da produção agroecológica, na comercialização ou na capacidade de in- fluência de atores sociais nas políticas locais.

Nota-se o reflexo das suas atividades nas diversas organizações que recebem seu apoio, assessoria ou serviço. Observa-se que aparecem com maior freqüência nos municípios acima de 40 mil habitantes. Não foram consideradas nesse tipo aquelas ONGs que trabalham com um tema específico como as ambientais ou as de peque- nos produtores rurais, e sim as que possuem múltiplas atividades. Destacam-se: o IRPAA e a Associação de Advogados de Trabalhadores Rurais – AATR, Avante Len- çóis e Grãos de Luz de Lençóis, Fundifram de Ibotirama e Xique-xique, e Federação de Órgãos para Assistência Social e Educação – FASE, de Itabuna.

Rádios Comunitárias

Também as rádios comunitárias, identificadas no rol de serviços/assessoria, vêm ganhando destaque e representam 1% da amostra, conforme mostra Tabela 2, com 12 ocorrências. São definidas pela Associação Brasileira de Radiodifusão Comunitá- ria – Abraço, como “sem fins lucrativos, plural e geridas coletivamente”; veiculam notícias de natureza variada e existem há pelo menos 10 anos. Têm como objetivo promover a cidadania e a cultura nas comunidades locais. Essas rádios vêm se ade- quando às diversas realidades e têm cumprido um papel importante no movimento

Perfil das Organizações

nacional pela democratização da comunicação e livre expressão – aspectos funda- mentais para consolidação de uma democracia.12

Atualmente a maior luta deste segmento está relacionada à legalização das rádios por todo o país. Apesar da existência de uma legislação específica (Lei 9612/98, que auto- riza o funcionamento das mesmas após seu registro no Ministério das Comunicações), elas enfrentam uma séria repressão e muitos obstáculos para obtenção do registro. Observa-se que na Região Nordeste e no município de Ichú, área de atuação do MOC, concentram-se quatro rádios, provavelmente por incentivo do projeto “Jovens Comuni- cadores”. As Rádios Comunitárias são constituídas como associações civis e estão arti- culadas em uma Rede nacional(Abraço), estruturada regionalmente.13

Há 51714 associações de rádios no Estado, abrangendo 298 municípios, mas apenas

117 são autorizadas e nem todas estão filiadas a Abraço Bahia, criada em 1999, e que dispõe de uma agência de produção de programas – Artlivre. Até 2002, foram enca- minhados 593 pedidos de autorização de rádios comunitárias, sendo apenas 78 libe- rados. A Abraço tem realizado, além dos Congressos Estaduais, vários cursos e se- minários, apoiados pelo UNICEF e pelo MOC, para discutir o papel das rádios, sua vinculação com os movimento sociais, programação, participação das organizações na sua gestão e atividades.

O movimento das rádios tem sido objeto de repressão feita pela ANATEL e pela Polícia Federal. Estes órgãos invadem os estúdios e até residências dos responsá- veis pelas rádios, apreendem equipamentos, documentos e abrem inquérito policial indiciando as pessoas por crime de “operar emissora sem autorização”, na maioria dos casos sem mandado judicial. Proibidos pelo Superior Tribunal Federal de apreen- der os equipamentos, os agentes os lacram, desrespeitando a lei 9.612/98 que não prevê estas punições. Até 2002, foram apreendidos 8191 equipamentos com base no Decreto 236/1967, da época da Ditadura Militar. Em 2003, 1707 rádios foram autori- zadas, mas se estima que apenas 10% sejam efetivamente comunitárias, visto que algumas delas, na realidade, pertencem a grupos religiosos, políticos e ou empresá- rios (dados fornecidos pelo representante da Abraço na Bahia, 2003).

Associações Educacionais

Nesta tipologia foram agrupadas organizações que congregam, em especial, profissi- onais ligados à educação – professores e pedagogos – que se dedicam à promoção da educação profissional, infantil e popular, nas áreas rurais e urbanas, constituindo 0,4% da amostra, conforme Tabela 2.

12 Esta Lei foi regulamentada pelo Decreto 2.615 de 3/06/98 e pela Norma Complementar número 1/2004,

do Ministério das Comunicações.

13 É importante destacar que algumas rádios denominadas comunitárias, na realidade pertencem a

grupos religiosos, empresarial ou político que as utilizam para interesses próprios.

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SOCIEDADE CIVIL NA BAHIA...

Organizações religiosas de apoio aos movimentos sociais

O tipo “organizações religiosas de apoio aos movimentos sociais”, também agrupa-

do na categoria serviços/assessoria, reúne as organizações que são exclusivamente oriundas e animadas por agentes das Igrejas. Apesar de não possuírem uma expres- são numérica significativa, como se mostra na Tabela 2, apenas 8 ocorrências, 0,4% do total da amostra, evidenciam o apoio da Igreja Católica à sociedade civil, como será visto mais à frente, marcam as diferentes perspectivas de atuação conforme a região ou município, diocese ou paróquia. São elas: Comissão Pastoral da Terra – CPT, Comissões Eclesiais de Base – CEBs, Conselho Indigenista Missionário – CIMI, Movimento de Cursilhos e Pastorais da Juventude, das Crianças, da Terra e de Pes- cadores (Juazeiro).

Do ponto de vista da vinculação institucional, estas organizações têm uma difícil ca- racterização. Consideram-se autônomas em relação à Igreja em termos de ação, po- rém, dependem de recursos de organizações e agências religiosas internacionais. Assemelham-se às ONGs na forma de atuação – dispõe de corpo técnico profissional, atuando como organizações de apoio, assessoria, capacitação, desenvolvendo sua ação junto a organizações de base (sindicatos, associações), grupos, ONGs, em setores específicos (trabalhadores rurais, índios, quilombolas). Algumas delas não têm re- gistro de pessoa jurídica, sendo representadas juridicamente pela Igreja, não como diocese ou paróquia. Exemplos conhecidos nacionalmente, mas não presentes no universo pesquisado, ressaltam-se a CESE, Coordenadoria Ecumênica de Serviços e Cáritas. As CEBs têm uma característica diferente por serem organizações de base, sem uma estruturação jurídica. Tiveram, sobretudo no centro-sul, uma forte atuação de apoio às mobilizações e organizações sindicais. Hoje têm uma atividade mais de caráter religioso, porém, estão espalhadas por todo o Estado e fazem sempre gran- des encontros com mais de 5 mil participantes.

CULTURAL

Organizações Culturais/Artísticas

Totalizando 58 organizações, perfazendo 3% da pesquisa, segundo dados da Tabela 2. Foram reunidos nesse tipo os grupos folclóricos: de capoeira, dança e teatro; comu- nicação: artesanato; fanfarras; filarmônicas etc. Em geral, foram identificados somen- te uma ou duas associações culturais em 29 municípios. Apenas Camaçari, Juazeiro e Itabuna – que possuem maior concentração populacional – registraram número su- perior a quatro organizações culturais.

AR TICULAÇÃO

Organizações de Articulação

Estas organizações têm como função oferecer suporte a articulação das organizações

Perfil das Organizações

correspondem a 2% do total, como se mostra na Tabela 2. São, em sua maioria, repre- sentadas pelas federações, centrais de associações, redes etc. e as organizações religi- osas. ONGs e sindicatos de empresários urbanos, como as Federações de Dirigentes Lojistas, estão entre aqueles que mais se agregam a esse tipo de organização.

Embora não tenham sido criadas recentemente, as Organizações de Articulação vêm sendo entendidas como um caminho para fortalecer e dar visibilidade às ações lo- cais, bem como promover a participação em âmbito municipal, estadual ou federal, o que justifica o crescimento do número de organizações dessa natureza. A troca de experiências e a tentativa de determinação de estratégias de ação em comum são as principais características dessa categoria. Como exemplos desse tipo de organiza- ção, tem-se as federações sindicais e de associações de moradores de estrutura mais tradicional e hierarquizada e outras, com formatos livres e que desenvolvem ações de intercâmbio, articulação de lutas regionais e locais, como os Pólos Sindicais e as centrais de associações.

Algumas redes localizadas em determinadas regiões têm uma atuação que chega a atingir todo o país. Nem todas elas dispõem de uma estrutura que lhes permita funcio- nar de forma permanente. Importante observar, porém, que se trata de espaços públi- cos autônomos, onde as diversas organizações discutem suas experiências, elaboram diretrizes e proposições, inclusive de ações conjuntas. Alguns exemplos são a Rede Mata Atlântica, Rede de Sementes Mata Atlântica, Articulação permanente das organi- zações ambientalistas da Bahia – Apedema, Rede de Organizações sócio-ambientais da Chapada Diamantina, Rede de Educação do Semiárido Brasileiro – RESAB, Rede de mulheres, da Região Juazeiro, Rede de Educadores Populares do Nordeste.15

ORGANIZAÇÕES DE DEFESA E INSERÇÃO DE MINORIAS