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PRODUÇÃO/COMERCIALIZAÇÃO/CRÉDITO Associações de Pequenos Produtores Rurais

PERFIL DAS ORGANIZAÇÕES

PRODUÇÃO/COMERCIALIZAÇÃO/CRÉDITO Associações de Pequenos Produtores Rurais

Reunidas sob a natureza Produção/Comercialização/Crédito, as Associações de Pe- quenos Produtores Rurais totalizam 288, correspondendo a 16% das organizações, con- forme se demonstra na Tabela 2. Tem suas demandas direcionadas especificamente a atividades de gestão de projetos produtivos e possuem elementos condicionantes si- milares às associações comunitárias, como a sua criação a partir de programas gover- namentais ou organismos internacionais. Ocorre que, na prática associativa, nem sem- pre é possível estabelecer distinção entre os dois tipos de associação, uma vez que ambas podem apresentar demandas de natureza comunitária (serviços, equipamentos públicos), sendo encontradas ao mesmo tempo em uma mesma comunidade.

Cooperativas

Muitas cooperativas funcionam como verdadeiras empresas, sem exercitar a filoso- fia do cooperativismo. Não obstante, têm surgido, nos últimos anos, cooperativas de crédito voltadas para pequenos produtores que usam uma estratégia de economia solidária. Há 3 redes agrupando estas cooperativas: SICOB, BANCOB e ADS. Não foram incluídas entre essas cooperativas, as organizações de economia solidá- ria, pois existe diferenças acentuadas nas suas formas de gestão e atuação.

Organizações de Economia Solidária

Perfil das Organizações

ção e produção é gerida pelos próprios trabalhadores) compreende, na amostra, a Empresa de Participação Comunitária,9 de Jaguarari e a Associação Beneficente Re-

creativa e Cultural dos Trabalhadores da Terra, de Riachão do Jacuípe. A categoria permite que se valorize o caráter novo e diferenciado dessas iniciativas que vêm sendo um fenômeno moderno e mundial de alternativa às condições capitalistas de trabalho e apropriação da renda. Várias iniciativas nesta linha de atuação, que não foram incluídos na amostra, têm surgido em diversos municípios.

PROFISSIONAIS

Sindicatos de Trabalhadores Urbanos

As organizações de tipo “Profissional”, corresponde em torno de 15% do total das organizações, conforme mostra a Tabela 2, sendo algumas constituídas como sindi- cato e outras como associação.

Os sindicatos possuem um papel histórico de destaque no movimento de democrati- zação e constituição da sociedade civil tal como hoje é organizada. Na verdade, “o movimento sindical se confunde com o que se define uma sociedade civil: organiza- ção autônoma dos sujeitos [...], espaço de construção da identidade e desenvolvi- mento de capacidade de incidência política”. Como lembra Grzybowisk (2003), sua luta, embora voltada para defesa de direitos, refere-se aos direitos dos incluídos – mesmo que explorados e dominados: “o movimento sindical luta, a seu modo pela inclusão social e nisto é democratizador.”

Nesse sentido, atuando em favor dos interesses da categoria a que estão ligados, os sindicatos de trabalhadores urbanos vêm alcançando importantes conquistas em re- lação aos direitos trabalhistas e à organização do setor. Estão representados, em geral, pela Associação dos Professores Licenciados da Bahia (APLB), Sindicatos dos trabalhadores em comércio, indústria, limpeza urbana, vigilantes, servidores públi- cos municipais, metalúrgicos, estivadores, transportes públicos, bancários, eletrici- tários, rodoviários etc. Alguns deles constituem “delegacias” de sindicatos atuantes no Estado ou em outras regiões. Apesar do número pouco expressivo, os sindicatos possuem uma forte presença nas mobilizações locais, por sua infra-estrutura, capaci- dade de articulação e posição político-ideológica, principalmente os de professores e funcionários públicos.

Sindicatos de Trabalhadores Rurais

Observação análoga pode ser feita em relação aos Sindicatos dos Trabalhadores Ru-

rais, representando 4% do universo pesquisado, como é visto na Tabela 2. Apesar de

possuírem o limite legal de uma unidade por município, representam um grande contingente de associados, como será aprofundado mais adiante.

9 Informações recentes dão conta de que esta organização estruturada como sociedade anônima está em

processo de falência em decorrência de desavenças entre o Sindicato de Mineiros e um grupo vinculado à Empresa Caraíbas Mineração.

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SOCIEDADE CIVIL NA BAHIA...

Não obstante sua natureza e âmbito de atuação, os sindicatos de trabalhadores rurais tornam-se importantes atores sociais na luta pela implementação de políticas públi- cas voltadas para as comunidades ou para o município, uma vez que, em geral, con- tam com uma infra-estrutura capaz de instrumentalizar as lutas e movimentos soci- ais (fornecendo carro de som, computadores, telefones, fax etc.),10 além de serem

capazes de mobilizar uma enorme população, a partir dos seus próprios associados. Apesar de estarem organizados em centrais, federações e pólos sindicais e envolve- rem-se em questões sociais, como a luta pela terra, muitos Sindicatos de Trabalha- dores Rurais (SRTs) são coniventes com as administrações públicas locais ou omis- sos e se restringem a serviços burocráticos, como encaminhamento de benefícios previdenciários (aposentadoria, salário-maternidade etc.).

Associações de Profissionais

As associações de profissionais, com 4% das ocorrências, conforme Tabela 2, vêm ganhando certo destaque dentre as organizações recentemente criadas, a partir da valorização e organização de novas categorias ligadas às atividades específicas de cada região. Embora acumulem atividades que se assemelham às dos sindicatos, essas associações estão preocupadas com a qualidade de vida e de trabalho (desen- volvendo, muitas vezes, atividades de lazer e beneficentes direcionadas à categoria e a seus familiares) e em organizar e mobilizar a categoria (essas associações são em número maior dentre as novas profissões). Podem ser citados os pescadores, apicul- tores, feirantes, artesãos, guias turísticos, agentes comunitários de saúde etc., como categorias sujeitas a legislação e direitos específicos, algumas até então não regula- mentadas (agentes de saúde, motoqueiros).

Percentualmente, a presença das associações profissionais ainda não é muito signifi- cativa. Pode-se compreender que isto se deve à pouca atividade que hoje as caracte- rizam, embora essas associações tenham representado papel decisivo para retoma- da dos sindicatos, então sob o controle dos chamados “pelegos”, e alguns segmentos assumiram mobilizações políticas na área de direitos humanos (contra censura, pela anistia), além das lutas salariais como as categorias dos arquitetos, agrônomos, mé- dicos, professores, etc. (BOSCHI, 1987).

Vale mencionar com certo detalhamento o caso das associações de apicultores. Na região norte e nordeste da Bahia há cerca 1500 associados, entre os 5 mil produto- res, produzindo, em 2001, mais de 800 toneladas de mel. Existe uma Federação – FAABA, criada em 1986, congregando cerca de 85 associações, e uma Central de Cooperativas de Apicultores com participantes oriundos de sete municípios (das Regiões Litoral Norte e Nordeste); e uma Associação de Empresas Apícolas da Bahia (AEAB), agregando 27 empresas. O segmento tem certa tradição associativa uma vez que antes da FAABA, existia a APIBA, que no ano de 1984, já realizava o seu 3º Congresso. Essas cooperativas ainda não conseguiram o selo de controle de qualida- de para seus produtos, como já ocorre, por exemplo, em Teixeira de Freitas, o que dificulta a comercialização.

Perfil das Organizações

Duas características podem ser observadas na estrutura organizativa deste segmen- to: uma dependência muito grande da Secretaria de Agricultura, da qual utiliza toda a infra-estrutura não só do ponto de vista técnico, como administrativo (a sede da Fe- deração é na Secretaria) e também em termos de ação direcionada basicamente para a produtividade, através do agronegócio, o que pode trazer dificuldades a apicultura explorada de forma artesanal.

Associações e Sindicatos Empresariais Urbanos

Neste segmento, representado por 43 organizações, 2,2%, conforme Tabela 2, predomi- nam as Câmaras de Dirigentes Lojistas e Associações Comerciais e Industriais, organi- zações ligadas à defesa dos interesses de varejistas. Ao lado destas e em menor quanti- dade, figuram Associações de Pequenos Empreendedores, voltadas para a promoção de iniciativas de geração de rendo, envolvendo, em particular, a população jovem.

Os sindicatos, neste segmento, não apresentam objetivos e atuação fundamental- mente diferenciados das associações, ficando tal distinção por conta da diferenciação jurídica e das articulações políticas locais.

Associações e Sindicatos Empresariais Rurais

As associações classificadas nesta tipologia estão representadas por Associações de Irrigantes ligados ao agronegócio voltado para a exportação. Entre os sindicatos, estão os tradicionais Sindicatos Rurais, via de regra, compostos por médios e gran- des proprietários. Também aqui é verifica uma interpenetração de objetivos e formas de atuação, em que pese a diferenciação jurídica entre sindicatos e associações.

SERVIÇOS E ASSESSORIAS