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Os organizadores temporais e espaciais

No documento O discurso de outrem em retextualizações (páginas 107-111)

4.1 UMA ABORDAGEM GERAL DOS TEXTOS

4.1.4 Os organizadores temporais e espaciais

Quanto aos organizadores temporais e espaciais, em geral, não houve preocupação de todos os enunciadores em utilizá-los, mesmo sendo essa uma estratégia que contribuiria para a organização do texto e facilitaria a compreensão ao leitor. Em apenas 33,84% do total das redações houve, primeiramente, a preocupação em situar o acontecimento em determinado tempo e lugar – o que seria esperado – visto que facilitaria a inteligibilidade do texto.

Segue o exemplo 18, R23, em que o enunciador se utilizou desses marcadores. A passagem do tempo é claramente demarcada pela escolha de índices específicos, como: “em um dia chuvoso, depois de um tempo, no dia em que os quatro alunos se reuniram, depois de algum tempo, depois de pensar muito, quando o dia do julgamento chegou, finalmente, quando ele finalmente começaria, depois de toda aquela confusão (destacados em negrito no texto). Todos esses índices demarcam a passagem do tempo na narrativa.

Nessa mesma narrativa, destacam-se os indicadores espaciais, como a escola onde se deu o fato inicial, localizada na cidade de Itaguaí, na sequência, o lugar onde se desenrolaram os demais acontecimentos (sublinhados no texto), como a paróquia de Itaguaí, a cidade de Santo Inácio, vizinha e rival, promotora do concurso de que participariam os alunos envolvidos na história.

Conte a história do livro, Ciumento de Carteirinha

A história fala do menino chamado Francesco, também conhecido como Queco. Ele estudava em uma escola em Itaguaí. Em um dia chuvoso, Queco foi para a escola normalmente, sendo que, um desastre aconteceu. A pedra do barranco escorregou do morro onde estava, e caiu sobre a escola, em cima da sala em que Queco estava, trazendo inúmeros prejuísos. O professor de literatura de Queco, chamado Jaime, se machucou durante o desastre e ficou impossibilitado de dar aulas. Como a escola estava destruída os alunos tiveram que assistir aula na paróquia da Igreja de Itaguaí. Um dia, Vitório, um dos melhores amigos de Queco, chegou na paróquia muito animado, trazendo uma notícia que poderia salvar a escola. Ele disse que na cidade vizinha, ou seja, Santo Inácio, aconteceria o julgamento de Capitu e que o vencedor do mesmo, ganharia um prêmio em dinheiro. As pessoas não compreenderam muito bem o que ele disse, então, ele explicou que para participar do julgamento era necessário ler o livro Dom Casmurro e julgar se Capitu (personagem do livro Dom Casmurro) era inocente ou culpada de ter traído Bentinho, juntando provas a favor ou

contra. Depois de um tempo, quatro alunos resolveram participar, ou seja, Queco, Júlia, Vitório e Nanda. Júlia era a “namorada” de Queco, e ele tinha muito ciúmes dela. Queco desconfiava que Júlia estava traindo-o, com Vitório, e quando começou a ler o livro Dom Casmurro, “sentiu na pele” a situação em que Bentinho estava que considerou Capitu culpada e reuniu provas sobre isso. No dia em que, os quatro alunos se reuniram para decidirem se Capitu era inocente ou culpada, o veredito ficou empatado. Júlia e Vitório achavam que Capitu era inocente, o que aumentou o ciúme de Queco, e ele e Nanda achavam que ela era culpada. Depois de algum tempo Nanda mudou de idéia e começou a pensar que Capitu era inocente, o que deixou Queco muito irritado. Ele tomado pelo ciúme, chegou a cometer uma grande besteira. Ele escreveu uma carta dizendo que Capitu era culpada, falsificando a letra de Machado de Assis.

Queco depois de pensar muito resolveu mostrar a carta a seus amigos. Eles, porém, desconfiaram da carta e pediram provas de que a mesma era verdadeira. Queco ficou desesperado, mas resolveu seguir com o seu

plano. Ele pensou que, se deixasse a carta falsa dentro de um antigo exemplar de Dom Casmurro, provaria que ela era autêntica. Então, ele fez o planejado e conseguiu enganar os amigos, mas atraiu a atenção da imprensa. Os amigos dele resolveram que Queco deveria representar a escola de Itaguaí e ele aceitou, mesmo estando muito temeroso e preocupado. Quando o dia do julgamento chegou, ele colocou a carta dentro de um saco plástico e repassou o que ia dizer aos jurados muitas e muitas vezes. Os outros dois candidatos se apresentaram antes dele. Um deles, conhecido como “Gênio” inocentou Capitu, enquanto que o outro, conhecido como “fuinha” acusou Capitu de ter traído Bentinho. Finalmente, chegou a hora de Queco se apresentar, e ele estava muito nervoso. Ele pegou o saco com a carta falsa e suas anotações e se dirigiu ao

palco. Quando ele finalmente começaria a acusar Capitu, ele sentiu um grande remorso e começou a contar a sua fraude. Enquanto ele falava da carta falsa, o plano para fingir que ela era autêntica, ele percebeu que havia sido tomado pelo ciúme e agia igual a Bentinho. Ele começou a chorar e contou o que sentia por Júlia, o ciúme que o consumia, o que ele estava passando e acabou por inocentar Capitu. Ele, depois de toda aquela confusão desceu do palco e beijou Júlia que estava sentada no chão em frente ao palco. Alguns minutos se passaram, desde aquilo, e os jurados decidiram o vencedor.

Queco ganhara o prêmio, e todos o aplaudiram fervorosamente. Ele ficou com Júlia definitivamente e aprendeu a controlar o ciúme, e o dinheiro do prêmio serviu para consertar a escola.

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Se por um lado, 33,84% consideraram importante delimitar o tempo e o espaço, por outro lado, 16,92% do total não fizeram qualquer referência ao tempo ou lugar onde se deu o fato inicial. Como exemplo 19, R10.

Conte a história do livro Ciumento de Carteirinha.

Esse livro conta a história de Francisco Formoso de Azevedo (Queco), ele era um menino bastante ciumento principalmente com sua namorada Júlia. Essa história gira em torno do livro dom Camosmurro de Machado de Assis, recomendado pelo professor Jaime que é

soterrado por vários escombros da escola que caiu.

Depois de lerem o livro Francisco, Jaime, Júlia e Nanda e ficaram divididos com conclusões diferentes do final do livro, Queco e Nanda defendiam a hipotese de que Capitu

teria traido seu marido e Jaime e Júlia defendiam que o ciume do marido de Capitu que o fez pensar isso, depois de muita discurssão Nanda percebe que Jaime e Júlia estava certo, mesmo em desvantagem Queco não muda sua opinião, então apela para a mentira escreveu uma carta com o nome de Machado de Assis declarando que Capitu teria traído seu marido, ao verem a carta todos se espantaram e ficaram com a opinião de Queco. Proseguia com a mentira, um dia antes do julgamento um homem ligou para Queco e

disse se ele proseguir com a mentira teria de da metade do prêmio a ele, no dia lá estava o homem, para não dividir o prêmio ele contou a verdade que a carta era falsa e falou à plateia e ao juri o que o livro Dom Camosmurro tinha mexido com ele, e suas conclusões.

Na hora do veredito final o juri não queria dar o prêmio pois o Queco tinha apresentado um documento falso, mas com a intervenção de um dos candidatos "o Gênio" ele conseguiu reconstruir a escola e Queco conseguiu namorar Júlia de novo.

_______________________________________________________________________ A informação dos nomes das cidades e, mais especificamente, do local onde os fatos são narrados, uma escola, na sala de aula, em um dia chuvoso, são fundamentais para que o leitor oriente a sua leitura. No livro, fonte do resumo, a chuva foi a causa do deslizamento da pedra que atingiu a escola e derrubou parte do teto, esse é o fato desencadeador dos demais.

Nas narrativas, conforme Adam (2008), não é necessária a demarcação da passagem do tempo por índices específicos. A sucessão cronológica, segundo ele, é bastante simples e pode se dar pela sequência dos enunciados que é, muitas vezes, suficiente para figurar o desenrolar cronológico, dispensando, assim, parte dos conectores temporais, o que de certa forma, poderia justificar o “esquecimento” nas redações aqui analisadas. O mesmo não se pode dizer da indicação do lugar onde aconteceu a história narrada.

A seguir, apresentamos um gráfico para facilitar a comparação entre os percentuais de uso de organizadores temporais e espaciais.

Como é possível constatar, somados os percentuais de 33,84%, daqueles que especificaram apenas o tempo, mais aqueles que não mencionaram nem tempo ou lugar, 16,92%, somam-se 50,76%, ou seja, a metade dos enunciadores se esqueceu de informar o lugar onde se deu o fato narrado, informação necessária à compreensão do texto.

Quanto à não informação do tempo, somados os percentuais de 15,38% mais 16,92%, daqueles que não informaram o tempo nem o lugar, somam-se 32,3%. Ou seja, essa informação, embora não tenha sido explicitada no texto, através de marcadores específicos, pode ser recuperada, conforme Adam (2008), pela sucessão dos acontecimentos, o que explica, de certa maneira, a omissão dessa informação por parte dos enunciadores.

No documento O discurso de outrem em retextualizações (páginas 107-111)