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Orientações curriculares para a educação pré-escolar

CAPÍTULO 2 – INCLUSÃO,ÓCIO E O PAPEL DOS PAIS NO

2.1 Escola e a Educação Inclusiva

2.1.1 Orientações curriculares para a educação pré-escolar

A aprovação das Orientações Curriculares para a Educação pré-escolar (OCEPE) devem ser comuns a todos os contextos institucionais em que a Educação Pré-Escolar se desenvolve propondo uma aproximação entre jardins-de-infância e Escolas do 1.º ciclo do Ensino Básico para que se possam encontrar formas de articulação curricular entre ambos. Esta articulação será importante, pois o ensino pré-escolar é considerado uma das primeiras etapas da educação básica no processo de educação ao longo da vida, havendo uma estreita cooperação com a família de forma a favorecer a formação e o desenvolvimento da criança. As orientações curriculares constituem-se como um conjunto de princípios gerais pedagógicos permitindo ao educador de infância a tomada de decisões sobre a sua prática. Através dessas orientações, é possível ter um conhecimento mútuo do trabalho do educador desenvolvido com as crianças, delinear métodos, estratégias, averiguar as problemáticas dos currículos, fornecer apoios para as crianças. Esta articulação é imprescindível para o processo de aprendizagem da criança com Perturbação do Espectro do Autismo.

Na Lei-quadro da Educação Pré-Escolar, lei n.º5/97 de 10 de Fevereiro de 1997, são mencionados alguns princípios gerais da educação pré-escolar dos quais se salientam: 1- artigo 3.º “a educação pré-escolar destina-se às crianças com idades compreendidas entre os 3 anos e a idade de ingresso no ensino básico e é ministrada nos estabelecimentos de educação pré-escolar”; “a frequência da educação pré- escolar é facultativa, no reconhecimento de que, cabe primeiramente à família a educação dos filhos (…);”a instituição deve proporcionar às crianças “atividades educativas, e atividades de apoio à família”; 2- artigo 4.º, a família deve “desenvolver uma relação de cooperação com os agentes educativos numa perspetiva formativa” bem como “ participar (…) sob a orientação da direção pedagógica em atividades educativas de animação e de atendimento” (Ministério da Educação, 1997, p.19-21).

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As orientações curriculares referidas na Lei-quadro de Educação Pré-escolar (1997) assentam em alguns fundamentos nomeadamente: no reconhecimento da criança como sujeito no processo educativo, ou seja, deve-se valorizar os saberes da criança e partir do que a criança já sabe para gerar novas aprendizagens; na necessidade de fornecer resposta a todas as crianças, sendo para isso necessário uma pedagogia diferenciada baseada na cooperação, proporcionado a cada criança tirar partido do processo educativo desenvolvido com o grupo; na construção articulada do saber, ou seja, todas as áreas a contemplar no processo educativo devem ser abordadas de uma forma global e integrada. O educador, com base nestes princípios deverá ter em conta os objetivos gerais que orientam a sua prática profissional; a organização do ambiente educativo onde se inclui a organização do grupo, do espaço, do tempo, a relação com os pais das crianças; as áreas de conteúdo que farão parte do processo de planeamento e avaliação do processo de aprendizagem; a continuidade educativa, partindo do que as crianças sabem e aprenderam para ensinar outras aprendizagens e a intencionalidade educativa, na qual o educador realiza uma observação, planeamento e avaliação adequando a sua prática às necessidades das crianças (Ministério da Educação, 1997).

Nas Orientações curriculares para a educação pré-escolar são mencionadas as três áreas de conteúdo e desenvolvimento: 1) Área da Formação Pessoal e Social, que é uma área transversal, integradora, que enquadra e dá suporte a todas as outras onde se pretende promover hábitos/valores e atitudes, para que se tornem cidadãos conscientes e solidários. Pretende-se ajudar a criança a resolver problemas sociais do quotidiano, a ser solidária e a saber partilhar, a adquirir regras de comportamento para funcionar em sociedade, a respeitar diferentes culturas etc.; 2) Área da Expressão/ Comunicação, que incide sobre aspetos essenciais do desenvolvimento e da aprendizagem englobando as aprendizagens relacionadas com o domínio da matemática, o domínio de diferentes formas de linguagem e a abordagem da escrita, incluindo outras linguagens como a informática e a audiovisual e o domínio das expressões com diferentes vertentes, como a expressão motora, dramática, plástica e musical; 3) Área do Conhecimento do Mundo, que permite à criança adquirir conhecimentos sobre o que a rodeia, ajuda a estimular a sua curiosidade e o desejo de

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aprender, saber e compreender o porquê das coisas (sobre as pessoas, objetos, animais, o mundo natural).

Os objetivos do ensino pré-escolar complementam áreas do desenvolvimento intelectual, humano e expressivo, pessoal e social. Esses objetivos pedagógicos contemplam: 1) Promover o desenvolvimento pessoal e social da criança com base nas experiências de vida numa perspetiva de educação para a cidadania; 2) Inserir a criança em grupos sociais diversos para que possa ter respeito e contacto com outras culturas; 3) Contribuir para a igualdade de oportunidades no acesso à escola e para o sucesso da aprendizagem; 4) Estimular o desenvolvimento global da criança respeitando as suas caraterísticas individuais; 5) Despertar a curiosidade e o pensamento crítico; 6) Proceder à despistagem de inadaptações e deficiências promovendo desta forma, melhor orientação e encaminhamento da criança; 7) Estimular a participação das famílias no processo educativo (Silva & Núcleo de Educação Pré-Escolar,1997).

Cada criança tem um currículo e a sua gestão deve ser realizada pelo educador de infância, que define estratégias de concretização e de operacionalização das orientações curriculares, adequando-as ao contexto, tendo em conta os interesses e necessidades das crianças.

A educação pré-escolar não se deve organizar numa perspetiva de escolaridade obrigatória, mas, ao invés disso deve perspetivar-se no sentido de educação ao longo da vida, onde a criança adquira aprendizagens com sucesso que lhe permita ter condições de percorrer a etapa seguinte.

2.1.2.A inclusão de crianças com Perturbação do Espectro do