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Conta a história que, no ano de 1432, em uma pequena cidade do norte da Itália, denominada Caravaggio, Nossa Senhora teria aparecido milagrosamente para ofertar suas graças a uma camponesa de nome Joaneta. Na data da aparição, Joaneta tinha trinta e dois anos de idade. Era uma camponesa devota e piedosa, muito maltratada pelo marido Francesco Varoli. O casal era muito humilde e não possuía filhos (ZORZI, 1986).

No dia 26 de maio de 1432, ordenada pelo marido, Joaneta, em meio a lágrimas e a orações, devido aos contínuos maus tratos do marido, vai buscar pasto para os animais em um prado próximo, chamado Mazzolengo (distante 1800 metros de Caravaggio). A camponesa retornava do trabalho, por volta das 5 horas da tarde, carregando um feixe de pasto quando, de repente, surge em sua frente uma senhora de estatura imponente, rosto encantador e aparência de rainha. Vestida com uma roupa rubro-violeta e a cabeça coberta com um véu branco, a Senhora parou junto de Joaneta, a qual se assustou com a presença de tão nobre Senhora, e disse-lhe que não tivesse medo. Então, Nossa Senhora pede a Joaneta que se ajoelhe para receber uma grande mensagem, revela-lhe o seu nome e lhe diz que vem anunciar a paz, tendo conseguido afastar dos cristãos os castigos da Divina Justiça. Ainda, Nossa Senhora pede ao povo que volte a fazer penitência, jejue nas sextas-feiras, vá orar na igreja no sábado de tarde, em agradecimento pelos castigos afastados, e que ali lhe seja erguida uma capela (ZORZI, 1986).

Nesse local, como sinal da Aparição e das graças que ali seriam concedidas, brotou uma fonte de água límpida e abundante. Conta-se que muitas pessoas doentes, ao terem contato com essa água, curaram-se das mais diversas doenças. Diz-se também, que um incrédulo, ao jogar um ramo seco na fonte, este tornou a ser verde e revestiu-se de flores no mesmo instante. É lembrando esse fato que, nas representações das imagens de Nossa Senhora de Caravaggio e de Joaneta, é colocado um ramo florido entre a Virgem e a vidente (ZORZI, 1986).

Quando Nossa Senhora desapareceu aos olhos de Joaneta, esta, transtornada, voltou a Caravaggio e contou, imediatamente, a todos o que se passara, dizendo tudo que vira e ouvira. Como era de se esperar, alguns não acreditaram em suas palavras, debochando dela e acusando-a, mas, outros, acreditando nela, foram até o local da referida Aparição e encontraram uma fonte de água pura e cristalina, que nunca antes tinha sido vista por

ninguém, pois nascera após a Aparição de Nossa Senhora, curando de males e enfermidades aqueles que nela se banhavam. A partir disso, começaram a surgir fiéis que agradeciam a Virgem as graças alcançadas e as contavam para outras pessoas, espalhando a devoção àquela Nossa Senhora (ZORZI, 1986).

Conta-se que, após a Aparição, aquele local brilha e resplandece por muitos milagres e, assim, a devoção vai aumentando, fazendo com que cada vez mais fiéis cristãos de toda parte visitem o local. Dessa forma, construiu-se, com as ofertas e doações dos fiéis, no lugar onde se afirma ter aparecido a Virgem Maria, uma igreja em honra a Nossa Senhora de Caravaggio. Também, foi edificado, junto da mesma igreja, um hospital, cujo nome é Santa Maria (ZORZI, 1986).

Na Itália, continuou crescendo a devoção a Nossa Senhora de Caravaggio. Na cidade de Caravaggio, no local da Aparição, hoje, a antiga igreja dá lugar a um grande Santuário, que é visitado por multidões de peregrinos. Ao longo do tempo foram surgindo vários Santuários de Nossa Senhora de Caravaggio, em diversos lugares da Itália, alguns deles originados por novas aparições (ZORZI, 1986).

Figura 1 – Santuário de Nossa Senhora de Caravaggio, situado em Caravaggio - Itália

Fonte: http://pioneiro.clicrbs.com.br/rs/geral/noticia/2013/05/como-sera-a-romaria-de- caravaggio-no-santuario-da-italia-4147002.html

A devoção a Nossa Senhora de Caravaggio foi levada pelos emigrantes, difundindo- se por diversos lugares, inclusive no Brasil. Devido às imigrações do século XIX, essa devoção encontra-se em muitos dos estados do país. De igual forma, os filhos desses imigrantes, nas migrações internas, propagam essa devoção por vários locais do Brasil (ZORZI, 1986).

Assim, um significativo número de cidades brasileiras abriga santuários, paróquias, igrejas e capelas em louvor a Nossa Senhora de Caravaggio. Estes, geralmente, estão localizados em regiões onde a presença de descendentes de imigrantes italianos é mais acentuada. No Rio Grande do Sul destacam-se: o Santuário de Nossa Senhora de Caravaggio, em Farroupilha; o Santuário de Nossa Senhora de Caravaggio de Saiqui, em Canela. Em Santa Catarina podem ser citados dois locais: o Santuário de Nossa Senhora de Caravaggio de Azambuja, em Brusque; o Santuário de Nossa Senhora de Caravaggio de Nova Veneza, em Nova Veneza. No Paraná, os Santuários mais conhecidos são: o de Toledo, o de Campo Mourão e o de Matelândia. Há também santuários que festejam a Aparição de Nossa Senhora de Caravaggio nos estados do Mato Grosso e do Espírito Santo. Nesses locais têm-se registros de graças alcançadas por devotos e realizam-se romarias que, com o passar do tempo, tornam- se cada vez maiores, tanto em número de participantes quanto em organização e estrutura (ZORZI, 1986).

Portanto, iniciou-se na Itália essa devoção que ultrapassou países e oceanos, vindo a florescer no Rio Grande do Sul por meio dos imigrantes italianos e, perpetuando-se ao longo de séculos.

3.2 A DEVOÇÃO A NOSSA SENHORA DE CARAVAGGIO – FARROUPILHA/RS,