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CAPÍTULO 3 LOGÍSTICA EMPRESARIAL

3.9. GERENCIAMENTO DA CADEIA DE SUPRIMENTOS (Supply Chain Management )

3.9.1. Origem da Supply Chain Management

FLEURY (1999) faz algumas considerações sobre a origem da Supply Chain

Management :

a) As duas últimas décadas que se seguiram aos anos 70´s foram marcadas por uma verdadeira revolução dos conceitos gerenciais, especialmente no que toca à função de operações. O movimento da qualidade total e o conceito de produção enxuta trouxeram consigo um conjunto de técnicas e procedimentos como o JIT, CEP, QFD, SMED, KANBAN e engenharia Simultânea. Amplamente adotadas em quase todos os países industrializados de economia de mercado, estas técnicas e procedimentos contribuíram para o avanço da qualidade e produtividade. Na trilha destas mudanças dois outros conceitos surgiram e vêm sendo utilizados nas organizações produtivas”.

b) “O primeiro deles, a Logística Integrada, despontou no começo da década de 80 e evoluiu rapidamente nos 15 anos que se seguiram, impulsionada principalmente pela revolução da tecnologia de informação e pelas exigências crescentes de desempenho em serviços de distribuição, conseqüência principalmente dos movimentos da produção enxuta e do JIT. Embora ainda evoluindo, o conceito de logística integrada já está bastante consolidado tanto a nível conceitual quanto de aplicação nas organizações produtivas dos países mais desenvolvidos”.

c) “O segundo dos conceitos, o Supply Chain Management – SCM, ou Gerenciamento da Cadeia de Suprimento, começou a se desenvolver apenas no final dos anos 80. Mesmo a nível internacional, são poucas as empresas que já conseguiram implementá- lo com sucesso e a nível acadêmico o conceito ainda pode ser considerado em estruturação. Existem inclusive alguns profissionais que consideram o SCM como apenas um novo nome, uma simples extensão do conceito de logística integrada, ou seja, uma ampliação da atividade logística para além das fronteiras organizacionais, na direção de clientes e fornecedores na cadeia de suprimento”.

d) “Em contraposição a esta visão restrita, existe uma crescente percepção de que o conceito de Supply Chain Management é muito mais do que uma simples extensão da logística integrada, pois inclui um conjunto de processos de negócios que em muito ultrapassa

as atividades diretamente relacionadas com a logística. Além disso, existe uma clara e definitiva necessidade de integração das operações na cadeia de suprimentos. O desenvolvimento de novos produtos é talvez o mais óbvio deles, pois vários aspectos do negócio deveriam ser incluídos nesta atividade, tais como o marketing para estabelecer o conceito do produto, pesquisa e desenvolvimento para a formulação, fabricação e logística para executar as operações e finanças para o financiamento das atividades. Compras e desenvolvimento de fornecedores são outras duas atividades que extrapolam funções tradicionais da logística e que são críticas para a implementação do SCM”.

BECHTEL e JAYNANTH (1998), da Michigan State University, caracterizam genericamente quatro escolas na evolução histórica da logística e apontam uma Quinta escola como o futuro:

a) Escola de percepção da cadeia funcional:

Reconhece a existência de uma cadeia de áreas funcionais. Diversos pontos chaves emergem das definições dessa escola. Em primeiro lugar, a maioria das definições converge para o entendimento de que a cadeia de abastecimento inclui o fluxo de materiais desde os fornecedores até o usuário final. A ênfase está na inclusão de todos os componentes do canal, do início ao fim. Em segundo lugar, as definições enfatizam o fluxo de materiais. A ênfase no fluxo de materiais ao longo dos canais não chega como surpresa, já que o campo primordial do SCM é a logística.

b) Escola de Ligação/Logística:

Vai além do reconhecimento da existência de uma cadeia desde o fornecedor até o consumidor final e trata dos fluxos de materiais ao longo dessa cadeia. A escola de ligação/logística especifica os elos existentes entre as áreas funcionais os quais incluem fornecedores, produção e distribuição. Uma boa distinção entre as escolas de percepção da cadeia e da ligação/logística é que a primeira simplesmente reconhece que as áreas funcionais de compras, produção e distribuição formam uma seqüência chamada de cadeia de abastecimento, que deve ser administrada. A escola de ligação começa a investigar de que maneira as ligações entre as áreas funcionais podem ser exploradas com a finalidade de obter vantagens competitivas, especialmente nas áreas de lo gística e transporte. A ênfase nos elos de ligação se concentra no equilíbrio dos fluxos materiais, entre as áreas funcionais, para reduzir estoques.

c) A escola de informação:

Destaca o fluxo de informações entre membros da cadeia de fornecimento. O fluxo de informações é a espinha dorsal de um Supply Chain Management eficaz. Não apenas o fluxo unidirecional de informações comprador-fornecedor é importante, mas também o fluxo bidirecional de informações. A informação não flui simplesmente de um membro para outro, mas todos os membros da cadeia precisam de informações sobre como seus clientes finais percebem seu desempenho.

d) A escola de Integração/Processo

Tem seu foco na integração das áreas da cadeia de abastecimento em um sistema definido como um conjunto de processos que buscam a otimização do sistema, e que melhor agregam valor. A diferença entre as escolas de ligação e integração é sutil, mas as implicações são grandes. A escola de ligação parte do princípio de que as áreas funcionais aparecem em uma seqüência que não pode ser mudada. A meta é ganhar o máximo de eficiência a partir desta seqüência de funções. A escola de integração prega que a ênfase está na satisfação do cliente, não importa a configuração das áreas funcionais na cadeia de abastecimento. A filosofia de integração, entretanto, não presume necessariamente que os elos da cadeia estejam em alguma ordem em especial. O tomador de decisões na escola de integração/processo é livre para explorar configurações alternativas na cadeia de abastecimento. Esses sistemas alternativos podem eliminar redundâncias desempenhando determinadas atividades simultaneamente.

e) Supply Chain Management (O futuro):

Dois temas proporcionam a visão de futuro da Supply Chain Management. Em primeiro lugar, o conceito de Supply Chain Management esta se tornando estreitamente ligado aos conceitos de parcerias, alianças estratégicas e outras relações cooperativas entre membros da cadeia de abastecimento. Portanto existe uma ênfase maior no relacional, ao invés dos fatores transacionais envolvidos. Entretanto, enfatizar os fatores relacionais não é o único requisito importante. A própria definição de Supply Chain Management pode ser modificada de uma maneira mais fundamental. FARMER (1995), NICOSIA e HARRINGTON (1995), apud BEC HTEL e JAYNANTH (1998) descrevem a inadequação do termo Supply Chain

Management. Cadeia de abastecimento sugere que o abastecimento origina e dá impulso à

produto ou serviço. Um termo mais adequado seria duto de demanda sem emendas, onde o usuário final, e não a função de abastecimento, impulsiona a cadeia de abastecimento.