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2.1 DOMÍNIO DA ZONA TRANSVERSAL

3.2 ASPECTOS DE CAMPO E PETROGRAFIA DAS UNIDADES LITOLÓGICAS CONSTITUINTES DA REGIÃO DE FAGUNDES-ITATUBA

3.2.1 UNIDADE DAS ROCHAS ENCAIXANTES (EMBASAMENTO)

3.2.2.1 ORTOGNAISSES DA ÁREA, EQUIVALENTES DO COMPLEXO FLORESTA

Os ortognaisses da unidade equivalente do Complexo Floresta constituintes do embasamento da área pesquisada são rochas metaplutônicas intermediárias (mesocráticas) a félsicas (leucocráticas), de composição monzogranítica a granodiorítica, mais raramente tonalítica, por vezes intercaladas com lentes ou camadas metamáficas (melanocráticas), de composição anfibolítica ou piroxenítica. Apresentam-se de modo geral fortemente afetadas por diversas fases de deformação pertencentes a mais de um ciclo tectônico (são rochas polideformadas), exibindo dobras, lineações e foliações de diferentes idades. Também são observados processos de metassomatismo afetando os ortognaisses do embasamento, refletindo-se na ocorrência de contatos litológicos entre estas rochas e skarns, bem como na mineralogia dos ortognaisses, constituídos basicamente por plagioclásio (30- 35%) + microclina (35-40%) + quartzo (20-30%) + minerais acessórios (<5%), estes últimos incluem biotita, apatita, alanita, sericita, granada; e quando metassomatizados, registram presença de clinopiroxênio, actinolita/tremolita e epidoto na assembléia mineral, em quantidades variáveis (amostras CC-80 e CC-83, vide Tabelas em Anexo).

Tanto na análise microestrutural quanto na análise macroestrutural são observados numerosos aspectos de polideformação, os quais são descritos no item 3.1 e mostrados nas seguintes fotografias: Fotografias 3.1 (bandamento gnáissico refletindo Sn), 3.2 e 3.3 (dobramentos),

3.4 (estrutura tipo horse, cavalgamentos), 3.5 (padrão tipo domo e bacia), 3.6 (estrutura tipo rampa e

piso) e 3.7 (comportamento dúctil das rochas metacarbonáticas, introduzindo-se entre duas bandas gnáissicas). A Fotografia 3.8 mostra porção da unidade equivalente do Complexo Sertânia, ocorrendo em área de dominância do embasamento da unidade equivalente do Complexo Floresta.

Estudo Geológico, Geoquímico e Isotópico da Região Compreendida entre Fagundes e Itatuba (PB)... Carmona, L.C.M. 2006. PPG/UFPE Fotografia 3.1 Detalhe da seqüência de ortognaisses bandados de composição tonalítica-diorítica de

rochas metaplutônicas da unidade equivalente do Complexo Floresta. Amostra CC-202.

Fotografia 3.2 Dobra assimétrica da seqüência de ortognaisses da unidade equivalente do Complexo

Estudo Geológico, Geoquímico e Isotópico da Região Compreendida entre Fagundes e Itatuba (PB)... Carmona, L.C.M. 2006. PPG/UFPE Fotografia 3.3 Detalhe de dobra de plano axial subvertical da seqüência de ortognaisses da unidade

equivalente do Complexo Floresta. Amostra referência CC-292.

Fotografia 3.4 Superfícies de cavalgamentos da fase Dn emortognaisses da unidade equivalente do Complexo Floresta. Amostra referência CC-80.

As rochas da unidade equivalente do Complexo Sertânia no contexto regional, ocorrem inseridas em menor proporção, na forma de localizadas lentes de rochas supracrustais metapelíticas, representada por uma seqüência metassedimentar constituída por biotita gnaisses aluminosos, com injeções freqüentes de ortognaisses de composição tonalítica ou granítica.

Estudo Geológico, Geoquímico e Isotópico da Região Compreendida entre Fagundes e Itatuba (PB)... Carmona, L.C.M. 2006. PPG/UFPE Fotografia 3.5 Padrão de redobramento tipo domo e bacia em ortognaisses da unidade equivalente

do Complexo Floresta. Amostra referência CC-83.

Fotografia 3.6 Estrutura do tipo rampa-piso produzida pela tectônica de empurrão, (transporte para

NW) da unidade equivalente do Complexo Floresta, em local próximo do metagranitóide central. Amostra referência CC-292.

Os metassedimentos são essencialmente do tipo biotita gnaisses granatíferos, migmatizados, com granulação média, coloração cinza e textura lepidogranoblástica ou porfirolepidoblástica, por vezes formando bandas centimétricas claras, ricas em quartzo e feldspato, alternadas com outras ricas em biotita. São constituídos por plagioclásio, quartzo, biotita, granada, por vezes com sillimanita

Estudo Geológico, Geoquímico e Isotópico da Região Compreendida entre Fagundes e Itatuba (PB)... Carmona, L.C.M. 2006. PPG/UFPE e cordierita, além de apatita, titanita, rutilo, minerais opacos e zircão, como minerais acessórios (Fotografia 3.8, amostras CC-28 e CC-178, vide Tabelas em Anexo).

Fotografia 3.7 Observa-se o comportamento dúctil da rocha metacarbonática introduzindo-se entre

as bandas gnáissicas e englobando porções dos ortognaisses da unidade equivalente do Complexo Floresta. Este comportamento plástico possivelmente ocorreu nos metacarbonatos em resposta à forte tectônica da área. Amostra referência CC-296.

Fotografia 3.8 Seqüência de supracrustais (paragnaisses), são biotita granada gnaisses com

mobilizados leucocráticos incipientes da unidade equivalente do Complexo Sertânia. Amostra referência CC-28.

Estudo Geológico, Geoquímico e Isotópico da Região Compreendida entre Fagundes e Itatuba (PB)... Carmona, L.C.M. 2006. PPG/UFPE 3.2.2 UNIDADE DAS ROCHAS METAMÁFICO-ULTRAMÁFICAS

Com relação às relações de campo, o mapa geológico da região de Fagundes-Itatuba (em anexo) mostra que as lentes de rochas metamáfico-ultramáficas (individualizadas em número de 12 corpos maiores e 02 menores, reliquiares) ocorrem com formas alongadas encurvadas (e às vezes boudinadas). Em geral estão dispostas em um padrão subcircular concêntrico, concordante com a estruturação dos fotolineamentos observados nas encaixantes gnáissicas do equivalente ao Complexo Floresta que se dispõem de formas concêntricas em redor de um núcleo granodiorítico central (Granodiorito Quati). Algumas lentes metamáfico-ultramáficas estão associadas às metacarbonáticas e às rochas tipo skarn (metassomatitos).

Os padrões estruturais naturais das rochas intrusivas são definidos em campo (Castro, 1987) por três fatores: 1) formas ou contornos das intrusivas tanto em seções horizontais como em seções verticais; 2) estruturas internas das intrusivas (trama cristalina, forma e orientação dos xenólitos, junções e juntas, distribuição espacial dos fácies petrográficos) e 3) estruturas das encaixantes adjacentes às intrusivas. Observando-se estes critérios, existem três tipos principais de padrão estrutural possíveis para rochas intrusivas: 1) domos gnáissicos; 2) padrões concordantes (sin- cinemáticos) e 3) padrões discordantes (tardi a pós-cinemáticos). Com relação especificamente a rochas metamáfico-ultramáficas, em geral os padrões estruturais são discordantes regionalmente e há dois mecanismos de alojamento dominantes: subsidência em caldeira e propagação por diques. A subsidência em caldeira implica em posicionamento pós-cinemático a anorogênico, e é um mecanismo restrito a rochas máfico-ultramáficas (aí incluídas rochas carbonatíticas).

No caso das rochas metamáfico-ultramáficas da região estudada, as duas formas de alojamento são possíveis, embora o padrão subcircular concêntrico visto em planta sugira subsidência em caldeira, porém disrupta por tectonismos posteriores, rompendo e afastando as lentes por distâncias métricas a quilométricas. Como boa parte das ocorrências apresenta-se sob forma de blocos soltos ou lentes encaixadas concordantemente com os gnaisses e migmatitos regionais, não se pode optar conclusivamente por este modelo de alojamento. Outro aspecto a considerar é que a propagação por diques é considerada o mecanismo mais eficiente no transporte de magmas de zonas profundas da crosta inferior e manto superior, como é o caso dos magmas máfico-ultramáficos. Existe também uma terceira hipótese: de obducção de seqüências oceânicas em ambientes colisionais, porém nestes casos o padrão estrutural costuma ser retilíneo a subretilíneo, ou no máximo côncavo-convexo (suturado), o que não parece ser o caso (vide Mapa Geológico em anexo). Há que se considerar, todavia, que o padrão lenticular concêntrico disrupto apresentado pelas metamáfico-ultramáficas pode ter sido gerado pela intrusão do Granodiorito Quati, o qual possivelmente rompeu o padrão original de alojamento das metamáfico-ultramáficas, talvez retilíneo (diqueforme), ou pode ser resultado da complexa tectônica que afetou a área de Fagundes-Itatuba.

As rochas metamáfico-ultramáficas da região pesquisada são piroxenitos e metagabros com granadas (granulitos) e sem granadas, sendo observadas no campo sob a forma de blocos soltos centimétricos subarredondados. São rochas melanocráticas, de coloração verde escuro intenso a marrom, granulação fina a média, textura maciça a suavemente bandada, foliadas, exibindo a olho nu porfiroblastos de granadas pseudoeuédricas de coloração vermelho-escuro a marrom, distribuídas de forma disseminada por toda a rocha hospedeira.

Estudo Geológico, Geoquímico e Isotópico da Região Compreendida entre Fagundes e Itatuba (PB)... Carmona, L.C.M. 2006. PPG/UFPE Nas rochas representadas pelos metagabros, petrograficamente hornblenda gabros, piroxênio gabros e hornblenda piroxênio gabros, maciços (sem estruturas planares) e bandados (com estruturas planares), os corpos bandados apresentam-se alongados paralelamente à foliação Sn. Seus contatos são concordantes a bruscos com os litotipos das encaixantes do embasamento. Mostram aspecto de rocha holocristalina, máfica (85-90% de minerais máficos), textura granonematoblástica definida pela orientação dos minerais prismáticos / lamelares e pelo estiramento dos cristais de plagioclásio e quartzo. Estas rochas possuem cor cinzenta escura esverdeada a negra, e aspecto variando de maciço a bandado, foliado com foliação incipiente a fraca, a granulação em geral é fina, sendo a composição modal dominada pelos anfibólios tipo hornblenda (45-65%), clinopiroxênios (diopsídio-hedenbergita 10-15%), plagioclásio (10-12%) e quartzo (5-8%), como acessórios ocorrem apatita, titanita e minerais opacos; como minerais de alteração actinolita, clorita e epidoto. É freqüente encontrar estas rochas apresentando evidências de alteração, produzindo um solo caracteristicamente avermelhado.

As rochas granada piroxenitos ocorrem em geral como blocos soltos com a seguinte composição média: Diopsídio-hedenbergita (45-50%), Granada (35-40%), Plagioclásio (10-15 %), ± Minerais Opacos (1-2%), Acessórios (Titanita, Alanita, Apatita, todos juntos <1%). Piroxenitos sem granada também ocorrem principalmente como blocos soltos e exibem a seguinte composição média: Diopsídio-hedenbergita (90-95%), Plagioclásio (4-6%), Actinolita (2-4%), Apatita (<1%).

Aparentemente pode-se estabelecer quatro estágios de evolução para os metagabros e/ou granada piroxenitos, sendo três deles metamórficos: a) Um estágio de cristalização magmática de uma rocha composta por plagioclásio e diopsídio-hedenbergita; b) em um segundo estágio, condições de mais alta pressão e temperatura, provavelmente no fácies anfibolito alto ou talvez granulito, levariam à formação da granada e de um piroxênio mais sódico, possivelmente do tipo augita, às custas de parte do sódio proveniente do plagioclásio; c) um terceiro estágio retrogressivo no fácies anfibolito daria origem às simplectitas e iniciaria a hidratação dos clinopiroxênios bem como a formação dos minerais opacos secundários; d) um quarto estágio, ainda no fácies anfibolito, possibilitaria a formação da titanita a partir do plagioclásio, anfibólio, piroxênio e minerais opacos. A presença no mesmo afloramento de rocha metamorfizada no fácies anfibolito alto/granulito associada a um protólito de natureza essencialmente ígnea (piroxênio mais plagioclásio cúmulo) geralmente é explicada pelo fato do protólito ter sido submetido a um metamorfismo progressivo e depois retrogressivo com a sua preservação parcial ao longo de todo o percurso (hipótese relacionada à explicação sobre os quatro estágios discutidos acima). Contudo, a tendência do metamorfismo progressivo (no seu pico) é a de reequilíbrio completo, geralmente não deixando registro das paragêneses mineralógicas prévias. Uma hipótese alternativa é a de que o protólito (gabro) pode ter sido metamorfizado sob diferentes condições locais de potencial químico de H2O. Com relação a esta última possibilidade, investigações (Miyashiro, 1994) têm mostrado que os potenciais químicos de

H2O e também de CO2 variam dentro de uma pequena área sujeita as mesmas condições de

temperatura e pressão, particularmente em metabasitos e calcários. Por conta desta variação de potencial químico a nível centimétrico duas ou mais fácies metamórficas podem ocorrer misturadas em nível de um simples afloramento ou mesmo em nível de amostra de mão, com descrito por Melo (1998). A seguir são descritas as subunidades das rochas metamáfico-ultamáficas: 3.2.2.1 Rochas

Estudo Geológico, Geoquímico e Isotópico da Região Compreendida entre Fagundes e Itatuba (PB)... Carmona, L.C.M. 2006. PPG/UFPE Hornblenda Gabro Maciças; 3.2.2.2 Rochas Hornblenda Gabro Bandadas; 3.2.2.3 Rochas Piroxênio Gabros; 3.2.2.4 Rochas Hornblenda Piroxênio Gabros; 3.2.2.5 Rochas Hornblenda Gabros alteradas parcialmente a rochas Skarns; 3.2.2.6 Rochas Granada-Piroxenitos.