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5. O PERCURSO NA FORMAÇÃO DOCENTE E A PSEUDOFORMAÇÃO NO SÉCULO

5.1. Os alunos

Diante dos dados encontrados nas entrevistas realizadas com os alunos em questão e organizados de acordo com as categorias apresentadas, podemos analisar as condições da formação por meio do olhar discente e, assim, tecemos algumas considerações a partir dos resultados. A seguir, apresentamos um “retrato” da formação de professores nas realidades pesquisadas, contando também com nossas considerações no que tange a esses dados. Nossa análise foi feita considerando todas as respostas dadas pelos alunos em cada uma das questões e apontamos questões institucionais quando estas ficavam explícitas. Lembramos que todas as respostas aqui agrupadas por questões, demonstrando a divisão pelas universidades e sua frequência em cada categoria, encontram-se detalhadas na tabela do ANEXO C.

Com relação à primeira questão, nosso intuito era o de compreender o que os alunos entendiam a respeito da formação cultural e se esse aspecto fora importante nas escolhas dele em relação ao curso. Ele buscava essa formação ou não? Ela era importante para ele? Ao analisarmos as respostas encontramos que a grande prevalência estava na segunda categoria e as outras duas permaneceram em número igualmente apresentados. Vide tabela a seguir.

Tabela 5.1: Frequência de repostas às categorias da questão 1(O que você entende por formação cultural?

Esse aspecto foi importante na sua escolha pelo curso? Você acredita que este curso poderá promover esta formação ou mesmo oferecer elementos para que esta formação se dê?), por categorias

Universidade I Universidade II Universidade III Total20

Categoria 1 (Formação cultural como formação advinda da educação familiar) 3 0 1 4 Categoria 2 (Formação cultural como formação que acontece na relação com a sociedade) 7 9 6 22 Categoria 3 (Formação cultural como o acesso ao conhecimento ou à cultura (entendida aqui como os suportes e bens culturais, bem como a programação conhecida da cultura – teatro, cinema, shows musicais, etc.). 0 0 4 4 Total 10 9 11 30

Tendo como base os dados acima apresentados podemos afirmar que houve uma prevalência das respostas na segunda categoria que se refere à compreensão da formação cultural como a formação se acontece na sua relação com o contexto social, ressaltando que todos os alunos da Universidade II apontaram essa relação. Já os alunos da Universidade I apresentaram também uma prevalência da categoria 2, mas cerca de 1/3 dos alunos responderam que compreendem a formação cultural como aquela que está ligada à educação familiar. Na Universidade III um aluno respondeu que entende a formação cultural como relacionada à cultura (ou bens culturais), mas a maioria (uma proporção de cerca de 0,60 dos alunos da Universidade III) respondeu também relacionando a formação cultural com aquele que se constituiu na relação com a sociedade e suas experiências no contexto social.

20 Para essa tabela e para as demais que contém as respostas dos sujeitos em categorias, vale ressaltar que os totais podem não coincidir com o total de sujeitos, visto que algumas respostas puderam ser classificadas em mais de uma categoria.

Observando os alunos, sem distinguir a sua instituição de origem, encontramos que 0,74 dos alunos responderam que a formação cultural como formação que acontece na relação com a sociedade, ou seja, eles compreendem a formação como algo além da formação acadêmica e que acontece nos aprendizados que surgem no cotidiano e nas relações com as questões sociais, diante das oportunidades que tais relações promovem. Os outros alunos (0,26 deles) dividem-se igualmente na outras duas categorias, sendo que 0,13 acreditam na formação cultural como a formação anterior que recebem no âmbito familiar e os outros 0,13 referem-se à formação cultural como aquela que é ligada ao acesso ao conhecimento ou à cultura como as relações construídas e o aprendizado formalizado a partir da cultura, compreendida especialmente como a “cultura clássica” ou os chamados “bens culturais”.

Vale ressaltar que as 0,75 dos alunos que veem formação cultural como ligado à educação familiar estão na Universidade I, enquanto os outros 0,25 na Universidade III. Já as respostas que consideram a formação cultural como ligada à cultura elitizada ou também chamada de “cultura clássica” estão na Universidade III. Já os alunos da universidade confessional, todos eles consideram a formação cultural como aquela que se realiza no âmbito das relações com a sociedade, inclusive muitos deles apontam o fato de estudar nesta instituição e a própria localização central da universidade como algo que favorece esta formação.

Com relação ao fato da escolha do curso ter interferido pela crença de acesso à formação cultural, encontramos cerca de 0,80 dos alunos afirmando que escolheram o curso acreditando nesta possibilidade e os outros 0,20 apenas afirmaram que não havia relacionado diretamente a questão, mas que acreditam sim que seu curso pode favorecer esta formação ou pelo menos oferecer elementos para pensarem a respeito da questão.

Se considerarmos a seguinte citação de Adorno (1959/1972, p. 143-144):

Si Max Frish ha hecho notar que personas que habían participado algunas veces con pasión y comprensión en los llamados bienes culturales se han podido encargar tranquilamente de la praxis asesina del nacional-socialismo, tal cosa no es solamente índice de una conciencia progresivamente disociada, sino que da un mentís objetivo al contenido de aquellos bienes culturales – la humanidad y todo lo inherente a ella – en cuanto que no sean más que tales bienes: su sentido propio no puede separarse de la implantación de cosas humanas; y la formación que se

desentiende de esto, que descansa en sí misma y se absolutiza, se ha convertido ya en seudoformación. […] A la inversa, donde la cultura se ha entendido a sí misma como conformación de la vida real, ha destacado unilateralmente el momento de acomodación, y ha retraído así a los hombres de pulirse mutuamente.

Podemos pensar que os alunos da Universidade II são aqueles que mais se aproximam da concepção de formação, pois apresentam uma tendência a compreendê-la somente por sua relação com as condições sociais e objetivas, não sacralizando-a ou mesmo entendendo o conhecimento e a formação como aspectos que são destacados como adaptação e conformação reduzindo assim a contradição e a formação para a resistência. Mas pensamos que apenas demonstram que se aproximam do conceito, o que não garante terem as condições da formação asseguradas.

No que se refere à segunda questão, nosso intuito era descobrir se estes alunos identificavam elementos que poderiam favorecer esta formação cultural no âmbito de seus cursos, além também de compreender quais eram esses elementos presentes na formação. Neste ponto, as diferenças foram significativamente menores que na questão anterior.

Encontramos então que cerca de 0,40 dos alunos acreditam que são eles os elementos que promovem a experiência (em alguns momentos citadas como experiência de vida) e a formação em si, como exemplo, citaram a vivência universitária, os momentos políticos e acadêmicos também vividos na própria universidade. E neste item os alunos das universidades confessional e pública foram os que mais apontaram e valorizaram tais experiências.

Outro grupo (representando cerca de 0,30 dos alunos), acredita que os elementos que podem favorecer a formação cultural são as próprias relações estabelecidas nos cursos, como relação deles com os professores, entre alunos ou mesmo com outras pessoas que fazem parte da universidade e que contribuem para sua formação. O último grupo, que representa também 0,30 dos alunos, afirmam que os elementos de seu curso que podem representar ou favorecer a formação cultural são aqueles ligados a informações, conhecimentos, disciplinas e outros, vistos sempre como instrumentos oferecidos na “melhoria” do seu processo de formação.

Muitos dos alunos, independente de qual grupo ele esteja, apontaram para questões da própria instituição como mais capazes de realizar esta formação do que os elementos do curso em

si, especialmente alunos da universidade pública e da universidade confessional. Veja na tabela a seguir dados que mostram a frequência das respostas dos alunos separados por suas universidades.

Tabela 5.2: Frequência de repostas às categorias da questão 2 (Quais aspectos do seu curso são elementos

dessa formação?), por categorias.

Universidade I Universidade II Universidade III Total

Categoria 1 (Os elementos da formação são vistos como instrumentos oferecidos pelo curso para que possam melhorar sua formação e seu preparo para o trabalho (disciplinas, conhecimento da área, técnicas de trabalho, informações sobre os estudos realizados). 1 3 5 9 Categoria 2 (As relações estabelecidas no curso são as mais importantes como elemento de formação cultural (relações entre professores e alunos, alunos e conhecimentos novos, alunos e alunos, alunos e sociedade, etc.)

2 2 5 9

Categoria 3 (Elementos que promovem a experiência e a formação em si (como, por exemplo, pesquisas e a própria “vida universitária”).

7 4 1 12

Total 10 9 11 30

Observando as respostas dos alunos, com base na categorização realizada posteriormente, podemos compreender que os alunos da Universidade III dividem-se entre as considerações dos elementos da formação como o fornecimento de instrumentos para a sua atuação e para a sua formação ou ainda como os aspectos presentes nas relações estabelecidas com os professores e outros alunos. Já os alunos da Universidade II têm 1/3 das respostas nesta mesma categoria, mas a maioria deles (quatro alunos) aponta que a formação acontece no momento da experiência, vivenciada no âmbito do processo formativo.

Em relação aos alunos da Universidade I, a grande maioria (0,70 deles) respondeu que os elementos que favorecem a formação e que estão presentes nos cursos que realizam são ligados às questões que promovem experiência e reflexão no contexto formativo. Apontando, inclusive quando relacionados aos seus elogios à instituição, que eles têm maiores chances de ter acesso às experiências formativas, o que também não garantem a superação da pseudoformação.

O próprio Adorno (1959/1996) aponta para o fato de que a formação cultural não se dá pelo esforço pessoal, não sendo então possível na aquisição de instrumental para formação apenas ou mesmo pelo simples fato da disponibilidade de experiência, mas na realização da experiência em si. Desta forma, ele aponta para a seguinte questão: a pseudoformação produz subjetividades que impossibilitam compreender “o que seria objetivamente possível”, favorecendo então apenas a “sensação de não ter que despertar diante do poder do existente”, como forma de conformismo e paralisia.

Já na terceira questão, buscávamos compreender se, na visão do aluno, o curso que ele frequentava valoriza a formação cultural e como ele percebe esta valorização. Neste ponto algo interessante acontece, pois muitos alunos apontam as AACCs (Atividades Acadêmico-Científicas Complementares) como algo que favorece a formação cultural, especialmente porque “você pode ter a oportunidade de visitar museus, ver filmes, ler livros e ir ao teatro como forma de contar créditos para o curso e também favorecer a formação”, sem notar o caráter de instrumentalização no processo formativo.

Alguns alunos chegam a apontar esse fato como uma reprodução da nova lógica que rege a atividade docente nas universidades, marcada na atualidade pelo produtivismo. Assim, segundo estes alunos e mesmo alguns professores, os alunos apenas frequentam estes lugares para “ganhar os créditos” e não como possibilidade de experiência formativa ou cultural.

Podemos verificar algumas reflexões a este respeito da afirmação de Horkheimer e Adorno (1947/2006, p. 14), que apresentam que:

Desaparecendo diante do aparelho a que serve, o individuo se vê, ao mesmo tempo, melhor do que nunca provido por ele. Numa situação injusta, a impotência e a dirigibilidade da massa aumentam com a quantidade de bens a ela destinados. A elevação do padrão de vida das classes inferiores, materialmente considerável e

socialmente lastimável, reflete-se na difusão hipócrita do espírito. Sua verdadeira aspiração é a negação da reificação. Mas ele necessariamente se esvai quando se vê concretizado em um bem cultural e distribuído para fins de consumo. A enxurrada de informações precisas e diversões assépticas desperta e idiotiza as pessoas ao mesmo tempo.

Marcuse (1966/1999a, p. 21) também ressalta questões a este respeito ao afirmar que:

O povo, a maioria das pessoas na sociedade afluente, está no lado daquilo que é – não com o que podia ou devia ser. E a ordem estabelecida é suficientemente forte e eficiente para justificar essa adesão e garantir sua continuidade. Contudo, o próprio vigor e experiência dessa ordem podem-se tornar fatores de desintegração. A perpetuação da cada vez mais obsoleta necessidade do trabalho em tempo integral (mesmo numa forma muito reduzida) exigirá o crescente desperdício de recursos, a criação de empregos e serviços cada vez mais desnecessários e o crescimento do setor militar ou destrutivo. [...] O progresso técnico, em si mesmo uma necessidade para a manutenção da sociedade estabelecida, fomenta necessidade e faculdades, que são antagônicas da organização social do trabalho, sobre a qual o sistema esta edificado. (MARCUSE, 1966/1999a, p. 21).

Os autores apontam para a reificação imposta, mesmo nos momentos ou nas experiências que poderiam gerar formação, acabam por gerar repetição de um padrão marcado pela racionalidade técnica e a reprodução das condições sociais, impedindo mais uma vez a possibilidade da experiência formativa.

Ao observarmos as respostas e sua frequência nos alunos das diferenciadas instituições podemos encontrar o seguinte panorama.

Tabela 5.3: Frequência de repostas às categorias da questão 3 (Esta formação cultural é valorizada no curso que frequenta? Como?), por categorias.

Universidade I Universidade II Universidade III Total

Categoria 1 (Os alunos que acreditam que o curso valoriza a formação cultural.).

5 7 10 22

Categoria 2 (Os alunos que acreditam que o curso não valoriza a formação cultural.)

5 2 1 8

Com base nestes dados podemos compreender que a grande maioria (cerca de 0,90) dos alunos da Universidade III acreditam que seu curso oferece elementos para a sua formação, enquanto que os alunos da Universidade I mostram uma clara divisão, na qual 0,50 destes afirmam que o curso não valoriza e outros 0,50 afirmam que o curso valoriza. Já os alunos da Universidade II mostram acreditar na possibilidade formativa de seu curso.

Considerando aqui o relato, inclusive dos professores de que os alunos da Universidade II são diferentes e a caracterização dos alunos da Universidade III, podemos afirmar que a própria instrumentalização se caracteriza para eles e se reforça como formação. Esse fato reforça para nosso trabalho a crença da presença “soberana” na instrumentalização, visto que a grande valorização apontada por eles pode ser identificada ao produtivismo.

Diante de um panorama das respostas, sem diferenciar as instituições encontramos neste item, que a grande maioria (0,73 dos alunos) afirma que o curso valoriza sim a formação cultural e que nesta questão podemos apontar diversos elementos apresentados por eles, desde as AACCs até mesmo as atividades extras do curso ou mesmo as aulas, as discussões com os professores e outros pontos. Podemos verificar aqui uma contradição, diante da afirmação dos alunos no que se refere à formação, indicando que sua universidade favorece a formação cultural e no entanto a formação nestas instituições são apontadas como tecnicistas.

Dentre os outros alunos (os 0,27 restantes) encontramos que eles não acreditam que seu curso favoreça a formação cultural, inclusive porque alguns apontam o caráter técnico de seu curso ou diferenciam que a instituição pode possibilitar essa formação, mas o curso não e, por isso, preferem assumir a posição do não favorecimento. Alguns alunos da Universidade III apontam ainda para o fato de que a instituição não colabora, mas encontram no papel do coordenador uma pessoa que auxilia para que os alunos possam ter esta formação ou mesmo possam contribuir para a formação de outros alunos por meio das trocas realizadas entre eles e o próprio conhecimento “apresentado para eles” na faculdade como elementos desta formação.

Acredito que a formação cultural seja sim valorizada, uma vez que há entre os professores do curso interesse em nos mostrar lugares históricos, solicitar que os alunos assistam palestras de outros historiadores e tudo que nos leve a aumentar o nosso leque de conhecimentos. As próprias AACCs como obrigatórias são

orientadas por alguns professores para que se transformem em possibilidades de acesso a novas culturas e conhecimento atualizado a respeito das questões históricas. Isso é muito bom e enriquece minha formação. Não sei se todos os cursos da faculdade são assim, mas às vezes acho que sim e muitas outras penso que esta é uma característica das licenciaturas e às vezes até da licenciatura em História. (Relato da entrevista 2, ANEXO F)

Na última questão alguns pontos podem ser também observados. Primeiramente para o fato de que a pergunta continha em si duas questões: se a instituição cumpriu seu papel e suas promessas em relação ao curso e à formação oferecida e, em segundo lugar, se os objetivos que aluno tinha antes de iniciar o curso foram cumpridos, ou seja, se as expectativas que ele tinha foram atendidas.

Aqui, apenas um aluno (matriculado na Universidade II) apontou que a universidade atendeu àquilo a que ela se propôs, mas que se sentiu frustrado quanto ao que ele esperava enquanto formação naquele curso. De maneira geral, os alunos que disseram que ambos os objetivos foram frustrados (cerca de 0,13 dos alunos) eram divididos igualmente entre as Universidades I e II. Todos os alunos, da Universidade III responderam que tanto seus objetivos quanto os objetivos propostos pela instituição foram atendidos e que cumpriram-se todos.

Os outros apontaram para a combinação de que a universidade não cumpriu seus objetivos e gerou insatisfação em relação aos objetivos pretendidos do aluno ou quando a instituição cumpriu suas promessas (na visão do aluno) ele também sente que seus objetivos iniciais foram atendidos e satisfeitos.

Veja tabela a seguir que apresenta os dados separadamente pelas universidades e também quanto aos objetivos atingidos (do aluno e da instituição), mas podemos verificar também na tabela do ANEXO C, as respostas combinadas de cada um dos alunos (o que pode facilitar a visualização, inclusive das combinações de respostas que foram apresentadas nesta questão que se refere aos objetivos a serem atingidos).

Tabela 5.4: Frequência de repostas às categorias da questão 4 (De que forma você pode avaliar o

cumprimento dos objetivos propostos pelo curso? Como esse aspecto se relaciona aos seus objetivos neste curso?), por categorias.

Universidade I Universidade II Universidade III Total

Categoria 1 (Alunos que acreditam que os objetivos institucionais foram atendidos.).

8 7 10 25

Categoria 2 (Alunos que acreditam que os objetivos institucionais não foram atendidos.)

2 2 0 4

Categoria 3 (Os objetivos pessoais foram

plenamente atendidos). 8 6 10 24

Categoria 4 (Os objetivos pessoais não foram

plenamente atendidos.) 2 3 0 5

Total 20 18 20 58

Observando estes dados podemos também compreender que a totalidade dos alunos da Universidade III e a grande maior dos alunos da Universidade I (0,80) e da Universidade II (0,78) consideram que a instituição cumpriu suas promessas, enquanto a maioria aponta para o não cumprimento das promessas institucionais quanto à formação.

Alguns aspectos podem ser retomados de nossa discussão inicial que apontam para a educação oferecida nas universidades atualmente como a solução de diversos problemas ou como promessas de status e ascensão social. Eles desconsideram totalmente o contexto social e politico no qual a formação acontece, fortalecendo, portanto, a falácia na qual são absorvidos os alunos do ensino superior atualmente.

Neste panorama, ampliou meu interesse por compreender mais sobre a formação de professores e seu papel na educação escolar na atualidade, especialmente diante da percepção a respeito do crescimento “desordenado”, ou poderia dizer “superordenado”, das instituições de ensino superior que se propõem a formar professores e oferecer “cursos de licenciatura de qualidade em curto prazo”.

De maneira geral os alunos da instituição pública apresentam respostas no sentido de que sabiam, eram conscientes de que a instituição não iria oferecer muito e que o simples fato de estarem no curso superior já era uma promessa realizada para eles, como se o curso fosse um

beneficio oferecido pela instituição. Neste ponto vale ainda ressaltar que alguns alunos reclamam a não existência de uma formação técnica no curso, especialmente os alunos do curso de Geografia, em vista da prevalência da formação da Geografia Humana existente e privilegiada pela instituição. E as instituições, muitas vezes, prometem uma formação para o trabalho quando este não se faz mais necessário.

O povo, a maioria das pessoas na sociedade afluente, está no lado daquilo que é – não com o que podia ou devia ser. E a ordem estabelecida é suficientemente forte e eficiente para justificar essa adesão e garantir sua continuidade. Contudo, o próprio vigor e experiência dessa ordem podem-se tornar fatores de desintegração. A perpetuação da cada vez mais obsoleta necessidade do trabalho em tempo integral (mesmo numa forma muito reduzida) exigirá o crescente desperdício de recursos, a criação de empregos e serviços cada vez mais desnecessários e o crescimento do setor militar ou destrutivo. [...] O progresso técnico, em si mesmo uma necessidade para a manutenção da sociedade estabelecida, fomenta necessidade e faculdades, que são antagônicas da organização social do trabalho, sobre a qual o sistema esta edificado. (MARCUSE, 1966/1999a, p. 21).

Outro estudo que aponta a falência da educação na atualidade, nos moldes em que está se apresentando pode ser visto em Bandeira (2011, p. 8) quando admite que:

Se por um lado percebemos a dissolução da cultura enquanto potencial libertador, dispersa nos produtos distribuídos em massa pela Indústria Cultural, por outro, o

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