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2 APONTAMENTOS SOBRE A EDUCAÇÃO ESPECIAL

2.3 PERNAMBUCO COMO VANGUARDA

2.3.2 Os anos iniciais da Educação Especial no Recife

Anita Paes Barreto, ao longo de sua vida, esteve envolvida na política, foi diretora da primeira escola pública para “anormais” de Pernambuco – Aires Gama-, foi professora de Psicologia na Escola de Serviço Social de Pernambuco, até os idos de 1952. Antes, nos anos de 1946, iniciou suas atividades na Faculdade de Filosofia do Recife - FAFIRE – no primeiro curso de Formação de Educadores de nível superior.

Em 1950, ela foi assistente de ensino da cadeira de Psicologia Educacional no Curso de Pedagogia da FAFIRE, permanecendo no cargo até 1953, onde ministrou outros cursos na mesma faculdade. No ensino de jovens, deu sua contribuição nas aulas de filosofia em duas escolas particulares do Recife. De 1952 até 1954 assumiu o cargo de Assistente de Ensino da cadeira de Psicologia no curso de Filosofia na mesma instituição e em 1955 passa a lecionar a disciplina Psicologia Aplicada à Educação, na escola de Belas Artes, na Universidade do Recife, ocupando o cargo até os anos de 1969.

Como Política, Anita atuou fortemente no cenário político do Recife. Em 1959 foi assessora para assuntos educacionais junto a Prefeitura do Recife (PCR), na gestão de Miguel Arraes, cargo que assumiu até 1962. Participou do Movimento de Cultura Popular (MCP), onde exerceu a direção do departamento responsável pela educação de crianças e adolescentes.

Em 1963, na gestão de Miguel Arraes, frente ao Governo do Estado de Pernambuco, ela assume o cargo de Presidente da Fundação da Promoção Social de Pernambuco e depois a Secretaria de Educação do Estado de Pernambuco. Teve sua liberdade tolhida e foi presa por 17 dias como subversiva, pois sua ideologia, sua representação de como deveria agir consigo e com os outros era de renovação social, por melhoria na saúde, educação e trabalho, sendo vista com maus olhos pela ideologia vivenciada pela ditadura. Depois de vivenciar tantas coisas, tenta voltar à ativa logo após o fim da ditadura e em 1988 é parte integrante do Conselho Estadual de Educação de Pernambuco, mas no ano de 1991 renuncia ao cargo.

Com relação a sua ligação com a pedagogia de crianças “anormais”, sua vida foi dedicada a estudar essa fração da pedagogia. Como parte integrante desse esforço para uma educação satisfatória, ao seu modo, dedicou-se ao ensino e a formação de novos profissionais, preparando-os para lidar com as crianças em suas múltiplas formas.

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Em 1941, Anita é nomeada para a diretoria da Escola Aires Gama, primeiro externato primário para “anormais educáveis” e sem perversão, oferecendo um ensino gratuito a todos aqueles que eram considerados irregulares para época, sendo assim, crianças com problemas motores, hiperativos, com problemas de comportamento, atraso escolar e tantas outras “anormalidades”, passaram a receber a alcunha de “anormal” e eram remetidos a escola, para testes de confirmação da sua condição, escola criada por força de ato do Poder Executivo local, em 1941, como podemos ver abaixo:

“Cria a Escola “Aires Gama”, Externato Primário para Anormais Educáveis

Ato nº 137 de 27 de janeiro de 1941. – O interventor Federal no Estado resolve criar um externato primário para anormais educáveis, com o nome de Escola ‘AIRES GAMA’”.29

No ato nº 138 é nomeada Anita Paes Barreto como diretora da Escola Aires Gama, como observamos abaixo:

“ATO N. 138, de 27 de janeiro de 1941 – O interventor Federal no Estado resolve designar a professora Ana Pais Barreto, da cadeira n. 318, quarta entrância, localizada no Grupo Escolar ‘Frei Caneca’, para exercer o cargo de diretora da Escola ‘Aires Gama’, criada por ato desta data, com a gratificação de 200$000 mensais, que será paga pela verba- Melhoramentos de Educação”.30

Logo nos primeiros meses de funcionamento da Escola, havia preconceito com relação ao fato das crianças estarem matriculadas na escola, o que levou a pouco procura nos anos iniciais pelo serviço oferecido, muito pelo fato das crianças serem apelidadas, ou gerar algum tipo de exclusão ou mesmo pelas resistências dos pais em expor seus filhos ou constatar que os seus sofriam de alguma moléstia psicológica. Como fica claro na cópia do oficio circular nº 1071 de dezoito de julho de mil novecentos e quarenta e um.

“Recife, 18/07/1941 Oficio circular nº 1071 (Copia)

Pelo ato nº 137, de 27 de janeiro do corrente ano foi creada a Escola ‘Aires Gama’, externato primário para anormais educáveis, sendo localizada no prédio nº 594 à avenida Joao de Barros, nesta capital.

[...]

Acontece, porém, que tem havido um reduzido número de alunos naquela escola, em virtude do retraimento dos pais, que geralmente, tem preconceito contra a matricula dos seus filhos doentes.

Peço, pois, que colaborando com o governo do Estado, vos () encaminhe àquela escola especializada os menores anormais educáveis, dando aos pais dos mesmo a orientação necessária.

Atenciosas saudações Secretário do interior

Arnobio Tenório Vanderlei”.31

29 PERNAMBUCO. Diário Oficial do Poder Executivo. 28 de janeiro de 1941. 30 Ibidem.

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Entretanto, a procura foi aumentando com o passar dos anos, chegando a ter mais de cem alunos matriculados nos idos de 1950, tendo uma explosão de novos alunos no ano de 1952, pois agora os distúrbios da linguagem eram computados como anormalidade e atendidos pela escola. Como podemos observar no excerto abaixo:

“ ESCOLA ULISSES PERNAMBUCANO AVISO

A diretora da Escola ‘ULISSES PERNAMBUCANO’, está avisando aos diretores de estabelecimentos de ensino primário, secundário e outras pessoas interessadas que existe neste estabelecimento de ensino uma SECÇÃO DE ‘REEDUCAÇAO DA LINGUAGEM’.

Recife, 26 de julho de 1952”.32

As condições socioeconômicas dos alunos eram bastante variadas, tendo famílias que possuíam pequenas empresas como aquelas que viviam do trabalho em casas de família, mas geralmente eram os pais dos alunos que trabalhavam como alfaiates, pescadores e profissões que rendiam poucos lucros. Apenas um caso tem um pai com ensino superior, a exemplo de um dentista.

A Escola Especial Ulisses Pernambucano deixou muitos registros ao longo dos anos, alguns muitos se perderam com o desgaste provocado pelo mau armazenamento, pelo mau uso, pela imperícia dos que com eles lidavam no decorrer dos anos, com a falta de vontade política de guardar a memória da Educação no estado e com tantos outros detalhes que fazem com que a documentação, as fontes primárias, a história seja perdida em definitivo. Entretanto, a história dá seu jeito de sobreviver a todos os processos de degradação, contando com ajuda de pessoas sensíveis ao fazer histórico e com ajuda de materiais que são resistentes. Esse trabalho só foi possível, pois, encontramos o registro dos médicos, das professoras e das assistentes sociais, não menos desgastados; já amarelados, furados de traças, mas possíveis de serem lidos e analisados.

O modus operandi da Escola deveria seguir a lógica de ser fracionada em quatro classes divididas em grupos homogêneos, de acordo com o nível intelectual, sendo cada classe abrangendo, no máximo, quinze alunos que não apresentassem perversão ou instabilidade acentuada e cada um deveria ser ensinado de forma individual, mas o meio deveria ser coletivo, como já foi visto.

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A análise dos livros de matrículas de aluno do ano de 1942 (a escola só começou a funcionar no segundo semestre de 1941), por exemplo, dão conta de que existiam setenta e dois alunos, ou seja, dezoito alunos por classe, o que extrapola o permitido no regimento.

Os alunos deveriam ser selecionados através do estudo das fichas psiquiátricas especiais organizadas pelo serviço de Psicologia e preenchida pelas diretoras dos grupos escolares da capital. Além disso, um médico da Assistência a Psicopatas, designado anualmente pelo Serviço, daria assistência aos alunos da Escola Aires Gama, sendo sua visita à escola feita uma vez por semana. 33

Após sua criação, a escola viveu anos de forma precária como mostram os registros documentais encontrados. Primeiramente, documentos dão conta de que a Escola só começou a funcionar no segundo semestre do ano de 1941 como podemos observar: “a Escola Aires Gama foi criada por ato do governador do estado sob o número 137 de 27 de janeiro do ano corrente. O período letivo, porém, só foi iniciado a 1 de julho do mesmo ano. ” (Estatística do Ensino Primário Geral. Pernambuco, 1941).

No primeiro ano de funcionamento da escola, como nos mostra o inventário do ano de 1941, tinha-se materiais para uso geral como cadeiras, birôs, armários envidraçados. A grande parte desses materiais eram enviados pela Secretaria de Interior vindos de outros grupos escolares e muitos já eram utilizados sendo apenas o birô da diretora novo, como podemos ver abaixo.

No ano de 1944, em ofício enviado à Diretora do Departamento de Educação a diretora da Escola Aires Gama, Anita Paes Barreto, relata do que a escola está precisando, diante da impossibilidade de construção de um prédio especial para a escola.

“ Of. Nº 107 Recife, 20/11/944

Sra Diretora do Departamento de Educação

Em resposta à vossa circular sob o nº 60 de 24 de outubro, tenho a informa- vos o seguinte:

a) Prédio e instalações anexas

Na impossibilidade absoluta da construção de um prédio especial para a Escola, será imprescindível:

1 – Construção de mais uma sala de aula o que se poderá obter prolongando o galpão construído em 1943 para o lado esquerdo do muro. A ausência desta sala tornou impossível a organização de mais uma classe que se vem fazendo necessária para a admissão de crianças que devido ao atrazo mental e a relativamente pouca idade real não podem ser alfabetizados sem uma educação sensorial adequada. Esta classe será, pela sua organização, uma espécie de ‘jardim’, embora por se tratar de crianças do tipo que caracteriza as da Escola, possam aí ser incluídas, de acordo com o tipo psicológico até cerca de 9 anos de idade real”.34

33 PERNAMBUCO. Diário Oficial do Estado. Diário oficial do Poder Executivo. Nº 22 – Recife, Terça-feira, 28 de

janeiro de 1941.

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Podemos notar nessa fala de Anita uma preocupação em aumentar o prédio da escola para aqueles que precisavam de um atendimento, visto que, as condições ainda eram muito ruins e o que representa uma tentativa de chamar e garantir uma legitimidade de atuação da escola no cenário da cidade do Recife, nos anos iniciais de funcionamento. Além disso, é pedido a

“2 – Construção de um pavilhão ou galpão isolado e amplo para pré-orientação profissional provida de uma pia. Creio que a experiência dos inconvenientes de uma sala de pré-orientação dentro do corpo da escola, num prédio em que todas as salas são por demais contiguas e pouco espaçosa, já são suficientes para justificar essa necessidade”. 35

Isto para atender a necessidade de que os usuários da escola sejam melhores servidos, já que, podemos supor da fala da professora Anita, uma queixa com relação a proximidade das salas e o atrapalho que misturar os procedimentos traz para as crianças. Além da justificativa de ser o ambiente inapropriado para o uso da orientação profissional, tem-se o argumento que há alunos que não podem ficar em classes que ensinem a ler e escrever, e dessa forma, esses sujeitosprecisam de um espaço maior, provando uma preocupação em ordenar a composição espacial para ter um resultado melhor, como vemos no excerto abaixo:

“Acresce que a necessidade de desenvolver muito mais em nossa Escola a pré- orientação profissional, como condição necessária de aproveitamento de certos alunos dos quais pouco ou quasi nada se poderá obter em classes de letras, exige maior amplitude do espaço material dedicado a essas atividades”36.

Além disso, há queixas sobre a parca iluminação do local, o que aparentemente gera um mal-estar no aprendizado dos alunos, sendo sanado pela instalação de telhas transparentes que permitam a penetração dos raios de sol e alguns reparos na estrutura física, onde causam muitos problemas a disciplina escolar, muito apreciada pela direção da escola, à época.

“3 – Instalação de um gabinete sanitário e de uma pia (pelo menos) no galpão para uso dos alunos distribuídos pelas salas correspondentes.

4 – Colocação de telhas de vidro no referido galpão para atenuar a insuficiência de claridade.

5 – Prolongamento do telheiro no galpão à maneira de alpendre além de aterro da parte anterior do terreno afim de evitar que as chuvas no tempo de inverso tornem impossível o funcionamento das aulas no referido galpão que fica assim inútil, trazendo serias complicações a disciplina escolar”.37

Depois de elencar tantos motivos que já seria mais que suficientes para a mudança de local da escola ou a criação de condições melhores ao trabalho docente desenvolvido no ambiente, a diretora ainda faz um desabafo, escancarando a realidade com que o governo, à

35 Documentos avulsos. Arquivo Escola Especial Ulisses Pernambucano. 36 Documentos avulsos. Arquivo Escola Especial Ulisses Pernambucano. 37 Documentos avulsos. Arquivo Escola Especial Ulisses Pernambucano.

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época, tratava a educação da pessoa com deficiência, onde não havia sequer uma ventilação adequada, onde as aulas eram interrompidas com frequência pois as portas estavam abertas e havia passagem de alunos, salas nanicas e mal distribuídas, afinal, o prédio fora alugado de um comerciante do Recife. Percebemos o desabafo nessa parte do oficio:

“(Todas essas modificações num prédio de aluguel, já por si, parece que justificam a construção de um prédio especial tanto mais necessária se considerarmos que dentre as quatro salas de aula que funcionam dentro do corpo da Escola, duas são muito pequenas e uma dispõe de portas, para todas as dependência e terraços, tornando-se quasi que forçosamente sala de passagem dos alunos, a não ser que funcionem absolutamente fechadas o que é impossível)”.38

Fecha-se a parte que pedia intervenção nas estruturas da escola, onde, relata-se, sequer havia vidros nas portas, interruptores desgastados, com risco de choque para os alunos, a impossibilidade de trocar portas e janelas visto que a armação de sustentação, feita de madeira, estava apodrecida e o relato que torneiras deveriam ser colocadas e concertadas, provando que havia, além de tudo, falta d’agua. Pede-se também, um consultório odontológico para ajudar na lida com as crianças, visto que os postos de saúde não estavam atendendo as crianças.

“6 – Concerto de várias portas deslocadas cujas não podem ser fixadas em virtude do portal apodrecido, colocação de vidros em várias portas e janelas, colocação ou concerto de 3 torneiras, mudança de três interruptores elétricos inteiramente inutilizados.

7 – Pintura de todo o prédio e ainda conserto da grade de corrimão da escada. 8 – Instalação de um gabinete dentário. Várias crianças foram encaminhadas para este fim aos postos de saúde que depois se dispensaram desse trabalho trazendo-nos às vezes serias dificuldades”.39

Diante de uma séria crise estrutural - nada muito diferente do que foi enfrentando pelos hospícios do Recife no século XVIII ou o que as escolas de algumas cidades do interior do Brasil enfrentam atualmente, por exemplo –ainda havia uma luta atrás de material didático e de mobiliário, pois sem material para trabalhar e local adequado para usá-lo não é possível garantir o funcionamento da instituição.

Há a preocupação de registrar e guardar, de forma adequada, todos os documentos da vida acadêmica das pessoas que passaram pela escola esbarrando em dificuldades de armazenamento, o que levou a solicitação da direção no sentido de pedir algo, no caso um gaveteiro ou um fichário, para guardar os documentos da lida cotidiana. Além disso, cadeiras quebradas, mesas para facilitar o trabalho nas horas em que era preciso formar grupos, passando uma ideia de que realmente a escola foi aberta em condições deploráveis.

38 Documentos avulsos. Arquivo Escola Especial Ulisses Pernambucano. 39 Documentos avulsos. Arquivo Escola Especial Ulisses Pernambucano.

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“b) Mobiliário e material didático

1 – Um fichário ou pelo menos um gaveteiro para colecionamento dos prontuários de observação dos alunos que de outra maneira são forçosamente acumulados, sobretudo à medida que cresce o número de alunos que já passaram pela Escola dificultando grandemente a utilização dos referidos prontuários, além de acumular o armário para depósito de um material de expediente que se torna assim insuficiente. 2 – Concerto ou substituição de carteiras e bancas quebradas.

3 – 8 Mesinhas quadradas com as respectivas cadeiras para as classes de alfabetização cujas atividades exigem muitas vezes, o agrupamento dos alunos em turmas.

4 – Substituição das mesas quadradas da sala de pré-orientação por se encontrarem já demasiadas estragadas. Em último caso, concerto das mesmas.

5 – Um bureaux para a auxiliar da administração”.40

Para a alimentação dos alunos foi pedido um armário e uma mesa grande, em que, se não fosse de pronto arrumar uma mesa de verdade, pudesse ser uma mesa improvisada, onde se usaria uma tabua larga equilibrada em dois cavaletes, mostrando a realidade da escola, onde, nota-se que a merenda era armazenada em local improprio e servida de forma completamente inadequada, tornando o trabalho mais cansativo.

“6 – 1 Armário de cozinha e 1 mesa grande para merenda (podendo ser tosca como por exemplo uma tabua larga e comprida sobre dois cavaletes).

7 – 1 Armário todo de madeira para deposito de material de limpeza, tolhas etc. 8 – 1 Estante envidraçada para o museu”.41

Ao que tange ao material didático, fica evidente que a escola não dispunha de instrumentos básicos de ensino como um mapa, quadro negro, em condições dignas, sólidos geométricos e um mapa do Brasil com a nova divisão territorial, que foi feita em 1940 pelo Instituto de Estatística, atualmente Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (I.B.G.E), o que só corrobora para a teoria de que a escola era negligenciada pelo poder público e o ensino dado em suas dependências deixava muito a desejar. Quanto ao pessoal administrativo e docente, as demandas foram feitas em outro momento, como podemos perceber no excerto abaixo:

“9 – Material didático: 1 planta da cidade do Recife, material de tornos e cubos, bolinhas coloridas para contagem.

1 coleção de quadros de História do Brasil 1 Coleção de Pesos

1 fita métrica 1trena

1coleçao de sólidos geométricos 1 bussola

1 anel de Gravezand 1 pirômetro

1 quadro de sistema métrico

40 Documentos avulsos. Arquivo Escola Especial Ulisses Pernambucano. 41 Documentos avulsos. Arquivo Escola Especial Ulisses Pernambucano.

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1 compasso grande para quadro negro 1 ampulheta

1 coleção de quadros ciências da natureza 2 quadros negros bem grandes

1 mapa do Brasil com a nova divisão territorial C e d) corpo docente e pessoal administrativo

Sobre o assunto envio uma cópia anexa do oficio que dirigi a Secretaria do Interior quando este solicitou uma proposta orçamentaria da Escola para o ano de 1945. Devo ainda acrescentar que se faz necessária à designação de um dentista pelos motivos que já foram expostos no item 8 da letra a.”42

Além disso, havia outras necessidades de urgência dentro da escola que deveriam ser pontuadas e sanadas, como o pedido de instalação de um telefone, uma máquina de escrever para organizar melhor as fichas dos alunos e uma máquina de costurar, para produzir os trabalhos feitos por aqueles “alunos capazes” e rápidos o suficiente para terminarem a tempo as obrigações.

“e) outras necessidades

1 – Instalação de um telefone. Muitas e muitas vezes fui obrigada a sair pessoalmente da Escola para solução de um caso urgente a procura de um telefone nas imediações, além de outros inconvenientes que não poderão ser solucionados dessa forma.

2 – Aquisição de uma máquina de escrever, cuja justificação da economia de tempo e melhor organização de todo o expediente e arquivo escrito já nos parece suficiente. A própria redação de um oficio da extensão deste exigindo cópia. Já é um exemplo de trabalhos frisante.

3 – Uma máquina de costurar. O acumulo de trabalhos de pré-orientação para serem acabados no fim do ano, só quando foi possível conseguir, com uma pessoa particular, uma máquina emprestada, impediu que um número maior de alunos capazes se dedicassem a tais trabalhos, sendo escolhidos alguns mais rápidos e capazes de trabalharem, com mais constância”.43

A disciplina era muito bem vista por aqueles que faziam parte da escola e por isso, viam nos mínimos detalhes a oportunidade de fazer um controle dos alunos visando a ordem da escola, e numa, talvez, vã tentativa de agregar nessa escola “especial” a ideia da escola “normal”, onde os alunos eram mais suscetíveis as ordens sociais do que os alunos especiais.

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