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Os aparatos: variantes autorais e textuais

No documento O sampauleiro: romance de João Gumes. (páginas 82-87)

2 O RESGATE DA OBRA

TÍTULO NOTA DE IMPRENTA

3.3 EDIÇÃO DOS TEXTOS: NOTAS FILOLÓGICAS

3.3.1 Estrutura da Edição

3.3.2.3 Os aparatos: variantes autorais e textuais

O aparato crítico figura ao lado direito do texto criticamente estabelecido, em

fonte menor. Nele se encontram registradas as variantes autorais/textuais.62 As alterações

realizadas relativamente ao texto-base, assim como quaisquer esclarecimentos do editor figurarão em itálico, entre parêntesis ( ) .

3.3.2. 4 As normas adotadas no estabelecimento dos textos

Na edição crítica do segundo volume do romance O Sampauleiro buscam-se

manter as particularidades do texto de base, mas atualiza-se63 a ortografia segundo as normas

62 Como o romance O Sampauleiro e as crônicas tiveram sua composição gráfica na oficina tipográfica de

propriedade de João Gumes, provavelmente, foi executada pelo próprio Gumes ou sob sua supervisão. Sendo autor-editor de seus textos, as variantes textuais são também de sua responsabilidade.

63 O editor tem uma postura conservadora, só intervém no texto quando os procedimentos metodológicos lhe

permitem: corrigir os erros óbvios de gralha, proceder à atualização e à normatização ortográfica, segundo as normas vigentes, resolver alguns problemas de pontuação para diminuir as peturbações provocadas pela falta de uma vírgula.

vigentes, uniformizam-se a grafia de algumas palavras em conformidade com o percentual de ocorrências.

Casos de oscilação. Respeitam-se as variantes gráficas. As formas grafadas com

apóstrofe são, sempre que possível, atualizadas por contração (d’um > dum, n’um> num).

As consoantes duplas. Simplificam-se todos os casos de grafia dupla: tanto nomes

comuns como os próprios (bella> bela, Anna > Ana).

Maiúsculas. Aplica-se, como critério geral, a norma vigente.

Formas variantes. Utilizam-se as formas empregadas pelo Autor, mesmo quando

essas não se encontram registradas nos dicionários.

Pontuação. Mantém-se a pontuação original, mesmo quando esta não obedece às

normas atuais. Apenas altera-se em situações de manifesto lapsus calami ou gralha tipográfica, em que a omissão ou troca de sinais perturba a construção do texto. A emenda do editor é indicada no aparato.

Palavras estrangeiras. Mesmo nos casos em que foram adaptadas à fonética e à

ortografia portuguesa, conserva-se a grafia original, pondo-as em itálico para uniformizá-las conforme comportamento normal do autor e indicando a grafia “correta” em notas de rodapé.

Erros. Salvo em casos duvidosos, os erros explicáveis por lapsus calami ou gralha

tipográfica simplesmente são corrigidos, com indicação no aparato crítico.

Opções tipográficas. Respeita-se o seccionamento dos textos (parágrafos), bem

como as opções tipográficas do autor no que diz respeito à utilização de aspas e sublinhado, salvo nos casos de palavras estrangeiras ou que representem formas da língua oral. Registradas no texto-base em maiúsculas e sublinhadas no manuscrito autógrafo, serão apresentadas no texto crítico em itálico, como era intenção do autor ao pô-las em destaque, em maiúsculas, o que se deve aos parcos recursos tipográficos da época. Numera-se o texto, linha por linha, indicando a numeração de cinco em cinco, desde a primeira linha do texto e reiniciando em cada capítulo.

3.3.2.5 As siglas remissivas para as versões

Na descrição, no aparato crítico e nos estemas, as versões estão representadas por siglas referentes ao documento, isto é, livro e jornal onde foram publicadas ou manuscrito original.

Seguem-se as siglas para as versões dos textos do romance O Sampauleiro:

SP O Sampauleiro, manuscrito.

SP1 O Sampauleiro, publicação textual de 1929.

3.3.2.6 Classificação estemática

A leitura e transcrição de SP revelam que entre ele e SP1 e SPF deve ter existido outro manuscrito contendo a redação final que originou as versões impressas. A hipótese da existência de outro testemunho manuscrito deve-se a cinco razões, a saber: 1) SP apresenta um número expressivo de emendas autorais. O primeiro jato de tinta, em algumas passagens é interrompido à medida que vai se materializando conforme é concebido virtualmente na mente do seu autor. Outras vezes, Gumes revisita seu texto procedendo a acréscimos e supressões. 2) Localizou-se em alguns capítulos a construção de uma narrativa divergente da dos impressos. 3) O número de emendas de SP é significativo, deixando a leitura de algumas passagens confusa. Seria pouco provável que o tipógrafo utilizasse para a composição dos folhetins uma cópia com muitas emendas e borrões, mesmo que este fosse o próprio Gumes. 4) Outro fato importante é que, quando da elaboração de seus textos, Gumes organizava os cadernos de papel almaço que julgava serem necessários para o seu projeto de texto, consturando-os em pequenos blocos e/ou livros. O próprio SP tem os cadernos organizados e costurados antes da mancha escrita ter sido lançada sobre o papel. Sobram muitas folhas sem mancha escrita, evidenciando esse tipo de comportamento. 5) Gumes, ao elaborar, por exemplo, o drama Abolição, submete-o a pelo menos a três intervenções: uma campanha de

escrita e duas de correção,64 e, mesmo não sendo um texto passado a limpo, tem os cadernos

de papel almaço costurados. Em Seraphina, romance inacabado, muitos cadernos de papel estão em branco, revelando a forma de proceder do escrito.

64 A1 - texto-base, com correções feitas em curso de redação, algumas supressões e substituições, tanto por

sobreposição como por substituição na entrelinha superior, com um x ou não nos lugares emendados. A2 - correções por supressões, substituições, acrescentamento, quase sempre localizados na entrelinha superior do texto-base. A3 - correções por supressões realizadas em uma terceira releitura do texto. Cf. Maria da Conceição Souza REIS. Características lingüísticas na obra de Gumes. In: CONGRESSO INTERNACIONAL DA ABRALIN, n.2, Anais... Fortaleza: Imprensa Universitária, 2003, p. 467-71

Daí, na classificação estemática para o segundo volume do romance O

Sampauleiro, incluir X, testemunho manuscrito do qual SP1 e SPF são cópias. O stemma codicum representativo da árvore genealógica do texto em questão é o seguinte:

SP X SPF SP1

Fig. 12: Classificação estemática do

segundo volume do romance O

sampauleiro.

A edição crítica do segundo volume de O Sampauleiro tem o seguinte stemma

codicum:

SP1 → Texto Crítico Fig. 13: Classificação estemática da edição

3.3.3 O Sampauleiro: o texto crítico e aparato de variantes autorais e da tradição

No documento O sampauleiro: romance de João Gumes. (páginas 82-87)

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