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A intenção com este tópico é visualizar um panorama geral sobre os atores envolvidos no processo educativo ambiental, quem são eles, como participam das atividades e como realizam sua formação nesta área de atuação.

No Gráfico 5, podemos compreender de quem parte a iniciativa de realiza- ção dos projetos, ou seja, quais atores sociais são responsáveis pela inserção.

Para as escolas pesquisadas, a iniciativa para a realização de projetos parte principalmente da atuação de um Grupo de professores (75%), da Equipe da direção (60%) e dos Alunos (53%).

Outro indicador que surpreende é a baixa participação das universidades (7%) nas iniciativas em projetos de Educação Ambiental nas escolas (Gráfico 6). Surpreende porque grande parte das universidades do País está concentrada na re- gião Sudeste, o que possibilitaria, pelo menos a princípio, um maior número de projetos vinculados a tais instituições.

Gráfico 5 - Região Sudeste Iniciativa de realização de projetos de EA

7 75 60 19 53 8 23 18 7 63 4 8 39 17 42 52 67 15 8 17 27 14 15 19 13 7 62 0% 20% 40% 60% 80% 100% Apen a um profe ssor Grup o de p rofes sores Equip e da d ireçã o Func ionári os Alun os ONG Comu nidad e Empr esas Unive rsida de

Sim Não Eventualmente

Gráfico 5 – Região Sudeste Iniciativa de realização dos projetos de EA

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Em Minas Gerais, houve número relativamente menor de respostas entre sim e eventualmente para o item Universidades, o que permite concluir que a partici- pação dessas instituições de ensino nos projetos é menor neste estado (lembrando que há diferenças de amostra entre os estados – São Paulo corresponde à metade do conjunto estudado nos demais estados).

As ONGs têm participação reduzida nestas iniciativas. É no estado do Rio de Janeiro que elas recebem um maior número de respostas entre sim e eventual- mente, o que demonstra que há mais ONGs envolvidas na promoção da Educação Ambiental neste estado e na execução de projetos em parceria com as escolas.

Já com relação ao item Empresas, também não houve grande participação das mesmas como promotoras de iniciativas na área. No entanto, é preciso destacar que o estado de Minas Gerais recebeu um maior número de citações relativas às iniciativas das empresas, o que parece ser uma realidade extremamente presente em, pelo menos, uma das cidades mineiras escolhidas, como nos mostram os dados qualitativos relativos à pesquisa.

Gráfico 6 - Região Sudeste Iniciativa de realização de projetos de EA

Universidades 2 3 3 8 32 18 12 62 2 10 3 15 4 9 2 15 0% 25% 50% 75% 100% MG RJ SP Total

Sim Não Eventualmente Não respondeu

Fonte: Projeto "O que fazem as escolas que dizem que fazem Educação Ambiental". 2006.

Gráfico 6 – Região Sudeste Iniciativa de realização dos projetos de EA

Universidades

185 Complementar a isto, é preciso conhecer que tipo de atuação realizam esses setores sociais na relação com a escola, ou seja, como participam da gestão da Edu- cação Ambiental em tais instituições e em quais fases participam: do planejamento, da tomada de decisão, da execução e da avaliação.

Os dados observados para a região Sudeste demonstram que, para os res- pondentes, os Professores participam similarmente de todas as fases da gestão do projeto, do Planejamento à Avaliação. Já os Funcionários participam mais ativamente da Execução desses projetos, estando pouco envolvidos nas demais fases. A Equipe de direção e os Alunos também participam, de forma geral, em todas as fases. No entan- to, tais atores foram mais citados, respectivamente, nas fases de Tomada de decisão e Execução dos trabalhos na escola.

Especificamente para os estados da região Sudeste, o padrão de respostas para Professores, Funcionários, Equipe da direção e Alunos segue o mesmo do total anteriormente citado para a região.

As universidades, nos dados gerais para a região Sudeste, são citadas como participantes prioritariamente do processo de execução dos projetos, sendo que o planejamento representa também uma possível atuação dessa instituição na gestão de projetos, embora tenha sido bem menos citada.

As empresas, nos dados gerais para a região Sudeste, embora tenham rece- bido certa ênfase na fase do planejamento, mantêm esse índice graças às escolas de Minas Gerais, que citaram o planejamento, muito mais do que a execução, como funções das empresas na gestão dos projetos. Os outros dois estados mantêm o mesmo padrão para a região, onde as empresas são citadas em grande parte como executoras no processo educativo ambiental.

Sendo os professores os maiores participantes nas iniciativas e na gestão dos projetos nas escolas, outro fator fundamental para o andamento dos projetos é co- nhecer como é realizada a formação específica dos profissionais.

O primeiro dado importante, referente ao Gráfico 7, diz respeito às prin- cipais instituições promotoras de eventos de formação dos professores em Edu- cação Ambiental.

Nos dados gerais da região Sudeste, os cursos freqüentados pelos respon- dentes são aqueles promovidos destacadamente Na própria Escola (para 57% dos respondentes). A secretaria municipal de Educação (48%) e a Secretaria de Meio Ambiente (43%) também são citadas com relativo destaque como promotoras de cursos de formação freqüentados pelos respondentes.

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Digno de comentário é o distanciamento da universidade pública do pro- cesso de formação, evidenciando preocupante dado referente ao não cumprimento de uma das atribuições estruturantes das IES públicas (a vinculação com escolas e professores em projetos de extensão, via secretarias de Educação ou não) e ao es- vaziamento da esfera pública na garantia da educação autônoma, crítica, laica e de qualidade, voltada para a construção da cidadania.

Paralelamente, observa-se a ocupação crescente de IES particulares deste espaço de oferta de cursos de formação para fins de atendimento primordialmente aos interes- ses de mercado em torno da Educação Ambiental, resultado que, por outro lado, evi- dencia a existência real de demanda por parte de professores do ensino fundamental.

A escola, citada como importante promotora de cursos de formação em Educação Ambiental, pode auxiliar de maneiras distintas na formação continua- da dos profissionais. Nesse sentido, foram consideradas como contribuições mais comumente realizadas por estas: Acesso à informação em EA e o Incentivo à quali- ficação dos professores.

As alternativas que menos receberam respostas afirmativas foram a Educação Ambiental a Distância, a Liberação para pós-graduação e a Ajuda de custo para EA. Es- pecificamente para os estados, esses padrões mantêm-se em todos eles. Aqui é visível

Gráfico 7 - Região Sudeste

Instituições responsáveis pelos eventos para formação dos professores em Educação Ambiental 0 10 20 30 40 50 60 Na pr ópria esco la Secre taria Munic ipal d e Edu caçã o Secre taria de M eio A mbien te Secre taria Estad ual d e Edu caçã o Unive rsida de pú blica Empr esa Unive rsida de pa rticu lar MEC Outro s ONG Não t em fo rmaç ão es pecíf ica Mante nedo ra/co ngreg ação Instituições

Gráfico 7 – Região Sudeste

Instituições responsáveis pelos eventos para formação dos professores em Educação Ambiental

187 a ausência de uma política de gestão municipal e estadual que priorize a qualificação docente e sua inserção e participação nos fóruns próprios de discussão e deliberação, o que torna precário o trabalho feito e afasta a comunidade escolar de instâncias de decisões importantes para os rumos assumidos pela Educação Ambiental no País.

O acesso à informação sobre Educação Ambiental é realizado, em grande medida, pelo esforço individual de alguns profissionais da escola, como coordena- dores ou vice-diretores, ligados aos projetos promovidos. Nas entrevistas realizadas pelas pesquisadoras responsáveis, notamos um grande esforço desses profissionais em aumentar a possibilidade dos professores em realizar bons trabalhos, buscando materiais de fontes diversas, muitas vezes com recursos próprios, e tentando suprir as faltas institucionais de material e informação.

Complementar ao encontrado nas questões fechadas, na pergunta aberta de nº 3 (O que é necessário saber em termos de EA na sua escola que não foi contemplado no questionário nem nas nossas conversas?), o fomento às parcerias com universida- des e o MEC foi bastante mencionado como uma necessidade não satisfatoria- mente atendida. Os trabalhos ainda dependem majoritariamente da iniciativa de alguns professores, o que mostra que, na prática, não estão ancorados à agenda e ao PPP da maioria das escolas e nem satisfatoriamente a uma política pública.