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O governo do Mato Grosso do Sul tem procurado beneficiar suas populações indígenas por meio de programas de assistência social especiais56 que se inserem nos âmbitos da prevenção e atendimento à saúde, à educação, ao trabalho e à assistência social, dentre outras coisas. É uma política emergencial, mas que de longe não supre as necessidades reais desses povos.

Com relação especificamente ao respeito aos direitos e garantias fundamentais desses povos, como o direito à terra (moradia), à vida, à diferença, o direito de acesso à justiça, à saúde, à educação e ao desenvolvimento, dentre outros, tanto parte da sociedade sul-mato-grossense quanto dos governos estaduais, que pouco o fizeram.

O problema maior dos indígenas nesse Estado concentra-se na questão da terra, que é do âmbito do governo federal, mas afeta todas as relações dentro do território sul-mato- grossense, pois diz respeito ao direito de propriedade e moradia. De um lado encontram-se os índios protegidos pela CF/88 e, de outro lado, os proprietários rurais com títulos legais de posse e de propriedade de antigas terras indígenas, o que exige um olhar atento e uma análise apurada sobre a especificidade da situação.

56 Exemplos de programas voltados especificamente para as populações indígenas do Mato Grosso do Sul,

propostos e sustentados pelos Governos Estaduais, na área da saúde: Programa de Atenção Integral à Saúde da Mulher Indígena (PAISMI), Programa de Saúde Mental do DSEI/MS; Programa de Controle da Tuberculose/Hanseníase e Doenças Crônicas Degenerativas (Hipertensão e Diabetes) em áreas indígenas; Programa de Saúde Bucal no Distrito Sanitário Especial de Saúde Indígena (DSEI/MS), dentre outros. Na área da Educação: Programa Observatório da Educação Escolar Indígena do governo federal em parceria com o governo estadual, desenvolvido pela Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul; em Mato Grosso do Sul, existem dois cursos de formação de professores indígenas, mantidos pela Secretaria de Estado de Educação (SED): o curso: Povos do Pantanal, que atende as aldeias da região pantaneira, e o curso Ara Vera, que atende as etnias Guarani-Kaiowá, no sul do Estado. A Universidade Estadual do Mato Grosso do Sul destina vagas aos indígenas por meio do sistema de cotas.

No caso da demarcação de terras em Mato Grosso do Sul, se esta fosse feita em áreas contínuas, ou seja, se reunisse os indígenas num só local, isso resultaria num total desastre, devido à diferença entre esses povos, que possuem especificidades próprias, podendo levar, inclusive, à conflagração de um conflito interétnico de consequências ainda piores. Por outro lado, se houver uma demarcação conforme os locais em que viveram desde os tempos imemoriais, incluindo áreas inteiras de cidades e de propriedades particulares – cujas benfeitorias somariam imensas fortunas –, isso resultaria em deslocamento populacional e grande prejuízo econômico privado e público, além de prováveis conflitos de grandes proporções.

Por fim, se o governo federal decidisse demarcar terras em conjunto com a sociedade sul-mato-grossense (índios e não índios), talvez fosse a melhor solução, mas ainda assim haveria conflito, uma vez que de qualquer maneira o Estado de Mato Grosso do Sul sofreria com prováveis prejuízos e a iniciativa privada também, o que necessitaria de uma compensação nesse sentido.

No caso do meio ambiente, a legislação nacional para a proteção ambiental tem como alicerces a Constituição Federal de 1988, a Lei de Política Nacional de Meio Ambiente nº. 6.938 de 1981 e até recentemente o Código Florestal, Lei nº. 4.771 de 1965, cabendo aos Estados da federação complementar esse ordenamento de acordo com as suas especificidades.

Em 1977, junto com o Estado de Mato Grosso do Sul, também se criou o Instituto de Preservação e Controle Ambiental (INAMB), cujo propósito era coibir a caça ilegal e a pesca indiscriminada, principalmente no Bioma Pantanal. Em 1981, o INAMB se transformou em Secretaria de Meio Ambiente do Estado de Mato Grosso do Sul (SEMA) e seu campo de atuação foi ampliado, pois o órgão passou a licenciar e revisar as ações potencialmente poluidoras, a monitorar, fiscalizar as atividades e promover programas e projetos relacionados à gestão da política de meio ambiente e do controle da qualidade dos recursos hídricos. Em 1993, diante da necessidade de viabilizar a execução da Política Ambiental, foram criadas a Fundação Terceiro Milênio – Pantanal e a Fundação Terceiro Milênio – Natureza Viva. A primeira tinha atribuições de proteger áreas naturais, controlar atividades poluidoras, fazer análises laboratoriais, desenvolver programas educativos e celebrar contratos; a segunda, de formular e propor a adoção de políticas de uso racional, promover e incentivar pesquisas e integrar políticas públicas e privadas. Em 1998, a Lei Estadual nº. 1.829 uniu as duas fundações formando a Fundação Estadual de Meio Ambiente-Pantanal, entidade integrante da administração pública indireta, vinculada à

Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (SEMADES). A nova fundação adquiriu todas as competências das anteriores. Mais tarde, a Fundação Estadual de Meio Ambiente Pantanal passou a ser denominada Instituto de Meio Ambiente – Pantanal, conforme a Lei nº. 2.268/01.

No final de 2006, o governo do Estado reorganizou sua estrutura básica e dentre as mudanças feitas estava a união da gestão ambiental e do planejamento estadual, com a criação da Secretaria de Meio Ambiente, das Cidades, do Planejamento, da Ciência e Tecnologia (SEMAC), responsável pela gestão ambiental e de recursos hídricos no Estado. O órgão executor das políticas ambientais recebeu a atual denominação de Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul (IMASUL). As estruturas básicas e competências da nova estrutura foram publicadas nos Decretos Estaduais nº. 12.230 e nº. 12.231 de 2007. Hoje, o IMASUL trabalha para realizar o licenciamento e o controle ambiental de empreendimentos, promover ações de conservação e recuperação, fiscalizar atividades, monitorar os recursos naturais e administrar unidades de conservação, entre outras competências essenciais para o desenvolvimento sustentável e a promoção da qualidade de vida da população.

Desde sua criação, o Estado tomou muitas atitudes, promulgou normas visando à preservação ambiental dentro de seus limites territoriais, ainda que esse conjunto de medidas não seja suficiente ou adequado em face às suas necessidades ou ao que seria ideal.