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4 O DESENVOLVIMENTO NA REGIÃO COREDE NOROESTE COLONIAL

4.3 OS DISCURSOS SOBRE DESENVOLVIMENTO NA REGIÃO

Conforme aponta Veiga (2006), desde o início dos Coredes, houve ampla liberdade para que prevalecessem as iniciativas dos agentes locais, um processo democrático quase sempre conduzido por:

elites científico-tecnológicas de focos de polarização regional. E, desde o início, esteve fortemente casado com o Programa dos Pólos Tecnológicos, inaugurado pelo governo Simon (desde 1987, com a criação da Fundação de Amparo à Pesquisa, Fapergs), e certamente reforçado no governo Britto, quando a experiência anteriormente liderada pela principal universidade comunitária da região noroeste (UNIJUÍ) passou a ser a grande referência (p. 22).

Reservada a difícil demarcação conceitual e as diferentes concepções epistemológicas do desenvolvimento, cada agente local também percebe o desenvolvimento por uma perspectiva diferente. Qualquer esforço para compreender a dinâmica do desenvolvimento da região Corede Noroeste Colonial passa por essa dificuldade. Por isso define-se que aqui a análise dar-se-á pela ótica do empreendedorismo. Por isso, a seguir são apresentados os discursos dos agentes locais que atuam em organizações que propõe/articulam/implementam as propostas de desenvolvimento na região Corede Noroeste Colonial.

Utilizando-se a técnica “bola de neve”, foram identificados presidentes de entidades de classe, dos conselhos de desenvolvimento, o reitor da universidade local e diretores e dirigentes de diferentes instituições de ensino como sendo os agentes locais que articulam o desenvolvimento da região Corede Noroeste Colonial. A análise dos conteúdos de seus discursos traz percepções diversas do desenvolvimento, mas cada um o faz a partir da realidade que vive e atua, o que é possível fazê-lo quando se utiliza o paradigma interpretativista de análise organizacional (MORGAN, 1996).

No total foram entrevistados seis homens e três mulheres, com idade acima de 39 anos, sete residem na cidade Ijuí e dois na cidade de Panambi, apontando uma possível centralidade da política, das estratégias e das ações para o desenvolvimento da região. Todos os entrevistados tem no mínimo ensino superior, mesmo que incompleto, mas buscam permanentemente cursos de atualização dentro em suas atuais áreas de atuação. Todos trabalham há mais de dois anos nas organizações que atualmente representam, apontadas pelos próprios como sendo organizações articuladoras do desenvolvimento regional.

Os entrevistados percebem que as mudanças na região Corede Noroeste Colonial, em relação ao desenvolvimento, foram significativas no que concerne ao empreendedorismo e à inovação. Para o entrevistado A, estes são resultados da construção de um plano estratégico:

Nosso Corede aqui [Noroeste Colonial] foi, na verdade, o primeiro Corede do estado [do Rio Grande do Sul] que teve um plano estratégico formal, que foi na década de 1990, 1994. Pela ação do nosso Corede, junto com outros Coredes aqui da região, foi desenvolvido o plano estratégico da região já com cinco Coredes.

Os agentes locais reconhecem que o modelo adotado para pensar o desenvolvimento da região tem limitações e que precisa ser aprimorado, bem como reconhecem que há obstáculos a serem superados, os quais dificultam a implementação dos programas prioritários e execução das atividades estratégicas descritas no Plano Estratégico de Desenvolvimento Regional do Corede-Norc.

Ao reconhecer tais limitações, os entrevistados são instigados a comentar a respeito da condução do referido plano estratégico, em especial porque isso implica em mudanças na orientação estratégica da região, claramente identificados nos últimos vinte anos.

O Entrevistado A, então, assim se posiciona:

Os Coredes não são agentes no sentido de [...] executar ações específicas. [...] muito mais [...] tentativa de articular os diferentes agentes [...] que compõem a sociedade e possibilitar um debate sobre o processo de desenvolvimento e que, na maioria das vezes se traduz em alguns produtos, como por exemplo, os planos estratégicos de desenvolvimento.

Essa forma de organização da sociedade, via Corede, faz com que Estado e sociedade reúnam-se para articular os diferentes agentes locais. Com esse propósito foram elaborados os planos estratégicos de desenvolvimento. Para alguns entrevistados, essa foi uma forma de disseminar o poder decisório sobre os destinos da região, contemplando os agentes que representam os poderes públicos locais, os empreendedores, os investidores e outros membros da sociedade civil. Mesmo que ainda seja difícil ser mensurado o reflexo de tais articulações, o entrevistado A afirma que algumas mudanças foram efetivadas na região:

nossos planos estratégicos, você consegue localizar eles tanto no site da Assembleia Legislativa dentro do fórum democrático, quanto na SEPLAG que é a Secretaria de Planejamento, Gestão e Cidadania. Então, eles, os próprios documentos e no próprio plano plurianual do governo... isso aparece quer dizer, os planos estratégicos dos Coredes, foram considerados para elaborar o plano plurianual. Então assim... tem reflexos . E as vezes, talvez seja difícil você dizer : “ah vamos medir agora qual é o impacto desse plano estratégico aqui na região”, né... isso não é uma coisa simples de se fazer né, de como você vai mensurar... de fato, foi isso que ocasionou um novo empreendimento ou não ou modificou a forma dos agentes se relacionarem em redes ou não, quer dizer, mas assim, a gente entende assim, que ele tem reflexos e tem impactos no processo de discussão (ENTREVISTADO A).

A mudança também é percebida pela implantação do Projeto Extensão Produtiva e Inovação Agroindustrial (PEPI) de fomento às indústrias. Para o entrevistado B, a região se mostra pujante, mas apenas Ijuí (por ter uma economia diversifica) e Panambi (voltado para o ramo metal/mecânico) se destacam nas atividades da produção industrial, sendo cidades pólo; as demais são consideradas periféricas por esses agentes locais, o que também provoca reflexões sobre o processo de inclusão dos municípios menores numa proposta de desenvolvimento regional.

Nas palavras do Entrevistado B,

pela chegada do projeto [Pepi] tem muita empresa que daí começa a inovar, começa a ver a questão dos seus processos internos, começa a ver a questão da sua mão de obra, se tá qualificada ou se não tá, busca fontes de financiamento, fontes de fomento...

Seguindo essa mesma lógica sobre as mudanças na região, a entrevistada C também considera um indicador de desenvolvimento o numero de nascimento de empresas, em

especial as de pequeno porte, mas reconhece que seria necessário ter mais empresas industriais, já que Ijuí se define como prestadora de serviços e comércio.

Em seu discurso, a Entrevistada C atribui à última década os sinais de mudança na demografia de empresas da região:

a partir dos anos 2000 [...], principalmente nos últimos cinco anos, [...] a gente observa mudança no perfil da cidade, das pessoas, [...] da própria organização né? Quanto às indústrias existe, sim. Surgiram novas, mas eu ainda entendo que seja um número pequeno (ENTREVISTADA C).

Os dados estatísticos do IBGE (2013b) referentes ao número de empresas atuantes nas cidades apontam que, no período de 2006 a 2011, realmente houve incremento no número de empresas. Ijuí teve um acréscimo de 48 empresas, confirmando a percepção dos entrevistados. Os dados também indicam que a região Corede-Norc teve um aumento no número de empresas atuantes em seus onze municípios. Apenas Augusto Pestana, Catuípe e Pejuçara apresentaram decréscimo no número oficial de empresas atuantes: 23, 44 e 07, respectivamente.

A entrevistada C acrescenta um novo aspecto em relação ao desenvolvimento da região Corede-Norc, a mudança no perfil das pessoas. Contudo, assim como o entrevistado B ainda aponta a indústria (aspecto econômico) como elemento estratégico para o desenvolvimento da região, reiterando que a questão econômica ainda está presente nos discursos sobre desenvolvimento da região.

A importância da realização de ações conjuntas e articuladas está presente nos discursos dos entrevistados A, G e F e, na interpretação de Julien (2010), representa um processo de aprendizagem coletiva e que faz a informação proliferar-se na rede de relações, tornar-se rica e criar uma cumplicidade e proatividade negócios.

A fala do entrevistado F traduz a necessidade e a importância desse trabalho articulado na região. Nas suas palavras:

Nenhum município, no momento atual, sem fazer[...] programas integrados com o governo estadual, com o governo federal e trabalhar conjuntamente de forma regional é que vai haver um crescimento integrado e na forma de desenvolvimento do comércio, indústria, serviços, agronegócios, porque esse trabalho já vem sendo feito através desses municípios e todos tem a preocupação que é o fortalecimento e crescimento, investimento em área de saúde, educação, geração de emprego, infraestrutura e muitas coisas. Temos interesses em comum.

Entende-se que são essas ações que provocam mudanças e elas são decorrentes das interações das organizações e dos talentos empreendedores. Alia-se talento ao conhecimento produzido pela presença da universidade.

Mudanças? Sim, elas estão ocorrendo! O processo é bastante acelerado de transformação em todos os processos produtivos, seja de gestão, seja de processos, seja de inovação com novos produtos e serviços, porque há uma característica fundamental da comunidade panambiense. Certamente isto tem a ver com a sua origem na formação étnica e que são extremamente empreendedores. A partir disso, aplicam ou fazem intercâmbio constantemente numa busca de novas tecnologias. Não só as principais organizações nossas, como também a facilidade ou a competência que nós temos aqui para produzir novos talentos. Temos aqui duas universidades, temos o Colégio Evangélico que é uma escola centenária de formação técnica de excelência. Isso tem contribuído [para o desenvolvimento da região].

A respeito do empreendedorismo étnico apontado pelo referido entrevistado, a pesquisa do potencial empreendedor dos empresários da região indicou os altos índices para a competência rede de relações e percepção de oportunidades em todas as etnias. Observe os dados na Tabela 2.

Tabela 2 – Escores do potencial empreendedor, por etnia.

Características Alemã Italiana Nativo23 Portuguesa Espanhol Lituana Russa

Empreendedor de sucesso (Santos, 2008) Intenção de empreender 8,5 8,3 8,8 8,8 9,5 10,0 10,0 8,9 Oportunidade 8,3 8,2 8,4 8,4 10,0 9,0 10,0 8,1 Persistência 8,6 8,7 9,1 9,3 10,0 10,0 10,0 8,9 Eficiência 9,1 9,3 8,9 9,5 10,0 10,0 10,0 9,1 Informações 8,9 8,7 9,1 9,2 10,0 8,2 9,6 9,0 Planejamento 7,8 7,8 8,6 8,4 9,8 7,3 9,8 8,2 Metas 8,1 8,1 9,0 8,8 10,0 10,0 0,0 8,5 Controle 8,1 8,1 8,7 8,7 10,0 5,0 10,0 8,3 Persuasão 7,9 7,7 8,5 8,8 10,0 9,7 9,3 8,4 Rede de Relações 8,8 8,6 9,1 9,1 9,0 9,0 10,0 8,6 Potencial empreendedor 8,4 8,4 8,8 8,9 9,9 8,7 9,9 8,6

Fonte: Dados da pesquisa (2013).

Nas falas dos entrevistados, é possível visualizar que há indicativos de que o contágio empreendedor pode ocorrer na região em análise. As pessoas, a geração de conhecimento via universidade e a troca de experiências são questões fundantes do contágio, em razão de que contribuem para a redução das incertezas e das ambiguidades da região, elementos identificados nos discursos, como o do entrevistado B:

é uma questão de que muitos vão trocar experiências com outros empresários. Esses que são da área agroindústria, comércio, serviços ao tempo. Também você tem a própria qualificação da mão de obra que eventualmente um empregado que tava nessa indústria, recebeu uma capacitação, pode atuar depois no comércio a serviços. Então, assim: tem essa mobilidade, esse movimento pendular das pessoas também.

O discurso da entrevistada E também corrobora com o da entrevistada C evidenciando a importância da tecnologia quando se trata de mudanças na região, mas o entrevistado F clama por maior integração: “no momento a nossa região ela vem num movimento de desenvolvimento embora com cada município buscando o seu foco”. Por esta fala, evidencia- se a segmentação da economia como apontada por outros entrevistados também. Contudo, “esta segmentação faz com que os demais municípios cresçam” (ENTREVISTADO F).

Uma retrospectiva histórica das mudanças é feita pelo entrevistado G. A economia da região era dependente do setor primário e para fugir dessa dependência aponta, a presença dos parques industriais no fomento da economia, considerando um marco de novo processo de industrialização” (ENTREVISTADO G). E acrescenta: “É preciso apoiar o empresário local, a sociedade precisa ajudar a puxar o crescimento do município. Também é preciso deixar a vaidade política de lado, evidenciando aspectos em torno de questões de poder.

As mudanças na região, afirma o entrevistado H, são lentas, mesmo que nos últimos anos novas empresas tenham se instalado na região. Há a diversificação de indústrias, mas o desenvolvimento ainda está fortemente arraigado ao setor agroindustrial o que causa uma grande dependência do mesmo (ENTREVISTADO G). Outro ponto importante já apontado é reforçado pelo entrevistado H. “Se nós tivéssemos um desenvolvimento mais acelerado nós teríamos uma geração maior de postos de trabalho de nível mais elevado, mais adequado, com uma remuneração mais interessante também conseguiríamos reter mais talentos” uma vez que para manter o espírito empreendedor é necessário “manter o faro, conservar certa paixão, ter adquirido experiência, poder contar com o apoio constante das pessoas próximas, conservar o espírito de liderança, renovar o senso se iniciativa e, por último, ter certa humildade diante da sorte” (JULIEN, 2010, p. 127). Boisier (2006) ao escrever sobre como o desenvolvimento deve ser entendido reforça a questão das potencialidades dos atores e articuladores ao afirmar:

que o desenvolvimento é entendido como a obtenção de um contexto, meio,

momentum, situação, âmbito, ou como se prefira chamá-lo, que possibilite a

potencialização do ser humano para que ele se transforme em pessoa humana, na sua dupla dimensão biológica e espiritual, capaz nesta última ter condições de conhecer e amar” (BOISIER, 2006, p. 69).

No discurso da entrevistada I surge a questão de agregar valor à matéria prima produzida na região na promoção de mudanças. Ademais, a mesma reforça a participação do Corede no desenvolvimento da região. “Eu acho que o próprio Corede tem puxado muito

discussões nesse sentido, nós temos um grupo alí na secretaria de desenvolvimento econômico discutindo isso [...] o que realmente nós podemos fazer para agregar valor ao que é produzido aqui”.

No que concerne à participação do Estado junto aos empreendedores, tanto o entrevistado A como o entrevistado B relatam que houve participação do governo estadual e que a mesma foi efetivada por meio de programas, como ficou evidente neste fragmento:

existem programas, eu acho que têm uma preocupação do atual governo e dos outros governos no sentido de implementarem ações voltadas à busca de maior competitividade das empresas como um todo, mas sempre olhando alguns nichos, algumas áreas importantes (ENTREVISTADO A).

O entrevistado B cita projetos, como o PEPI, a sala de investidores, as ações desenvolvidas pelos órgãos de fomento (Programa Fundo Operação Empresa – Fundopem; Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social – BNDES; Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul – BRDE; Banrisul), entre outros. Importante destacar que cada projeto ou órgão de fomento desenvolve atividades ou programas específicos, de acordo com seu alinhamento estratégico, mas todos fazem-se presentes e atuam muito próximos aos empreendedores locais, como descreve o Entrevistado B:

É dá atenção para as empresas que estão nessas regiões, como é aqui Noroeste Colonial, para poder tentar fomentar esse desenvolvimento regional, econômico, social e também ambiental, até porque a própria metodologia aqui tem um cunho também na área de produção mais limpa e redução de impactos no meio ambiente.

Pela perspectiva do entrevistado B, os projetos novamente visam o desenvolvimento social e ambiental da região. A presença de projetos para descrever a presença do Estado junto aos empreendedores locais também está presente na fala da entrevistada C. Estes estão vinculados à universidade como PEIEX e PEPI (ambos financiados pelo Estado) além dos projetos desenvolvidos pela instituição Sebrae.

O entrevistado D apresenta uma forte crítica em relação à presença do Estado. Sendo esta mínima, mesmo que este apoie os arranjos produtivos locais (APLs) e realize convênios

através daAgência de Desenvolvimento e Promoção do Investimento (AGDI).

Pouco contribui e muitas vezes até cria dificuldades para as organizações por conta de que a par do excesso da legislação, da questão tributária e de tantas outras questões que envolvem esse cenário de relação entre o governo seja ele em qualquer nível de organização é... por incompetência gerencial do próprio governo. Ele estabelece uma determinada norma e não se qualifica para controlar, para executar. Enfim, para fazer com que a norma seja eficaz (ENTREVISTADO D).

A entrevistada E reforça os incentivos financeiros que o Estado oferece através do APL e da Associação Centro de Inovação Tecnológica (Acitec) no município de Panambi. Contudo, aponta que há ainda fragilidades na região e que pode haver a falta de conhecimento

sobre os projetos existentes ou a necessidade de capacitação das pessoas interessadas e que saibam pleitear tais incentivos.

O pessoal não tem muito conhecimento do que existe oportunidades, possibilidade de submissão de projetos e muitas vezes não aproveita as possibilidades porque não desenvolve os projetos né. Ahm, mas aqui na região, seguidamente nós estamos recebendo editais abertos onde é possível o próprio município pleitear recursos né (ENTREVISTADA E).

Ao contrário do entrevistado D, o entrevistado F diz que a presença do Estado é muito forte, mas que parte principalmente da postura de cada município. Em Ijuí, em especial, para os empreendedores está muito forte a presença do microcrédito. A emissão de Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica (CNPJ) e a emissão de alvarás por parte da prefeitura, busca tirar os empreendedores da informalidade, fornecendo benefícios e auxílio para que estes empreendedores possam expandir ou aprimorar seus negócios. Tal ação do município visa reverter em mais arrecadação de impostos à cidade de Ijuí, por exemplo:

Tirar da informalidade aqueles empreendedores individuais principalmente que estão nos bairros em que ele hoje, ele trabalha sem uma condição de ter um acesso a um crédito, onde nós estamos levando para ele o microcrédito e também trazendo ele para a formalidade (ENTREVISTADO F).

Ao encontro do entrevistado D o entrevistado G também aponta a presença do Estado junto aos empreendedores como quase inexistente. Contudo, a Associação Comercial e Industrial de Ijuí (ACI) junto com a prefeitura de Ijuí criaram a Sala do Empreendedor “para auxiliar em algumas áreas como: área financeira, área tributária área ambiental pra que esse empreendedor comece criar a estrutura dele”. Nesta fala, percebe-se a união da prefeitura local com entidades como a ACI as quais juntas, tem o mesmo objetivo de fomentar o desenvolvimento da região a partir do incentivo aos empreendedores locais.

Ao falar sobre economia institucional e seu crescimento,Senna (1995, p. 218) reflete

sobre o reflexo da participação das instituições na economia:

A partir do momento em que se reconhece a influência das instituições sobre o comportamento das pessoas, o passo seguinte é admitir a extensão dessa influência sobre os mecanismos de alocação de recursos e, conseqüentemente, sobre a trajetória de crescimento da economia.

Para o entrevistado H há três pilares básicos: o Estado, a universidade e o poder privado. Sendo que o poder público tem a responsabilidade de criar um ambiente favorável ao empreendedorismo. Contudo, assim como os entrevistados D e G apontam avanços, o entrevistado H destaca empecilhos por parte do Estado no fomento ao empreendedorismo:

a presidente fez uma, não foi uma promessa, mas ela ta trazendo assim como preocupação redução do prazo de abertura e fechamento de empresas que hoje no Brasil é uma piada né, a gente chega a ter prazo de 120, 140 dias pra abrir uma empresa e ela traz como objetivo nós termos 5 dias tanto pra abertura como pra fechamento de empresas. E é um projeto que deve entra no ar antes do final do ano segundo a presidente, então isso eu acho que também que incentiva muito o desenvolvimento de empresas ou empreendedorismo né como um todo. Então eu acho que é um misto e temos muito pra evoluir né temos muitas travas ainda, mas aos poucos a gente nota algumas melhoras (ENTREVISTADO H).

Novamente os incentivos econômicos para as indústrias aparecem na fala da entrevistada I. Entretanto, aparece o Conselho de Tecnologia e Inovação da cidade de Ijuí que visa trabalhar com a inovação e a questão do fomento ao conhecimento. Aspectos estes, abordados por Julien (2010) para a promoção do contágio empreendedor assim como não só para a geração de conhecimento e sim a disseminação do mesmo entre os atores.

A fim de disseminar as informações, o Corede Noroeste Colonial tem uma assembleia geral ampla, de 100 a 200 pessoas, onde todos os segmentos tem assento. Também alia-se as associações de municípios, universidade e associações comerciais na tentativa de solidificar um entendimento sobre o planejamento estratégico da região almejando “uma luta mais comum”. Entretanto, “o que a gente se recente um pouco é que... por exemplo... é que o segmento do empresariado tem pouca participação. Não é que eles estejam sendo excluídos né... parece que falta uma coisa talvez aí... Eles não têm participado suficientemente”, referindo-se especificamente a participação da ACI de Ijuí. Evidencia-se assim, a falta de entrosamento e engajamento dos atores da região necessitando assim ainda “encontrar um elemento comum, um fator comum que chame mais” (ENTREVISTADO A).

Como o PEPI - Unijuí é um projeto do governo do Estado, os dados obtidos são enviados para a equipe centralizada em Porto Alegre. De modo geral (respeitando a confidencialidade das empresas) as informações são disponibilizadas para estudos científicos nas universidades. Ademais, são divulgadas em forma de livro e informativos, além de participação em feiras, palestras e em qualificações. “E também nós temos a página nas