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OS EGRESSOS DOS CURSOS DE LICENCIATURA E DE DIREITO

CAPÍTULO 4: ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

4.4 OS EGRESSOS DOS CURSOS DE LICENCIATURA E DE DIREITO

Esta pesquisa se propôs a caracterizar o perfil socioeconômico de um grupo de egressos dos cursos de Direito e de Licenciatura, a sua situação e satisfação profissionais, bem como as percepções sobre os cursos em que se graduaram. Pesquisas com egressos apresentam grandes desafios, especialmente relacionadas à localização dos sujeitos devido à desatualização dos bancos de dados (telefones fixos e celulares), além da ausência de tradição por parte das instituições em manter relacionamento com os estudantes formados (LOUSADA; MARTINS, 2005; SILVEIRA; CARVALHO, 2012). Segundo Silveira e Carvalho (2012), as poucas referências de estudos realizados com egressos demonstram as dificuldades para a realização desse tipo de pesquisa.

A primeira fonte para coleta de dados foi o questionário on-line. Foram respondentes 78 de Pedagogia, 15 de Matemática (totalizando 93 de Licenciatura) e 29 de Direito, correspondendo, respectivamente, a 16,8%, 23,4% e 11,0% dos egressos do 2º período de 2010 ao 2º de 2012 (no caso de Pedagogia, a coleta foi feita também junto aos egressos do 1º período de 2010). A fim de alcançar uma amostra de pelo menos 33,3% dos egressos de Licenciatura, foram feitas 87 entrevistas por telefone, respeitada a representatividade dos formados por período. Dessa forma, considerado o baixo retorno dos questionários, os dados referentes ao curso de Direito são apenas ilustrativos.

Inicialmente, cabe relatar a distribuição da quantidade de participantes da pesquisa (incluídos os entrevistados e os que responderam ao questionário) por período de conclusão do curso. É o que mostra a tabela 29.

Tabela 29 - Quantidade de participantes egressos por período de conclusão de curso Curso 2010-1 2010-2 2011-1 2011-2 2012-1 2012-2 Total

Pedagogia 22 23 35 20 29 26 155

Matemática 0 1 4 10 6 4 25

Direito 0 8 1 10 2 8 29

Total 22 32 40 40 37 38 209

A maior parte dos egressos que responderam ao questionário concentrava-se nos períodos mais recentes de formatura, o que poderia ser previsto, já que, quanto mais próxima a coleta de dados da conclusão do curso, maior a chance de que as informações dos egressos disponíveis no banco de dados da instituição estejam atualizadas. A tabela 30 disponibiliza a quantidade de respondentes por período de conclusão do curso.

Tabela 30 - Quantidade de participantes egressos por período de conclusão de curso, que responderam ao questionário Curso 2010-1 2010-2 2011-1 2011-2 2012-1 2012-2 Total Pedagogia 11 4 15 12 19 17 78 Matemática 0 0 1 6 6 2 15 Direito 0 8 1 10 2 8 29 Total 11 12 17 28 27 27 122

Fonte: Pesquisa de campo (2014).

A proporção de mulheres e homens respondentes do curso de Direito foi bastante equilibrada: 51,7% eram do sexo masculino e 48,3%, do feminino. Já nas licenciaturas, a predominância era de mulheres (88,2%), como também verificado entre os ingressantes e concluintes. Em relação à faixa etária dos pesquisados, a média dos licenciados era de 32,38 anos (DP=8,251), variando de 21 a 58 anos, enquanto a média dos bacharéis era de 36,93 anos (DP=10,232), sendo a mínima 24 e a máxima 68 anos. Mais da metade dos licenciados (53,8%) e dos bacharéis (62,1%) fez a maior parte ou todo o curso no período noturno.

A maioria dos egressos pesquisados nasceu no Distrito Federal (70,3% dos licenciados e 58,6% dos bacharéis), era casada (55,6% dos licenciados e 44,8% dos bacharéis), tinha quatro ou mais irmãos (38,5% dos licenciados e 48,3% dos bacharéis) e não tinha filhos (49,4% dos licenciados e 48,3% dos bacharéis). Aqueles que tinham filhos, em sua maioria, já os tinham ao concluir a faculdade (89,4% dos licenciados e 93,3% dos bacharéis).

No que se refere à cor, 51,6% dos licenciados e 65,5% dos bacharéis se declararam pardos ou mulatos. Consideraram-se brancos 33,0% dos licenciados e 13,8% dos bacharéis e negros 14,3% dos licenciados e 20,7% dos bacharéis. Entre os egressos de Licenciatura, 63,7% moravam com cônjuge e(ou) filhos e 30,8% com

os pais e(ou) outros parentes, de modo que a quantidade de corresidentes era um ou dois (34,1%) ou três ou quatro (39,6%). Entre os formados em Direito, 55,2% residiam com cônjuge e(ou) filhos e 34,5% com os pais e(ou) outros parentes, o que é coerente com o estado civil. A maioria dos egressos de Direito (51,7%) residia com mais um ou dois membros da família.

Acerca do perfil econômico, a renda mensal familiar dos licenciados concentrava-se na faixa de mais de três até dez salários mínimos (56,0%). Assim também ocorreu com os bacharéis (41,4%), embora em menor proporção. Foi bastante expressiva a proporção de licenciados cuja renda familiar era de até 3 salários mínimos (22,0%), embora esse percentual tenha se reduzido pela metade, quando comparado aos ingressantes (46,2%) e concluintes (47,9%). Entre os graduados em Direito, esse percentual era de 17,2%. Na faixa de mais de 10 até 20 salários mínimos, estavam 34,5% dos bacharéis e 19,8% dos licenciados. Esse percentual se elevou, em relação aos ingressantes (7,0%) e aos concluintes (8,5%) de licenciatura, indicando aumento de renda após a formatura. Esses resultados são divergentes dos encontrados por Felicetti (2012), segundo a qual mais da metade dos egressos de cursos de licenciatura recebia menos de dois salários mínimos, enquanto cerca de 40,0% dos graduados de outras áreas recebiam essa faixa salarial.

Os dados sobre o salário bruto vão ao encontro desses resultados. A média de salário bruto declarada pelos bacharéis foi de R$5.555,73 (DP=R$3.515,34), variando de R$849,00 a R$13.0000,00. A mediana e a moda foram R$5.000,00. Entre os licenciados, a média de salário mensal foi muito mais baixa, de R$2.495,62 (DP=R$1.565,05), com variação de R$720,00 a R$9.000,00. A mediana foi R$2.000,00 e a moda, R$3.000,00. Novamente, os resultados obtidos na pesquisa com ingressantes e concluintes se repetem. Ressalta-se, no entanto, que os dados são apenas ilustrativos, já que a quantidade de respondentes não pode ser considerada representativa do universo. De qualquer modo, patenteiam-se os menores salários dos licenciados. A pesquisa de Vargas (2011) com egressos da Universidade Federal de Minas Gerais também constatou salários maiores para os graduados em Direito em detrimento das outras áreas.

No entanto, comparados aos ingressantes e concluintes, cujos valores declarados foram devidamente atualizados para abril de 2015 pelo Índice Geral de

Preços – Disponibilidade Interna, da Fundação Getúlio Vargas, a média salarial dos egressos cresceu (tabela 31), de modo que, proporcionalmente os salários dos licenciados aumentaram mais que os dos bacharéis, o que parece confirmar a teoria do capital humano, segundo a qual um diploma ou certificado constitui um indicador de competências concretas para o trabalho (SCHULTZ, 1973a, 1973b). Nessa perspectiva, quanto maior a escolaridade do indivíduo, maior a sua qualificação e capacitação para o trabalho, o que aumenta o seu rendimento salarial (PIMENTEL; PALAZZO; OLIVEIRA, 2009), tornando a educação um investimento que possui taxa de retorno.

Tabela 31 - Salários brutos declarados pelos ingressantes, concluintes e egressos de Direito e de Licenciatura (em R$)

Ingressantes Concluintes Egressos Direito Licenciaturas Direito Licenciaturas Direito Licenciaturas Média 4.020,77 1.344,78 3.851,20 1.626,5 5.960,07 2.633,24 Desvio padrão 4.246,95 1.630,82 3.348,04 1.304,19 3.771,18 1.667,60 Fonte: Pesquisa de campo (2011; 2013; 2014).

Nota: Valores atualizados para 2015 pelo IGP-DI, da FGV.

Os egressos foram classificados em estratos econômicos, da mesma forma que os ingressantes e concluintes, segundo o Critério de Classificação Econômica Brasil, da Associação Brasileira de Empresas de Pesquisa (ABEP), o qual atribui pontos à posse e à quantidade de determinados itens domiciliares, bem como ao grau de instrução do chefe da família. Os pontos são, então, somados para gerar a classificação em oito estratos: A1, A2, B1, B2, C1, C2, D e E. O gráfico 6 apresenta a distribuição dos egressos conforme a faixa econômica da família.

Diferente dos ingressantes e dos concluintes, a distribuição dos egressos não parece mostrar diferenças favoráveis aos bacharéis. As curvas são muito semelhantes para os dois grupos. A concentração dos egressos de Licenciatura deu-se nas faixas B2 (37,4%) e C1 (28,6%), assim como a dos bacharéis (37,9% na faixa B2 e 34,5% na C1), de modo que a proporção de bacharéis na faixa C1 foi superior à dos licenciados. Por outro lado, a concentração de egressos em faixas superiores a B1 foi semelhante nos dois grupos. Eles correspondiam a 20,7% dos bacharéis e 19,8% dos licenciados.

Gráfico 6 - Distribuição dos egressos por estrato econômico, por curso, em 2014

Fonte: Pesquisa de campo (2014).

Em relação à situação econômica, a maioria dos licenciados (58,2%) trabalhava e contribuía com o sustento da família. Entre os bacharéis, essa situação correspondia a 34,5%, enquanto 27,6% trabalhavam e eram o principal responsável pelo sustento da família. Quanto à carga horária da atividade exercida, nota-se uma grande diferença entre os grupos. A maioria dos bacharéis (58,6%) trabalhava mais de 20 e menos de 40 horas por semana. Entre os licenciados, a maioria (54,9%) trabalhava em tempo integral, isto é, 40 horas semanais ou mais, podendo sugerir acúmulo de cargos, muitas vezes característico da profissão, na perspectiva de complementação de renda. Ressalta-se, ainda, que as horas de trabalho docente não se restringem à sala de aula. Pelo contrário, elas também envolvem o espaço privado para atividades como preparação de aulas, correção de provas e trabalhos, planejamento etc. (BARBOSA, 2011).

No que tange ao recebimento de bolsa ou financiamento para a conclusão do curso, 51,7% dos bacharéis e 35,6% dos licenciados não receberam nenhum tipo durante sua formação. Foram bolsistas do Prouni 14,1% dos egressos de Direito e 18,9% dos egressos dos cursos de Licenciatura. Declararam ter sido beneficiários do Bolsa Universitária (programa do Governo do Distrito Federal) 15,6% dos licenciados e nenhum bacharel.

0,0% 0,0% 20,7% 37,9% 34,5% 3,4% 3,4% 2,2% 2,2% 15,4% 37,4% 28,6% 12,1% 2,2% 0,0% 0,0% 5,0% 10,0% 15,0% 20,0% 25,0% 30,0% 35,0% 40,0% A 1 A 2 B 1 B 2 C 1 C 2 D E DIREITO LICENCIATURAS

A escolaridade dos genitores foi outra variável pesquisada. Os resultados são apresentados nas tabelas 32 e 33. Assim como verificado entre os ingressantes e concluintes, mais de 90,0% dos egressos de ambos os grupos superaram a escolaridade de seus ascendentes. Entre os pesquisados de Direito, os pais e mães com maior escolaridade eram os dos ingressantes e aqueles com menor escolaridade, os dos egressos. A mesma situação foi observada para os pesquisados de Licenciatura. Em todos os casos, a escolaridade das mães era maior que a dos pais.

Tabela 32 - Escolaridade dos pais dos ingressantes, concluintes e egressos de Direito

Escolaridade Pais Ingressantes Mães Pais Concluintes Mães Pais Egressos Mães

Nenhuma escolaridade 6,9 5,7 9,5 7,1 10,3 6,9

Ensino Fundamental (1a a 4a série) 18,4 19,0 19,0 26,2 48,3 44,8 Ensino Fundamental (5a a 8a série) 19,0 13,8 21,4 11,9 17,2 24,1

Ensino Médio 33,3 41,4 40,5 38,1 20,7 20,7

Ensino Superior 16,1 10,3 4,8 11,9 3,4 3,4

Pós-graduação 6,3 9,8 4,8 4,8 0,0 0,0

Total 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0

Fonte: Pesquisa de campo (2011; 2013; 2014).

Tabela 33 - Escolaridade dos pais dos ingressantes, concluintes e egressos de Licenciatura

Escolaridade Pais Ingressantes Mães Pais Concluintes Mães Pais Egressos Mães

Nenhuma escolaridade 9,9 7,0 13,2 8,0 12,1 7,7

Ensino Fundamental (1a a 4a série) 38,5 30,8 38,2 34,7 42,9 39,6 Ensino Fundamental (5a a 8a série) 15,9 18,9 10,3 17,3 12,1 15,4

Ensino Médio 25,8 34,6 27,9 33,3 22,0 30,8

Ensino Superior 7,7 7,6 8,8 2,7 8,8 3,3

Pós-graduação 2,2 1,1 1,5 4,0 2,2 3,3

Total 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0

Fonte: Pesquisa de campo (2011; 2013; 2014).

Em relação aos dados do ensino médio, 86,2% dos bacharéis e 86,8% dos licenciados concluiu no Distrito Federal, todo ou a maior parte em escola pública (75,9% dos bacharéis e 87,5% dos licenciados), do tipo comum ou de educação geral, no ensino regular (62,1% dos bacharéis e 61,5% dos licenciados). Apenas 4,4% dos egressos dos cursos de Licenciatura haviam cursado o ensino médio do tipo profissionalizante magistério. A proporção de egressos que fez o ensino médio em curso de educação de jovens e adultos ou supletivo foi superior entre os egressos de licenciatura (19,8%) em relação aos egressos de Direito (3,4%).

No que tange ao conhecimento de línguas, 62,1% dos egressos de Direito e 60,4% dos de Licenciatura declararam conhecimento praticamente nulo de língua inglesa. Em escala de um a cinco, a média dos bacharéis (M=1,79; DP=1,264) foi ligeiramente superior à dos licenciados (M=1,78; DP=1,133). As médias dos ingressantes, tanto de licenciatura (M=1,92; DP=1,24), quanto de Direito (M=2,30; DP=1,34), bem como as dos concluintes (M=1,82; DP=1,254 para os de licenciatura e M=2,17; DP=1,464 para os de Direito) foram superiores às dos egressos.

Quanto à língua espanhola, os resultados foram semelhantes: 75,9% dos bacharéis e 68,1% dos licenciados declararam ter conhecimento praticamente nulo da língua. Em escala de um a cinco, a média dos licenciados foi superior (M=1,52; DP=0,886) à dos bacharéis (M=1,45; DP=0,948). As médias dos ingressantes foram superiores (M=1,56; DP=0,935 para os de licenciatura e M=1,95; DP=1,177 para os de Direito) e também as dos concluintes (M=1,63; DP=1,161 para os de licenciatura e M=1,81; DP=1,087 para os de Direito).

Sobre a quantidade de livros lidos, com exceção dos acadêmicos, no ano anterior à pesquisa, a concentração de respostas dos bacharéis foi a alternativa “no máximo 2”, com 34,5% e “entre três e cinco”, com 24,1% dos respondentes. Entre os licenciados, 34,1% admitiram ter lido entre três e cinco e 29,7%, no máximo dois. Sobre o tipo de livro mais lido, os técnicos predominaram entre os egressos de Direito (76,9%), seguidos dos religiosos, inclusive Bíblia e comentários (42,3%), das obras literárias de não-ficção (23,1%), das obras literárias de ficção (19,2%) e dos livros de autoajuda (11,5%). Entre os licenciados, as obras religiosas, incluindo a Bíblia e comentários eram as mais lidas (52,5%), seguidas das literárias de ficção (46,3%), dos técnicos (36,3%), das literárias de não-ficção (32,5%) e dos livros de autoajuda (22,5%).

Na perspectiva de Teixeira Júnior e Silva (2007, p. 1365),

a leitura como objeto do conhecimento necessita ser assumida, principalmente, nos cursos de formação de professores, tendo em vista o desenvolvimento do professor leitor, bem como a constituição de mediadores do ato de ler, que engendram e constroem sentidos e práticas de leitura.

Cabe lembrar que algumas perguntas do questionário admitiam múltiplas respostas, motivo pelo qual podem totalizar mais que 100,0%.

Acerca da frequência com que liam jornal, 17,3% dos licenciados e 24,4% dos bacharéis faziam-no diariamente, enquanto 38,7% dos licenciados e 48,8% dos bacharéis liam algumas vezes por semana. Nunca ou raramente os mesmos eram lidos por 31,0% dos bacharéis e 27,5% dos licenciados. Os assuntos mais lidos dos jornais pelos bacharéis eram: política e/ou economia (67,9%), ciência, saúde e/ou tecnologia (53,6%), cultura e/ou arte (35,7%). Pelos licenciados, as alternativas com mais respostas foram: ciência, saúde e/ou tecnologia e cultura e/ou arte (ambos com 47,1%) e política e/ou economia (42,4%). A alternativa “todos os assuntos são lidos” foi marcada por 30,6% dos licenciados e 21,4% dos bacharéis.

A internet destacou-se como meio mais utilizado para atualização entre 93,1% dos egressos de Direito e 92,3% dos das Licenciaturas, da mesma forma que no grupo dos ingressantes e dos concluintes. Os jornais (34,5% dos bacharéis e 38,5% dos licenciados) e a televisão (51,6% dos licenciados e 31,0% dos bacharéis) também tiveram seus espaços. É importante ressaltar que nenhum egresso de Direito marcou o rádio como alternativa para manter-se atualizado.

Entre as preferências artístico-culturais, assim como diagnosticado entre os grupos dos ingressantes e concluintes, o cinema foi predominante (69,0% dos bacharéis e 81,3% dos licenciados), seguido dos espetáculos de teatro (31,0% dos bacharéis e 50,5% dos licenciados), dos shows musicais e/ou concertos (27,6% dos bacharéis e 42,9% dos licenciados) e da dança (10,3% dos bacharéis e 17,6% dos licenciados). Todas as alternativas foram mais assinaladas pelos egressos de Licenciatura do que pelos egressos de Direito. Cabe registrar que o Distrito Federal assegurou desconto de 50% na aquisição de ingressos para eventos culturais, artísticos e desportivos a professores do sistema de ensino, por meio da Lei Distrital n. 3.516/2004 (DISTRITO FEDERAL, 2004). Nesse sentido, os egressos dos cursos de Licenciatura apresentavam vantagem em relação aos bacharéis.

No que concerne à frequência de utilização do computador, observou-se que mais respondentes do grupo do Direito marcaram a alternativa “sempre”. Foram 75,9% em comparação a 58,2% do grupo de Licenciatura. A opção “frequentemente” foi marcada por 24,1% dos bacharéis e 37,4% dos licenciados. Afirmaram ter acesso à internet 100,0% dos egressos de Direito e 97,8% dos de Licenciatura; com utilização de serviço de banda larga, 96,4% dos primeiros e 95,6% dos últimos.

Sobre os locais de utilização dos computadores, a maioria os usava em casa (96,6% do grupo de Direito e 95,6% do de Licenciatura). As máquinas também eram bastante utilizadas no trabalho, entretanto, até mesmo pelas características das atividades profissionais, os bacharéis faziam mais uso dos computadores no trabalho (72,4%) do que os licenciados (48,4%). O uso em lan houses era feito por 3,4% dos bacharéis e 4,4% dos licenciados.

Acerca da finalidade para utilização do computador (tabela 34), em ambos os grupos observou-se como resposta predominante a comunicação por e-mail, o que indica a falta de exploração para tantos outros fins. Diferente dos resultados verificados com os ingressantes e concluintes, em que os estudantes de Direito utilizavam mais o computador para outras finalidades do que os licenciandos, entre os egressos, os resultados foram bem semelhantes nos dois grupos.

Tabela 34 - Finalidades para utilização do computador pelos concluintes (em %) Finalidade Direito Licenciaturas

Para entretenimento 69,0 81,5

Para fazer trabalhos profissionais 96,6 82,6 Para comunicação por e-mail 65,5 85,9 Para operações bancárias 48,3 41,3 Para compras eletrônicas 48,3 50,0

Outras finalidades 0,0 0,0

Fonte: Pesquisa de campo (2014).

Nota: Os totais não foram calculados por ser uma questão de respostas múltiplas.

Percebe-se, desse modo, que, pelos indicadores utilizados, os egressos de Licenciatura detêm um capital cultural maior que os de Direito, situação diversa daquela observada entre os ingressantes e concluintes. Segundo Diniz e colaboradores (2011), os bens culturais a que os professores tiveram acesso, assim como os ambientes socioculturais que frequentavam influenciam as atividades docentes e, por isso, são aspectos que devem ser considerados na formação dos professores. Os autores explicam que o

processo de empobrecimento dos docentes acaba por incidir nos conhecimentos que transmitem aos seus alunos, visto que interfere na qualidade, na variedade e na intensidade dos consumos culturais e nas oportunidades de aperfeiçoamento profissional (DINIZ et al., 2011, p. 21).

Os quadros 6 e 7 apresentam uma síntese comparativa das características predominantes dos ingressantes, concluintes e egressos dos cursos de Direito e dos de Licenciatura.

Quadro 6 - Síntese comparativa das características predominantes dos ingressantes, concluintes e egressos do curso de Direito

Característica

predominante Ingressantes Concluintes Egressos Gênero Mulheres (55,7%) Homens (52,4%) Homens (51,7%)

Idade M= 27,0 anos M=30,27 anos M=36,93

Estado civil Solteiros (66,1%) Solteiros (61,9%) Casados (44,8%) Cor da pele Brancos (45,5%) Brancos (50,0%) Pardos/ mulatos (65,5%) Corresidência Pais e/ou outros parentes (56,6%) Pais e/ou outros parentes (47,5%) Cônjuge e/ou filhos (55,2%) Quantidade de

corresidentes Três ou quatro (38,5%) Três ou quatro (40,0%) Um ou dois (51,7%) Quantidade de filhos Nenhum (65,7%) Nenhum (61,9%) Nenhum (48,3%) Classificação

econômica B2 (33,5) B2 (48,7%) B2 (37,9%%)

Renda mensal

familiar De 3 a 10 salários mínimos (39,2%) De 3 a 10 salários mínimos (57,1%) De 3 a 10 salários mínimos (41,4%) Situação econômica Não trabalha e tem os gastos financiados

pela família (31,9%) Trabalha e recebe ajuda da família (29,3%) Trabalha e contribui com o sustento da família (34,5%) Carga horária das

atividades exercidas Tempo integral – 40 horas ou mais (57,5%) Entre 20 e 40 horas semanais (43,2%) Entre 20 e 40 horas semanais (58,6%) Escolaridade dos

pais Ensino médio (33,0%) Ensino médio (40,5%) Ensino fundamental – 1ª a 4ª série (48,3%) Escolaridade das

mães Ensino médio (39,8%) Ensino médio (38,1%) Ensino fundamental – 1ª a 4ª série (44,8%) Bolsa ou

Financiamento dos estudos

Nenhum (72,2%) Nenhum (41,0%) Nenhum (51,7%) Tipo de escola onde

concluiu o ensino

médio Pública (73,3%) Pública (73,8%) Pública (75,9%) Modalidade do

ensino médio Regular (62,5%) Regular (85,4%) Regular (62,1%) Conhecimento de língua inglesa (escala de 1 a 5) M=2,30 M=2,17 M=1,79 Conhecimento de língua espanhola (escala de 1 a 5) M=1,95 M=1,81 M=1,45 Conhecimento de informática (escala de 1 a 4) M=3,17 M=2,98 M=3,03 Frequência de utilização do

computador Sempre (60,8%) Sempre (59,5%) Sempre (75,9%) Acesso à internet Sim (97,2%) Sim (100,0%) Sim (100,0%) Utilização de serviço

de banda larga Sim (86,9%) Sim (87,8%) Sim (96,4%) Local de utilização

do computador Em casa (94,9%) Em casa (97,6%) Em casa (96,6%) Finalidade para Realização de Realização de Realização de

utilização do

computador trabalhos escolares (89,8%) trabalhos escolares (95,2%) trabalhos profissionais (96,6%) Quantidade de livros

lidos no ano anterior (com exceção dos acadêmicos)

Entre dois e cinco (42,4%) No máximo dois (35,7%) Entre três e cinco (35,7%) No máximo dois (34,5%)

Tipo de livro mais

lido Obras literárias de ficção (33,0%) Livros técnicos (38,1%) Livros técnicos (76,9%) Frequência de

leitura de jornais Algumas vezes por semana (36,4%) Algumas vezes por semana (36,4%) Algumas vezes por semana (48,8%) Assuntos mais lidos

do jornal

Política e/ou economia (42,6%)

Política e/ou economia (59,5%)

Política e/ou economia (67,9%)

Meio de atualização Internet (79,5%) Internet (73,8%) Internet (93,1%) Preferência artístico-

cultural Cinema (59,1%) Cinema (69,0%) Cinema (69,0%)

Quadro 7 - Síntese comparativa das características predominantes dos ingressantes, concluintes e egressos dos cursos de Licenciatura

Característica

predominante Ingressantes Concluintes Egressos Gênero Mulheres (87,2%) Mulheres (89,3%) Mulheres (88,2%)

Idade M=26,0 anos M=29,68 anos M=32,38

Estado civil Solteiros (65,1%) Solteiros (46,6%) Casados (55,6%) Cor da pele Pardos/mulatos (46,2%) Brancos (50,7%) Pardos/ mulatos (51,6%) Corresidência Pais e/ou outros parentes (56,2%) Cônjuge e/ou filhos (50,7%) Cônjuge e/ou filhos (63,7%) Quantidade de

corresidentes Três ou quatro (41,4%) Três ou quatro (36,0%) Três ou quatro (39,6%) Quantidade de filhos Nenhum (67,2%) Nenhum (49,3%) Nenhum (49,4%) Classificação

econômica B2 (32,8%) B2 (36,5%) B2 (37,4%)

Renda mensal familiar

Até 3 salários mínimos (46,2%)

Até 3 salários mínimos (47,9%)

De 3 a 10 salários mínimos (56,0%) Situação econômica Não trabalha e tem os gastos financiados

pela família (32,6%) Trabalha e contribui com o sustento da família (26,9%) Trabalha e contribui com o sustento da família (58,2%) Carga horária das

atividades exercidas Tempo integral – 40 horas ou mais (35,0%) Entre 20 e 40 horas semanais (34,5%) Tempo integral – 40 horas ou mais (54,9%) Escolaridade dos

pais Ensino fundamental – 1ª a 4ª série (37,6%) Ensino fundamental – 1ª a 4ª série (38,2%) Ensino fundamental – 1ª a 4ª série (42,9%) Escolaridade das

mães Ensino médio (34,4%)

Ensino fundamental – 1ª a 4ª série (34,7%) Ensino fundamental – 1ª a 4ª série (39,6%) Bolsa ou Financiamento dos

estudos Nenhum (45,7%) Nenhum (47,2%) Nenhum (35,6%) Tipo de escola onde

concluiu o ensino

médio Pública (86,0%) Pública (81,3%) Pública (87,5%) Modalidade do

ensino médio Regular (74,7%) Regular (69,4%) Regular (61,5%) Conhecimento de

língua inglesa (escala de 1 a 5)

M=1,92 M=1,82 M=1,78

língua espanhola (escala de 1 a 5) Conhecimento de informática (escala de 1 a 4) M=2,97 M=3,17 M=3,14 Frequência de utilização do

computador Sempre (49,7%) Sempre (52,0%) Sempre (58,2%) Acesso à internet Sim (95,2%) Sim (98,6%) Sim (97,8%) Utilização de serviço

de banda larga Sim (81,2%) Sim (89,0%) Sim (95,6%) Locais de utilização

do computador Em casa (89,8%) Em casa (94,7%) Em casa (95,6%) Finalidade para utilização do computador Realização de trabalhos escolares (94,6%) Realização de trabalhos escolares (96,0%) Comunicação por e- mail (85,9%) Quantidade de livros lidos no ano anterior (com exceção dos acadêmicos)

No máximo dois

(44,4%) No máximo dois (44,4%) Entre três e cinco (34,1%) Tipo de livro mais

lido Obras literárias de ficção (39,2%) Livros religiosos (40,0%) Livros religiosos (52,5%) Frequência de

leitura de jornais Algumas vezes por semana (40,8%) Algumas vezes por semana (40,8%) Algumas vezes por semana (38,7%) Assuntos mais lidos

do jornal

Cultura e/ou arte (39,8%)

Ciência, saúde e/ou tecnologia (41,9%)

Ciência, saúde e/ou tecnologia (47,1%) Cultura e/ou arte (47,1%)

Meio de atualização Internet (80,6%) Internet (78,4%) Internet (92,3%) Preferência artístico-

cultural Cinema (68,8%) Cinema (80,0%) Cinema (81,3%)

Os egressos fizeram, ainda, uma autoavaliação do seu conhecimento de informática. Em escala de um a quatro, a média dos licenciados foi ligeiramente superior (M=3,14; DP=0,529) à dos bacharéis (M=3,03; DP=0,626). Torna-se desnecessário comentar sobre a importância do conhecimento de informática na sociedade globalizada em que vivemos e, particularmente no magistério, para trabalhar com alunos incluídos nas tecnologias da informação e comunicação.

As expectativas profissionais futuras dos egressos também foram verificadas nesta pesquisa. Entre os licenciados, 45,1% conseguiram trabalho na área do curso após a formatura e pretendiam permanecer nele. Esse percentual foi de 24,1% entre os bacharéis. Esses dados podem sugerir a possibilidade de inflação educacional, ou seja, é possível que haja grande oferta de diplomados em Direito no mundo do trabalho. Quanto aos licenciados, quase a metade conseguiu trabalho na área do curso após a formatura, o que indica certo grau de empregabilidade da profissão.

Continuavam no mesmo trabalho da época dos estudos 37,9% dos bacharéis em Direito e 25,3% dos licenciados. Por sua vez, trabalhavam em outra área, desde a formatura, mas pretendiam buscar atividade na área do curso concluído 14,3% dos licenciados e 20,7% dos bacharéis. Quanto aos licenciados entrevistados por telefone, 9,3% disseram estar sem trabalho, 37,2% não atuavam na área de formação e 53,5% trabalhavam na área, de modo que, desses, 43,5% atuavam em escolas particulares, 23,9% já efetivos na Secretaria de Educação (do Distrito