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IV A POLÍTICA PÚBLICA DE JUVENTUDE EM SERGIPE.

42.1 A explicitação das demandas das juventudes Brasileira na contemporaneidade.

4.2.3 Os Espaços de Negociação

Deve-se citar, como principais espaços de negociação entre o Governo e os jovens, o Conselho de Juventude e a Conferência. Não se pode negar, no entanto, que os jovens não tentam construir alternativas, como reuniões, seminários, grupos de trabalhos, tanto na esfera do executivo com do legislativo.

O Conselho e a Conferência são instâncias de controle democrático que visa democratizar a relação Estado e sociedade, partindo da premissa que as classes subalternas devem exercer o controle social sobre o Estado, intervindo no processo de elaboração, execução e avaliação das políticas sociais.

Podemos caracterizar os conselhos, como conselhos gestores/ políticas sociais, a exemplo do conselho de saúde, e conselho de direito, a exemplo dos conselhos criança e adolescente, da mulher. Sua composição é paritária, existem membros que representam a administração pública e membros que representam a sociedade civil, por meio dos movimentos sociais, entidades dos usuários, trabalhadores da política, entidades que prestam serviço na área, por isso, que denominam de participação representativa, ou seja, por que são as entidades que participam representando a coletividade.

A função do conselho é propor e deliberar diretrizes para formulação de políticas, programas e projetos, fiscalizar sua execução e avaliar seus resultados.

As conferências são espaços de participação direta que acontecem geralmente a cada dois anos e tem por objetivo discutir as diretrizes para

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construção da política pública e de avalia sua implementação e seus resultados.

O CONJUVE foi criado em 2005 no mesmo período de criação da Secretaria Nacional de Juventude com a função de elaborar, fiscalizar e avaliar a Política Nacional de Juventude no país.

A realização da I conferência Nacional de Juventude é uma reivindicação antiga dos movimentos juvenis e das organizações que defendem os direitos da juventude no país, essa, ao mesmo tempo em que, é um espaço de negociação, é um outorgamento do Estado das demandas da Juventude. A Conferência representou a consolidação da construção e da publicização das demandas das juventudes no Brasil.

A Conferência foi convocada pelo Conselho Nacional de Juventude – CONJUVE e realizada com a parceria da Secretaria Nacional de Juventude, que contou com a dedicação dos membros do CONJUVE, além do apoio dos diversos movimentos juvenis, sociais e juventudes partidárias, ONG´S, academia e ministérios do Governo Federal, e principalmente com a participação das diversas juventudes das várias regiões, Estados e Capitais do Brasil.

A sua organização propiciou uma ampla participação das diversas juventudes, mediante a metodologia implantada, subdividiu a construção da Conferência em três etapas: primeira, a realização de Conferências Livres, na qual, qualquer grupo de jovens poderia se organizar, debater, elaborar proposições e enviar para a comissão organizadora, permitindo maior diversificação, mobilização e participação dos diversos segmentos juvenis; segunda etapa foi a realização das Conferências Municipais, processo convocado pelo conselho municipal de juventude ou pelo poder público, garantindo a institucionalização da discussão; a terceira etapa, a realização das Conferências estaduais e a Nacional.

As proposições que foram construídas nas Conferências pelos jovens, foram organizadas sob a orientação da metodologia da comissão organizadora

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nacional a qual estabeleceu os seguintes eixos temáticos: família, educação, trabalho, cultura, cidades e territórios, tempo livre, drogas, diversidades, sexualidade, cidadania LGBTT, mídia, participação, liberdades democráticas e meio ambiente. Convém destacar que os movimentos sociais e juvenis tinham autonomia para organizar as Conferências Livres de acordo com esses eixos temáticos, assim como o poder público municipal e estadual.

Esse processo, que contou com a mobilização e participação de milhares de jovens das diversas regiões do país permitiram que fossem eleitos 1.995 (mil novecentos e noventa e cinco) delegados para participar da Conferência Nacional com o intuito de discutir temas gerais e específicos relacionado à política de juventude

. Foram deliberadas 60 (sessenta) resoluções e dentre estas, 22 (vinte e duas) foram consideradas como prioritárias. São deliberações que tratam das demandas das diversas juventudes; como jovens do campo, da cidade, jovens mulheres, negros, indígenas nas diversas áreas sociais, como educação, reforma agrária e urbana, saúde, segurança pública, esporte, cultura, meio ambiente e política, e, que reivindicam a construção de um sistema Nacional de Juventude.

Temas gerais: A necessidade de realização da reforma agrária e urbana; A universalização da educação em todos os níveis;

Temas específicos: O fim do serviço militar obrigatório; A regulamentação da lei do estágio; o acesso dos jovens à cidade e etc. (Relatoria da I Conferência Nacional de Juventude, 2008)

A Conferência revelou o grau de mobilização e organização que as juventudes brasileiras encontram-se, quem são os sujeitos envolvidos nesta luta. Revelou também, a grande presença dos jovens das classes trabalhadoras, muitos estão organizados nos movimentos juvenis, nas juventudes partidárias de esquerda e centro-esquerda, nas ONG´S, nos movimentos religiosos, nos movimentos sociais, quais são as suas necessidades socioeconômicas, culturais e, principalmente, a necessidade de participar de intervir na política pública.

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Dentre as organizações políticas presentes, podemos mencionar: primeiro, as Juventudes Partidárias, especialmente o PT, PCdoB, PSB, PMDB, PDT, dentre outras; segundo, os movimentos sociais a exemplo dos quilombolas, CONTAG (Confederação Nacional dos Trabalhadores Rurais), movimento Negro, representantes da Marcha Mundial das Mulheres, UNE (União Nacional dos Estudantes) UBES (União Nacional dos Estudantes Secundaristas), Rede jovem do Nordeste, CUT, movimento hip hop, Pastoral da Juventude; terceiro, várias organizações de atuação local e estadual, além de ONG´s.

Todos esses movimentos e organizações demonstraram um amadurecimento político quando publiciza suas demandas, ou seja, politiza suas necessidades, trazendo o debate para a esfera pública, lutando por reconhecimento social, por cidadania juvenil, entendendo o jovem como sujeito e sujeito de direitos.

4.2.4 Outorgamento: as respostas do Estado às demandas das juventudes

Ao falar das demandas das juventudes, faz-se necessário discutir o papel da Secretaria Nacional de Juventude e do CONJUVE, pois, ambos representam uma das demandas dos jovens que já foram outorgadas pelo Estado. Ambos têm desempenhando um papel importantíssimo para a efetivação da política de juventude no país.

A secretaria Nacional de Juventude e o CONJUVE foram instituídos pela Lei 11.139 de 30 de junho de 2005. A Secretaria é o órgão gestor responsável por coordenar a política de juventude e está ligada à Secretaria Geral da Presidência da República. Nesta condição, tem mais autonomia para articular a política, já que a temática juventude é transversal às políticas sociais.

Atualmente, coordena o maior programa de juventude do país, o PROJOVEM. Este foi criado em 2005, no mesmo ano de criação da Secretaria, sendo reformulado em 2008 quando o Governo unificou os seis programas (da

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área de trabalho e educação) voltados para a juventude – Agente Jovem, Projovem, Saberes da Terra, Programa Nacional de Estímulo ao Primeiro Emprego (Consórcio Social da Juventude Cidadã) e Escola de Fábrica – em um único Programa, o PROJOVEM.

O PROJOVEM é destinado aos jovens de 15 (quinze) a 29 (vinte e nove) anos, com o objetivo de promover sua reintegração ao processo educacional, sua qualificação profissional e seu desenvolvimento humano que será realizado por meio das seguintes modalidades Projovem Urbano; Projovem Campo – Saberes da Terra; Projovem Trabalhador; e Projovem Adolescente. A gestão do Projovem é compartilhada entre a Secretária-Geral da Presidência da República, por meio da Secretaria Nacional de Juventude e os Ministérios do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, da Educação e do Trabalho e Emprego.

O CONJUVE é um órgão deliberativo, fiscalizador e não paritário. É composto por 2/3 de representantes da sociedade civil, possui 60 (sessenta) membros, 40 (quarenta) representando a sociedade civil e 20 (vinte) representando o poder governamental. Durante esses 5 (cinco) anos de gestão realizou duas eleições para escolher seus membros, a última eleição foi realizada no ano passado e os membros foram empossado em 2010.

As ações desenvolvidas pelo CONJUVE foram: a construção da Política Nacional de Juventude que propõem diretrizes e parâmetros para construção da política pública; a parceria com diversas entidades para realizar estudos e pesquisa sobre perfil das juventudes para subsidiar a elaboração da política; o incentivo aos estados e municípios para a criação de conselho de direito da juventude; a realização da I Conferência; a campanha do Pacto Nacional da Juventude; a luta constante pela aprovação do PL 4.529, e PL 4.530 e da PEC da Juventude.

Faz-se mister, destacar a parceria do CONJUVE com órgãos de juventudes de outros países, principalmente, a parceria com a Secretaria Nacional de Juventude, que tem permitido o fortalecimento da luta para a construção da política de juventude. Podemos atribuir como fatores que

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contribuem para essa interação alguns dos membros da Secretaria ser militantes dos movimentos juvenis e esses movimentos são ou já fizeram parte da gestão do CONJUVE, além disso, a maioria dos movimentos que compõem o CONJUVE e tem uma identidade política com a atual gestão do Governo Federal, (Luis Inácio Lula da Silva)

O Governo Federal elaborou diversos programas para juventude tais como: Pro - jovem, bolsa atleta, escola de fábrica, expansão do ensino médio e universitário, o PROEJA (programa, de educação profissional integrada ao ensino médio para jovens e adultos), pontos de cultura, PROUNI (programa universidade para todos), soldado cidadão, segundo tempo, programa nacional de estímulo ao primeiro emprego, projeto Rondon, juventude e meio ambiente; e alguns programas específicos para jovem rural como; pronaf-jovem e a nossa primeira terra, além de manter outros programas já existentes como agente jovem e consórcio jovem que, atualmente, foi incorporado ao PROJOVEM.