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Os Jovens da EEMWR: caminhos para a construção da Cultura de Paz e

4 TESSITURA DA PAZ, EDUCAÇÃO PARA A PAZ E VALORES

4.4 Os Jovens da EEMWR: caminhos para a construção da Cultura de Paz e

A escola é parte essencial do processo educativo, por isso o seu permanente envolvimento com a comunidade na qual está inserida é de suma importância, o que exige a cooperação da família e o envolvimento dos demais segmentos escolares, a fim de se estabelecer, de forma democrática e efetiva, a participação de todos. Ao aproximar a escola da vida e das preocupações profissionais dos pais, e estes das atividades da escola, chega-se a uma divisão de responsabilidades (JARDIM, 2006).

Ressalto, ainda, que o aluno é parte fundamental nesse processo, no entanto, se não houver interesse da escola, no sentido de mantê-lo envolvido nas atividades curriculares e extracurriculares, acontecerá o que mais se teme, o abandono escolar, que pode decorrer de várias causas. No caso da EEMWR, o diretor relata que um dos motivos do abandono escolar é a busca pelo emprego, pois muitos alunos migram para outros municípios no sentido de encontrar uma melhor oportunidade de trabalho.

Apesar da faixa etária do aluno do ensino médio ser de 15 a 17 anos, percebi que, na EEMWR, muitos estão fora dessa faixa, o que não é só uma peculiaridade da escola, mas da grande maioria das escolas públicas brasileiras (NERI, 2010). Sobre isso, o governo tem tomado medidas em busca de corrigir essa distorção, visto que muitos alunos ‘se perdem no meio do caminho’, por motivos como a não assimilação dos conteúdos ministrados, a falta de motivação na sala de aula e a necessidade que muitos deles têm de trabalhar o dia inteiro para colaborarem no sustento das suas famílias. Além disso, constata-se, ainda, que muitos estudantes se sentem desmotivados em relação aos estudos e que poucos alunos da EEMWR gostam de ficar na escola e de participar das atividades que realizam. Entretanto, o grupo que pesquisei faz questão de se envolver em todas as atividades culturais concretizadas, demonstrando uma alegria característica dos jovens, buscando interagir com a escola em todos os sentidos, não somente quando são convocados, mas em atividades extraescolares, em projetos que a escola realiza e nas ações proporcionadas pela SEDUC e a 9ª CREDE, principalmente, em relação à melhoria e à conservação do ambiente escolar.

Quando essas atividades acontecem, nos finais de semana, alguns encontram dificuldades em participar, devido ao deslocamento, pois a maioria mora em locais mais distantes e, muitas vezes, não dispõe do transporte escolar nesse dia, apesar de que, quando requisitados, há um esforço de se envolverem, e muitos, com o apoio da gestão, tornam sua

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participação mais efetiva. Nesse sentido, ressalta-se a participação dos alunos no Grêmio Estudantil e no Conselho Escolar.

Quanto à participação dos pais, esta vem melhorando a cada ano, devido, principalmente, ao desenvolvimento do ‘Projeto Diretor de Turma’ (PDT), iniciado em 2010, que com o apoio das dinâmicas e reflexões da proposta do VIVE, tem proporcionado momentos relevantes na escola. O PDT foi idealizado e utilizado nas escolas de Portugal e implantado no Ceará, por iniciativa da professora Maria Luiza Barbosa Chaves, que trouxe a professora Haidê Eunice Ferreira Leite, Professora e Diretora de Turma em Braga – Portugal, para apresentar essa ideia aos educadores cearenses. Esse projeto favorece a gestão e a articulação das turmas e se alicerça em princípios como: parceria, valorização, convivência, solidariedade, crescimento, integração, conhecimento e harmonia. Todas essas ideias são as respostas para o que é o diretor de turma.45 Ele é a água, o ar, o adubo e a terra fértil (LEITE, 2007).

A função do Professor Diretor de Turma ocupa, na organização escolar, um papel primordial. Ele é o observador privilegiado, o coordenador e catalisador das tensões, entre os grupos da comunidade escolar, e é, sobretudo, o grande motor de uma educação personalizada, capaz de formar homens comprometidos, críticos e responsáveis.

Desenvolvendo a sua ação de orientador educativo, numa perspectiva de liberdade, participação e solidariedade, ajudará o aluno a resolver os seus problemas diários e a ultrapassar as suas dificuldades, contribuindo assim para um desenvolvimento equilibrado da personalidade, de modo a permitir que a sua inserção social se venha a verificar sem rejeição ou marginalidade. (LEITE, 2014, p. 13).

Há uma estreita relação entre o PDT e o VIVE, porque aquele estabelece, com os alunos, um pacto de convivência que não pode ser violado. A finalidade desse pacto é esclarecer a todos sobre os seus direitos e deveres como alunos, principalmente, no seu convívio com a escola e a família. Segundo o professor Jozivaldo, “apesar de ser considerado tímido esse envolvimento com a família, já se percebe certa mudança na postura dos pais, frente à sua participação, vindo, sobretudo, a favorecer uma melhor articulação da escola com os pais ou responsáveis pelos alunos.”

Uma das preocupações dos gestores e professores tem sido no sentido de realizarem uma estratégia, através do diálogo, que torne produtivo, prazeroso e descontraído o momento de aprendizagem, em que se verifica um envolvimento saudável com os professores, os quais, segundo o aluno Jáder, “[...] são comprometidos, se preocupam com os

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alunos e buscam conversar mais conosco.” Outra preocupação dos que fazem a EEMWR é

prevenir os conflitos, embora se saiba que estes fazem parte das relações escolares, porque há várias formas de pensar e agir que, muitas vezes, se chocam. Assim, a questão central deve focar na forma como a escola deve trabalhar esses conflitos, a fim de minimizar as dificuldades das relações entre professor e aluno e entre os demais membros da comunidade escolar.

Considero, portanto, que a EEMWR vem enfrentando o desafio de estimular a comunidade escolar, principalmente os alunos, a manter sempre atitudes baseadas nos Valores Humanos trabalhados pelo VIVE, contribuindo, assim, significativamente, para o fortalecimento da Cultura de Paz. A seguir, apresento como vivenciamos, com os jovens alunos, na EEMWR, os Valores Humanos.

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5 OS JOVENS DA EEMWR: VIVENDO OS VALORES HUMANOS E A CULTURA