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Os Megaempreendimentos como Modelo de Desenvolvimento Local versus

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2 A CIDADE DE ITAGUAÍ E SUA VOCAÇÃO COMO LOCAL DE

2.3 Os Megaempreendimentos como Modelo de Desenvolvimento Local versus

Devido ao processo de reestruturação geoeconômica do Estado do Rio de Janeiro, se ressalta a importância de Itaguaí, por ser um dos municípios que se situam na extremidade oeste da RMRJ. Sua localização estratégica e junto à Baía de Sepetiba, faz com que venha ganhando destaque e poder de influência, como um novo polo siderúrgico do Estado (OLIVEIRA; 2009). Nesse contexto, a cidade ganha notoriedade no âmbito das dinâmicas de atração e consolidação de novos investimentos que possam dinamizar sua economia.

Ao abordar a construção de megaempreendimentos no município, este estudo tangencia a noção de desenvolvimento que vem sendo construída atualmente, polarizando em seu território novos investimentos, que o consolidam como um polo logístico. Como observa Alcantara (2013) o município de Itaguaí possui grandes áreas configuradas por espaços livres. Este é outro fator que favorece a atual concentração de investimentos em seu território. Além de possuir áreas desocupadas ou não urbanizadas, o município também se favorece por se articular com importantes rodovias. Canais viários que interligam seu território a grandes metrópoles do Brasil como o Rio de Janeiro e São Paulo.

Além disso, a própria expansão das centralidades no entorno da RMRJ carioca faz com que a cidade ganhe destaque ao servir como articulação a várias localidades do estado como a Microrregião da Baía da Ilha Grande4. E até mesmo a Microrregião do

Vale do Paraíba Fluminense5. Ao passo que se consolida sua posição de centralidade em

sua própria microrregião, a Microrregião de Itaguaí6.

Como pode se perceber no mapa apresentado abaixo, o município ganha destaque na RMRJ com a construção do Arco Metropolitano do Rio de Janeiro (AMRJ). O Arco se estabelece na região como uma importante conexão entre os demais municípios da metrópole carioca e os GPIs que estão se fixando no entorno do Porto de Itaguaí. A nova via se estabelece também como uma importante conexão entre o território de Itaguaí e as principais estradas interestaduais do estado do Rio de Janeiro. Além de se caracterizar como um importante dinamizador da economia fluminense, ao passo que gera uma conexão eficiente ao Porto de Itaguaí e ao complexo logístico que vem se estabelecendo na região. Favorecendo a competitividade dos produtos do estado do Rio no cenário internacional.

Figura 02. Arco Metropolitano e conexões viárias no Estado do Rio de Janeiro:

Fonte: Rego; 2011.

4 A Microrregião da Baía da Ilha Grande é definida pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas

(IBGE), sendo formada pelos municípios de: Angra dos Reis e Parati.

5 A Microrregião do Vale do Paraíba Fluminense é definida pelo IBGE sendo formada pelos municípios

de: Barra Mansa, Itatiaia, Pinheiral, Piraí, Porto Real, Quatis, Resende, Rio Claro e Volta Redonda.

6 A Microrregião de Itaguaí, também definida pelo IBGE, é formada pelos municípios de: Seropédica,

Assim, temos na figura acima o município de Itaguaí destacado de laranja, e no entorno de seu território político-administrativo situam-se algumas rodovias de destaque no cenário nacional, por fazerem a conexão terrestre com o estado de São Paulo: a Rodovia Presidente Dutra e a Rodovia Rio-Santos.

Pensar nas múltiplas escalas que envolvem os grandes projetos de investimento não é uma tarefa simples. Contudo, não se pode assumir a visão única de modelos de desenvolvimentos que se apresentam apenas como locais. Ou, de modelos desenvolvimentistas que unicamente se expressam por meio das macroestruturas globais. Esta caracterização corriqueiramente superficial pode esconder as diversas formas que os megaprojetos e padrões de desenvolvimento tem apresentado nas mais diversas realidades em que se inserem.

Daí, nesta seção, faz-se o esforço de abrir um debate sobre as multiplicidades dos agentes escalares que envolvem estes megaempreendimentos. Isto porque a ótica da governança empreendida na Ilha da Madeira revela algumas características bem particulares da localidade, seus agentes comunitários e organizações da sociedade civil. Contudo, ao mesmo tempo, apresenta também suas relações com capilaridades interempresariais e intraempresariais (DICKEN, 2010). Dispondo de conexões que se dão nas escalas global, nacional, regional e local. Por meio de redes de cooperação e/ou conflito que se entrelaçam e geram relações de poder assimétricas do sistema capitalista. E sobre a dialética produzida por essas relações multiescalares, Swyngedouw (2010) nota que destes processos sócio espaciais derivam mutações da forma e da importância das escalas geográficas. Além disso, é por meio da relação dos agentes locais que se compõe um quadro de organização do poder. Afinal, onde paira o poder? Ele está nas instituições e na comunidade local, ou se revela na ação dos grandes empreendimentos de cunho internacional?

Desta forma, pensar as disputas de poder geradas pelos megaempreendimentos no bairro da Ilha da Madeira nos remete a questão da territorialidade local. E neste sentido, Robert Sack (1986) define a territorialidade como um efetivo controle de determinada área. Cabe discutir então a quem pertence o território da Ilha da Madeira, e em uma escala maior, quais agentes estabelecem a territorialidade do município de Itaguaí. Através da implementação do Plano Diretor ou da aprovação do Plano de Saneamento Básico local, existem elementos que configuram o ordenamento territorial e o modelo das políticas públicas engendradas no município.

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