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Capítulo 04 – Caracterização do Estudo de Caso: A Metodologia Participativa de

4.2 Os Municípios Estudados (Timbaúba e Nazaré da Mata)

A escolha dos municípios selecionados para o estudo de caso, Timbaúba e Nazaré da Mata, deveu-se, primeiramente, à proximidade do autor desta dissertação com a área de estudo, principalmente em decorrência dos trabalhos desenvolvidos por este junto ao PROMATA no processo de elaboração dos Planos Diretores dos grupos 01 e 02. Outro fator específico para a escolha dos referidos municípios se deve à importância dos municípios citados acima em relação ao grupo no qual estavam inseridos, objetivando proporcionar ao estudo uma melhor compreensão da aplicabilidade dos procedimentos metodológicos e, consequentemente, da Metodologia Participativa de elaboração de Planos Diretores.

35 TSE – Tribunal Superior Eleitoral, disponível em www.tse.gov.br, acessado em dezembro de 2008, e Jornal do Commercio de 30 de outubro de 2006. No primeiro turno os candidatos Mendonça Filho, Eduardo Campos e Humberto Costa obtiveram respectivamente 1.578.001, 1.356.950 e 1.008.842 votos (39,32%, 33,81% e 25,14%). No segundo turno o candidato Eduardo Campos obteve 2.623.297 de votos (65,36% dos votos válidos) contra 1.390.273 votos (34,64% dos votos válidos)

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Figura 17 – Mapa da Zona da Mata Norte Fonte: PROMATA, 2006 elaborado pelo Autor

Figura 18 – Mapa dos Municípios Estudados (Timbaúba e Nazaré da Mata) Fonte: PROMATA, 2006 elaborado pelo Autor

Os indicadores socioeconômicos da mesorregião da Mata Pernambucana refletem uma realidade na qual a pobreza e a falta de oportunidades econômicas convivem num ambiente natural de degradação, dificultando as perspectivas de melhoria da qualidade de ida da população. Esse cenário remonta, historicamente, à prática da monocultura da cana-de-açúcar, ao uso desordenado e indiscriminado dos recursos naturais e à falta de investimentos no desenvolvimento local.

122 A monocultura intensiva e extensiva da cana-de-açúcar contribuiu sobremaneira para a devastação da Mata Atlântica e dos seus ecossistemas associados, comprometendo, significativamente, a biodiversidade local, culminando com as extinções de espécies animais e vegetais e com o empobrecimento do solo.

Nazaré da Mata: O município de Nazaré da Mata está localizado na Mesorregião da Zona da Mata Pernambucana, encontrando-se na Região de Desenvolvimento da Zona da Mata Norte do Estado. De marcante presença cultural, o município se destaca, na região, pela presença do Maracatu rural de fortes raízes africanas. O município de Nazaré da Mata está localizado na parte central da Região de Desenvolvimento da Zona da Mata Norte de Pernambuco, fazendo divisa com os municípios de Carpina, Tracunhaém, Itaquitinga, Condado, Aliança, Vicência e Buenos Aires.

O seu processo de ocupação se inicia com a criação de uma sesmaria ainda em 1581, mas o povoado teve início apenas no século XVIII. Durante o século XIX, verifica-se a expansão territorial do povoado, vindo este a se tornar cidade em 1893 com o advento da república. No ano anterior, teve início o funcionamento da Linha Férrea ligando o porto do Recife ao município de Timbaúba seguindo para a Paraíba, assim como os serviços de telégrafo.

Desde a sua criação, Nazaré da Mata esteve sempre ligado, economicamente, à plantação de cana-de-açúcar e à instalação de vários engenhos que remontam do período colonial e imperial. Mesmo com a existência de engenhos para a produção de cana-de-açúcar, o município não conseguiu, ao longo de sua história, destacar-se economicamente. Não se verifica a presença de grandes indústrias no município, excetuando-se apenas o abatedouro avícola da Mauricéa, instalado às margens da BR-408. O município se destaca, regionalmente, no setor terciário, com a presença de diversos equipamentos comerciais e de prestação de serviços, com destaque para a Faculdade de Formação de Professores de Nazaré da Mata, pertencente à Universidade de Pernambuco, além do Quartel da Polícia Militar que atende aos demais municípios da sua Região de Desenvolvimento.

O município está localizado próximo à capital do Estado distando apenas 65km. do Recife. Segundo os dados do censo 2000, do IBGE, o município de Nazaré da Mata possuía uma população de 29.254 habitantes, tendo, aproximadamente, 24.704 habitantes (cerca de 84,4%) residindo em áreas urbanas do município, o que representa um grande índice de urbanização.

123 Para o ano de 2007, a contagem populacional realizada pelo IBGE uma população de 29.020 habitantes. Dentro do território municipal de Nazaré da Mata, encontra-se presente apenas um distrito onde está localizada a área urbana principal (cidade). O município ainda apresenta diversos povoados e assentamentos rurais dispersos em seu território, a exemplo dos Assentamentos Lagoa e Camarazal.

Figura 19 – Mapa do Município de Nazaré da Mata Fonte: NAZARÉ DA MATA, 2006

Nazaré da Mata apresentava, em 2000, um médio Índice de Desenvolvimento Humano, com 0,703, sendo considerado um pouco inferior ao IDH apresentado para o Estado de Pernambuco, equivalente a 0,705, mas bem abaixo do índice apresentado pelo país (0,766) naquele ano.

No ano de 2006, o município de Nazaré da Mata estava sendo administrado pelo prefeito Inácio Manoel do Nascimento, eleito pelo PSDB. Assim como os demais municípios da Zona da Mata Norte com planos diretores elaborados pelo PROMATA, o então prefeito dessa cidade também pertencia a um partido da base aliada do Governo do Estado, demonstrando grandes convergências com os ideais da gestão estadual. A coligação que compunha a gestão municipal era composta pelos partidos PMDB (partido de Jarbas Vasconcelos), PSL, PL, PSDC, PHS, PMN, PTC, PV e PSDB (partido do prefeito), apresentando basicamente partidos de pouca expressão política em nível estadual e nacional. A composição de partidos a qual estava presente na gestão municipal não apresentou influências ao processo de elaboração do plano, demonstrando certa apatia decorrente da falta de expressividade política desses partidos, sendo muitos deles considerados conservadores e avessos a modos

124 participativos de construção de políticas públicas, a exemplo do partido do prefeito – PSDB.

Timbaúba: O município de Timbaúba está localizado ao norte da Região de Desenvolvimento da Zona da Mata Norte do Estado de Pernambuco, fazendo divisa com os municípios de Camutanga, Ferreiros, Aliança, Vicência, e Macaparana, no Estado de Pernambuco, além do município de Salgado de São Félix na Paraíba.

Desde o início de sua ocupação, o território correspondente ao município de Timbaúba passa por uma grande evolução socioeconômica com a implantação de indústrias de tecer algodão e, posteriormente, com a implantação das indústrias de calçado, que alavancaram a cidade como a segunda maior produtora de calçados do país nas décadas de 1960 e 1970.

Entre as décadas de 1960 e 1980, o município passa por um período de grande aumento populacional e consequente expansão, com a implantação de loteamentos no seu perímetro urbano, empreendimentos da iniciativa privada (12) e de iniciativa pública (10), estes com a participação dos governos municipal e estadual. Na década de 1980, o município começa a viver uma profunda crise econômica, que afeta as suas indústrias, ocorrendo, na década seguinte, o fechamento de quase todas elas. Essa crise resultou na estagnação econômica apresentada no município até os dias atuais.

Segundo pesquisa realizada pelo IBGE, em relação às regiões de influência dos municípios (1993), o município de Timbaúba é influenciado apenas pelo município do Recife e exerce influência direta sobre os municípios de Macaparana, São Vicente Férrer, Vicência, Ferreiros, Aliança e Camutanga, além do município de Itabaiana, na Paraíba. Timbaúba, em termos de influência na região em que se insere, equipara-se ao porte de Olinda e Jaboatão dos Guararapes, dentro da Região Metropolitana do Recife. O município dispõe de serviços bancários, educacionais de primeiro e segundo graus, além de uma rede hospitalar e de assistência social. No que diz respeito à economia, Timbaúba concentra parte da produção agrícola da Mata Norte pernambucana.

De acordo com dados do censo demográfico do IBGE de 2000, o município de Timbaúba tinha uma população de 56.906 habitantes. Aproximadamente 77% da população habitavam a zona urbana (95,03% residindo no perímetro urbano do distrito-sede), o que corresponde a mais de 44 mil habitantes, percentual superior ao

125 da Zona da Mata Norte, que é de 69,68%, ao da Zona da Mata, de 69,03% e ao do Estado de Pernambuco, que equivale a 76,51%.

A população do município está em torno de 51.050 habitantes, segundo dados do levantamento populacional do IBGE, realizado em 2007. De acordo com os dados apresentados, houve um declínio populacional no município numa média de 5856 habitantes em sete anos, o que vem a demonstrar a forte estagnação36 (por vezes recesso econômico) apresentada pelo município nos últimos anos, ocasionando a expulsão dos seus habitantes.

No ano de 2000, o município de Timbaúba apresentou o Índice Municipal de Desenvolvimento Humano - IDH-M de 0,649, índice bastante inferior ao do Estado de Pernambuco, que foi de 0,705, e do Brasil 0,766. O município apresenta todos os indicadores sociais de desenvolvimento inferiores aos apresentados pelo Estado, sendo seu Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) considerado muito baixo, refletindo a grande concentração de renda da população e a deficiência da oferta de serviços básicos prestados à comunidade nas áreas de saúde, educação, saneamento e assistência social.

Em 2003, segundo dados do IBGE, o terciário representava o setor econômico mais importante do município, respondendo a 51,10% das pessoas ocupadas. O setor secundário vinha em seguida, abrangendo 48,35% das pessoas ocupadas formalmente, principalmente nas indústrias de transformação como a calçadista, de tecelagem e alimentícia, além da Usina Cruangi considerada a maior empregadora formal do município. Ainda no setor secundário, encontrava-se a produção artesanal de redes no bairro de Mocós, atividade que remonta às origens do município. A produção artesanal abriga atualmente cerca de 100 pessoas e apresenta-se com grande potencial de expansão.

Vale ressaltar que os altos índices de pobreza da população devem-se, principalmente, à renda per capita muito baixa, no caso, menor que o salário mínimo. De acordo com os dados do Censo 2000 do IBGE, cerca de 62,85% da população do município era considerada pobre.

Ao que se refere ao arranjo institucional da gestão municipal no momento de elaboração do Plano Diretor, a prefeitura do município de Timbaúba estava sendo

36 A estagnação econômica presenciada no município foi decorrente da abertura política presenciada no país na década de 1990, resultando no aumento das exportações, dentre elas, as de calçados advindos da China a preços mais baixos do que os produzidos nacionalmente, resultando na falência das indústrias de calçado do município, produzidos de forma mais artesanal. (LIMA, 2006)

126 governada pelo prefeito Antônio Galvão Cavalcanti Filho, eleito pelo PMDB, partido da base aliada do então governador do Estado, observando-se uma grande convergência ao que concernem os modelos de gestão das duas gestões (Municipal e Estadual). Dentro da sua base aliada que compunha a gestão municipal, estavam partidos como PP, PT, PTB, PFL, PSDC, PMN, PSB, PV, PC do B. Observa-se, dentro da composição da coligação, uma grande presença de partidos considerados de esquerda, o que possibilitava uma grande influência destes no processo de elaboração do Plano, havendo, assim, divergências, mesmo tendo partidos que estavam mais alinhados com as ideias defendidas pelo governo do Estado.

Figura 20 – Mapa do Município de Timbaúba Fonte: TIMBAÚBA, 2006