• Nenhum resultado encontrado

Capítulo 04 – Caracterização do Estudo de Caso: A Metodologia Participativa de

4.1 O Programa de Apoio ao Desenvolvimento Sustentável da Zona da Mata de

4.1.1 Os Planos Diretores

Na tentativa de estabelecer uma relação entre os investimentos despendidos pelos Planos de Investimento Municipal – PIM e o desenvolvimento territorial dos municípios da Zona da Mata, o PROMATA se responsabilizou pela elaboração dos Planos Diretores, junto aos municípios que se enquadravam nas exigências estabelecidas pelo Estatuto das Cidades e se encontravam obrigados a elaborarem seus Planos Diretores até outubro de 2006.

Segundo o Prof. Sérgio Buarque o processo de planejamento territorial local associado às iniciativas voltadas ao desenvolvimento local sustentável se desenrola segundo o esquema a seguir (Figura 26), onde se verifica, primeiramente, a elaboração e implementação do Plano de Desenvolvimento Local Sustentável (no caso dos municípios da Zona da Mata se referem aos Planos de Investimento Municipal – PIM), de onde partem o rearranjo das estruturas socioeconômicas presentes no plano local e regional, vindo a reverberar no processo de ocupação espacial, necessitando assim de

117 instrumentos de política urbana que visem o controle desse processo de ocupação com vistas no direcionamento correto da forma de ocupação do espaço.

Figura 16 – Processo de Planejamento voltado ao Desenvolvimento Urbano Sustentável Fonte: Sérgio Buarque33, 2008

No início de 2006, o PROMATA começa a desenvolver os primeiros movimentos em torno da elaboração dos Planos Diretores dos municípios que estavam naquele momento obrigados a elaborarem seus Planos Diretores e ainda não haviam cumprido esta exigência legal. Naquele ano, apenas os municípios de Goiana e Paudalho na Mata Norte, e Vitória de Santo Antão e Pombos na Mata Sul, possuíam Planos Diretores elaborados pela Agência CONDEPE-FIDEM e aprovados nas suas respectivas Câmaras de Vereadores, já tendo para tanto, atendido as exigências estabelecidas pelo Estatuto da Cidade. O município de Carpina, no momento de levantamento da Legislação Urbanística existente, já havia aprovado uma Lei denominada de Plano Diretor, ficando assim excluído do processo de elaboração desenvolvido pelo PROMATA.

Em detrimento da obrigatoriedade de elaboração dos planos diretores, as Regiões de Desenvolvimento da Zona da Mata Norte e Zona da Mata Sul detinham ainda 19 municípios em exigência legal, de acordo com os critérios estabelecidos pelo Estatuto da Cidade. Primeiramente o Promata firmou acordo junto aos municípios com a assinatura do Convênio de Cooperação Técnica.

A viabilização do processo de elaboração dos planos necessitou da constituição de uma estrutura que pudesse subsidiar a realização dos trabalhos. A estrutura desenvolvida constava da organização de uma equipe técnica especializada, a ser composta por profissionais de diversas áreas de conhecimento, além de estrutura

118 física e material que proporcionasse a realização desses trabalhos, com a estruturação de escritório de apoio técnico.

Devido ao grande número de planos que deveriam ser elaborados, e ao curto intervalo de tempo (de junho a outubro de 2006), e respeitando a divisão do IBGE (Zona da Mata Norte e Zona da Mata Sul), os municípios da Zona da Mata de Pernambuco foram agrupados em duas grandes áreas respeitando essa divisão (Zona da Mata Norte com 9 municípios, e Zona da Mata Sul com 10 municípios). As duas microrregiões foram divididas em mais duas subáreas cada, de acordo com as suas proximidades, como forma de melhor aproveitamento dos trabalhos. Os trabalhos eram coordenados através de uma coordenação geral, e por duas coordenações responsáveis por cada microrregião. As subáreas eram as unidades básicas constituindo de especialistas responsáveis pelas áreas de planejamento urbano, meio ambiente, mobilidade e acessibilidade e direito urbano, além de arquitetos de equipe de apoio.

Municípios com Planos Diretores elaborados pelo PROMATA

Zona da Mata Norte Zona da Mata Sul

Grupo 01 Grupo 02 Grupo 03 Grupo 04

Aliança Glória do Goitá Amaragi Água Preta

Condado Lagoa de Itaenga Escada Catende

Itambé Nazaré da Mata Gameleira Palmares

Macaparana Vicência Ribeirão Quipapá

Timbaúba Rio Formoso

São José da Coroa Grande

Quadro 07 – Municípios com Planos Diretores elaborados pelo PROMATA Fonte: PROMATA, 2006

Partindo do arranjo institucional ao qual originou a elaboração dos Planos Diretores, encontra-se no plano federal o governo do presidente Lula, sendo uma gestão com ideais progressistas liderado pelo Partido dos Trabalhadores com o Presidente da República, estando na base aliada o PRB (partido do vice-presidente José Alencar), PCdoB, PSB, PMDB, PTB, PDT, entre outros.

O governo do Estado de Pernambuco estava sendo gerido pelo governador Mendonça Filho do PFL (atual DEM), eleito vice-governador na chapa encabeçada por Jarbas Vasconcelos, que havia renunciado para disputar as eleições ao senado federal.

119 Dentre os partidos que faziam parte da gestão estavam o PFL (partido do governador), PMDB (partido de Jarbas Vasconcelos), PSDB e PPB (atual PP), entre outros. Ressalta-se que o PMDB alinhado com Jarbas considera-se mais de direita, encontrando-se em oposição ao governo federal.

No momento de elaboração dos planos diretores municipais, havia uma grande confluência de forças, dentro das engenharias políticas, onde os governos dos municípios em que estavam sendo elaborados os Planos Diretores pelo Promata, estarem sendo governados por partidos da base aliada, ou o mesmo partido do governo estadual.

Características Políticas das Prefeituras dos Municípios da Zona da Mata Norte com Planos Diretores elaborados pelo PROMATA

Município Partido Prefeito Coligação

Grupo 01

Aliança PSDB Carlos José De Almeida Freitas PT / PSL / PFL / PSDB

Condado PFL José Edberto Tavares De Quental PTB / PTN / PFL / PAN /

PRONA / PC do B

Itambé PSDB José Frederico César Carrazzoni PP / PSC / PPS / PFL /

PSDB

Macaparana PFL Maviael Francisco De Morais

Cavalcanti Filho PSL / PFL / PSDC

Timbaúba PMDB Antonio Galvão Cavalcanti Filho

PP / PT / PTB / PMDB / PFL / PSDC / PMN / PSB / PV / PC do B

Grupo 02

Gloria Do Goitá PSDB Zenilto Miranda Vieira PP / PMDB / PFL / PSDB

Lagoa De Itaenga PMDB Carlos Vicente De Arruda Silva PP / PT / PMDB / PSDB

Nazaré Da Mata PSDB Inácio Manoel Do Nascimento

PMDB / PSL / PL / PSDC / PHS / PMN / PTC / PV / PSDB

Vicência PP Jose Rufino Da Silva PP / PV

Quadro 08 – Características Políticas das Prefeituras dos Municípios da Zona da Mata Norte com Planos Diretores elaborados pelo PROMATA

Fonte: TSE, 2008 elaborado pelo Autor

Ainda no período de elaboração dos Planos Diretores, o país presenciava grandes movimentações políticas em decorrência das eleições para escolha dos cargos de presidente e governador, dentre outros34. A nível nacional ocorre a reeleição do Presidente Lula, dando continuidade nos trabalhos elaborados junto ao Ministério das

deste trabalho em agosto de 2008, encontrando-se desenhado em croqui.

34 Dentre os demais cargos em disputa nas eleições de 2006, estavam à escolha dos deputados federais, deputados estaduais e uma vaga por Estado para senador.

120 Cidades, órgão responsável pela coordenação nacional dos Planos Diretores. Em nível estadual verifica-se o embate entre dois campos opostos, onde de um lado está o então governador José Mendonça Filho do então PFL, na tentativa de reeleição; e do outro, presencia-se a polarização entre os candidatos Humberto Costa do PT e Eduardo Campos do PSB. Em virtude dos encaminhamentos dados durante o período de campanha, o candidato Humberto Costa fica apenas com o terceiro lugar. A disputa eleitoral passa para o segundo turno com a disputa entre os candidatos Mendonça Filho e o candidato oposicionista Eduardo Campo, já apoiado naquele momento por Humberto Costa (que iria a ser o então Secretário das Cidades no Governo de Eduardo Campos) e pelo Partido dos Trabalhadores. Devido ao arranjo político presenciado entre os candidatos, verifica-se a transferência de votos do candidato derrotado Humberto Costa para o candidato Eduardo Campos. Com isso Eduardo consegue aglutinar votos de todos os candidatos derrotados e vencer aquela eleição com mais de 65,36% dos votos válidos35.

Mesmo em decorrência das disputas políticas, o processo de elaboração dos Planos Diretores não sofre influências diretas, pois todos os trabalhos desenvolvidos se encerram em dezembro de 2006, ainda dentro da gestão de Mendonça Filho.