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Os Nutrientes e Nosso Sistema Imunológico

No documento LIVRORay D. St.. (páginas 131-138)

Examinemos, uma vez mais, a literatura médica e vejamos como cada um desses nutrientes afeta, de fato, nossa resposta imunológica.

Vitamina E

Macrófagos deficientes em vitamina E liberam mais radicais livres e vivem menos. Nosso sistema imunológico usa esta produção de radicais livres para destruir os invasores estranhos, valendo-se precisamente da criação de estresse oxidativo. Este é o lado "bom" do estresse oxidativo, desde que fique sob controle. A deficiência de vitamina E também afeta a diferenciação de nossas células T no rimo; isso provoca um desequilíbrio entre as células T auxiliares e T supressoras. A baixa produção de células T supressoras é uma das principais razões pelas quais a resposta inflamatória pode fugir ao controle. Lembre-se de que as células T supressoras são a tropa de choque essencial para apaziguar a resposta imunológica e limitar os danos colaterais. Alguns pesquisadores acreditam que o mau funcionamento das células T supressoras esteja no âmago da resposta auto-imune.

Estudos demonstram que a suplementação de vitamina E corrige esta deficiência do sistema imunológico e ajuda a eliminar infecções. Estudos clínicos demonstraram ainda que o efeito pró-imunológico da suplementação de vitamina E é ainda maior em idosos e em indivíduos com síndromes de má absorção. A doença de Mark, por exemplo, envolvia tanto o intestino delgado como o cólon, o que provocava essencialmente uma má absorção desses nutrientes. A suplementação de vitamina E também pode proteger dos efeitos imunossupressores do cortisol, o qual é liberado em grandes quantidades no caso de respostas que envolvem estresse.

Carotenóides

Uma propriedade bem conhecida dos carotenóides é sua capacidade de proteger o tecido normal circunvizinho de danos potenciais provocados pela reação inflamatória do sistema imunológico. A suplementação de carotenóides pode aumentar o número e a eficiência das células T auxiliares e das células citotóxicas naturais,

que, como você já aprendeu, constituem uma parte importante de nosso sistema defensivo contra células cancerígenas. Isso melhora, em muito, a detecção de tumores de nosso sistema imunológico.

Vitamina C

O dr. Linus Pauling teve grande influência na conscientização das pessoas quanto à importância da suplementação de vitamina C, bem como de sua capacidade de fortalecer o sistema imunológico. Embora ainda discutamos se doses maciças de vitamina C são boas para o resfriado comum, seus efeitos benéficos para o sistema imunológico estão muito bem estabelecidos. Demonstrou-se que a vitamina C melhora o funcionamento dos macrófagos. Isso fortalece significativamente a primeira linha de defesa contra infecções bacterianas.

É mais prudente tomar boas doses diárias de vitamina C do que tomar doses maciças no momento em que se acredita estar com uma infecção. Em um certo estudo, as pessoas que tomavam um grama diário de vitamina C durante mais de dois meses apresentaram uma melhoria notável em diversos aspectos do sistema imunológico. A vitamina C também tem a capacidade de regenerar a vitamina E e de lidar com os excessivos radicais livres que se encontram no plasma. Ambas as propriedades incrementam a capacidade da vitamina C de aprimorar o sistema imunológico.

Glutationa

A suplementação das matérias-primas da glutationa (a N-acetil L- cisteína, o selênio, a niacina e a vitamina B2) tem trazido melhoras significativas ao sistema imunológico como um todo. Mesmo pacientes infectados pelo HIV experimentaram esse efeito positivo.

Coenzima Q10

Conforme envelhecemos, nossos níveis de CoQ10 declinam e deixam a rnitocôndria (o forno da célula) especialmente vulnerável a lesões oxidativas. A CoQ10 é fundamental para o funcionamento otimizado do sistema imunológico, em razão de seu papel considerável na produção de energia nas células desse sistema. Demonstrou-se que a suplementação de CoQ10 reverte esses problemas e fortalece consideravelmente o sistema imunológico.

Zinco

Praticamente todas as funções de nosso sistema imunológico requerem zinco. Sua deficiência prejudica diversos aspectos do sistema: o número de linfócitos se reduz, o funcionamento de muitos glóbulos brancos sofre drasticamente e os níveis do hormônio timoestimulante, que é um forte estimulador do sistema imunológico, caem.

Muita gente recorre a pastilhas de zinco quando contrai um resfriado. Estudos demonstraram que a ingestão dessas pastilhas de duas em duas horas pode reduzir, em muitos dias, a duração de um resfriado. Pesquisadores acreditam que o zinco não somente fortalece o sistema imunológico como inibe a replicação do vírus. Mas cumpre dar um alerta aqui: se a pessoa consumir altas doses de zinco por períodos muito longos, isso poderá, na verdade, suprimir seu sistema imunológico. Não me oponho ao uso de altas doses de zinco ou mesmo de vitamina C por períodos curtos, em caso de resfriados; mas acredito que o uso consistente e em longo prazo de doses otimizadas desses nutrientes como suplementação seja melhor para os sistemas de defesa antioxidante e imunológico.

Quando todos os agentes de nosso sistema imunológico estiverem funcionando no máximo de sua capacidade, nossa saúde, em geral, será a óbvia beneficiária. As crianças conseguem otimizar seu sistema imunológico pela suplementação nutricional no espaço de seis meses.

O envelhecimento é geralmente associado à avaria de nossas respostas imunológicas, o que aumenta a freqüência e a gravidade das infecções. As infecções, de fato (e especialmente aquelas do trato respiratório), são a quarta maior causa de mortes entre os idosos.

O British Lancet divulgou recentemente um estudo em que pacientes idosos receberam ou níveis otimizados de suplementos nutricionais ou um placebo. Os pacientes que receberam suplementos nutricionais tiveram melhorias significativas em sua resposta imunológica como um todo, e sofreram infecções com menos freqüência e menos gravidade do que os pacientes que receberam o placebo. Foi necessário, pelo menos, um ano de suplementação para que otimizassem seu sistema imunológico, mas, no final, os beneficios foram muito expressivos. Esse estudo, ao lado de diversos outros, confirma o fato de que nosso sistema imunológico depende ao extremo desses micronutrientes, assim como nosso sistema de defesa antioxidante.

A Resposta Inflamatória

Você tem visto ao longo deste livro que a inflamação é um sério inimigo. Sabe que a doença do coração é na verdade uma doença inflamatória e não do colesterol. Os problemas devastadores de Mark resultavam todos da inflamação do intestino. No Capítulo 11 você lerá que milhões de nós estamos desenvolvendo artrite devido ao aumento de inflamação em nossas articulações. E a causa subjacente da asma é, em essência, a inflamação.

Dito de forma simples, a maioria de nós simplesmente tem inflamações demais no organismo. Precisamos restaurar o equilíbrio desse excesso de inflamações, e os suplementos nutricionais são a chave para isso.

A resposta inflamatória é o resultado de uma complicada corrente de eventos envolvendo a resposta imunológica, que libera quantidades enormes de radicais livres, enzimas cáusticas e citocinas inflamatórias. Já est1!damos a resposta imunológica básica, mas

agora devemos estudar a maneira de lidar com a resposta inflamatória prolongada (a inflamação crônica) que essas citocinas geram.

Os suplementos antioxidantes são nossa melhor ferramenta. Eles melhoram nosso sistema imunológico, ajudam a controlar a resposta inflamatória e fortalecem nossa defesa antioxidante, que, por sua vez, protege nossas células normais do ataque da inflamação. Mas há um outro aspecto importante da resposta inflamatória que devemos considerar: o sistema antiinflamatório natural de nosso organismo. Isso mesmo. Já passou pela sua mente, quando você procura o frasco de Advil, que seu corpo gera seus próprios produtos antiinflamatórios? Vejamos que produtos são esses.

Ácidos Graxos Essenciais

Nem todos os ácidos graxos são ruins. A bem dizer as gorduras essenciais são exatamente isso - essenciais para o corpo. O corpo não pode fabricar tais gorduras, e portanto precisa obtê-Ias da comida. Ele as utiliza para criar membranas celulares saudáveis, bem como certos hormônios chamados prostaglandinas. Os dois ácidos graxos essenciais mais importantes são os do tipo ômega 3, chamados de ácido alfa-linoleico, e os do tipo ômega 6, chamados simplesmente de ácido linoleico. Nosso corpo converte os ácidos graxos ômega 3 em um tipo de prostaglandina que tem grande atividade antiinflamatória. Já os ácidos graxos ômega 6 são convertidos em um outro tipo de prostaglandina com atividade pró-inflamatória.

A proporção de consumo de ácidos graxos ômega 6 e ômega 3 geralmente aceita como otimizada é de 4:1. Isso significa que devemos ingerir quatro vezes mais ômega 6 do que ômega 3.

Os ácidos graxos ômega 6 são abundantes na dieta ocidental; eles se encontram em nossa carne bovina, produtos laticínios e alimentos processados. Obtemos ácidos graxos ômega 3 à partir de óleos vegetais como o de linhaça, de canola, de abóbora e de soja. Essas gorduras também se encontram em peixes de água fria como a cavala, a sardinha, o salmão e o atum. Como você pode presumir, o

norte-americano médio consome mais ácidos graxos ômega 6 do que ômega 3 - muito mais, na verdade. Em média, consumimos em nossa dieta uma proporção de 20:1 ou mesmo de 40:1 dessas gorduras!

Isso faz com que nossos corpos produzam significativamente mais produtos inflamatórios do que antiinflamatórios. O desequilíbrio no consumo desses ácidos graxos essenciais é a principal razão do desequilíbrio na produção desses hormônios por nosso corpo. É por isso que muitos indivíduos no mundo industrializado precisam tomar óleo de linhaça e de peixe em suplementação para tentar restaurar tal equilíbrio.

Eis aqui outro fato desconhecido: as gorduras essenciais também têm a capacidade de reduzir nossos níveis totais de colesterol e nossos níveis de colesterol LDL (ou maligno). Isso significa que nem todas as gorduras são iguais. Eu não só estimulo meus pacientes a tomar suplementos de ácidos graxos ômega 3 como também a reduzir seu consumo de gordura saturada. Quando combinamos esses dois esforços, a inflamação do organismo volta rapidamente ao controle, e os níveis de colesterol melhoram.

Diversos estudos indicaram melhoras clínicas significativas em pacientes que, tendo artrite reumatóide, lúpus, doenças do coração, esclerose múltipla e praticamente qualquer moléstia envolvendo inflamações, tomaram essas importantes gorduras essenciais em suplementação. Esse é um dado muito importante para manter sua saúde - ou recuperá-Ia, caso você a tenha perdido.

Já estudamos uma série de características de nosso sistema imunológico e a forma como ele deveria funcionar. Também falamos dos problemas que ocorrem quando a resposta inflamatória normal foge ao controle. Mas agora temos de considerar a pior situação possível - o que acontece quando nosso sistema imunológico controla um motim e passa a atacar nosso próprio corpo.

No documento LIVRORay D. St.. (páginas 131-138)