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Capítulo 3 – Fundamentos Teóricos dos Sistemas de Custos

3.2. Os objetivos da Contabilidade de Custos

Quais são de fato os objetivos básicos da Contabilidade de Custos? O que as empresas que adotam esta sistemática procuram? Que tipo de informações estes sistemas podem fornecer às organizações públicas? Segundo Villas Boas (2001) apud De Rocchi (1999) “(...) a Contabilidade de Custos apresenta como seus principais objetivos a apreensão, classificação, registro, análise, interpretação de valores físicos e monetários de variações patrimoniais – ocorridas, projetadas ou simuladas – pertencentes ao ciclo operacional interno, com vista à tomada de decisões de cunho administrativo, nos diversos níveis de comando da entidade”. Assim, as quatro ordens de objetivos da Contabilidade de Custos para De Rocchi (1999) são:

“1. A apreensão das variações patrimoniais ocorridas no ciclo operacional interno da entidade, com vistas à sua correta avaliação e, conseqüentemente, dos ativos e despesas a elas concernentes;

2. A apuração dos resultados por portador final dos custos, diante dos seus preços de venda;

3. A avaliação da eficácia das operações, diante de parâmetros estabelecidos, ou seja, o controle da economicidade operacional;

4. A análise de alternativas, reais, possíveis ou simuladas, que busquem alterações no todo ou em parte, nas operações da entidade. “

Essas quatro ordens de objetivos destacam a estreita ligação da Contabilidade de Custos com a atividade produtiva (ciclo operacional) da entidade, enfocando os resultados obtidos em termos de valor, o controle das operações e a tomada de decisão. Na mesma linha de raciocínio Leone (2001, p. 18) conceitua a Contabilidade de Custos como:

“(...) o ramo da função financeira que acumula, organiza, analisa e interpreta os custos dos produtos, dos estoques, dos serviços, dos componentes da organização, dos planos operacionais e das atividades de distribuição para determinar o lucro , para controlar as operações e para auxiliar o administrador no processo de tomada de decisões e de planejamento” (grifos nossos).

Novamente, nesta definição dos objetivos da Contabilidade de Custos, podem-se notar claramente três aplicações possíveis:

1. Custos para avaliação dos estoques e do patrimônio e, conseqüentemente, para determinação do lucro e análise de rentabilidade (condensando-se os itens 1 e 2 da visão de De Rocchi);

2. Custos para controle das operações relativas ao processo produtivo;

3. Custos para auxílio ao administrador no processo de tomada de decisões de planejamento.

Martins (2000) enuncia também três grandes aplicações da Contabilidade de Custos, de modo sintético: Custos para Avaliação de Estoques, Custos para Controle e Custos para Tomada de Decisão. O exame da literatura sobre custos revela que pelo menos uma destas três grandes funções sempre está presente nos trabalhos dos principais autores. Trata-se de uma visão já consolidada no tocante aos objetivos da Contabilidade de Custos e de um Sistema de Custos. A compreensão deste ponto é importante no momento de se definir o modelo básico do Sistema de Custos para uma organização pública, pois este deve ser planejado e executado de acordo com o maior ou menor peso que se destine aos objetivos escolhidos.

Sobre esse aspecto Leone (2001, p. 9) alerta:

“(...) a idéia básica de custos, atualmente, é de que eles devem ser determinados tendo em vista o uso a que se destinam. (...) Por isso, a contabilidade de custos, quando acumula os custos e os organiza em informações relevantes, pretende atingir três objetivos principais: a determinação do lucro, o controle das operações e a tomada de decisões”.

Isso significa que, se o objetivo da entidade for apenas instituir uma forma mais eficaz de avaliação dos seus estoques, o seu Sistema de Custos apresentará uma determinada feição; se por outro lado, o objetivo for o de estabelecer controles sobre o ciclo operacional, a conformação do sistema será outra; e finalmente, se a finalidade for a de buscar informações subsidiárias ao processo de tomada de decisão, a configuração final do sistema será específica para isto.

É possível ainda que um Sistema de Custos busque simultaneamente dois ou os três objetivos, e nesse caso se apresentará de outra maneira diferente das anteriores. De fato, ao identificar as principais questões com as quais os autores de defrontam no tocante aos procedimentos de apuração e análise de custos, percebe-se que a discussão sobre qual o

melhor método de custeio, por exemplo, se resolve em grande parte diante de um caso concreto, de uma necessidade específica, de um objetivo definido. Esse tema é tratado mais adiante, na seção que aborda os métodos de custeio, mas desde já citamos um exemplo: a controvérsia teórica sobre os métodos de custeio por absorção e custeio direto (ou variável) praticamente se resolve frente a um caso concreto, qual seja, o objetivo de determinação do valor dos estoques, para o qual a legislação brasileira já estabelece a obrigatoriedade do custeio por absorção; por outro lado, se o objetivo for uma análise de rentabilidade no curto prazo, nada impede que o método de custeio direto ou variável seja usado internamente, para gerar informações aos dirigentes da empresa.

Assim, revela-se aqui um dos fundamentos dos Sistemas de Custos: a sua finalidade potencial tríplice, objetivando alternadamente ou simultaneamente a avaliação dos estoques, o controle gerencial e a tomada de decisão. Esse caráter determina que o Sistema de Custos deverá ser projetado numa determinada organização de acordo com os objetivos desejados pela mesma dentre as três grandes finalidades apontadas. Essa escolha, por sua vez, dependerá da própria atividade desenvolvida pela organização, pois a Contabilidade de Custos está profundamente relacionada ao ciclo produtivo da entidade. Uma organização pública poderá, neste raciocínio, projetar um Sistema de Custos voltado para suas necessidades de modo a atingir um ou mais destes objetivos, embora no caso específico das entidades da Administração Direta os objetivos 2 e 3 (controle operacional e tomada de decisão) sejam mais relevantes.