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CAPÍTULO II – METODOLOGIA DA PESQUISA

2.4 OS PARTICIPANTES DO ESTUDO

Os participantes deste estudo são uma professora de língua inglesa e seus 29 alunos da 7ª série (atual 8º ano) do ensino fundamental, segunda fase.

A professora participante desta pesquisa foi convidada a participar desta investigação por dois motivos principais: primeiro pela relação profissional que já havia entre a mesma e a pesquisadora; e, segundo, porque a professora mostrou-se interessada em participar da pesquisa. O coleguismo entre a participante e a pesquisadora estreitou o relacionamento entre ambas, facilitando a aproximação à escola investigada. A turma dos alunos participantes foi selecionada pela professora participante, de acordo com a compatibilidade de horários entre as aulas e a disponibilidade desta pesquisadora para as observações das aulas. Outra característica para a seleção dos alunos foi a série que cursavam. Devido ao objetivo da investigação, era

imprescindível a experiência prévia dos aprendizes em relação ao ensino e aprendizagem de inglês, o que somente poderia existir em uma série mais adiantada como o 8º ano (7ª série). Na escola pública, o ensino da LE é iniciado no 6º ano (5ª série), ou seja, oficialmente, a maioria desses participantes teve o primeiro contato com a LE há dois anos.

2.4.1 A professora participante

Andréa70 tem 28 anos de idade, é casada, não tem filhos. É graduada em Letras pela Universidade Federal de Goiás, localizada na capital do estado. Iniciou a Pós-Graduação Lato- Sensu em Língua Inglesa em uma universidade particular na cidade onde reside, concluindo todas as disciplinas que compunham o curso. Porém, devido a problemas de ordem pessoal, não prosseguiu com a finalização da monografia exigida para a conclusão do curso, o que causou a sua desistência.

Andréa ensina a língua inglesa como LE desde 2000, tendo trabalhado em diferentes escolas de idiomas. Atualmente, trabalha para a rede pública, no ensino fundamental, segunda fase (de 5ª a 8ª séries) no turno vespertino e ensino médio (1ª a 3ª séries) no turno matutino; para a rede particular, no ensino fundamental, primeira fase (de 1ª a 4ª séries) no turno matutino, e em uma escola de idiomas. Infelizmente, Andréa faz parte do grande número de professores brasileiros que necessitam estar em sala de aula em dupla ou até mesmo tripla jornadas de trabalho para garantir a remuneração necessária para a sobrevivência. Portanto, pode-se notar a excessiva carga horária a que se dispõe a trabalhar, ao necessitar empregar-se em três escolas completamente diferentes, as quais aplicam metodologias distintas e regras institucionais também diferentes. Essa diversidade de ambientes profissionais tornou-se uma vantagem para esta pesquisa, uma vez que a participante possui diferentes experiências profissionais. Diante da diversidade de contextos educacionais em que Andréa leciona a LI, a auxiliou a formar e (re)significar as suas crenças.

70 A professora participante desta investigação recebeu o pseudônimo Andréa, uma vez que sua identidade, por

A participante iniciou seus estudos de inglês aos 7 (sete) anos de idade, com um professor particular. A motivação para aprender o idioma surgiu quando criança, por intermédio de uma tia que apreciava estudar e cantar músicas em inglês. Desde então, Andréa percebeu que a aprendizagem do inglês seria uma de suas grandes paixões. A escolha pela profissão aconteceu quase que por acaso, quando percebeu que não possuía o perfil necessário para a carreira médica. A sua segunda opção foi, então, tornar-se professora de inglês, uma vez que admirava a língua e estimava ajudar pessoas. Andréa encontrou na profissão uma oportunidade de unir as duas habilidades que possuía.

A professora participante desta pesquisa possui uma boa competência lingüístico-comunicativa e algum conhecimento teórico a respeito de EALE, devido à especialização em língua inglesa que freqüentou. Infelizmente, como mencionado anteriormente, Andréa desistiu da especialização em Língua Inglesa uma vez que não concluiu o trabalho final, a monografia, que o curso exigia. Em relação à desistência da pesquisa, a professora salienta não possuir motivação para terminar a investigação proposta, uma vez que se encontra decepcionada com a profissão. Andréa destaca que não pretende prosseguir por muito mais tempo na educação, por diversos motivos, entre eles, a baixa remuneração, a dificuldade em lidar com problemas comportamentais dos alunos ou institucionais, os quais têm lhe causado problemas psicológicos graves, como stress excessivo e depressão. A participante acredita não possuir o perfil necessário para o correto ou completo desenvolvimento do trabalho de ensinar, o que a leva à frustração. No momento, além de trabalhar excessivamente, ainda se prepara para concursos públicos, com a intenção de abandonar definitivamente as salas de aula.

2.4.2 Os aprendizes participantes

Os aprendizes participantes desta investigação são 28 alunos do 8º ano (7ª série) do ensino fundamental, segunda fase. A idade cronológica dos alunos varia entre 11 e 15 anos de idade, sendo que um aluno tem 11 anos de idade, 16 têm 12 anos, 6 têm 13 anos, 3 têm 14 anos e 2 alunos têm 15 anos de idade. Conforme mostra o gráfico 2.1, a diferença de idade entre os alunos de uma mesma turma é bastante significativa, inclusive com um pequeno número de alunos considerados atrasados. De acordo com as informações coletadas através de conversas informais com funcionários da escola, com a coordenadora, diretora, outros professores e

inclusive, as merendeiras, muitos dos alunos que freqüentam esta unidade escolar o fazem por terem sido reprovados em outras escolas, públicas ou particulares. Esse fato pode explicar a variação de idade na sala de aula e principalmente a presença de adolescentes que deveriam estar em séries mais adiantadas.

Gráfico 2.1: Idade dos alunos informantes

1 4% 16 57% 6 21% 3 11% 2 7%

11 anos 12 anos 13 anos 14 anos 15 anos

A maioria dos alunos nunca teve acesso a escolas particulares de ensino de inglês. Todavia, quatro dos vinte e nove alunos já estudaram ou estudam em instituições particulares voltadas para o ensino do inglês. De acordo com o gráfico 2.2, a maioria dos participantes desta investigação, 88% (25 alunos) não possui outro tipo de experiência acadêmica71 em relação ao ensino da LE, ou seja, apenas 14% (4 alunos) tiveram diferentes experiências anteriores na aprendizagem da língua.

71 Ao referir-me a uma experiência acadêmica diferente da escola pública, sugiro que as escolas particulares, de

onde alguns participantes são oriundos, geralmente, não oferecem um ensino muito diferenciado do recebido na escola pública. Portanto, considero uma abordagem diferenciada aquela oferecida em escolas de idiomas.

Gráfico 2.2: Alunos que freqüentaram ou freqüentam escolas de idiomas

4 14% 25 86% Alunos que já freqüentaram escolas de idiomas Alunos que nunca freqüentaram escolas de idiomas

A escola, apesar de ser estadual, é considerada pelos alunos como uma escola particular, uma vez que precisam fazer o pagamento de uma pequena taxa mensal à instituição. Além disso, diferentemente de outras escolas da rede pública de ensino, neste estabelecimento de ensino, os alunos adquirem os livros das disciplinas, inclusive o livro de LI. Podemos notar, então, que a clientela dessa escola é um pouco diferenciada financeiramente das demais escolas da rede pública estadual ou municipal. Outra diferença da escola pública para a conveniada é o fato da escola não oferecer lanche gratuitamente, ou seja, os alunos precisam levar de casa ou comprar o lanche na cantina da escola.

Tendo apresentado o perfil dos alunos participantes desta pesquisa, prossigo para uma breve descrição da professora-pesquisadora da investigação.

2.4.3 O livro didático utilizado pela professora participante

O livro didático de LI adotado pela escola investigada é o “Go on, an English course” (Book 3), escrito por Valter Lellis Siqueira e Edson Leone Pellizon; publicado por uma editora nacional. A escolha do livro didático foi realizada pela escola, sem a participação da professora que assumiria as turmas naquele ano.

Além do livro didático, os recursos extras são limitados uma vez que a escola não disponibiliza materiais didáticos, como fotocópias de exercícios, aparelhagem de som ou atividades extras. O aparelho de TV é compartilhado por todos os professores da escola, o que dificulta a sua utilização, uma vez que deve ser reservado com bastante antecedência.