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CAPÍTULO IV- CONHECENDO A PESQUISA

4.3. Os procedimentos metodológicos

A pesquisa em campo foi realizada nos meses de agosto a dezembro de 2011, contando com a observação e entrevistas semiestruturadas (Anexos 1, 2 e 3) com as professoras que atuam em creches, da Rede Municipal de uma cidade do interior do Estado de São Paulo.

As participantes foram três professoras de três diferentes Centros Municipais de Educação Infantil (CEMEI), selecionadas a partir dos seguintes critérios: 1) ser formada em um curso de Pedagogia; 2) ser efetivo no CEMEI da cidade onde será realizada a pesquisa; 3) ser iniciante na educação infantil com no máximo cinco anos de profissão.

Ao selecionar professores em construção inicial de carreira na educação infantil e ter no máximo cinco anos de experiência, se deve ao sistema de atribuição de aulas e sede aos professores concursados na Rede Municipal, uma vez que quando ingressa, o profissional ainda não possui uma sede fixa, se dispondo das necessidades da Secretaria Municipal de Educação e Cultura, órgãos que atribuirão aulas a estes professores para substituir as salas de direção, licenças maternidade, dentre outros. Neste sentido, o professor vivencia no início da carreira a experiência em escolas diferentes e em fases diferentes, para depois, partir para atribuição de sede escolar, na qual permanecerá ao menos que peça por remoção.

Esta escolha se deve também ao fato de um professor iniciante se deparar com situações diversas no início da carreira, vivenciando o trabalho com profissionais que também estão ingressando agora e com aqueles que já estão na prefeitura há muito tempo.

Esse contato influencia a prática em sala de aula, por estas professoras já possuem um exercício enraizado e crenças que interferem diretamente em seu trabalho diário, passando para o professor novo condutas repetitivas,rotineiras e automáticas. Estas situações impactam na aprendizagem da docência para um professor no início de carreira.

Inicialmente, tinham sido selecionadas três professoras de um mesmo CEMEI, sendo uma de cada fase correspondente com a intenção da pesquisa. Porém, duas delas desistiram de participar, uma vez que estavam em período probatório e tinham um medo consequente de se expor e de se comprometer de alguma forma.

A dificuldade maior em encontrar novas participantes foi em relação à autorização da gestora da unidade em permitir a entrada de um pesquisador para observar a prática de suas professores e, consequentemente, perceber o cotidiano escolar da unidade; posteriormente, a dificuldade foi dentre as gestoras que deram abertura a pesquisa, encontrar uma professora iniciante que estivesse trabalhando em creches. Outro contratempo foi encontrar professoras com menos de cinco anos de experiência, mas que estivessem atendendo às fases que o trabalho se propos a pesquisar, ou seja, uma iniciante trabalhando com a fase I, outra que estivesse na fase II e mais uma professora efetiva e em início de carreira que estivesse trabalhando com as crianças da fase III.

Após um período de grande dificuldade para localizar estas professoras, realizamos a pesquisa em três instituições diferentes, mas pertencentes a mesma Rede Municipal, sendo uma localizada no centro da cidade, outra em um bairro bem localizado e outra mais periférica.

Conforme a autorização do comitê de ética e da Secretaria Municipal de Educação do município, juntamente com a aceitação das CEMEIs e das professoras em participar da pesquisa, foram selecionadas uma professora por CEMEI de três bairros distintos, sendo que em cada instituição foi entrevistada uma professora que se compõe da seguinte forma: na CEMEI mais próxima do centro da cidade (que chamaremos de CEMEI 1) entrevistamos uma professora da fase I (trabalho com o berçário, com crianças de quatro meses a um ano); em outra CEMEI ( que chamaremos de CEMEI 2), não tão próxima do centro, entrevistamos uma professora da fase II (com crianças de um para dois anos); e a outra instituição localizada em um bairro bem distante do centro ( que chamaremos de CEMEI 3) entrevistamos a professora da fase III (com crianças de dois para três anos). Perpassando, assim, a atuação profissional de zero a três anos, período este que a pesquisa se propõe a investigar.

Ao realizar a observação em unidades da mesma Rede, porém localizadas em espaços diferentes na cidade, se pode perceber uma grande diferenças entre as instituições de educação infantil, no que se referem a recursos humanos, materiais e físicos.

O que foi perceptível, em um primeiro momento, foi o tempo de existência do CEMEI, pois uma foi construída em 1984, a outra em 1985, a qual por muitos anos apenas atendeu crianças com mais de três anos e só a partir de 2011 foi ampliada para atender as crianças na creche; e a terceira unidade pesquisada foi inaugurada em 2001, o que gera uma diferença em relação aos recursos citados acima.

Os instrumentos de dados

A pesquisa fez uso de um roteiro de entrevista semiestruturada (Anexos 1, 2 e 3) com as professoras iniciantes que atendam aos critérios de seleção dos participantes; também realizamos observação da prática pedagógica de professoras de creche e utilizamos de análise documental.

O uso da observação participante em pesquisas qualitativas permite que o pesquisador fique próximo à realidade a ser investigada. Lüdke e André (1986) apontam que a observação fornece vantagens para pesquisa e que este método é um dos mais usados para se realizar analisar a área educacional.

Neste sentido, as autoras destacam que, para o observador, este método fornece uma aproximação maior do ponto de vista do sujeito investigado e que, através das experiências diárias observadas, pode-se compreender o sentido que os participantes atribuem à realidade ao seu redor e os seus próprios atos.

Dentro das variações no método de observação, a que mais se enquadra para a realização desta pesquisa é a do observador como participante.Segundo Lüdke e André (1986), este observador exerce um papel na qual a sua identificação e os objetivos de sua pesquisa são manifestados aos sujeitos desde o início da investigação, conseguindo desta forma, se aproximar de dados mais variados de acordo com a colaboração do grupo.

Para que se desenvolva um estudo detalhado sobre o que está sendo observado, é necessário registrar as notas de campo de forma minuciosa e descritiva uma vez, que segundo Bogdan e Biklen (1994), nas pesquisas onde a observação é participante, todas as informações coletadas são notas de campo e fundamentais para relatar o percurso da pessoa investigada, de forma a registrar tudo aquilo que o pesquisador vê, ouve, experiência e reflete posteriormente sobre estes dados coletados. Também chamado de diário de campo, este instrumento se torna importante para registrar as observações de campo no que diz respeito ao interesse da pesquisa.

De acordo com Lüdke e André (1986), a entrevista é um dos instrumentos básicos para a coleta de dados e acontece numa relação de interação entre quem pergunta e quem responde. Esse tipo de técnica recolhe os dados desejados e permite, também, o aprofundamento de temas levantados por outras técnicas de coleta de informações antes mais superficiais; além de conseguir correções, esclarecimentos e adaptações eficazes na obtenção de dados.

“O entrevistador tem que desenvolver uma grande capacidade de ouvir atentamente e de estimular o fluxo natural de informações por parte do entrevistado” (LÜDKE; ANDRÉ, 1986, p.18). O pesquisador também deve seguir um roteiro para a sua realização.

Desta forma, a entrevista semiestruturada pode ser entendida como um dos principais meios para se coletar dados. Nesta, se utilizam questionamentos básicos, apoiados em teorias e hipóteses sobre a pesquisa, oferecendo interrogativas como resultado de novas hipóteses que surgem, conforme as respostas do entrevistado vão sendo recebidas.

Realizamos uma entrevista com cada professora a fim de investigá-las sobre as questões referentes às fontes de aprendizagem do docente e dos ambientes que o favorecem, sobre à base do conhecimento e às concepções manifestas das professoras diante de sua atuação na creche, e sobre questões da prática pedagógica (ANEXOS 1, 2 e 3).

Neste trabalho também foi utilizada a análise documental, a qual segundo Lüdke e André (1986) é muito importante para a abordagem de dados qualitativos, porque complementa as informações obtidas por outras técnicas e descobre novos aspectos de um tema.

Os documentos são aqueles materiais escritos que podem ser utilizados como fonte de informação, tais como: leis, regulamentos, normas, cartas, pareceres, diários pessoais, jornais revistas, estatísticas, arquivos escolares, entre outros.

Durante a pesquisa analisamos os seguintes documentos: regimes internos da educação municipal; a legislação municipal para a educação; estatuto do servidor; Projeto Político Pedagógico;plano de carreira e remuneração para os profissionais da educação do município; regulamentações municipais sobre o credenciamento e atendimento de escolas municipais de educação infantil; diretrizes para autorização de funcionamento e supervisão de instituições de educação infantil no sistema municipal de ensino; dentre outros documentos que contribuíram para o entendimento e análise do contexto da pesquisa.

De acordo com Lüdke e André (1986), os documentos constituem uma fonte rica e estável, são fontes naturais de informações. Deles, o pesquisador pode retirar afirmações e declarações, investindo tempo e atenção para solucionar e analisar os mais relevantes.