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Mapa 07 – Linhas e Limites reforçando a posição brasileira

4. A EVOLUÇÃO DAS NEGOCIAÇÕES INTERNACIONAIS E A CONTRUÇÃO

5.2 Os processos de expansão da Plataforma Continental Brasileira e recursos petrolíferos do

licitação de área para extração de petróleo.

Como vimos no capítulo anterior, ao contrário do uso e apropriação dos recursos vivos da ZEE, cujo domínio técnico é necessário para que o país detenha soberania sobre estes, os recursos encontrados na PC são propriedade soberana do Estado que os detém, independentemente de sua habilidade técnica de usufruí-los. Devido as suas características relativamente estáticas, uma vez comparado aos recursos vivos (móveis), os minerais, em especial o petróleo, são recursos cuja exploração exige um vasto investimento em infra-estruturas (permanentes ou temporárias) no fundo do mar antes e durante sua exploração. “No Brasil e no mundo os hidrocarbonetos de petróleo constituem o principal bem mineral explorado nos oceanos. Sua extração aplica a mais sofisticada tecnologia e implica os mais altos custos da indústria extrativista de bens minerais em todo o mundo” (SILVA; MELLO, 2005: 161). Dessa maneira, o processo de fiscalização desse meio físico, é bem menos dinâmico que aquele demandado pelos recursos vivos. Mesmo aqueles Estados que possuem pouca agilidade de navegação conseguem intervir no interior de seus territórios marítimos quando ocorrem quaisquer tentativas de retirada de minerais do solo e do subsolo.

Basendo-se nessas informações, o objetivo nesta seção é dar continuidade na apresentação e contribuição da ampliação da análise sobre os usos e apropriações do território marinho brasileiro. Após avaliarmos, sob a luz da temática dos recursos vivos, a estratégia de arrendamento de embarcações estrangeiras para legitimação da soberania brasileira sobre os recursos da ZEE, esta focará nos recursos não vivos, presentes no solo e subsolo da Plataforma Continental brasileira. Primeiramente tratar-se-á do processo que envolve a ampliação da plataforma continental brasileira além das 200 milhas náuticas e posteriormente será tratado especificamente sobre a estratégia de licitação de blocos de exploração de hidrocarbonetos, analisando transversalmente a dinâmica de apropriação dos recursos petrolíferos e as interações de agentes brasileiros e estrangeiros na ampliação do território.

Para tanto, julga-se necessário retomar as premissas trabalhadas no capítulo anterior, indicando que o conceito de plataforma continental adotado e sancionado pela III CNUDM não confere com as definições oceanográficas e geológicas cientificamente compartilhadas. Devido à variabilidade de sua ocorrência distribuída pelas diversas regiões litorâneas do globo, tornou-se necessário assumir um conceito jurídico que abrangesse a dinâmica de conflito e consenso dos estados (MELLO, 1965; ANDRADE, 1995)107.

No caso brasileiro, como visto no início do capítulo, a soberania sobre os recursos não vivos e sedentários da PC estão assegurados junto à delimitação máxima das 200 milhas náuticas da ZEE. Por outro lado, o processo de estabelecimento de seu limite externo para além dos limites da ZEE é definido pelos ditames oriundos da cristalização do mosaico de acordos celebrados durante a III CNUDM, mas que no dependendo de sua formação podem caracterizar uma expansão territorial ao Brasil maior que 50% do seu território terrestre. 108 Segundo Serafim (2005), mesmo antes da ratificação do Brasil à Convenção em junho de 1987, a Diretoria de Hidrografia e Navegação (DHN) da Marinha iniciou-se os estudos de campo para obtenção do material necessário para construir a submissão brasileira que reivindicaria os limites externos da PC brasileira. Esse plano conhecido como Levantamento da Plataforma Continental (LEPLAC) foi gerado no interior da Comissão Interministerial para os Recursos do Mar (CIRM), criada em 1974 meio às negociações da Convenção de Montego Bay sobre o Direito do Mar109. Essa comissão que subsidiou toda a formação da posição política brasileira durante os 11 anos da Convenção possui papel importantíssimo nas definições das prioridades do governo federal sobre os recursos marinhos.

Portanto, a partir de tais subsídios em 1989, o Brasil edita o Decreto nº. 98.145 de 15 de Dezembro, formalizando os trabalhos da DHN e legitimando-os sob os preceitos e critérios estabelecidos pela III CNUDM para compor a proposta dos limites exteriores da PC para além

107 Inclusive o debate histórico do termo no cenário internacional, trouxe críticas atrozes ao uso do adjetivo

“continental” uma vez que a plataforma também pode ser identificada em regiões insulares (ver Capítulo I de MELO, 1965). Mas, como visto no início do capítulo tanto o conceito de PC como de ZEE adotados pela III CNUDM abrangem o entorno das ilhas. Portanto, caso estas possuam ocupação humana permanente, estas podem ser fruto de reivindicação territorial por um Estado.

108 As variações de área são comuns entre especialistas, mas são seguramente acima do 50% da área terrestre do

estado brasileiro, ou melhor, Andrade (1995, apud RANGEL) indica que a PC brasileira alcança cerca de 5.003.397

km2, correspondendo a 59% do território emerso e Serafim (2005) alcança cerca de 4,45 milhões de km2,

correspondendo a cerca de 52% do território continental.

109 Para ver na íntegra os decretos de criação e os decretos posteriores, seu regimento interno e ordenamentos

das 200 milhas náuticas. Da mesma forma, o LEPLAC determinou as das linhas de base do território marinho brasileiro, assim como a isobata de 2.500m e os perfis que expressam as espessuras de sedimentos110. A coleta de material foi realizado com o apoio de 4 navios da DHN (Almirante Câmara, Almirante Álvaro Alberto, Sirius e Antares) e foi finalizada em 1996 abrangendo cerca de “230 mil quilômetros de perfis geofísicos (sísmicos, batimétricos, magnetométricos e gravimétricos) ao longo de toda extensão da margem Continental Brasileira” (SERAFIM, 2005: p. 266). Como parte conclusiva, documentos cartográficos incluindo e tratando todas as informações citadas foram confeccionados para que fossem atendidos os critérios acordados para determinar os limites da plataforma continental.

Pela Convenção, a avaliação de todas as submissões é realizada pela Comissão de Limites da Plataforma Continental da ONU (CLCS ou em inglês a Commission on the Limits of the

Continental Shelf). A comissão, segundo o artigo 3º do Anexo II da III CNUDM, também

desempenha o papel de formular recomendações para que as submissões estejam em conformidade com o artigo 76°. Além disso, se o Estado costeiro solicitar, os seus membros podem prestar assessoria científica e técnica. No caso brasileiro, como veremos com mais detalhes a seguir, o Comandante Alexandre Tagore de Albuquerque, membro re-eleito da CLCS e oficial da DHN da Marinha do Brasil, prestou esse serviço na formulação da submissão brasileira.111Segundo o artigo 4º do Anexo II da Convenção, o quão logo que possível o Estado costeiro que possuir a intenção de estabelecer, sobre os preceitos do artigo 76, o limite exterior para além de suas 200 milhas da sua plataforma continental submeter sua proposta de limites à Comissão. Por outro lado, esse mesmo artigo aponta que, em quaisquer casos, a submissão do Estado costeiro, contendo informações científicas e técnicas, deve ser apresentada dentro dos 10 anos seguintes à entrada em vigor da Convenção.

Segundo Albuquerque (2007) a proposta brasileira ficou pronta em 07 de Maio de 2004 e foi oficialmente entregue ao Departamento dos Assuntos Oceânicos e Direito do Mar da ONU no dia 17 de Maio do mesmo ano, cumprindo então o prazo inicial de submissão previsto na III CNUDM, que seria em Novembro de 2004.112 O relatório completo da submissão contendo os

110 Como visto no capítulo anterior informações necessárias para definir o bordo exterior da PC jurídica segundo a

Convenção.

111 A lista de membros atuais, órgãos subsidiários e regras de procedimento da Comissão sobre os Limites da

Plataforma Continental (CLCS) pode ser apreciada na íntegra no Anexo IX desta pesquisa.

112 O Brasil foi o segundo país a submeter sua proposta de limites à Comissão, o primeiro foi a Rússia, que ainda não

detalhes técnico-científicos não está disponível ao público e segundo os agentes governamentais esse documento é sigiloso devido a caracterização de informações estratégicas de defesa do interesse nacional113.Por outro lado, esta pesquisa teve acesso ao sumário executivo da proposta, que contém inclusive as coordenadas propostas para os limites externos da PC (disponível na integra no anexo X desta pesquisa). O Sumário executivo aponta que segundo as definições normativas da III CNUDM, os limites serão definitivos e obrigatórios. “O limite exterior e linhas de base marítimas podem ser visualizadas em duas cartas, ambas na projeção Mercator, WGS 84 datum e com escala de 1:5 600 000 (latitude 15º S)” (BRASIL, 2004: p. 5 - tradução nossa).

113 Durante realização desta pesquisa interações foram realizadas com os membros da DHN, do Ministério das

Relações Exteriores e com membros da Comissão Interministerial dos Recursos do Mar, os quais todos de maneira bastante receptiva se prontificaram a apoiar o desenvolvimento da investigação científica, mas apresentaram a justificativa da impossibilidade de acesso devido a ligação do assunto a defesa da “segurança nacional”.

Mapa 01 – Carta com os Limites Exteriores

Na primeira carta do documento acima, os limites externos são apresentados, segundo o sumário: divididos entre “cinco segmentos identificados pelos pontos OL1, OL2, OL3, OL4, OL5 e OL6. Cada um desses segmentos do limite exterior foi determinado de acordo com as regras dispostas no artigo 76 da CNUDM” (BRASIL, 2004, p. 5 - Tradução Nossa).

Mapa 02 – Carta de Linhas e Limites.

Nessa carta de linhas e limites, a partir da aplicação da regras do artigo 76, as definições ficam corroboradas. “[E]ssas linhas são: o pé do talude continental, 60 milhas do pé do talude continental, um por cento de espessura de sedimentos referentes ao pé do talude continental (Gardiner), 100 milhas da isobata de 2.500 metros e 350 milhas das linhas de base” 114. Como referência, também foi utilizada a linha de 200 milhas náuticas para melhor visualização em quais pontos a PC ultrapassa tais distâncias.

Portanto, a proposta brasileira utilizou-se dos vários dispostos normativos presentes no artigo 76 para traçar, cartografar e tecno-cientificamente definir os limites políticos da mais nova fronteira brasileira, ou melhor, da incorporação da nova extensão territorial em pleno século XXI. A tabela a seguir detalha a legitimação dos pontos externos a partir das regras técnicas calcadas nos ordenamentos normativos da III CNUDM.

Tabela 05: Tabela de regras aplicadas na definição dos limites externos na submissão brasileira maio/2004.

Segmento Pontos Fixos Correspondentes

Regras aplicadas para traçar a linha exterior

OL1 – OL2 Do 1 ao 27 • Distância de 60 milhas do pé do talude

continental;

• Fórmula de 1% de espessura dos sedimentos; • Distância de 350 milhas da linha de base.

OL2 – OL3 - - Coincide com o limite de 200 milhas da ZEE.

OL3 – OL4 Do 28 ao 35 • Distância de 60 milhas do pé do talude

continental;

• Fórmula de 1% de espessura dos sedimentos;

OL4 – OL5 - - Coincide com o limite de 200 milhas da ZEE.

OL5 – OL6 Do 36 ao 75 • Distância de 60 milhas do pé do talude

continental;

• Fórmula de 1% de espessura dos sedimentos; • Distância de 350 milhas da linha de base. Fonte: BRASIL, 2004 (Sumário Executivo Original, 2004).

Essa extensão é composta em área agregada da distância para além dos cerca de 3,5 milhões de quilômetros quadrados de plataforma continental, garantida até o limite máximo das 200 milhas a partir da linha de base- um adicional de 911.847km2 ao território soberano. O cartograma a seguir expressa a aplicação dos pontos ressaltados na tabela acima.

114 No original “These lines are: the foot of the continental slope, 60M from the foot of the continental slope, one per

cent sediment thickness referred to the foot of the continental slope (Gardiner), 100M from the 2,500m isobath and 350M from the baselines” (BRASIL, 2004, p. 5).

Mapa 03 – Carta com pontos fixos localizados a uma distância menor que 60 milhas cada. Fonte: BRASIL, 2004 (Sumário Executivo Original, 2004).

O sumário executivo se encerra com a lista de coordenadas utilizadas para confecção das cartas e ressalta ainda que “o governo brasileiro atesta que não está envolvido em qualquer disputa territorial sobre áreas marítimas com outro Estado” (BRASIL, 2004: p. 5 - Tradução Nossa). A priori, devido à ausência de conflitos entre seus Estados vizinhos marítimos (o Uruguai e a França, através da Guiana) e pelo fato da vasta distância que separa a Plataforma Continental Brasileira do continente africano, esperava-se que o processo de aceite da submissão brasileira não teria maiores problemas. Comparativamente, a complexa fronteira marítima no norte do oceano pacífico e do pólo norte a submissão da Rússia tendia a ser bem mais complicada e esperava-se que o Brasil apesar de ter submetido posteriormente obtivesse êxito em sua proposta de confirmação dos limites externos da plataforma continental de forma antecipada.

Entretanto, como toda definição de fronteira envolve ressalvas, re-avaliações e debates, em especial quando o processo de delimitação envolve a “estatização” de um território que anteriormente era visto como patrimônio comum da humanidade. Por outro lado, devido aos arranjos e acordos resultantes da III CNUDM legitima-se ao Estado brasileiro uma ampliação territorial de uma área é maior que vários estados da federação brasileira somados. Nesse sentido, o representante dos Estados Unidos da América às Nações Unidas115 encaminhou à comissão e solicitou que fosse distribuído a todos os Estados membros da ONU uma correspondência indicando que segundo revisão da literatura as linhas dos limites externos brasileiros da cadeia Vitória-Trindade deveriam ser questionadas. Em especial, o documento aponta que dos pontos 65 a 69, o zigzag traçado não condiz com os padrões normais dos sedimentos encontrados naquela região, uma vez comparados com a base de dados do departamento Nacional de Dados Geofísicos dos Estados Unidos.

Como resultado, a correspondência encaminhada com os questionamentos dos Estados Unidos foi avaliada pelo presidente da Comissão que orientou a Comissão e ao Brasil, que não considerassem a carta uma vez que somente opiniões e pareceres de Estados adjacentes ou que possuam disputas com os países que submeteram proposta poderiam ser ouvidas e avaliadas. Em contraposição o governo dos Estados Unidos da América, encaminhou uma nova correspondência em Outubro de 2004, respeitosamente discordando da posição do Presidente da Comissão e indicando que qualquer país que submete suas propostas de limites da PC possui

115 Nesta comunicação o representante do Estados Unidos indica, que em Agosto de 2004, após avaliação da

proposta brasileira, os conselheiros jurídicos daquele país identificaram tais imperfeições e submeteram a correspondência à ONU, em 9 de Setembro de 2004 foi dada a publicidade a tal documento.

interesse em maximizar sua ampliação. Dessa maneira, a comunidade internacional como um todo deve possuir o direito de apresentar representações e questionamentos baseados em estudos científicos que questionem as proposições das submissões dos países. Devido a sua qualidade independente, a Comissão não retornou sua decisão em desconsiderar o pedido, mas em função da solicitação dos EUA, a comunicação norte-americana foi publicada no sítio de internet da Comissão dando publicidade ao tema.

Já sob prisma nacional, segundo Albuquerque (2007), o exame da proposta brasileira se deu durante várias interações em reuniões em Nova Iorque onde ocorreu a apresentação formal pela delegação brasileira da submissão. Essas interações diante da comissão ocorreram durante os meses de agosto e setembro de 2004, onde o Brasil submeteu um adendo a sua proposta. Novas interações ocorreram em Abril e Maio, assim como em Agosto e Setembro de 2005, quando os documentos de avaliação e debate também são tratados de maneira sigilosa pelo governo brasileiro. No entanto em fevereiro de 2006, o governo brasileiro encaminha à Comissão uma carta colocando ao público o adendo da proposta submetida em Maio de 2004.

Segundo o adendo (o documento na íntegra pode ser visto no anexo X da pesquisa), durante a décima quinta seção da Comissão, foi solicitada um parecer do Conselho Jurídico para avaliar se a proposta brasileira auferia de maneira correta as aplicações das regras contidas na III CNUDM (documento CLCS/44, de 3 Maio de 2005). Esse parecer foi solicitado a partir do encaminhamento em 24 de março de 2005 pelo governo brasileiro de uma outra correspondência na qual se estabelecia limites diversos aos propostos pela submissão de 17 de Maio. Nesta, o Estado Brasileiro pede uma revisão das cartas encaminhadas e submete uma nova conformação das linhas externas, baseado em uma divisão de segmentos em 11 polígonos contendo os pontos OL1, OL2, OL3, OL4, OL5, OL6, OL7, OL8, OL9, OL10, OL11 e OL12. Os detalhes da aplicação das regras encontram-se no quadro de análise a seguir. Ressalta-se que essa revisão preenche inclusive os espaços zigzagueados questionados pela correspondência norte-americana.

Tabela 06: Tabela de regras aplicadas na definição dos limites externos na submissão brasileira em 2004

Segmento Pontos Fixos Correspondentes

Regras aplicadas para traçar a linha exterior

OL1 – OL2 Do 1 ao 20 • Distância de 60 milhas do pé do talude

continental;

• fórmula de 1% de espessura dos sedimentos;

OL2 – OL3 Do 20 ao 116 • distância de 350 milhas da linha de base;

OL3 – OL4 Do 116 ao 151 • Distância de 60 milhas do pé do talude

continental;

• fórmula de 1% de espessura dos sedimentos;

OL4 – OL5 - - Coincide com o limite de 200 milhas da ZEE.

OL5 – OL6 Do 152 ao 165 • Distância de 60 milhas do pé do talude

continental;

• fórmula de 1% de espessura dos sedimentos;

OL6 – OL7 - - • Coincide com o limite de 200 milhas da ZEE.

OL7 – OL8 Do 166 ao 201 • Distância de 60 milhas do pé do talude

continental;

• fórmula de 1% de espessura dos sedimentos;

OL8 – OL9 Do 201 ao 504 • distância de 350 milhas da linha de base;

OL9 – OL10 Do 504 ao 506 • fórmula de 1% de espessura dos sedimentos;

OL10 – OL11 Do 506 ao 535 • distância de 350 milhas da linha de base;

OL11 – OL12 Do 535 ao 538 • fórmula de 1% de espessura dos sedimentos.

Fonte: BRASIL, 2006 (Adendo do Sumário Executivo Original, 2006).

Através dessa alteração, na área total ampliada para além das duzentas milhas contadas a partir da linha de base, incrementa-se, dos iniciais 911.847 km2 para 953.525 km2, um acréscimo de 41.678 km2. As cartas a seguir apresentam os territórios da PC brasileira agregando às novas áreas solicitadas, a partir de seus limites exteriores, suas linhas contadas a partir das regras do artigo 76 e, na seqüência dos segmentos e pontos fixos localizados, a distância menor que 60 milhas cada, utilizando a mesmo padrão da primeira submissão, ou seja, projeção Mercator, WGS 84 datum e com escala de 1:5 600 000 (latitude 15º S).

Mapa 04 – Carta com os Limites Exteriores Fonte: BRASIL, 2006 (Adendo do Sumário Executivo Original, 2006).

Mapa 05 – Carta de Linhas e Limites. Fonte: BRASIL, 2006 (Adendo do Sumário Executivo Original, 2006).

Mapa 06 – Carta com pontos fixos localizados a distância menor que 60 milhas cada. Fonte: BRASIL, 2006 (Adendo do Sumário Executivo Original, 2006).

Junto ao adendo o governo do Brasil, re-expressa-se a inexistência de conflitos por território marítimos com seus vizinhos e ressalta-se, por outro lado, que o membro da Comissão Alexandre Tagore de Albuquerque apoiou-se na construção da submissão técnica. Segundo o Comandante Tagore de Albuquerque, outras interações ocorreram entre a delegação brasileira e a subcomissão em março e setembro de 2006 e nos meses de março e abril de 2007 houve novas interações entre a Comissão e os negociadores brasileiros que resultaram na finalização das recomendações. As cartas a seguir apresentam a manutenção da proposta brasileira nos termos atuais.

Mapa 07– Linhas e Limites reforçando a posição brasileira. Fonte: ALBUQUERQUE - CIMBRA, 2007.

Mapa 08 – Limite exterior (direita) reforçando a posição brasileira. Fonte: ALBUQUERQUE - CIMBRA, 2007.

Segundo Albuquerque (2007), em março de 2007, a Comissão aprovou grande parte da proposta brasileira, ampliando o território em uma área acima dos 700 mil quilômetros quadrados. Entretanto, algumas áreas da proposta ainda estão em discussão entre os negociadores brasileiros e os técnicos da Comissão. Abaixo, estão algumas figuras que apresentam a situação aproximada das áreas em questão. Dentre elas temos uma área na Cadeia Norte Brasileira, uma área Cadeia Vitória-Trindade e uma terceira área na região próxima a elevação de Rio Grande.

Figura 14 - Situação aproximada do limite exterior na região da Cadeia Norte Brasileira. Fonte: ALBUQUERQUE - CIMBRA, 2007.

Figura 15 - Situação aproximada do limite exterior na região da Cadeia Vitória – Trindade. Fonte: ALBUQUERQUE - CIMBRA, 2007.

Figura 16 - Situação aproximada do limite exterior na região da Elevação do Rio Grande. Fonte: ALBUQUERQUE - CIMBRA, 2007.

Apesar de não termos acesso aos processos como um todo, avalia-se pelas imagens e cartogramas publicadas que dos 11 polígonos, 8 foram questionados parcialmente quanto aos seus limites. A priori, não é possível identificar nenhuma interferência política contundente na aprovação da submissão brasileira, pois como apresentado anteriormente e ressaltado pela delegação brasileira não existem conflitos territoriais com outros Estados vizinhos. Porém, é crucial perceber que dos 8 polígonos questionados, 5 utilizaram-se da fórmula de espessura dos sedimentos para identificar o limite exterior da plataforma continental. A precisão