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Os Programas Nacionais de Educação Física

4. Enquadramento Operacional

4.1. Área 1 – Organização e Gestão do Ensino e da Aprendizagem

4.1.2. Os Programas Nacionais de Educação Física

Desde o primeiro ano do 2º ciclo em EEFEBS que, enquanto futuros professores, fomos estimulados e tivemos como tarefa a realização de análises

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e reflexões acerca dos Programas de Educação Física (PEF). Todos estes trabalhos tiveram como objetivo preparar-nos para o início do EP.

É através da análise dos PEF que os professores têm oportunidade de definir os objetivos gerais, a extensão dos conteúdos a ensinar, as competências, a especificidade das matérias e os critérios de avaliação, de acordo com os propostos pelo Ministério da Educação. É também responsabilidade dos professores e do GEF em geral, adaptar os conteúdos programáticos à realidade de cada escola, no que diz respeito às condições materiais e pessoais. Simultaneamente, devem ser tidos em consideração o Projeto Educativo da Escola (PEE), o Projeto Curricular de EF, o Plano Anual de Atividades (PAA) e o Regulamento Interno (RI). Neste sentido, no início deste ano, uma das tarefas que tivemos foi a realização de uma análise destes documentos, dando maior ênfase aos PEF. Bento (1987, p. 19), afirma que “em termos gerais o programa ou curriculum deve fornecer a orientação norteadora para a planificação do ensino pelo professor e para a elaboração dos materiais complementares”.

Após análise dos referidos programas, essencialmente dos do ensino secundário, percebi que estes contemplavam um grande número de modalidades a ensinar por ano e o objetivo era que o aluno as aprendesse, da melhor forma possível, tendo assim oportunidade de experienciar um vasto conjunto de modalidades diferentes. O 10º ano visa principalmente a revisão dos conteúdos ensinados até então, onde os alunos têm oportunidade de consolidar matérias que possam não ter sido consolidadas de forma adequada e avançar no nível de dificuldade e especificidade dessas mesmas matérias. Quanto aos 11º e 12º anos, são abordados os jogos desportivos coletivos, a ginástica, o atletismo e outros. De referir que nestes anos o nível das matérias ensinadas é avançado nas modalidades nucleares, enquanto nas alternativas são abordados todos os níveis (introdutório, elementar e avançado). Em todos os anos há modalidades alternativas que devem ser lecionadas, ficando a escolha ao critério do professor, da escola e/ou dos alunos.

Com a criação dos PEF, há um claro intuito de tornar a disciplina mais equitativa a nível nacional, uniformizando assim os conteúdos. Acredito que

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esta seja uma boa estratégia para a definição de objetivos comuns, níveis de exigência semelhantes e maior coerência no processo de E/A. Porém, e após esta experiência do EP, posso afirmar que os PEF se encontram um pouco desajustados à realidade escolar com que me deparei. Apesar de a EC possuir todas as condições necessárias para o ensino das modalidades propostas, dando assim resposta às condições materiais referidas anteriormente, a verdade é que no que diz respeito às condições pessoais, referindo-me neste caso ao nível dos alunos, não encontrei uma turma capaz de dar resposta, na sua totalidade, aos conteúdos e objetivos propostos pelo programa. Graça (1999, p. 204), refere que “as concepções que os professores possuem acerca dos conteúdos de ensino e acerca dos alunos com quem trabalham reflectem- se no modo como pensam e desenvolvem as suas prácticas de ensino. O conhecimento que o professor tem da disciplina que leciona interage com conhecimentos, convicções e crenças acerca do ensino e aprendizagem, acerca dos alunos e acerca dos contextos educativos, dando forma aos modos como se ensina a matéria aos alunos”.

Deste modo, considero que é essencial que o professor não se esgote naquilo que os PEF propõem, e devemos ser nós, docentes, a saber analisar, interpretar e adaptar os programas, de forma a potenciar a aprendizagem dos nossos alunos, tendo sempre em consideração o contexto com que nos deparamos. A respeito disto, Bento (1987, p. 27) refere que “para o professor

concentração no essencial significa ajustar o conteúdo do programa à situação

pedagógica concreta. Tem que colocar as exigências objetivas – apresentadas como norma geral no programa – em relação com as possibilidades subjectivas dos alunos das diferentes turmas e com as condições concretas (materiais e temporais) características de cada escola”.

Porém, penso que esta tão referida “adaptação” vai além daquilo que são os alunos que o professor encontra na turma. Talvez o problema de os alunos não conseguirem corresponder com os objetivos propostos pelo programa não esteja apenas neles, mas também nos próprios programas. Desta forma, penso ser urgente uma análise detalhada dos PEF e do

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panorama atual dos alunos, de forma a definir as medidas a tomar e progredir no sentido de melhorar, cada vez mais, o processo de E/A.

Em suma, creio que a existência dos PEF faz todo o sentido pois estes servem como linha orientadora da prática pedagógica do professor de EF e é através deles que conhecemos os conteúdos e competências a desenvolver em cada ano de escolaridade. Contudo, através da minha experiência no EP e dos relatos de outros professores de EF, creio que estes conteúdos e competências não vão de encontro às capacidades dos alunos em cada ano e, por isso mesmo, não é fácil de conseguir obter sucesso no ensino dos mesmos. Graça (2014, p. 120) realça a importância de “atualizar o discurso instrucional, recontextualizando os conteúdos formativos das comunidades de prática em programas e materiais didáticos adequados à organização da educação física, aos conhecimentos e competências dos professores, às necessidades e interesses dos alunos e aos recursos das escolas”. Por isso, e como já referido, talvez seja necessário fazer uma revisão aos PEF. Penso ainda que também cabe ao professor a responsabilidade de selecionar as estratégias que melhor se adequam às suas turmas e perceber em que medida o PEF pode ser adaptado à sua realidade.

4.1.3. Planeamento – O princípio essencial