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Os tecidos são materiais que podem ser fabricados a partir de uma vasta gama de matérias-primas, naturais, artificiais ou sintéticas, em diferentes estruturas a que correspondem diferentes texturas. A sua estrutura pode ser bidimensional - quando apenas se percebem duas dimensões (comprimento e largura) - ou tridimensional - quando se pode observar a terceira dimensão (altura ou volume).

A forma como os tecidos se relacionam com os sentidos depende principalmente da matéria-prima, da cor e da textura

3.3.1 TECIDOS – Relação com os Sentidos

A primeira impressão de um objecto ou ambiente é sentida através da visão, mas quando esta é reduzida ou inexistente, é o tacto que ajuda a que as sensações relativas esse ambiente sejam adquiridas e processadas.

Para que um produto seja desejado este deve satisfazer todos os sentidos do observador, mas para um cego, ou portador de baixa-visão, a sensação transmitida pelo tacto é fundamental para o encantamento que um produto deve proporcionar se desencadeie.

No que se refere aos materiais têxteis o toque de uma fibra ou de um tecido é uma propriedade de grande relevância, que interfere na aceitação ou não do produto ou objecto.

A sensação, agradável ou desagradável, que um tecido proporciona quando entra em contacto com a pele vai condicionar a aquisição dessa peça, se a sensação for desconfortável a compra dificilmente será efectuada.

Nogueira et al. (2008), no estudo por elas desenvolvido, referem que a avaliação das sensações experimentadas, é sempre subjectiva e feita de uma forma inconsciente. O que para um sujeito é agradável, para outro pode ser muito desconfortável, já que a avaliação feita “recorre à consciência sensorial e mental de cada pessoa, utilizando

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não apenas a visão e o tacto, mas também as percepções sensoriais como sentimentos, memória e lembranças, que cada ser humano poderá sentir”.

No que respeita aos brinquedos para crianças, em materiais têxteis, a necessidade de uma aprovação, ao nível sensorial, é preponderante na aceitação, e consequente desejo, desse brinquedo.

Na pesquisa de mercado realizada e nos brinquedos observados presencialmente, a sensação do toque era normalmente suave e agradável. As texturas apresentavam-se, na generalidade, macias e maleáveis, convidativas à interacção. Relativamente à segurança, denota-se o cuidado com a libertação de pêlos ou fios, situação sempre prevista.

3.3.2 AS CORES - Relação com os Sentidos

A sensação de cor é produzida no cérebro, como resposta aos estímulos produzidos pela luz em diferentes comprimentos de ondas. Diferentes objectos respondem de maneira diferente a diferentes comprimentos de onda, por essa razão são observadas cores diferentes.

A cor comunica. A cor tem um aspecto funcional, de comunicação visual e psicológica, mas necessita de critérios para ser utilizada (Munari, 1968), o uso da cor deve ser correctamente definido para que o objecto ou ambiente criado seja agradável e não demasiadamente cansativo, ou até repelente ou repulsivo.

Em muitos aspectos, defende Munari (1968), o uso da cor natural do material a ser usado é o mais correcto, isto porque cria atmosferas mais orgânicas e naturais.

Alerta ainda, esse autor, para o facto de a cor não se adaptar da mesma forma a materiais diferentes, muda segundo o material em que é utilizado. Também a luz é factor de grande relevância e influência na percepção da cor.

A cor varia na sua intensidade, saturação e brilho. Na escolha de uma cor para um objecto há dois factores importantes a observar: o contraste e a capacidade das cores para serem distinguidas (Clarkson, 2008).

Contraste, pode ser definido como a diferença de luminosidade entre a cor do fundo e a do elemento/ objecto percepcionado.

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Para pessoas portadora de baixa visão ou de dificuldades visuais quanto maior for o contraste figura/fundo mais facilmente é percebida a cor. Também o brilho é relevante para que a percepção da cor seja feita de uma forma evidente e espontânea.

A cor está repleta de informação, quer por valores instituídos socialmente (símbolos, sinais), quer por relação com a natureza, ou até pela sensação que transmite.

É sem dúvida um veículo de comunicação visual por excelência. Pode ainda representar alguns códigos que se podem considerar detentores de alguma subjectividade.

A cor é geradora de emoções e sensações. Em psicologia as cores têm um significado específico, em algumas culturas podem ter significados diferentes, podem também provocar sentimentos e lembranças às pessoas.

3.3.3 A Cor para Deficientes Visuais

Segundo a psicóloga Célia Maria Amorim, (mundocor, 2009) o uso de cores na educação de crianças com baixa visão é de grande importância para que adquiram não só o conceito da cor, mas também para que saibam discriminar coloridos contrastantes, contribuindo assim para a melhora de sua percepção e eficiência visual em todas as actividades.

"A cor promove o raciocínio infantil, ajudando até mesmo em exercícios que envolvem postura e motricidade", diz a fisioterapeuta Márcia Silva (mundocor, 2009). Para os portadores de cegueira total, a cor não passa de um conceito teórico e subjectivo mas, para os que possuem um grau de baixa visão que permita a aquisição de conceitos através da visão, todos os artifícios que melhorem a sua utilização são muito importantes. Por exemplo, na questão da leitura, usar o máximo de contraste entre a cor de fundo e a cor das letras, ou utilizar papel espesso e opaco, para que a luz não seja reflectida na superfície, o que dificulta a leitura.

A cor dos objectos é um dos aspectos de grande relevância na sua aparência, facto que é ainda mais considerável quando se trata de objectos criados a pensar no desenvolvimento de crianças. Projectar um bom design inclusivo passa também pelo respeito desses factores, relativos à utilização da cor.

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3.3.4 AS TEXTURAS - Relação com os Sentidos

Chama-se textura à superfície de um material a que o tacto é sensível, há diversos tipos de texturas, suaves, ásperas, duras e macias (Iturrondo, 1994), a textura é uma característica de todos os objectos que permite que, quando tocados, não seja necessário observá-los para que possa ser identificada.

A textura está relacionada com as propriedades do material por que é feito, e com os resultados dos tratamentos que sofre a superfície de um qualquer material, quando desenvolvido artificialmente. A textura dos objectos facilita a percepção e o conhecimento do geral, isto é, conhecer o que nos rodeia alarga as possibilidades de contacto com a realidade, permite que o mundo seja mais e melhor conhecido (Munari, 1968). Para o referido autor cada textura tem uma estrutura própria, difere de qualquer outra e isso dá-lhe um significado único e particular. Este é um aspecto que é potenciado e adaptado pela indústria têxtil: a possibilidade de imbuir os tecidos de um “efeito táctil particular” (1968, pág. 20).

Uma característica das texturas criadas artificialmente é a uniformidade, que ajuda a que esta seja apercebida como superfície.

A discriminação e percepção táctil de cada textura não é consensual, Sonneveld e Schifferstein (2008) referem vários estudos levados a cabo, onde cada interveniente define as estruturas observadas de maneiras ou com conceitos diferentes.

3.3.5 Como o Deficiente Visual Sente as Texturas

Já se referiu que para um cego a textura é a "cor" dos objectos. As diferenças sentidas pelo tacto estabelecem uma comparação com as nuances distinguidas nas cores.

As texturas são normalmente reconhecidas através da percepção táctil, elemento de grande importância para o desenvolvimento, na criança, da consciência do seu próprio corpo e das suas sensações, e que deve ser utilizada e desenvolvida intensivamente. Grifin e Gerber (1996) elucidam que é através da deslocação das mãos que as crianças cegas percepcionam e percebem texturas, sentem a presença de diferentes materiais, o que lhes é agradável, mas sobretudo necessário para a organização mental do mundo que necessitam de realizar.

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Oliveira et al (2002) mencionando um estudo desenvolvido, referem que inicialmente as texturas devem ser contrastantes, contrastes que podem variar entre: mole e duro, macio e áspero; posteriormente devem ser apresentadas nas suas gradações para ajudar as crianças cegas a serem mais destras na sua diferenciação. Gradualmente tornar-se mais fácil o reconhecimento de texturas mais pormenorizadas, assim as crianças aprendem os conceitos de pesado e leve, grande ou pequeno, e os diferentes graus desses paralelismos.

Por vezes as crianças cegas encontraram certas particularidades e características de um objecto, o que ajuda na sua discriminação. Dependendo da complexidade dos objectos, por vezes a identificação ou reconhecimento dessas particularidades requer algum tempo a ser detectada.

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