• Nenhum resultado encontrado

3.2 A Fase de Redação

3.2.2 Os Tipos de Apoio na Fase de Redação de TAM/TIM

Nos textos traduzidos com o auxílio do SMT, também houve uma ocorrência maior de pausas de orientação do que de revisão, conforme mostram os dados da TAB. 7. Em TAM/TIM, não houve exceção: todos os sujeitos apresentaram uma percentagem maior de PO do que de PR, inclusive SI4. Em SGA, 71% a 96% das pausas correspondem a PO (média de 85%), enquanto em SGI, 62% a 84% das pausas correspondem a PO (média de 73%). Após a inserção do SMT, a maior parte dos sujeitos apresentou um aumento percentual na ocorrência de PO em seus processos de tradução; em outras palavras, a ocorrência de pausas de revisão reduziu quando os sujeitos passaram a traduzir utilizando o Trados.

TABELA 7

Ocorrência de Tipos de Pausa e de Apoio na Fase de Redação de TAM/TIM

Sujeito PO AISO AESO AIDO AEDO PR AISR AESR AIDR AEDR SA1 90% 22% 7% 59% 2% 10% 5% 0% 5% 0% SA2 96% 30% 0% 63% 3% 4% 4% 0% 0% 0% SA3 86% 31% 12% 41% 2% 14% 12% 2% 0% 0% SA4 80% 26% 6% 44% 4% 20% 17% 1% 2% 0% SA5 71% 10% 9% 52% 0% 29% 27% 2% 0% 0% SA6 84% 41% 4% 33% 6% 16% 14% 0% 2% 0% Média 85% 27% 6% 49% 3% 16% 13% 1% 2% 0% SI1 81% 61% 5% 15% 0% 19% 12% 2% 5% 0% SI2 80% 46% 21% 10% 3% 20% 16% 2% 2% 0% SI3 63% 45% 7% 11% 0% 37% 26% 4% 7% 0% SI4 62% 32% 5% 22% 3% 38% 31% 3% 1% 3% SI5 84% 16% 2% 63% 3% 16% 14% 0% 2% 0% SI6 70% 12% 17% 39% 2% 30% 14% 7% 9% 0% Média 73% 35% 9% 27% 2% 27% 19% 3% 4% 1% Média Geral 79% 31% 8% 38% 2% 22% 17% 2% 3% 0%

Conforme mostram os dados da TAB. 7, os sujeitos SA4, SI2 e SI6, que não seguiram a tendência geral e não apresentaram aumento na ocorrência de PO, apresentaram uma variação pequena no percentual de PO de TA/TI para TAM/TIM (no processo de SA4, a ocorrência de PO passou de 84% para 80%, no de SI2 de 81% para 80% e no de SI6 de 72% para 70%).

O subgrupo SGI apresentou novamente uma proporção maior na ocorrência de PR do que o subgrupo SGA, conforme mostram os dados da TAB. 8. Enquanto a média da ocorrência de PR em SGI corresponde a 27%, a média da ocorrência de PR em SGA corresponde a 16%, mantendo a tendência observada na tradução de TA/TI.

TABELA 8

Valor Médio da Ocorrência dos Tipos de Pausa e de Apoio na Fase de Redação de TA/TI e TAM/TIM

PO AISO AESO AIDO AEDO PR AISR AESR AIDR AEDR

SGA/TA 74% 64% 7% 1% 2% 26% 23% 1% 1% 1% SGI/TI 64% 53% 9% 0% 2% 35% 32% 3% 0% 0% Média 69% 58% 8% 1% 2% 30% 27% 2% 1% 0% SGA/TAM 85% 27% 6% 49% 3% 16% 13% 1% 2% 0% SGI/TIM 73% 35% 9% 27% 2% 27% 19% 3% 4% 1% Média 79% 31% 8% 38% 2% 22% 17% 2% 3% 0%

Com relação aos tipos de apoio utilizados para a resolução de problemas, houve uma redução significativa na ocorrência de AISO na tradução de TAM/TIM. Em SGA, a média do uso de AISO passou de 64% para 27%, e em SGI, a média do uso de AISO passou de 53% para 35%. O subgrupo SGA apresentou uma redução maior na ocorrência de AISO, mas ambos os subgrupos seguiram a mesma tendência (cf. TAB. 8). Considerando os sujeitos, individualmente, houve apenas dois que não seguiram essa tendência: SI1 apresentou aumento de 37% para 61% na ocorrência de AISO e SI3 não apresentou variação na ocorrência desse tipo de apoio após a inserção do SMT (44% em TI e 45% em TIM) (cf. TAB. 4 e 7).

Ao mesmo tempo em que houve redução no uso de AISO na tradução de TAM/TIM, houve um aumento significativo na ocorrência de AIDO. Enquanto na

tradução de TA/TI a ocorrência de AIDO foi inexpressiva e se resumiu a poucos casos no processo de apenas dois sujeitos (cf. exemplos 1, 2 e 3), na tradução de TAM/TIM todos os sujeitos apresentaram ocorrências de AIDO e o percentual desse tipo de apoio variou entre 33% e 63% em SGA (média de 49%) e entre 10% e 63% em SGI (média de 27%). Considerando a média geral, houve um aumento significativo de 1% em TA/TI para 38% no uso desse tipo de apoio na tradução de TAM/TIM (cf. TAB. 8). Esses dados confirmam os resultados de Machado (2007), que também apontaram um aumento na ocorrência de AIDO após a inserção do SMT.

O aumento de AIDO se deu devido às negociações do tradutor, quando este se depara com as sugestões fornecidas pela memória de tradução. Nesses casos, o tradutor precisa avaliar a sugestão de tradução antes de passar adiante e, eventualmente, realizar modificações nas sugestões fornecidas pelo SMT. A maior parte dos casos de AIDO na tradução de TAM/TIM corresponde a esse tipo de atividade do tradutor.

Os casos de AIDO não só aumentaram significativamente após a inserção do SMT, como, no processo da maior parte dos sujeitos (7 em 12), podemos observar que AIDO predominou no que diz respeito aos apoios de orientação, e seu uso na resolução de problemas foi maior do que o uso de AISO, que foi o tipo de apoio mais utilizado na tradução de TA/TI. A predominância de AIDO sobre AISO ocorreu principalmente no subgrupo SGA. Dos seis sujeitos desse subgrupo, cinco apresentaram maior ocorrência de AIDO do que de AISO na tradução de TAM, enquanto no subgrupo SGI, apenas dois dos seis sujeitos apresentaram essa mesma tendência. Se considerarmos a média de cada subgrupo separadamente, podemos observar que o subgrupo SGA segue a tendência geral, em que AIDO passa a ser o tipo de apoio de orientação mais utilizado após a inserção do SMT (49% de AIDO contra 27% de AISO), enquanto o subgrupo SGI,

apesar de apresentar um aumento significativo no uso de AIDO, ainda apresenta uma ocorrência maior de AISO na tradução de TIM (35% de AISO contra 27% de AIDO).

O tipo de apoio de revisão mais recorrente na tradução de TAM/TIM continuou sendo AISR; no entanto, esse tipo de apoio ocorreu com menos freqüência na tradução de TAM/TIM do que na tradução de TA/TI. Esse resultado está diretamente relacionado à redução de PR em TAM/TIM, já que o tipo de apoio de revisão mais freqüente em TA/TI foi AISR.

Além da redução no uso de AISR, podemos observar que, ao contrário do que ocorreu na tradução de TA/TI, em que AISO e AISR foram os dois tipos de apoio mais recorrentes, na tradução de TAM/TIM, os dois tipos de apoio mais recorrentes no processo da maior parte dos sujeitos foram AISO e AIDO, sendo que AIDO passou a ocorrer com maior freqüência do que AISR.

A partir desses dados, podemos supor que a redução de PR, no geral, e de AISR, especificamente, estejam relacionadas ao aumento de AIDO. É possível que parte do processo de revisão em tempo real, que ocorreu principalmente por meio de apoio interno na tradução de TA/TI, tenha sido incorporada nos casos de apoio interno dominante de orientação em que o tradutor avalia as sugestões de tradução fornecidas pela memória de tradução, já que justamente o subgrupo que apresentou maior redução na ocorrência de PR, SGA, foi o que apresentou um maior aumento na ocorrência de AIDO.

Em termos quantitativos, o uso do SMT não teve efeito sobre o uso de apoio externo. Os sujeitos apresentaram uma ocorrência semelhante de AESO, AEDO, AESR e AEDR na tradução dos textos TA/TI e TAM/TIM. Tanto os apoios externos de orientação, como os apoios externos de revisão continuaram ocorrendo em poucas proporções, sendo que os apoios externos de orientação continuaram ocorrendo com

maior frequência do que os de revisão. Por outro lado, se observarmos a duração das pausas associadas à ocorrência de apoio interno e apoio externo na TAB. 9, constatamos uma redução na proporção de tempo despendido com AE em relação a TA/TI.

TABELA 9

Duração das Pausas (seg.) na Fase de Redação de TAM/TIM

AI AE Total

SGA 5350 (72%) 2095 (28%) 7445 SGI 4723 (68%) 2202 (32%) 6925 Total 10073 (70%) 4297 (30%) 14370

Comparando os dados da TAB. 9 com os dados da TAB. 6 da subseção anterior, constatamos que, apesar de a ocorrência de apoio externo (AES e AED) ter sido a mesma em TA/TI e TAM/TIM, o tempo despendido nas pausas que antecedem esse tipo de apoio sofreu uma redução de 46% para 30% quando o texto foi traduzido com o uso do SMT.

Foi observado também que as fontes consultadas e o motivo da busca variaram entre TA/TI e TAM/TIM. No caso dos apoios externos de orientação, em especial, enquanto na tradução de TA/TI sua ocorrência está associada principalmente a consultas realizadas na Internet (textos paralelos) e a glossários online para averiguar a tradução de termos específicos, na tradução de TAM/TIM, o Concordanceador também foi uma fonte de consulta muito utilizada, conforme mostram os dados da TAB. 10.

77 TABELA 10

Tipos de Fontes Consultadas na Fase de Redação de TAM/TIM Sujeitos Dic.

Bil.

Dic. Monol.

Dic.

Técnico Gloss./Enc. Online

Txt

Paralelos Google

Trad.

Aut. Concordance Outros Indet. Total

SA1 0 0 0 0 0 0 0 5 0 0 5 SA2 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 1 SA3 1 0 1 1 0 1 0 8 1 0 13 SA4 11 0 2 1 0 0 0 0 0 0 14 SA5 0 0 0 0 0 0 0 7 0 0 7 SA6 3 3 0 7 0 3 0 6 0 0 22 Subtotal 15 3 3 9 1 4 0 26 1 0 62 SI1 1 0 0 1 0 1 0 0 0 0 3 SI2 0 0 0 10 0 0 0 2 0 0 12 SI3 0 0 0 0 0 1 1 1 0 0 3 SI4 2 0 0 0 0 8 0 0 0 0 10 SI5 1 0 0 0 0 0 0 3 0 0 4 SI6 6 0 0 1 0 0 0 17 0 0 24 Subtotal 10 0 0 12 0 10 1 23 0 0 56 Total 25 3 3 21 1 14 1 49 1 0 118

Em TAM/TIM, as fontes de consulta também foram muitas vezes utilizadas para confirmar ou refutar alguma sugestão de tradução da MT. Há ainda o exemplo do sujeito SI6, que apresenta grande preocupação com as expectativas do cliente em relação à manutenção da consistência da tradução, a partir do uso das opções fornecidas pela memória de tradução. Esse sujeito se sente na obrigação de seguir à risca as sugestões fornecidas pela MT, mesmo que a tradução não lhe agrade. E além de se preocupar em acatar incondicionalmente as paridades acima de 70% que o Trados fornece automaticamente, o sujeito SI6 também se preocupa em consultar constantemente o Concordanceador para averiguar se determinados termos já estão traduzidos na MT, conforme comenta no relato 6.

Relato 6 (SI6/TAM)

Acaba assim, o tempo todo você tem que ficar olhando se tem a palavra traduzida, né, com o concordance.

Analisando os dados do sujeito SI6 mais de perto, podemos perceber que o uso de apoio externo, em especial os casos de AESO na tradução realizada com o Trados, é mais recorrente no processo desse sujeito do que no processo dos demais. SI6 também apresenta uma ocorrência maior de AESR e AIDR. Uma parte dessas consultas a fontes externas se destina a conferir no Concordanceador se há, na memória de tradução, alguma sugestão para o trecho que está sendo traduzido. Em alguns casos, o sujeito seleciona um trecho aleatório e confere se há paridade menor de 60% por meio do Concordanceador.

A seguir passamos para a apresentação dos resultados dos tipos de pausa e de apoio utilizados pelos sujeitos na tradução realizada sob pressão de tempo e sem o uso do SMT.