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Entre Lactâncio, Eusébio e os vestígios arqueológicos

2.3. Outras basílicas no Oriente (Tiro, Antioquia, Nicomédia e Constantinopla)

89 [52] Νηθεηὴο Κσλζηαλη῔λνο Μέγηζηνο Σεβαζηὸο Μαθαξίῳ θαὶ ινηπν῔ο ἐπηζθόπνηο Παιαηζηίλεο. Ἓλ θαὶ ηνῦην κέγηζηνλ η῅ο ὁζησηάηεο κνπ θεδεζηξίαο γέγνλελ εἰο ἟κ᾵ο εὐεξγέηεκα ηὸ ιαλζάλνπζαλ κέρξη λῦλ παξ‟ ὑκ῔λ ἐλαγ῵λ ἀλζξώπσλ ἀπόλνηαλ δηὰ η῵λ πξὸο ἟κ᾵ο γλσξίζαη γξακκάησλ, ὡο η῅ο πξεπνύζεο ἐπαλνξζώζεσο θαὶ ζεξαπείαο εἰ θαὶ βξαδέσο ἀιι‟ ὅκσο ἀλαγθαίσο δη‟ ἟κ῵λ ηὸ παξνθζὲλ ἁκάξηεκα ηπρε῔λ. θαὶ γάξ ἐζηηλ ὡο ἀιεζ῵ο δπζζέβεκα πακκέγεζεο ηνὺο ἁγίνπο ηόπνπο ὑπὸ η῵λ ἀλνζίσλ ρξαίλεζζαη κηαζκάησλ. ηί νὖλ ἐζηηλ, ἀδειθνὶ πξνζθηιέζηαηνη, ὃ ηὴλ ὑκεηέξαλ παξειζὸλ ἀγρίλνηαλ ἟ πξνεηξεκέλε δηὰ ηὴλ πξὸο ηὸ ζε῔νλ εὐιάβεηαλ νὐρ νἵα ηε γέγνλελ ἀπνζησπ῅ζαη; [53.1] ηὸ ρσξίνλ, ὅπεξ παξὰ ηὴλ δξῦλ ηὴλ Μακβξ῅ πξνζαγνξεύεηαη, ἐλ ᾧ ηὸλ Ἀβξαὰκ ηὴλ ἑζηίαλ ἐζρεθέλαη καλζάλνκελ, παληνίσο ὑπό ηηλσλ δεηζηδαηκόλσλ κηαίλεζζαί θεζηλ· εἴδσιά ηε γὰξ πάζεο ἐμσιείαο ἄμηα παξ‟ αὐηὴλ ἱδξῦζζαη θαὶ βσκὸλ ἐδήισζελ πιεζίνλ ἑζηάλαη θαὶ ζπζίαο ἀθαζάξηνπο ζπλερ῵ο ἐπηηειε῔ζζαη.

Além de explorarmos o empreendimento constantiniano na cidade de Bizâncio, a qual desde o dia 11 de maio 330, como nova capital do Império, passaria a se chamar Constantinopla (Franco 2009: 302 e 303), faremos breves considerações a partir das informações fornecidas pela narrativa de Eusébio a respeito de três templos cristãos, em particular. Referimo-nos aos templos cristãos construídoss nas cidades de Tiro, Antioquia e Nicomédia. A respeito do templo em Tiro, contamos com aquilo que o bispo de Cesareia registra em sua História Eclesiática, enquanto que a respeito da Igreja de Nicomédia e da Basílica de Antioquia, recorreremos ao que a narrativa eusebiana nos informa nas obras Vita Constantini e Laus Constantini.

a) A Igreja de Tiro

Já comentada em momento anterior, segundo as palavras de Eusébio (HE X, 4.1)90, a antiga Igreja de Tiro foi considerada a mais bela de todas aquelas que teriam sido construídas até então, com solicitude e cuidado, na região da Fenícia (νὗ δηὰ ζπνπδ῅ο ὁ κάιηζηα η῵λ ἀκθὶ ηὸ Φνηλίθσλ ἔζλνοδηαπξέπσλ ἐλ Τχξῳ λεὼο θηινηί κσο ἐπεζθεχαζην). Também já mencionamos que em sua inauguração, entre os anos 315 e 316, a Igreja de Tiro contou com a presença do bispo de Cesareia, o qual preparou e proferiu um discurso ao bispo da cidade de Tiro, oficializando a dedicação daquele novo templo cristão. Não nos preocupamos aqui em desenvolver uma leitura exaustiva, de cada parágrafo, do referido discurso. Destacaremos apenas alguns momentos nos quais o bispo Eusébio – que era teólogo e orador, mas não arquiteto – descreve aquela construção, se utilizando apenas de uma interpretação teológica e de recursos retóricos, para evidenciar os simbolismos por ele identificados naquela obra arquitetônica.

Ao final do segundo parágrafo (HE X, 4.2)91, em sua saudação a todas as pessoas ali presentes e, em particular, ao bispo de Tiro, Eusébio começa a desenvolver

90 P[4.1]Iθαί ηηο ἐλ κέζῳ παξειζὼλ η῵λ κεηξίσο ἐπηεηθ῵λ, ιφγνπ ζχληαμηλ πεπνηεκέλνο, ὡο ἐλ ἐθθιεζίαο ἀζξνίζκαηη, πιείζησλ ἐπηπαξφλησλ πνηκέλσλ ἐλ ἟ζπρίᾳ θαὶθφζκῳ ηὴλ ἀθξφαζηλ παξερνκέλσλ, ἑλὸο εἰο π ξφζσπνλ ηὰ πάληα ἀξίζηνπ θαὶζενθηινῦο ἐπηζθφπνπ, νὗ δηὰ ζπνπδ῅ο ὁ κάιηζηα η῵λ ἀκθὶ ηὸ Φνηλίθσλ ἔζ λνοδηαπξέπσλ ἐλ Τχξῳ λεὼο θηινηίκσο ἐπεζθεχαζην, ηνηφλδε παξέζρε ιφγνλ. 91P[4.2]Iθίινη ζενῦ θαὶ ἱεξε῔ο νἱ ηὸλ ἅγηνλ πνδήξε θαὶ ηὸλ νὐξάληνλ η῅ο δφμεοζηέθαλνλ ηφ ηε ρξ῔ζκα ηὸ ἔ λζενλ θαὶ ηὴλ ἱεξαηηθὴλ ηνῦ ἁγίνπ πλεχκαηνοζηνιὴλ πεξηβεβιεκέλνη, ζχ ηε, ὦ λένλ ἁγίνπ λεὼ ζενῦ ζεκλ νιφγεκα, γεξαηξᾶκὲλ θξνλήζεη παξὰ ζενῦ ηεηηκεκέλε, λέαο δὲ θαὶ ἀθκαδνχζεο ἀξεη῅ο ἔξγαπνιπηει῅ θαὶ πξάμεηο ἐπηδεδεηγκέλε, ᾧ ηὸλ ἐπὶ γ῅ο νἶθνλ αὐηὸο ὁ ηὸλζχκπαληα θφζκνλ πεξηέρσλ ζεὸο δείκαζζαη θαὶ ἀ λαλενῦλ Χξηζηῶ ηῶκνλνγελε῔ θαὶ πξσηνγελε῔ δὲ αὐηνῦ ιφγῳ ηῆ ηε ἁγίᾳ ηνχηνπ θαὶ ζενπξεπε῔λχκθῃ γέξα ο ἐμαίξεηνλ δεδψξεηαη,

suas analogias, relacionando a noção de casa do Senhor (νἶθνλ θπξίνπ)92 com aquele templo físico que ali se inaugurava. Na narrativa providencialista do bispo de Cesareia, foi para Paulino93, então bispo de Tiro, que o próprio Deus, o qual controla o mundo inteiro (ὁ ηὸλζχκπαληα θφζκνλ πεξηέρσλ ζεὸο), concedeu (δεδψξεηαη) o honroso presente (γέξαο) de construir e restaurar (δείκαζζαη θαὶ ἀλαλενῦλ) sua casa sobre a terra (ᾧ ηὸλ ἐπὶ γ῅ο νἶθνλ αὐηὸο), dedicada para Cristo (Χξηζηῶ), também considerado seu Verbo unigênito e primogênito (ηῶκνλνγελε῔ θαὶ πξσηνγελε῔ δὲ αὐηνῦ ιφγῳ), e para a sua santa e devotada esposa (ηῆ ηε ἁγίᾳ ηνχηνπ θαὶ ζενπξεπε῔λχκθῃ).

De acordo com Giovanni Lo Castro, para a narrativa eusebiana há uma relevância singular na inauguração da Igreja de Tiro e que não pode ser observada de maneira superficial. Por essa razão, Eusébio dedica todo o quarto capítulo do Livro X da

História Eclesiástica à citação, na íntegra, do discurso94 proferido durante a cerimônia e, em consequência, à organização de argumentos favoráveis àquilo que a construção e a dedicação daquele templo significavam para a Cristandade naquele momento: “o sinal visível da afirmação político-religiosa do cristianismo.” (Castro 2005: 218)

Em seu discurso, Eusébio relaciona com frequência a construção daquele templo cristão com a ação direta de Deus. Na organização da narrativa, o discurso contém setenta e dois parágrafos, sendo que trinta e seis são dedicados à justificação teológica do empreendimento arquitetônico. Somente no parágrafo trinta e sete Eusébio começa a descrever o templo, não deixando de fazer, até a conclusão do discurso, novas afirmações no sentido de dar legitimidade, por meio de citações bíblicas, àquela obra que, certamente, teria sido a primeira de tantas que seriam inauguradas naquele novo tempo vivido pelos cristãos. É, porém, da descrição, apenas, que aqui nos ocuparemos.

Para sermos exatos, Eusébio dedica nove parágrafos (HE X, 4.37-45)95 de todo o discurso à descrição do templo cristão inaugurado em Tiro. De acordo com Frangiotti,

92

Este conceito teológico aparecerá por várias vezes no discurso de Eusébio, sendo legitimado, inclusive, com citações diversas de textos da Bíblia Hebraica e do Novo Testamento. Um dos primeiros momentos nos quais essa ideia aparece no discurso está em HE X, 4.7.

93 De acordo com Castro, é “a tradição cristã que atribui a Eusébio esse discurso panegírico, embora ele

não faça menção ao seu próprio nome. Da mesma maneira, jamais se nomeia o primeiro destinatário do mesmo panegírico que, neste caso, é considerado o bispo Paulino.” (Castro 2005: 218). Em nota, já tratamos dessa questão anteriormente, dialogando com as observações de Velasco-Delgado (2008: 598).

94 Castro observa que “o panegírico também tem notável relevância, seja para o pensamento teológico

nele contido, seja por nos fornecer, por meio de uma retórica densa de simbolismos e ousadas metáforas, a primeira descrição de especificações da incipiente arquitetura cristã.” (Castro 2005: 218 e 219)

95I[4.37]IΤαχηῃ δ̓ νὖλ πνιὺ κείδνλα ηὸλ ρ῵ξνλ ἅπαληα πεξηιαβψλ, ηὸλ κὲλ ἔμσζελὠρπξνῦην πεξίβνινλ η

ῶ ηνῦ παληὸο πεξηηεηρίζκαηη, ὡο ἂλἀζθαιέζηαηνλ εἴε ηνῦ παληὸο ἕξθνο:I[4.38]Iπξφππινλ δὲ κέγα θαὶ εἰο

ὕςνο ἐπεξκέλνλ πξὸο αὐηὰο ἀλίζρνληνο ἟ιίνπἀθη῔λαο ἀλαπεηάζαο, ἢδε θαὶ ην῔ο καθξὰλ πεξηβφισλ ἔμσ ἱ εξ῵λ ἑζη῵ζηλ η῅οη῵λ ἔλδνλ παξέζρελ ἀθζνλίαλ ζέαο, κφλνλ νὐρὶ θαὶ η῵λ ἀιινηξίσλ η῅οπίζηεσο ἐπὶ ηὰο

“as descrições que seguem foram inúmeras vezes estudadas e comentadas pelos arqueólogos.” (2000: 480) Dentre as primeiras afirmações feitas por Eusébio, está a de que o terreno demarcado para a construção era muito maior que o anterior (Ταχηῃ δ̓ νὖλ πνιὺ κείδνλα ηὸλ ρ῵ξνλ ἅπαληα πεξηιαβψλ), fazendo, neste caso, uma possível alusão à igreja ali existente antes de ser destruída, ao que tudo indica, pela perseguição promovida por Diocleciano. No mesmo parágrafo, ainda iniciando a descrição do templo, Eusébio afirma que todo o perímetro externo foi cercado por muros (ηὸλ κὲλ ἔμσζελὠρπξνῦην πεξίβνινλ ηῶ ηνῦ παληὸο πεξηηεηρίζκαηη), constituindo uma segura fortificação (ὡο ἂλἀζθαιέζηαηνλ εἴε ηνῦ παληὸο ἕξθνο) para toda a obra.

Segundo Velasco-Delgado, confirmando a leitura feita por Frangiotti, é nesse momento do discurso eusebiano que se inicia a descrição, tanto dos projetos como dos trabalhos de edificação do templo. É a descrição “mais antiga que temos, não nos surpreendendo que arqueólogos tenham-na estudado a fundo a partir de vários pontos de

πξψηαο εἰζφδνπο ἐπηζηξέθσλ ηὰο ὄςεηο, ὡο ἂλ κὴ παξαηξέρνηηηο ὅηη κὴ ηὴλ ςπρὴλ θαηαλπγεὶο πξφηεξνλ κ λήκῃ η῅ο ηε πξὶλ ἐξεκίαο θαὶ η῅ολῦλ παξαδφμνπ ζαπκαηνπξγίαο, ὑθ̓ ἥο ηάρα θαὶ ἑιθπζζήζεζζαη θαηαλπγ έληαθαὶ πξὸο αὐη῅ο η῅ο ὄςεσο ἐπὶ ηὴλ εἴζνδνλ πξνηξαπήζεζζαη ἢιπηζελ.I[4.39]Iεἴζσ δὲ παξειζφληη ππι ῵λ νὐθ εὐζὺο ἐθ῅θελ ἀλάγλνηο θαὶ ἀλίπηνηοπνζὶλ η῵λ ἔλδνλ ἐπηβαίλεηλ ἁγίσλ, δηαιαβὼλ δὲ πιε῔ζηνλ ὅζν λ ηὸ κεηαμὺ ηνῦηε λεὼ θαὶ η῵λ πξψησλ εἰζφδσλ, ηέηηαξζη κὲλ πέξημ ἐγθαξζίνηοθαηεθφζκεζελ ζηνα῔ο, εἰο ηεηξάγσλφλ ηη ζρ῅κα πεξηθξάμαο ηὸλ ηφπνλ, θίνζηπαληαρφζελ ἐπαηξνκέλαηο: ὧλ ηὰ κέζα δηαθξάγκαζη ην῔ ο ἀπὸ μχινπδηθηπσην῔ο ἐο ηὸ ζχκκεηξνλ ἣθνπζη κήθνπο πεξηθιείζαο, κέζνλ αἴζξηνλ ἞θίεηεἰο ηὴλ ηνῦ νὐξ αλνῦ θάηνςηλ, ιακπξὸλ θαὶ ηα῔ο ηνῦ θσηὸο ἀθη῔ζηλ ἀλεηκέλνλἀέξα παξέρσλ.I[4.40]Iἱεξ῵λ δ̓ ἐληαῦζα θαζ αξζίσλ ἐηίζεη ζχκβνια, θξήλαο ἄληηθξπο εἰοπξφζσπνλ ἐπηζθεπάδσλ ηνῦ λεὼ πνιιῶ ηῶ ρεχκαηη ηνῦ λάκα ηνο ην῔οπεξηβφισλ ἱεξ῵λ ἐπὶ ηὰ ἔζσ πξντνῦζηλ ηὴλ ἀπφξπςηλ παξερνκέλαο. θαὶπξψηε κὲλ εἰζηφλησλ αὕηε δηαηξηβή, θφζκνλ ὁκνῦ θαὶ ἀγιαΐαλ ηῶ παληὶ ην῔οηε η῵λ πξψησλ εἰζαγσγ῵λ ἔηη δενκέλνηο θαηάιιεινλ η ὴλ κνλὴλ παξερνκέλε.I[4.41]IἈιιὰ γὰξ θαὶ ηὴλ ηνχησλ ζέαλ παξακεηςάκελνο, πιείνζηλ ἔηη κ᾵ιινλ ην῔οἐ λδνηάησ πξνπχινηο ηὰο ἐπὶ ηὸλ λεὼλ παξφδνπο ἀλαπεπηακέλαο ἐπνίεη, ὑπὸκὲλ ηα῔ο ἟ιίνπ βνια῔ο αὖζηο ηξ ε῔ο πχιαο ὑθ̓ ἓλ θαηαζεὶο πιεπξφλ, ὧλ πνιὺηὰο παῤ ἑθάηεξα κεγέζεη ηε θαὶ πιάηεη πιενλεθηε῔λ ηῆ κέζῃ ρα ξηζάκελνοπαξαπήγκαζί ηε ραιθνῦ ζηδεξνδέηνηο θαὶ πνηθίικαζηλ ἀλαγιχθνηοδηαθεξφλησο αὐηὴλ θαηδξχλ αο, ὡο ἂλ βαζηιίδη ηαχηῃ ηνὺο δνξπθφξνποIὑπέδεπμελ:I[4.42]Iηὸλ αὐηὸλ δὲ ηξφπνλ θαὶ ηα῔ο παῤ ἑθάηεξα η νῦ παληὸο λεὼ ζηνα῔ο ηὸλ η῵λπξνπχισλ ἀξηζκὸλ δηαηάμαο, ἄλσζελ ἐπὶ ηαχηαηο ἄιιῳ πιείνλη θσηὶδηαθφξ νπο ηὰο ἐπὶ ηὸλ νἶθνλ εἰζβνιὰο ἐπελφεη, ηα῔ο ἀπὸ μχινπ ιεπηνπξγίαηοθαὶ ηὸλ πεξὶ αὐηὰο θφζκνλ θαηαπνηθ ίιισλIΤὸλ δὲ βαζίιεηνλ νἶθνλ πινπζησηέξαηο ἢδε θαὶ δαςηιέζη ηα῔ο ὕιαηο ὠρχξνπ,ἀθζφλῳ θηινηηκίᾳ η῵λ ἀλαισκάησλ ρξψκελνο:I[4.43]Iἔλζα κνη δνθ῵ πεξηηηὸλ εἶλαη ηνῦ δνκήκαηνο κήθε ηε θαὶ πιάηεθαηαγξά θεηλ, ηὰ θαηδξὰ ηαῦηα θάιιε θαὶ ηὰ ιφγνπ θξείηηνλα κεγέζε ηήλ ηεη῵λ ἔξγσλ ἀπνζηίιβνπζαλ ὄςηλ ηῶ ιφ γῳ δηεμηφληη ὕςε ηε ηὰ νὐξαλνκήθε θαὶηὰο ηνχησλ ὑπεξθεηκέλαο πνιπηειε῔ο ηνῦ Ληβάλνπ θέδξνπο, ὧλ νὐ δὲ ηὸ ζε῔νλιφγηνλ ηὴλ κλήκελ ἀπεζηψπεζελ ῾εὐθξαλζήζεηαἰ θάζθνλ ῾ηὰ 1 μχια ηνῦθπξίνπ, θαὶ αἱ θέδξνη ηνῦ Ληβάλνπ ἃο ἐθχηεπζελ.᾿I[4.44]IΤί κε δε῔ λῦλ η῅ο παλζφθνπ θαὶ ἀξρηηεθηνληθ῅ο δηαηάμεσο θαὶ ηνῦ θά ιινποη῅ο ἐθ̓ ἑθάζηνπ κέξνπο ὑπεξβνι῅ο ἀθξηβνινγε῔ζζαη ηὴλ ὑθήγεζηλ, ὅηε η῅οὄςεσο ηὴλ δηὰ η῵λ ὤησλ ἀπνθιείεη κάζεζηλ ἟ καξηπξία; ἀιιὰ γὰξὧδε θαὶ ηὸλ λεὼλ ἐπηηειέζαο ζξφλνηο ηε ην῔ο ἀλσηάησ εἰο ηὴλ η῵ λ πξνέδξσληηκὴλ θαὶ πξνζέηη βάζξνηο ἐλ ηάμεη ην῔ο θαζ̓ ὅινπ θαηὰ ηὸ πξέπνλ θνζκήζαοἐθ̓ ἅπαζίλ ηε ηὸ η ῵λ ἁγίσλ ἅγηνλ ζπζηαζηήξηνλ ἐλ κέζῳ ζείο, αὖζηο θαὶ ηάδε, ὡο ἂλ εἴε ην῔ο πνιιν῔ο ἄβαηα, ην῔ο ἀπὸ μχινπ πεξηέθξαηηε δηθηχνηο εἰο ἄθξνλἐληέρλνπ ιεπηνπξγίαο ἐμεζθεκέλνηο, ὡο ζαπκάζηνλ ην῔ο ὁξ῵ζηλ παξέρεηλ ηὴλIζέαλ.I[4.45]IἈιἰ νὐδὲ ηνὔδαθνο ἄξα εἰο ἀκειὲο ἔθεηην αὐηῶ: θαὶ ηφδε γνῦλ ιίζῳ καξκάξῳεὖ κάια θ φζκῳ παληὶ ιακπξχλαο, ἢδε ινηπὸλ θαὶ ἐπὶ ηὰ ἐθηὸο ηνῦ λεὼκεηῄεη, ἐμέδξαο θαὶ νἴθνπο ηνὺο παῤ ἑθάηεξα κεγίζηνπο ἐπηζθεπάδσλἐληέρλσο ἐπὶ ηαὐηὸλ εἰο πιεπξὰ ηῶ βαζηιείῳ ζπλεδεπγκέλνπο θαὶ ηα῔ο ἐπὶ ηὸλκέζ νλ νἶθνλ εἰζβνια῔ο ἟λσκέλνπο: ἃ θαὶ αὐηὰ ην῔ο ἔηη θαζάξζεσο θαὶπεξηξξαληεξίσλ η῵λ δηὰ 1 ὕδαηνο θαὶ ἁ γίνπ πλεχκαηνο ἐγρξῄδνπζηλ ὁεἰξεληθψηαηνο ἟κ῵λ Σνινκὼλ ὁ ηὸλ λεὼλ ηνῦ ζενῦ δεηκάκελνο ἀπεηξγάδεη ν, ὡο κεθέηη ιφγνλ, ἀιἰ ἔξγνλ γεγνλέλαη ηὴλ ἄλσ ιερζε῔ζαλ πξνθεηείαλ:

vista. É a primeira e a mais detalhada, mas não a única” (Velasco-Delgado 2008: 612) igreja descrita por Eusébio. Além, por exemplo, da já observada antiga Igreja do Santo Sepulcro, em Jerusalém, o bispo de Cesareia também teria descrito as antigas igrejas de Antioquia, Nicomédia e Constantinopla, acerca das quais ainda trataremos a partir de leituras que faremos da Vita Constantini e da Laus Constantini, conforme já dissemos.

No parágrafo seguinte (HE X, 4.38), o discurso de Eusébio, em sua descrição teológica, reforçada por recursos retóricos, sem apresentar características específicas da arquitetura do edifício que era inaugurado em Tiro, afirma, por exemplo, que foi aberto um vestíbulo amplo e alto (πξφππινλ δὲ κέγα θαὶ εἰο ὕςνο ἐπεξκέλνλ), uma espécie de pátio que possibilitava o acesso à entrada principal da igreja, com o intuito de proporcionar à longa distância (καθξὰλ) uma ampla visão do que havia dentro (ἔλδνλ) do templo, sobretudo, para os que não eram adeptos da fé dos cristãos (η῵λ ἀιινηξίσλ η῅ο πίζηεσο). Assim, todas as pessoas que contemplassem a grandeza daquela obra, não apenas se lembrariam da desolação passada (κλήκῃ η῅ο ηε πξὶλ ἐξεκίαο) provocada pela perseguição de Diocleciano, que devastou o antigo templo, mas também admirariam a maravilhosa obra (λῦλ παξαδφμνπ ζαπκαηνπξγίαο) que estava sendo inaugurada.

Entre os parágrafos nos quais Eusébio descreve a Igreja de Tiro construída sob supervisão do bispo Paulino, o trigésimo nono é o que apresenta a mais detalhada descrição daquele novo templo cristão (Castro 2005: 231). Após afirmar que para as pessoas que entrassem no santuário, ao atravessarem as portas, não seria permitido fazê- lo sem que antes lavassem os pés sujos (ἀλάγλνηο θαὶ ἀλίπηνηο πνζὶλ), o bispo Eusébio destaca que entre os itens da obra havia uma ornamentação ao redor de quatro pórticos transversais (ηέηηαξζη κὲλ πέξημ ἐγθαξζίνηοIθαηεθφζκεζελ) que cercavam o local em forma quadrangular (ηεηξάγσλφλ), além de pequenas colunas (ζηνα῔ο) que se erguiam (ἐπαηξνκέλαηο) de todas as partes (παληαρφζελ) e com intervalos entre elas que eram fechados com cercas proporcionais de madeira (ὧλ ηὰ κέζα δηαθξάγκαζη ην῔ο ἀπὸ μχινπ δηθηπσην῔ο ἐο ηὸ ζχκκεηξνλ ἣθνπζη κήθνπο πεξηθιείζαο). Também existia um átrio central (κέζνλ αἴζξηνλ), a céu aberto, propiciando ar puro a quem ali estivesse.

Para que as pessoas pudessem lavar seus pés, conforme descrito no parágrafo anterior, Eusébio afirma na sequência (HE X, 4.40) que foram construídas algumas fontes em frente (θξήλαο ἄληηθξπο) ao templo, com água corrente em abundância (πνιιῶ ηῶ ρεχκαηη ηνῦ λάκαηνο), cuja finalidade era exatamente a de atender a quem precisasse se purificar antes de entrar no santuário. A propósito, o discurso eusebiano ainda descreve (HE X, 4.41) que o acesso ao interior do templo se daria por meio de

mais alguns pátios (πιείνζηλ ἔηη κ᾵ιινλ ην῔ο ἐλδνηάησ πξνπχινηο) ali construídos. Em um dos lados foram colocadas três portas (ηξε῔ο πχιαο), sendo que a que foi posicionada ao meio era mais alta e mais larga (κεγέζεη ηε θαὶ πιάηεη πιενλεθηε῔λ ηῆ κέζῃ), além de estar decorada com placas de bronze presas com ferro (ηε ραιθνῦ ζηδεξνδέηνηο), nas quais havia variados relevos esculpidos (θαὶ πνηθίικαζηλ ἀλαγιχθνηο δηαθεξφλησο).

Segundo a leitura de Velasco-Delgado, está explícito na perspectiva teológica de Eusébio todo “o simbolismo trinitário das três portas.” (2008: 613) Castro também tem identificado tal detalhe, especificando que nesse simbolismo da narrativa eusebiana, “cada porta representa uma das três pessoas divinas. A porta central é a maior, pois restabelece a preeminência do Pai sobre o Filho e o Espírito.” (2005: 232) É possível que Eusébio, por ser adepto da corrente ariana que seria condenada no Concílio de Niceia, pretendesse evidenciar nesse trecho do discurso as suas convicções cristológicas por meio dessa interpretação que faz das portas da antiga Igreja de Tiro, as quais, segundo Frangiotti, se abriam para o Leste, na direção do sol nascente (2000: 482).

No parágrafo posterior (HE X, 4.42), Eusébio menciona que foram providenciados pórticos para cada lado do templo, na mesma quantidade de vestíbulos (θαὶ ηα῔ο παῤ ἑθάηεξα ηνῦ παληὸο λεὼ ζηνα῔ο ηὸλ η῵λπξνπχισλ ἀξηζκὸλ δηαηάμαο), sem informar, contudo, quantos havia. Para propiciar maior iluminação (πιείνλη θσηὶ) no ambiente interno foram planejadas diferentes aberturas sobre a casa (ηὸλ νἶθνλ) e para decorá-la foram esculpidos em madeira (ηα῔ο ἀπὸ μχινπ ιεπηνπξγίαηο) diversos ornamentos. No mesmo parágrafo, o bispo de Cesareia também afirma que a basílica (Τὸλ δὲ βαζίιεηνλ νἶθνλ) foi construída com materiais ainda mais ricos e abundantes (πινπζησηέξαηο ἢδε θαὶ δαςηιέζη) sem restrição no custo (η῵λ ἀλαισκάησλ ρξψκελνο).

O autor do discurso, para se esquivar (HE X, 4.43 e 44), afirma considerar supérfluo descrever o comprimento e a largura do edifício (ἔλζα κνη δνθ῵ πεξηηηὸλ εἶλαηIηνῦ δνκήκαηνο κήθε ηε θαὶ πιάηεIθαηαγξάθεηλ), preferindo se limitar em elogiar a estética daquela obra. O mais provável, ao que tudo indica, é que Eusébio realmente não tivesse as informações acerca das dimensões daquela igreja em Tiro, optando por legitimar sua omissão, questionando o motivo pelo qual deveria (Τί κε δε῔ λῦλ) ser exato (ἀθξηβνινγε῔ζζαη) na descrição daquele que, por ele, foi caracterizado como um sapientíssimo e arquitetônico projeto (η῅ο παλζφθνπ θαὶ ἀξρηηεθηνληθ῅ο δηαηάμεσο). Salientamos que diante da ausência de informações a respeito das dimensões do templo, bem como da inexistência de quaisquer vestígios arqueológicos, toda tentativa de

reconstrução de sua planta seria, além de imprecisa, sem a menor utilidade para nós, mesmo que ela fosse elaborada a partir, somente, das descrições de Eusébio.

Confirmando esse problema, Frangiotti já comentara que não apenas na antiga “Basílica de Tiro, mas em todas as igrejas das quais Eusébio deixou a descrição, tudo é grande, maravilhoso, mas não nos informa sobre as dimensões exatas, reais dos edifícios.” (2000: 482) Nem por isso, as descrições contidas na narrativa eusebiana são menos importantes. Elas têm, porém, o objetivo claro de desenvolver uma interpretação apenas teológica, chegando a atribuir significados simbólicos para determinadas partes daquelas construções. Além disso, é possível identificar as aproximações entre aqueles novos templos cristãos e a arquitetura imperial romana já existente, exemplificando as mudanças estéticas em conformidade com padrões helênicos e romanos que a Cristandade passou a ter a partir da era constantiniana, ainda que muitos desses templos tenham sido construídos apenas depois da morte do imperador Constantino.

Quando, ainda no mesmo parágrafo, Eusébio afirma que no meio da Igreja de Tiro foi colocado um altar (ζπζηαζηήξηνλ ἐλ κέζῳ) como santo dos santos (η῵λ ἁγίσλ ἅγηνλ), cercado com grades de madeira reticulada (μχινπ πεξηέθξαηηε δηθηχνηο) e decoradas até em cima com fina obra de arte (ιεπηνπξγίαο ἐμεζθεκέλνηο), ele não apenas fazia uma analogia com o lugar restrito ao Sumo Sacerdote dos antigos templos da tradição hebraica, mas, sobretudo, como observa Castro, demonstrava que “na basílica cristã, o altar, o trono de Deus, o Santo dos Santos, ocupa o lugar no qual ficava o trono imperial na basílica pagã" (2005: 233). Com todo o significado simbólico que os templos cristãos possam ter recebido da interpretação teológica do discurso eusebiano, em termos arquitetônicos as antigas igrejas em muito se assemelhavam àquela arquitetura já existente, ou seja, tanto com aquela dos edifícios com finalidades religiosas da tradição politeísta como em relação à arquitetura das basílicas do Império, cujas finalidades não eram religiosas, mas políticas, jurídicas e administrativas.

Castro, em diálogo com a obra de Stefano Bottari, chama nossa atenção para a identificação de aproximações que existem entre aquelas matrizes arquitetônicas da Antiguidade Tardia e a suas funções, destacando que a arquitetura cristã

derivava diretamente da basílica imperial, do século II em diante, quando este edifício unia a tradicional função de administração da justiça com aquele local onde ocorriam as manifestações públicas da autoridade imperial, sem excluir as práticas relacionadas ao culto dedicado ao imperador. Tal função é o motivo da forte separação, dentro de uma construção retangular, entre os corredores e a abside, fosse ela retangular ou semicircular, onde era posicionado o trono imperial. Também na basílica cristã, os

corredores destinados aos fiéis são, mediante um transepto, nitidamente separados da abside, que é o lugar reservado para o culto dedicado a Deus, o verdadeiro Rei. Na frente do edifício havia um quadripórtico, onde se reuniam os catecúmenos. Característica própria de uma basílica, fosse ela cristã ou pagã, era o contraste entre a simplicidade da estrutura externa e o esplendor do interior (o que Eusébio descreve de maneira muito cuidadosa). (2005: 219)

O último parágrafo desse discurso do bispo Eusébio dedicado à descrição do templo de Tiro (HE X, 4.45) afirma que em seu pavimento havia decorações em pedra de mármore (ιίζῳ καξκάξῳ), além de mencionar que no ambiente externo (ἐθηὸο) do templo foram construídas êxedras e edifícios (ἐμέδξαο θαὶ νἴθνπο) que, para fins de ornamentação artística, estavam ligados à basílica (βαζηιείῳ). Com o objetivo de legitimar o empreendimento do bispo Paulino, Eusébio chega a identificá-lo como Salomão (Σνινκὼλ), comparando-o ao rei de Israel que, segundo a narrativa bíblica, teria ordenado a construção do Templo de Jerusalém.

Percebemos a importância que esse antigo templo cristão da cidade de Tiro teve para a sua própria época, embora já não tenhamos vestígios arqueológicos que remetam a ele. Além disso, mesmo que construído e inaugurado na era constantiniana e, ao que tudo indica, com doação financeira do Império, esse empreendimento, como teria antecedido a vitória de Constantino sobre Licínio e consequente restauração da monarquia em 324, não tem no discurso de Eusébio qualquer atribuição direta de sua construção à pessoa de Constantino, mas apenas ao bispo Paulino (Armstrong 1967: 2).

b) A Igreja de Nicomédia e a Basílica de Antioquia

Os trechos da narrativa eusebiana dedicados à Igreja de Nicomédia e à Basílica de Antioquia são tão breves que podemos verificá-las em conjunto, embora sejam construções distintas. Por isso, destoando do que fizemos até aqui, não iremos estudá- las de maneira separada. Gregory T. Armstrong, para quem há problemas relativos às igrejas próximas à região de Constantinopla, afirma que “a respeito da Basílica do Salvador em Nicomédia, também chamada de Basílica da Vitória, há apenas Eusébio enquanto fonte literária, além de Sozômeno.” (1967: 2) Aliás, Sozômeno recorre ao próprio Eusébio para escrever boa parte de sua obra. Logo, a narrativa eusebiana teria sido o primeiro documento a nos informar acerca dessa construção na capital da Bitínia.

Em sua Vita Constantini, o bispo de Cesareia declara (VC III, 50.1)96 que com aquelas construções, o imperador Constantino ornamentou sua cidade (Τνύηνηο κὲλ νὖλ ηὴλ αὐηνῦ πόιηλ ἐθαιιώπηδε), fazendo referência às obras empreendidas em Constantinopla, acerca das quais trataremos no próximo tópico. Logo em seguida, no mesmo parágrafo, Eusébio destaca que, de maneira semelhante (ὁκνίσο), o imperador honrou (ἐηίκα) a cidade de Nicomédia, capital da Bitínia (ηὴλ δὲ Βηζπλ῵λ ἄξρνπζαλ) com a dedicação (ἀλαζήκαηη) de uma grandiosa e magnífica igreja (κεγίζηεο θαὶ ὑπεξθπνῦο ἐθθιεζίαο), utilizando seu patrimônio pessoal (ἐμ νἰθείσλ ζεζαπξ῵λ) para, naquele lugar (αὐηνῦ), erigir (ἀλπς῵λ) monumentos vitoriosos (ληθεηήξηα) ao Salvador (ζση῅ξη), expressando assim o seu agradecimento pelo triunfo sobre aqueles que são identificados na narrativa como inimigos e infiéis (ἐρζξ῵λ θαὶ ζενκάρσλ).

Semelhante ao caso da Igreja de Tiro, análises de estudiosos como Averil Cameron e Stuart G. Hall, além de Franco, defendem que no lugar onde foi construída a Igreja de Nicomédia, então sede da Tetrarquia, teria existido um templo cristão que, no início da perseguição promovida por Diocleciano, foi destruído por completo (Franco 2009: 305). Tal hipótese se sustenta a partir da leitura que podemos fazer da obra de Lactâncio (MP 12)97, entendendo que a reconstrução de uma igreja no mesmo local evidenciaria o triunfo de Constantino sobre seus inimigos (Cameron e Hall 1999: 299).

96

Τνύηνηο κὲλ νὖλ ηὴλ αὐηνῦ πόιηλ ἐθαιιώπηδε. ηὴλ δὲ Βηζπλ῵λ ἄξρνπζαλ ὁκνίσο ἀλαζήκαηη κεγίζηεο θαὶ ὑπεξθπνῦο ἐθθιεζίαο ἐηίκα, ἐμ νἰθείσλ ζεζαπξ῵λ θἀληαῦζα ηῶ αὐηνῦ ζση῅ξη θαη‟ ἐρζξ῵λ θαὶ ζενκάρσλ ἀλπς῵λ ληθεηήξηα.

97 [12.1] Inquiritur peragendae rei dies aptus et felix ac potissimum Terminalia deliguntur, quae sunt a.d.

septimum Kalendas Martias, ut quasi terminus imponeretur huic religioni. Ille dies primus leti primusque malorum causa fuit, quae et ipsis et orbi terrarum acciderunt. [12.2] Qui dies cum illuxisset agentibus consulatum senibus ambobus octavum et septimum, repente adhuc dubia luce ad ecclesiam praefectus cum ducibus et tribunis et rationalibus venit et revulsis foribus simulacrum dei quaeritur, scripturae repertae incenduntur, datur omnibus praeda, rapitur, trepidatur, discurritur. [12.3] Ipsi vero in speculis -- in alto enim constituta ecclesia ex palatio videbatur -- diu inter se concertabant, utrum ignem potius supponi oporteret. [12.4] Vicit sententia Diocletianus cavens, ne magno incendio facto pars aliqua vivitatis arderet. Nam multae ac magnae domus ab omni parte cingebant. [12.5] Veniebant igitur praetoriani acie structa cum securibus et aliis ferramentis et immissi undique fanum illud editissimum paucis horis solo adaequarunt. – De acordo com tradução de Antonio Marchionni ainda não publicada, esse texto de Lactâncio diz: “Busca-se o dia apropriado e propício à execução do intento e são escolhidos primeiramente os Terminais, que ocorrem sete dias antes das Calendas de Março, quase que seria imposto o término a esta religião. Aquele dia foi o primeiro da morte e por primeiro foi a causa dos males que caíram sobre eles e sobre toda a terra. Não apenas aquele dia raiou, os dois velhos exercendo o consulado pela oitava e a sétima vez, improvisadamente chega à igreja o prefeito junto com chefes, tribunos e contábeis e, arrancadas as portas, procura-se a efígie do deus, as escrituras encontradas são queimadas, é permitida a todos a predação, se rapina, se faz confusão, se corre. Os dois, em postos de observação, de fato do palácio era visível a igreja posta no alto, conversavam agitadamente se convinha o não dá-la de uma vez ao fogo. Venceu o parecer de Diocleciano, com medo de que, se o incêndio se fizesse grande, viesse a arder uma parte da cidade. De fato, muitas e grandes casas rodeavam por toda parte. Então vieram os pretorianos em batalhão formado com machados e outras ferramentas e, entrados por toda parte, em poucas horas estenderam aquele santuário ao chão.”

Na referida passagem de De mortibus persecutorum, na qual é narrado de maneira específica a respeito do início da perseguição empreendida aos cristãos no ano 30398, cujo objetivo, de uma vez por todas, seria quase que impor o término a esta religião (ut quasi terminus imponeretur huic religioni), o escritor Lactâncio afirma, por exemplo, que foram arrancadas as portas e procurada alguma imagem de Deus (et

rationalibus venit et revulsis foribus simulacrum dei quaeritur), além de encontradas e

queimadas as Escrituras (scripturae repertae incenduntur). Teja comenta que na mentalidade religiosa dos politeístas não era possível imaginar um local de culto sem a existência de estátuas que representassem aquelas que eram objeto de adoração, a saber, as divindades. “Não as encontrando, passaram a queimar o único objeto material identificado: as Escrituras. A queima destas e a destruição ou confisco de vasos sagrados serão, durante a perseguição, uma ocorrência sistemática.” (Teja 1982: 101)

Lactâncio ainda informa a respeito da imposição de um parecer de Diocleciano (Vicit sententia Diocletianus cavens), o qual, com medo de que, se o incêndio se fizesse grande, viesse a arder uma parte da cidade (ne magno incendio facto pars aliqua

vivitatis arderet), uma vez que a igreja era cercada por muitas e grandes casas por toda

parte (Nam multae ac magnae domus ab omni parte cingebant). Definida, então, uma estratégia por parte dos imperadores Diocleciano e Maximiano, vieram os pretorianos em batalhão formado com machados e outras ferramentas (Veniebant igitur praetoriani

acie structa cum securibus et aliis ferramentis) e, tendo entrado por toda parte, em

poucas horas estenderam aquele santuário ao chão (et immissi undique fanum illud

editissimum paucis horis solo adaequarunt). De acordo com Teja, “o fato de que os

cristãos pudessem dispor, em Nicomédia, de uma igreja com tais características revela o grau de tolerância de que haviam desfrutado até então.” (1982: 102) Teja ainda chega a comentar que a existência de um templo cristão na cidade de Nicomédia antes da era constantiniana passa a ser algo menos estranho quando nos lembramos que a filha e a esposa do imperador Diocleciano eram adeptas da religião dos cristãos (1982: 102).

Já no Discurso dos Trinta Anos que, como sabemos, está contido na obra eusebiana intitulada Laus Constantini, a Igreja de Nicomédia é mencionada (LC IX, 14)99 após uma exposição que Eusébio faz da importância de se restaurar os templos que