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IDHM Renda

1.7 OUTROS ASPECTOS DA REALIDADE QUE INTERFEREM NA CONFIGURAÇÃO DE UM TERRITÓRIO

Quanto ao clima o Território, seguindo a classificação climática de Köppen, apresentam-se três tipos: Cfa, Cfa/Cfb e o Cfb (Mapa 07). A predominância do clima é do tipo Cfb, com ênfase nos municípios de Guarapuava, Campina do Simão, Santa Maria do Oeste, Boa Ventura de São Roque, Turvo, e em partes, nos municípios de Pitanga, Nova Cantu, Palmital, Nova Tebas, Roncador, Cândido de Abreu, Rosário do Ivaí e Rio Branco do Ivaí. Este tipo de clima, segundo Mendonça e Danni-Oliveira (2007), é caracterizado por um clima temperado, com temperatura média do ar dos três meses mais frios compreendidas entre -3°C e 18°C, com geadas frequentes no inverno e estações de verão e inverno bem definidas, além de clima úmido e ocorrências de precipitação de chuvas em todos os meses do ano, com média anual de 2.022 mm. Não há estação seca definida e a temperatura média anual é de 16,5°C.

MAPA 07 – CLASSIFICAÇÃO DE KÖPPEN - CLIMA DO TERRITÓRIO PARANÁ CENTRO FONTE: IAPAR (2011). Organização: Favaro (2011). Elaboração: Elizandro Fiuza Aquino (2011).

O segundo tipo de clima que aparece no território é do tipo Cfa, com predominância nos municípios de Laranjal, Altamira do Paraná, Iretama e partes de Nova Cantú, Mato Rico,

Manoel Ribas e Nova Tebas, além do noroeste do muncipio de Rosário do Ivaí. Este tipo de clima se diferencia do anterior por apresentar um verão mais quente, com tempertura média do ar no mês de maior aquecimento igual ou superior a 22°C. Já o terceiro tipo de clima que se apresenta no Território é uma combinação dos tipos, Cfa/Cfb, com predominância em partes dos municípios de Cândido de Abreu, Manoel Ribas, Rio Branco do Ivaí e pequenas partes do muncipio de Laranjal.

Com relação aos tipos de solo, se demonstra uma diversidade bastante grande (Mapa 08). No entanto, em extensão de área, predomina o tipo Latossolo que, de acordo com a EMBRAPA (1999), é bastante intemperizado, profundo, rico em óxidos de ferro e alumínio, com ausência de minerais primários, bem como apresenta uniformidade tanto na cor como na textura do perfil. No Território, segundo BERTOL (2011), verifica-se com mais frequência dois grupos: o do Latossolo Vermelho, presente nos municípios de Nova Cantu, Roncador, Iretama e partes do muncipio de Mato Rico, Pitanga e Manoel Ribas; e o grupo do Latossolo Bruno, com características de solos mais ácidos, presentes nos municípios de Guarapuava, Campina do Simão, Turvo, Boa Ventura de São Roque e Santa Maria do Oeste. Geralmente nestes solos são cultivadas as culturas da soja, milho, trigo e cevada, por estas serem altamente mecanizadas, necessidade eminente devido à profundidade dos solos.

MAPA 08 – TIPOS DE SOLOS

FONTE: IAPAR (2011). Organização: Favaro (2011). Elaboração: Elizandro Fiuza Aquino (2011).

Outros tipos de solos encontrados com frequência são o Neossolo Litólico e Regolítico, que de acordo com a EMBRAPA (1999), são solos constituídos por material mineral ou material orgânico com menos de 30 cm de espessura, não apresentando qualquer tipo de horizonte B. São solos rasos que apresentam seu horizonte A sobre rocha matriz ou sobre o horizonte C. No Território, sua maior presença se faz nos municípios de Altamira do Paraná, Laranjal, Palmital, partes de Mato Rico, Iretama, Pitanga e na parte mais declivosa do município de Cândido de Abreu. O tipo Cambissolo se faz presente em partes do município de Guarapuava e Turvo, apresentando algumas manchas no município de Santa Maria e Pitanga. Este tipo de solo é constituído por material mineral com horizonte B incipiente imediatamente abaixo do A. Sua característica é apresentar um grau de acidez alta nessa região (BERTOL, 2011). Por sua vez, o tipo Argissolo é evidente nos municípios de Cândido de Abreu, Rio Branco do Ivaí e Rosário do Ivaí, apresentando um solo fortemente ácido, com presença de argila de atividade baixa. A textura varia de arenosa a argilosa no horizonte A.

Constituem áreas com grande predisposição à erosão (EMATER, 1978).

Quanto à declividade do Território, conforme o IPARDES (2007), a classe de declividade predominante é a do intervalo entre 0% e 10%, ocorrendo em cerca de 45% de todo o Território e concentrando-se principalmente ao Sul (Mapa 05, p.80). As classes de 10%

a 20% e de 20% a 45% ocupam 29,61% e 20,81% da área total, e se apresentam mais ao norte, com ênfase à maior declividade no município de Cândido de Abreu. É interessante ressaltar, como vimos anteriormente, que é nas regiões mais declivosas que se encontram os assentamentos rurais, bem como parte das populações tradicionais do Território.

Como podemos perceber, há uma heterogenicidade muito grande no Território em relação aos aspectos físicos. Notam-se diferenças acentuadas quanto ao solo e ao clima entre o sul e o norte. E essa diferença se faz presente tanto na paisagem quantono aspecto produtivo.

No norte, há culturas mais adpatadas ao clima quente, como, por exemplo, o plantio de café e de cana de açúcar. Já no sul, as culturas e as paisagens são condicionadas pelo clima frio, com ocorrência de geadas; observa-se também nestes espaços a presença da mata remanecente de pinheiros e de erva mate, além de serem nestas regiões onde se encontram os faxinais.

À oeste do Território estão os solos mais rasos e parte deles é ocupada com pastagem para a exploração de bovinocultura de corte. É nesta região que encontramos os municipios com menor IDH e com as mais altas taxas de pobreza (Mato Rico, Palmital, Laranjal e Altamira do Paraná). Situação semelhante a esta se encontra na região Leste do Território, que além dos solos rasos apresenta uma grande declividade, como é o caso dos muncipios de Cândido de Abreu, Rosário do Ivaí e Rio Branco do Ivaí, também apresentado uma população

com baixo IDH e alto grau de pobreza. Esta heterogeneidade dos aspectos físicos imprime ao Território diferenças que vão além da paisagem e da situação produtiva, já que se refletem em diferenças econômicas, sociais e culturais da população que reside nestas regiões. Levando em contas essas diferenças e para facilitar a coesão social dos habitantes, bem como faciliar a elaboração de projetos e ações do processo de desenvolvimento, os gestores da Política de Desenvolvimento Territorial do Paraná Centro dividiram o Território em quatro microrregiões, assim distribuídas: Vale do Rio Cantú - formada pelos muncípios de Nova Cantu, Iretama, Roncador, Mato Rico e Altamira do Paraná; Vale do Rio Piquiri, composta pelos municípios de Palmital, Laranjal, Santa Maria do Oeste e Campina do Simão; Vale do Rio Ivaí – com a presença dos muncípios de Cândido de Abreu, Manoel Ribas, Rosário do Ivaí e Rio Branco do Ivaí; e a microrregião Centro, formada por Nova Tebas, Pitanga, Turvo, Boa Ventura de São Roque e Guarapuava.

A heterogeneidade do Território também se faz presente nos aspectos administrativo e político, sendo, em conformidade com as entrevistas dos atores da Política de Desenvolvimento Territorial do Paraná Centro, um dos maiores entraves para o processo.

Iniciaremos aqui apresentando aspectos da organização política dos municípios através de suas associações e, em seguida, aspectos da presença do Estado através de sua organização administrativa nas áreas básicas de atendimento, que de forma direta ou indireta, tem ou teria que dialogar com a Política de Desenvolvimento Territorial.

Os municípios do Território Paraná Centro participam de quatro associações: A AMOCENTRO – Associação de Municípios do Centro do Paraná, a COMCAM – Comunidade dos Municípios de Campo Mourão, AMUVI – Associação dos Municípios do Vale do Ivaí, e a CANTUQUIRIGUAÇU – Associação dos Municípios da Cantuquiriguaçu (Mapa 9). A AMOCENTRO, congrega 16 dos municípios do território: Guarapuava, Turvo, Boa Ventura de São Roque, Santa Maria do Oeste, Campina do Simão, Cândido de Abreu, Manoel Ribas, Pitanga, Laranjal, Nova Tebas e Mato Rico. Também integram a associação oficialmente, porém, não participam das reuniões da associação os municípios de Iretama, Roncador, Nova Cantu e Altamira do Paraná – da COMCAM – e Rosário do Ivaí – da AMUVI. A COMCAM congrega quatro municípios: Iretama, Roncador, Altamira e Nova Cantu. A AMUVI congrega os municípios de Rosário do Ivaí e Rio Branco do Ivaí. O Município de Palmital, ex-integrante da AMOCENTRO, a partir de 2010, passou oficialmente a participar da Associação dos Municípios da CANTUQUIRIGUAÇU (Mapa 09).

MAPA 9 – PARTICIPAÇÃO DOS MUNICÍPIOS DO TERRITÓRIO EM ASSOCIAÇÕES DE MUNICÍPIOS Organização: Favaro (2011). Elaboração: Elizandro Fiuza Aquino (2011).

A organização administrativa estadual das ―áreas básicas‖ de atendimento no território como Agricultura, Saúde, Educação e Assistência e Promoção Social são administradas em núcleos ou escritórios regionais centrados nos municípios de Guarapuava, Pitanga, Ivaiporã e Campo Mourão. Até julho de 2011, a Secretaria da Família e Desenvolvimento Social de Laranjeiras do Sul era responsável pelo atendimento do município de Pitanga (Mapa 10).

MAPA 10 – NÚCLEOS E ESCRITÓRIOS REGIONAIS E ESTADUAIS DE ATENDIMENTO ÀS ÁREAS DE AGRICULTURA, SAÚDE, EDUCAÇÃO E PROMOÇÃO SOCIAL NO TERRITÓRIO PARANÁ CENTRO, EM JUNHO DE 2011

Organização: Favaro (2011). Elaboração: Elizandro Fiuza Aquino (2011).

Como verifica-se, a forma de organização política e administrativa tem um desenho regional e não foi adaptada e nem estruturada conforme o desenho territorial proposto pelo MDA para o Paraná Centro. Este fato, por sua vez, vai consistir num dos maiores problemas de articulação execução da política.

Neste capítulo, pudemos situar de forma panorâmica o território do Território da Política de Desenvolvimento Territorial. Iniciamos o capítulo apresentando o processo histórico de ocupação e a organização do espaço produtivo através dos principais ciclos econômicos. Contextualizamos dos aspectos históricos às utopias, lutas, resistências e conflitos dos povos habitantes, contrapondo as formas de exploração e domínio dos grandes proprietários, que desde sempre foram apoiados por políticas e pela ação do Estado. Ainda, observamos como se configura o território de hoje, cenário do DTR, nos aspectos populacionais, produtivos, agrários, condições de vida das populações. E, por último, apresentamos as heterogeneidades nos aspectos físicos, políticos e administrativos.

No próximo capítulo faremos uma análise política da Política de Desenvolvimento Territorial implementada no Brasil pelo MDA/SDT, a partir de 2003, Faremos também uma análise teórica dos principais eixos norteadores da política e da cultura política brasileira e territorial, com o intuito de, ao fim, discutirmos a institucionalização da política no Brasil e no Território da Cidadania Paraná Centro.

2 ANÁLISE POLÍTICA DA POLÍTICA DE DESENVOLVIMENTO TERRITORIAL