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ORTODÔNTICO NA ATRATIVIDADE DA FACE

2.1.5 Variações no painel de avaliadores

2.1.5.4 Outros fatores de variação

Kiekens e colaboradores verificaram que avaliadores mais velhos classificam indivíduos do sexo masculino, através de três fotografias da face mostradas ao mesmo tempo, como mais atrativos em comparação com avaliadores mais novos (Kiekens, van 't Hof e col. 2007). Os autores sugerem duas hipóteses explicativas para o fator idade: ou os avaliadores se tornaram menos críticos à medida que ficaram mais velhos, ou já eram menos críticos mesmo enquanto jovens devido ao período em que nasceram e

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cresceram, no qual talvez a estética da face masculina não fosse tão importante como é atualmente. Um outro grupo de investigação, usou 889 pacientes ou acompanhantes para avaliar o impacto de diferentes tipos de maloclusão na perceção da atratividade, inteligência, personalidade e comportamentos, avaliando as fotografias da face de dois homens e duas mulheres com atratividade média, alteradas para provocar seis tipos de maloclusão (Olsen e Inglehart 2011). Os autores concluíram, tal como Kiekens e colaboradores (2007), que avaliadores mais velhos (mais de 55 anos) eram menos críticos nas suas avaliações comparativamente aos mais novos. Mais críticos foram também os avaliadores com um nível de escolaridade maior, igual ou superior a 12 anos. O nível sócio-económico e a experiência prévia com tratamento ortodôntico não influenciaram as avaliações feitas.

No sorriso, a presença de triângulos negros foi mais perceptível para avaliadores mais jovens (Kaya e Uyar 2013). Um grupo de investigação do Eastman Dental Institute, em Londres, verificou ainda que os indivíduos mais velhos preferiram menos vezes um perfil de classe I comparativamente a investigadores mais jovens (Todd, Hammond e col. 2005).

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2.2 OBJETIVOS

1. Analisar o efeito do tratamento ortodôntico na atratividade da face vista de frente em repouso, de frente a sorrir, de perfil e no tripleto (o conjunto das três perspetivas de um indivíduo visualizadas ao mesmo tempo), de acordo com as seguintes hipóteses:

H0: A atratividade da face vista de frente em repouso, de frente a sorrir, de

perfil e no tripleto não é influenciada pelo tratamento ortodôntico.

H1: A atratividade da face vista de frente em repouso, de frente a sorrir, de

perfil ou no tripleto é influenciada pelo tratamento ortodôntico.

2. Estudar a influência do género, da classe de Angle e da extração de pré-molares sobre a atratividade da face vista de frente em repouso, de frente a sorrir, de perfil e no tripleto, de acordo com as seguintes hipóteses:

H0: A atratividade da face vista de frente em repouso, de frente a sorrir, de

perfil e no tripleto não é influenciada pelo género, pela classe de Angle ou pela extração de pré-molares.

H1: A atratividade da face vista de frente em repouso, de frente a sorrir, de

perfil ou no tripleto é influenciada pelo género, pela classe de Angle e pela extração de pré-molares.

3. Determinar a relação entre a atratividade da face vista de frente em repouso, de frente a sorrir e de perfil com a atratividade do tripleto, antes e depois do tratamento ortodôntico, segundo as seguintes hipóteses:

H0: A atratividade da face de frente em repouso, de frente a sorrir e de perfil,

antes e depois do tratamento ortodôntico, não se correlaciona com a atratividade avaliada no tripleto.

H1: A atratividade da face de frente em repouso, de frente a sorrir ou de perfil,

antes ou depois do tratamento ortodôntico correlaciona-se significativamente com a atratividade avaliada no tripleto.

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4. Determinar a relação entre a atratividade da face vista de frente em repouso com a atratividade da face vista de frente a sorrir e de perfil, antes e depois do tratamento ortodôntico, segundo as seguintes hipóteses:

H0: A atratividade da face de frente em repouso não se correlaciona com a

atratividade da face de frente a sorrir e de perfil, antes e depois do tratamento ortodôntico.

H1: A atratividade da face de frente em repouso correlaciona-se

significativamente com a atratividade da face de frente a sorrir ou de perfil, antes ou depois do tratamento ortodôntico.

5. Determinar a relação entre a atratividade da face vista de frente a sorrir com a atratividade da face vista de perfil antes, depois e na diferença resultante do tratamento ortodôntico, segundo as seguintes hipóteses:

H0: A atratividade da face de frente a sorrir não se correlaciona com a

atratividade da face de perfil antes, depois e na diferença resultante do tratamento ortodôntico.

H1: A atratividade da face de frente a sorrir correlaciona-se significativamente

com a atratividade da face de perfil antes, depois ou na diferença resultante do tratamento ortodôntico.

39 2.3 JUSTIFICAÇÃO DO TEMA

A atratividade da face assume uma importância elevada nas relações interpessoais e na formação da personalidade de um indivíduo, influenciando de forma inconsciente os julgamentos e escolhas que fazemos no dia a dia (Dion, Berscheid e col. 1972; Jacobson 1984; Kerosuo, Hausen e col. 1995; Langlois, Kalakanis e col. 2000).

Em ortodontia, tem havido ao longo do tempo uma tendência para atribuir grande importância ao estudo dos tecidos moles de perfil, o que foi incentivado pela análise cefalométrica da teleradiografia lateral (Vargo, Gladwin e col. 2003). No entanto, no quotidiano, a perspetiva que temos mais frequentemente dos outros é uma visão frontal ou ligeiramente oblíqua (Shafiee, Korn e col. 2008). Desta forma, é importante determinar qual a fotografia mais importante para a avaliação global da atratividade de um indivíduo, das três que são rotineiramente recolhidas antes e depois do tratamento ortodôntico – de frente em repouso, de frente a sorrir e de perfil. O sorriso será quase sempre influenciado pelo tratamento ortodôntico, em maior ou menor grau consoante a maloclusão inicial, mas o perfil e a vista de frente em repouso podem sofrer também alterações. Sabendo-se qual a perspetiva mais importante para a atratividade da face, o ortodontista poderá considerar essa informação no plano de tratamento.

Numa prática clínica comum, a maioria dos tratamentos são realizados em indivíduos que não têm qualquer ligação à área da medicina dentária, sendo o resultado do tratamento julgado por amigos, familiares e pelos próprios pacientes. Por esta razão, faz sentido serem leigos a avaliar a atratividade da face.

Cada tratamento ortodôntico é único. Para além de existir dimorfismo sexual no que concerne aos atributos que caracterizam as faces mais atrativas femininas e masculinas, há uma grande variação individual relativamente à classe de Angle, consequência não só de causas puramente dentárias mas também do posicionamento da maxila e da mandíbula. Tudo isto leva a que, à partida, todos os casos sejam diferentes e o próprio plano de tratamento varia também, havendo indivíduos tratados com e sem extrações dentárias. Justifica-se por isso estudar a influência do género, da classe de Angle e do tipo de tratamento – com e sem extração de pré-molares – na atratividade da face.

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