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1.4 A motivação dos alunos segundo Shinichi Suzuki

1.4.6 Outros fatores

Suzuki (1982; 1998) e Mills e Murphy (ed., 1973) ainda apontam alguns outros fatores que podem ajudar na motivação do aluno. Segundo Suzuki (1982), quando o professor ensina o aluno a buscar o próprio crescimento musical isso acaba se transformando em um fator motivante para o aluno, ele vê o seu progresso e se sente motivado com isso. Suzuki (1998) também fala que para o aluno pode ser motivante tocar sendo acompanhado pelo piano.

Na opinião de Mills e Murphy (ed., 1973), o repertório padronizado do Método Suzuki pode ajudar também na motivação do aluno, porque, querendo atingir determinada peça mais avançada, o aluno pode se esforçar mais para chegar nela o quanto antes. Além disso, eles consideram outro fator motivante para os alunos a construção de sua autoestima, e que o professor pode auxiliar nesse momento “ajudando o aluno a aprender cada estágio por completo e recusando reagir a pressões competitivas” (MILLS; MURPHY [ed.], 1973, p. 67, tradução nossa).

O Quadro 1.1 mostra um resumo de todas as categorias de elementos motivacionais sugeridos por Shinichi Suzuki junto com a referência bibliográfica de onde foram extraídas as informações. No próximo capítulo expomos a Teoria da Autodeterminação, teoria da psicologia motivacional que foi escolhida como fundamentação teórica para dar suporte a análise dos dados obtidos por meio do questionário utilizado nesta pesquisa.

Quadro 1.1 Resumo das categorias de fatores motivacionais segundo Shinichi Suzuki

Parceria com os pais p. 50 p. 63, 64 p. 9, 11

Ambiente adequado p. 13 Escutar as gravações p. 49 p. 9 Desejo de imitar/aprender p. 14 p. 49 p. 126 p. 9 Aula agradável e prazerosa p. 57 p. 11

O professor deve se esforçar para manter a aula agradável e prazerosa

Prazer por parte da

criança p. 20, 21, 23 p. 71 p. 127 p. 10

Crianças aprendem melhor quando estão se divertindo/ Alegria desenvolve habilidades/ Criança deve apreciar tocar

Prazer por parte do professor em relação ao aprendizado do aluno

p. 10 O ensino deve ser a hora de prazer do professor/O professor deve amar o que faz Prazer por parte dos pais

em relação ao aprendizado do filho

p. 63, 64, 67 p. 9, 10

Pais devem apreciar cada passo conquistado pela criança/ O interesse dos pais serve de estímulo às crianças/ A família toda estar interessada no aprendizado musical da criança Praticar em casa (como

algo prazeroso) p. 23 p. 50, 134, 138 p. 127 p. 64, 66 Saber praticar p. 4, 138 The Suzuki Concept - cap. 5 - (Mills; Murphy ed, 1973) The Suzuki Violinist (William Star, 1976) Prática em casa (1.4.3)

A prática deve ser prazerosa/Habilidade dos pais de inspirar a criança a praticar em casa/ Prof. Ensinar a importancia do estudo e como estudar/ Quantidade de tempo de estudo está relacionada à capacidade de concentração da criança The genius of simplicity (Linda Wickes, 1982) Motivação dos alunos (1.4)

Pais e professores devem trabalhar juntos e constantemente para manter a motivação do aluno/ Criar um ambiente motivador/ Estímulos musicais

Despertar/nutrir o desejo de tocar

(1.4.1)

Escutar desperta e nutri o desejo de tocar na criança/ Ver a mãe e outras crianças tocando desperta o desejo de tocar

O prazer de aprender, o prazer de ensinar (1.4.2) Categorias motivacionais do Método Suzuki Fatores motivacionais segundo Suzuki

Livros referentes às citações dos fatores motivacionais

O que envolve Ability

Development from age zero. (Shinichi Suzuki, 1981) Where love is deep (Shinichi Suzuki, 1982) Shinichi Suzuki: His Speeches and essays (Shinichi Suzuki, 1998) Educação é amor (Shinichi Suzuki, 2008)

Continuação do quadro 1.1

Assistir aulas individuais

de outros alunos p. 56 p. 11 e 12 p. 64 p. 10

Crianças aprendem das outras aulas (tando do professor quanto do aluno que está fazendo a aula)/Alunos se sentem inspirados a estudar mais/Criançass aprendem muito dos alunos mais avançados/Pais também aprendem assistindo outras aulas

Participação nas aulas em

grupo p. 49 p. 13 p. 127 65 p. 9

É prazeroso tocar com outras crianças/ Se inspiram nos alunos mais avançados/ Aprendem habilidades necessárias para tocar em grupo/ Se desenvolvem mais rápido

Recitais p. 59, 71, 136 p. 12, 14 p. 10

Apreciar a tocar o instrumento/ Concertos em casa, individuais e em grupo/ Incentiva a criança a estudar para tocar bem no recital/ Entusiasmo da apresentação/ Receber elogio do professor, dos pais e colegas/

Apresentação de iniciantes/ Estímulo ao ver os amigos tocando

Elogio substancial e

sincero p. 20 p. 41, 134 p. 64, 65, 67 p. 9 p. 40, 41, 43

Uso essencial do elogio por parte do professor e dos pais/ Elogiar o esforço do aluno/ Elogiar o que foi bom na performance / Usar o elogio com frequência e fugir das críticas / Elogio honesto, verdadeiro, apropriado, preciso e específico

Incentivar a criança a

melhorar p. 20 p. 41, 136 p. 11 p. 64, 67 p. 9 p. 41

Incentivar os alunos a sempre buscarem o aperfeiçoamento/ Perguntar: Você pode fazer melhor?/ Corrigir após elogiar/ Depois de elogiar trabalhar os pontos fracos/ Revisão das pessas antigas

Buscar o crescimento musical p. 3 Tocar com acompanhamento de piano p. 10 Repertório padronizado p. 64 Construir autoestima do aluno p. 67 O que envolve Ability Development from age zero. (Shinichi Suzuki, 1981) Where love is deep (Shinichi Suzuki, 1982) Shinichi Suzuki: His Speeches and essays (Shinichi Suzuki, 1998) Educação é amor (Shinichi Suzuki, 2008) The Suzuki Concept - cap. 5 - (Mills; Murphy ed, 1973) The Suzuki Violinist (William Star, 1976) Socialização (1.4.4) Elogio e correções (1.4.5) Outros fatores (1.4.6) The genius of simplicity (Linda Wickes, 1982) Categorias motivacionais do Método Suzuki Fatores motivacionais segundo Suzuki

Capítulo 2

Teoria da Autodeterminação

A Teoria da Autodeterminação - TAD (Self-determination theory - SDT) vem sendo desenvolvida por Deci e Ryan desde a década de 1970 (DECI; RYAN, 2008) e tem como principal postulado o estudo da relação entre o ambiente e a motivação dos seres humanos. Segundo Cernev (2015, p. 51), a Teoria da Autodeterminação é uma “macroteoria orgânico- dialética (entre a pessoa e o ambiente) que investiga como as pessoas interagem com o ambiente, conquistam novos desafios, aumentam seu potencial e se satisfazem psicologicamente”.

Diferente de teorias motivacionais que se enfocam nos níveis de motivação (quantidade), a Teoria da Autodeterminação busca estudar os diferentes tipos de motivação que levam o ser a realizar determinada ação (DECI; RYAN, 2008). A distinção mais básica é entre

motivação intrínseca e motivação extrínseca. A primeira é um tipo de motivação inerente a

pessoa, quando ela realiza uma ação/atividade pelo prazer em realizar a própria ação/atividade; já a motivação extrínseca significa que a ação/atividade é realizada por motivos externos a ela (GUIMARÃES, 2009; RYAN; DECI, 2000). Segundo Ryan e Deci (2000) a TAD é, entretanto, inovadora na forma de tratar e estudar a motivação extrínseca, que na literatura clássica é tipicamente vista como oposta a motivação intrínseca e, por isso, mais fraca do que esta última. Já a TAD propõe que a motivação extrínseca engloba vários níveis, sendo que alguns são formas motivacionais realmente fracas, mas outras representam formas internalizadas, o que significa uma motivação de boa qualidade e que pode possuir características que a tornam semelhantes a motivação intrínseca.

Dessa forma, ao expandir o conceito de motivação extrínseca, os autores da TAD propõem uma nova diferenciação de tipos motivacionais, que são: a motivação autônoma, que está relacionada a tipos internos de motivação (motivação intrínseca e motivações internalizadas) e acontece quando a pessoa se sente responsável por suas próprias escolhas; a

motivação controlada, que é caracterizada por tipo externo e introjetado de motivação, na qual

a pessoa se sente pressionada a realizar determinada ação; e a desmotivação, que é a falta de intenção e motivação, por isso ela se torna oposta as outras duas anteriores (DECI; RYAN, 2008). Segundo Deci e Ryan (2008), a motivação autônoma é o tipo mais psicologicamente saudável e efetivo dentre essas três orientações motivacionais. Os tipos motivacionais propostos pelos proponentes da TAD estão relacionados a outro grande pilar da teoria que é a necessidade

da satisfação de três necessidades psicológicas básicas que os autores consideram universais e inerentes a todos os seres humanos: senso de autonomia, senso de competência e senso de pertencimento (CERNEV, 2015; DECI; RYAN, 2008).

Considerada uma macroteoria, a Teoria da Autodeterminação vem sendo estudada e aplicada à diversas áreas, tais como: educação, relacionamentos, esporte, trabalho, psicoterapia, saúde, sustentabilidade, entre outras (DECI; RYAN, 2008). É formada atualmente por outras seis miniteorias que interagem umas com as outras e se complementam (CERNEV, 2015). Nos próximos itens serão apresentadas as seis subteorias que formam a Teoria da Autodeterminação, além do conceito de promoção de autonomia por parte do professor, que é o resultado da aplicação da TAD na área da educação.

2.1 Subteorias da Teoria da Autodeterminação

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