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Rural

Comercial

Industrial

Tipo de consumo

0 30 60 90 km Fonte: SEI, 2005.

Nas áreas do Estado onde predomina o consumo nas zonas rurais se deve, especialmente, à expansão da fronteira agrícola na Região Oeste e aos projetos de irrigação que exploram, especialmente, a fruticultura na Região do Alto e Médio São Francisco, outra grande ocupadora de mão-de-obra, além da produção de grãos e da fruticultura, é a horticultura e o café, em outras regiões, que vêem propiciando o desenvolvimento de algumas “ilhas de prosperidade” como é o caso do município de Barra do Choça, no sudoeste do Estado.

Recentemente, com a difusão do agronegócio no Sertão e no Oeste, temos grupos contínuos de municípios com maior demanda por energia rural em relação aos outros consumos, ao lado de extensas regiões rurais, como o entorno de Bom Jesus da Lapa e a Chapada Diamantina.

No entanto, deve-se considerar a fragilidade da oferta de energia destinada ao setor rural da economia, pois a Bahia é o Estado de maior população rural em termos absolutos do Brasil, segundo o IBGE. Ao confrontar este dado com o mapa da figura 10 observa-se que apenas 49 municípios possuem a maior demanda para este tipo de consumo, que, na sua maioria, são justamente as regiões de base agroindustrial como o Oeste e o Norte do Estado, já mencionados.

Ainda podemos ressaltar que a maior parte da região semi-árida, que é predominantemente rural, não possui uma demanda energética tão grande neste setor, evidenciando assim uma falta de investimento nesta área, já que esta região ocupa aproximadamente 2/3 de todo território do Estado e se constitui numa área generalizadamente pobre. As atividades econômicas são essencialmente dependentes das rendas agrícolas que, por sua vez, sofrem influência das condições climáticas (secas).

O resultado destas diversas variáveis – consumo de energia comercial, classe de maior consumo e número de industria – é capacidade empregatícia que algumas áreas do Estado possui em absorver mão-de-obra em detrimento de outras. Assim sendo, visualiza-se, mais uma vez, a destaque regional que Salvador e seu entorno causam para a organização econômica estadual ocorrendo, conseqüentemente, uma força de atração de recursos e mão-de-obra gerados pela atividade econômica.

O mapa a seguir (Figura 11), mostra a espacialização da força de trabalho, com base no número de funcionários, das empresas cadastradas pela FIEB no

Estado da Bahia, no qual confirma o poder de gravitação da RMS, apesar de indicar uma maior distribuição desta demanda em outras áreas do território baiano. Contudo, é importante ressaltar que alguns pólos regionais que estão se destacando economicamente não possuem uma igual capacidade de absorção de mão-de-obra, pois utilizam recursos técnicos modernos exigindo desta forma poucos funcionários para uma alta produtividade, como o exemplo da região de Barreiras em que predomina a agroindústria altamente mecanizada. Ainda merece destaque a região Sudoeste que, fora a RMS, é a região que mais absorve mão-de-obra, se consolidando como pólo cafeicultor (Vitória da Conquista e Barra do Choça), minerador (Brumado) e confecções (Jequié). Do mesmo modo, o eixo de Ilhéus- Itabuna apresenta tendência de crescimento, estando este associado ao desen- volvimento do pólo de informática de Ilhéus, aos investimentos calçadistas em Itabuna e a recuperação da lavoura cacaueira (PELT, 2004).

Figura 11 ESTADO DA BAHIA

QUANTIDADE DE EMPREGADOS NAS EMPRESAS CADASTRADAS DA FIEB 2005 Quantidade de empregados 1 3.784 12.513 28.847 59.313 Fonte: FIEB, 2005.

Elaboração: José Rodrigues.

0 30 60 90 km

Concluindo, a Bahia ainda é um Estado com industria bastantes concentradas em poucos setores e em uma só região, o que justifica um maior dinamismo na política estadual de desconcentração industrial para interior do seu território, com um melhor aproveitamento dos recursos produtivos com destaque para os recursos

humanos. Esta iniciativa melhoraria a quantidade e a qualidade das relações socioeconômicas da metrópole com as demais áreas do Estado, possibilitando desta forma um desenvolvimento que lhe permita galgar posições de relevo no conjunto das unidades da federação, apesar ainda da forte dependência de produtos básicos.

Em suma, a extensão do território baiano se configura como um mosaico descontínuo de realidades socioeconômicas, reflexo das discrepâncias regionais produzidas historicamente através de nosso modo produtivo capitalista, que, segundo Silva (2004), o caso baiano é um resumo histórico-geográfico do próprio Brasil. Estas discrepâncias regionais vêm se acentuado atualmente pelo processo de internacionalização da economia, em que,

todas essas questões estão associadas às grandes transformações globais (econômicas, sociais, políticas e culturais), particularmente intensificadas desde o final dos anos 80, e que se convencionou chamar de globalização (p. 204).

O jogo de interesses expressos pelas intencionalidades dos atores locais e globais arraigados em solo baiano gera uma complexidade regional, hierarquizada, que conduz a uma organização sócio-territorial do Estado, normatizada e orientada em função de centros.

Neste contexto, a complexidade regional baiana é montada sobre o binômio extensão-intenção, no qual os diversos processos históricos produtivos e sociais impregnados na construção cênica do Estado são visualizados na heterogeneidade regional atual e na conseqüente gravitação de recursos econômicos e demográficos, transformando áreas puntiformes em centros dinâmicos e grandes áreas em vazios completos. Segundo Santos (2004), a totalidade social é formada por mistos de “realidade” e de “ideologia”. A ideologia produz símbolos criados para fazer parte da vida real, que ora tomam forma de objetos, ora de discursos, tornando-a de fato objetiva, real, mais que isso, criando o real.

Desta forma, pode-se perceber uma tentativa de reestruturação territorial em torno de um receituário estratégico de eixos e setores de desenvolvimento com a intervenção do Estado promovendo, ou tentando promover, uma remodelação da cadeia produtiva baiana no contexto da globalização (Silva, 1999), ver figura 12, e a formação de inúmeros movimentos regionais em torno de uma construção de formas

mais enraizadas de desenvolvimento, gerando uma menor pressão populacional nas regiões mais dinâmicas.

Figura 12 ESTADO DA BAHIA EIXOS DE DESENVOLVIMENTO – 2004

Oeste do

São Francisco

Médio São

Francisco

Centro-Leste

São Francisco

Baixo Médio

São Francisco

Chapada

Norte

Chapada

Sul

Planalto

Central

Planalto

Sudeste

Extremo

Sul

Mata

Atlântica

Metropolitano

Grande

Recôncavo

Nordeste

Fonte: SEINFRA, 2005. Elaboração: José Rodrigues.

Outro fator relevante no diagnostico da espacialidade baiana é a localização estratégica do Estado frente aos grandes centros dinâmicos regionais e globais que

otimiza as vantagens logísticas competitivas de algumas regiões baianas e, que segundo publicação da SEINFRA (BAHIA,2004b),

é um fator potencializador das vantagens logísticas competitivas, facilitador natural do abastecimento e escoamento no território estadual (p.23).

É pertinente considerar que tais vantagens locacionais, associadas ao potencial natural da Bahia – tais como a navegabilidade do extenso litoral, diversidade edafoclimática e riquezas minerais – são fatores que favorecem o Estado na produtividade comparativa, na competitividade econômica global e na atração de recursos externos, justificando, assim, o esforço da gerência pública em organizar um programa estadual de logística de transporte (PELTBAHIA), no esforço de fazer a integração da economia baiana através do setor de transporte, fomentando, o tão almejado, desenvolvimento regional mais equânime.

4 BAHIA: TRANSPORTE RODOVIÁRIO INTERMUNICIPAL DE