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5 ANÁLISE DA REDE URBANA DO ESTADO DA BAHIA ATRAVÉS DOS FLUXOS DE ÔNIBUS

BAIANOS ATRAVÉS DOS FLUXOS DO TRANSPORTE COLETIVO INTERMUNICIPAL DE PASSAGEIROS

5.3 TRANSPORTE RODOVIÁRIO INTERESTADUAL COLETIVO DE PASSAGEIROS DO ESTADO DA BAHIA

5.3.1 SALVADOR NO CONTEXTO NACIONAL

A Região Metropolitana de Salvador continua concentrando, excessivamente, as atividades econômicas do Estado. Segundo Souza Filho e Silva (2002a), será ainda muito grande o peso da economia da Região Metropolitana de Salvador, até pelo menos 2005, concentrando 64,2% dos investimentos programados para o período de 1998 a 2005; este panorama está relacionado ao grande parque industrial já instalado nessa região, e que representa aproximadamente 70% das indústrias do Estado em 2002. Os mesmos autores demonstram em outro trabalho, que é enorme a concentração industrial baiana em três setores industriais, químico/petroquímico, refino e metalúrgico (juntos são responsáveis por quase 60% do valor da transformação industrial e por mais de 20% do pessoal ocupado); como essas indústrias localizam-se na Região Metropolitana de Salvador, o resultado é a produção também de uma enorme concentração espacial da atividade industrial no Estado da Bahia, reforçada com a instalação do Complexo Automotivo da Ford e da fábrica da Monsanto, em Camaçari (SOUZA FILHO e SILVA, 2002b). Atualmente, baseado na Classificação Nacional de Atividades Econômicas – CNAE, a RMS concentra cerca de 46% das empresas baianas, empregando cerca de 55% do total de funcionários destas empresas.

Sendo a infra-estrutura de transporte um pré-requisito básico do desenvolvimento econômico, embora não se constitua em sua garantia, toda esta realidade exige a adoção de um sistema de transportes eficaz para a RMS e por conseqüência para Salvador, metrópole e Capital estadual, visando atender, em termos de acesso, ao fluxo de passageiros que esta região concentrada demanda.

Já vimos que a imposição do sistema de circulação rodoviária deriva também da adoção de um modelo industrial que acabou, privilegiando as empresas automobilísticas, fazendo das estradas o elo de integração nacional.

No caso brasileiro, o transporte a longa distância de modo rodoviário é quase uma extensão e uma decorrência do modelo de transporte e circulação urbanos, onde o sistema rodoviário particular sufoca as demais alternativas de transporte. Neste cenário Salvador aparece como um grande pólo, dispersor e atrator, do transporte rodoviário coletivo interestadual de passageiros.

Figura 25 BRASIL

LIGAÇÕES INTERESTADUAIS DIRETAS DE SALVADOR – 2004

Muito fracas Fracas Médias Fortes Muito fortes Ligações Fonte: ANTT, 2004.

Elaboração: José Rodrigues. 0 250 500 km

Com base no mapa de ligações diretas entre Salvador e o restante dos centros brasileiros, podemos visualizar sua, relativamente, boa integração pelo modal rodoviário em âmbito nacional (Figura 25). Nele observamos que Salvador mantém ligações diretas regulares com: os GCN’s de São Paulo e Rio de Janeiro; os CN’s de Recife e Belém; nove CR’s, entre estes, quatro capitais estaduais, Natal, Maceió, Teresina e João Pessoa; por fim, liga-se a cinco CL’s, nas regiões Nordeste e Sudeste. Assim, Salvador perfaz um total de 18 linhas diretas para outros centros.

A distribuição destas linhas não restringe a acessibilidade desta metrópole as outras cidades brasileiras, com as quais a ligação é feita por intermédio de inúmeras conexões ou passagens devido ao itinerário. É desta forma que podemos medir os fluxos entre cidades que não possuem linhas diretas, pois as empresas operadoras do sistema mantêm o controle destas operações, em seus bancos de dados.

A evolução geral do número de passageiros transportados, no período de 1997 a 2004, entre Salvador e os GCN’s, mostra uma queda geral na quantidade de passageiros transportados, sendo que o ano de 1998 apresentou a menor marca dentre todo o período e 1999 apontou uma pequena recuperação que, contudo, não se sustentou. A exceção fica por conta de Brasília que, apesar do sobe e desce no número de passageiros, acumula crescimento nos fluxos até o ano de 2002 e daí a 2004 uma relativa estabilidade (Tabela 10).

Tabela 10

PASSAGEIROS TRANSPORTADOS ENTRE SALVADOR E OS GRANDES CENTROS NACIONAIS

Passageiros transportados Ligação 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 Brasília – Salvador 6.706 7.435 20.353 15.933 12.961 27.262 26.111 24.685 RJ – Salvador 51.821 25.849 42.223 49.638 63.113 56.500 58.291 49.568 SP – Salvador 83.254 71.258 104.037 64.767 43.543 44.285 44.336 47.858 TOTAL 141.781 104.542 166.613 130.338 119.617 128.047 128.738 122.111 Fonte: ANTT, 2005.

Elaboração: José Rodrigues.

Quanto a evolução do número de passageiros transportados entre Salvador e os CN’s, observamos uma queda bastante acentuada, onde o número total de passageiros transportados em 2004 é menos de um terço do número registrado em 1997. As ligações com Fortaleza foram as únicas a recuperar, em 2004, o patamar que detinha em 1997. Por outro lado as ligações com Recife foram as que tiveram a maior queda no número de passageiros dentro deste período, registrando em 2004 cerca de 5,5% do número de passageiros que esta mesma ligação transportava em 1997 (Tabela 11).

Tabela 11

PASSAGEIROS TRANSPORTADOS ENTRE SALVADOR E OS CENTROS NACIONAIS Passageiros Transportados Ligação 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 SSA – BH 39.158 40.937 26.351 29.234 16.463 15.017 18.006 15.063 SSA – Fortaleza 25.729 14.960 20.711 17.030 21.440 15.583 17.065 24.532 SSA – Recife 91.398 67.237 46.217 24.174 49.642 37.601 56.688 5.000 SSA – Belém 7.281 7.861 6.435 7.290 5.848 5.015 6.364 5.374 TOTAL 163.566 130.995 99.714 77.728 93.393 73.216 98.123 49.969 Fonte: ANTT, 2005.

Elaboração: José Rodrigues.

Segundo Santos e Silveira (2002), quando a presença do poder público no sistema de transportes é insuficiente, os fixos e fluxos passam a pertencer ao domínio mercantil tanto na sua quantidade quanto na sua freqüência. Mas nesse caso a oferta depende da renda das pessoas e de suas possibilidades de acesso. Assim, é a perspectiva de lucro para as empresas que comanda o sistema rodoviário de fluxos.

Quanto ao número de centros conectados diretamente, Salvador é a cidade baiana com a maior quantidade, 18 ao todo, além de possuir, também o maior número de viagens ao ano, ver Figura 24.

Ainda tomando como base o número de viagens anuais, os centros que se destacam nas ligações com Salvador são: Maceió, ligações muito fortes; Recife, São Paulo e Rio de Janeiro, ligações fortes (Figura 25).

No mapa do número de passageiros transportados, entre Salvador, GCN, CN e CR de 2004, podemos perceber rapidamente o número amplo de passageiros que se deslocam nas ligações Salvador/Aracajú (o maior fluxo), Salvador/São Paulo, Salvador/Rio de Janeiro e Salvador/Recife. Sucessivamente, destacam-se os fluxos com Brasília e Alagoas. No mesmo mapa, percebemos, também, os fluxos de passageiros entre Salvador e outros CN, Belo Horizonte, Fortaleza e Belém, além de diversos CR nas Regiões Norte, Nordeste, Centro-Oeste, Sudeste e Sul do País (Figura 26).

Figura 26 BRASIL

FLUXO DE PASSAGEIROS ENTRE SALVADOR E OUTROS CENTROS BRASILEIROS – 2004

abaixo de 10.000 10.001 a 20.000 20.001 a 40.000 40.001 a 80.000

Fonte: ANTT, 2004.

Elaboração: José Rodrigues.

Número de passageiros acima de 80.000

0 250 500 km