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3 DINÂMICA ESTADUAL: EVOLUÇÃO E CARACTERÍSTICAS ATUAIS

3.2 PANORAMA ECONÔMICO

O processo de industrialização brasileiro foi estruturado na lógica fordista, voltado para a produção em massa, altamente concentrador, polarizando bens e serviços em uma pequena fatia do território nacional – a região Sudeste ou região concentrada como bem definiu Milton Santos. Esta tendência se consolidou após a Segunda Guerra Mundial, quando houve ampliação deste processo para outras áreas do território, transformando as capitais estaduais em metrópoles regionais, seguindo a mesma linha nacional de concentração de bens e serviços em uma pequena fatia territorial. Segundo Moura (2003),

é fato que até os anos 70, a indústria, usufruindo as possibilidades das cidades, impôs uma lógica aglomerativa como condição básica à produção e reprodução do capital. A “metropolização” aconteceu como centralidade fundamental a esses processos (p. 4).

Este processo de concentração e inchaço das capitais – metropolização – foi à tônica vigente para que se adensasse o perfil de desigualdade regional econômico e populacional brasileiro, gerando uma espacialidade bem marcante no território.

O Estado da Bahia teve as repercussões desta dinâmica expressas em sua evolução urbana, especialmente nos últimos 40 anos, período no qual foi possível mostrar a intensidade e rapidez do processo de urbanização no Estado, face ás grandes transformações em sua dinâmica interna, comentada anteriormente, refletindo com maior ou menor expressão àquelas vivenciadas no espaço nacional.

Na última década, algumas mudanças econômicas, sociais, políticas e culturais foram processadas no Brasil e contribuíram para que se instalassem grandes alterações nos padrões espaciais do País. Estas alterações se refletiram na nova configuração dos espaços urbano-regionais principalmente no território baiano, produzido arranjos regionais um pouco mais maduros. Segundo Pacheco (1992/1996) apud Moura (2004),

nos anos 80, num contexto de crise, particularmente do investimento industrial, seguido pela abertura econômica e reestruturação produtiva, foi estimulada uma forma distinta de articulação das economias regionais, que resultou no que se entende por “desconcentração” da economia (p. 4)

Quanto a isto pode-se também dizer que o desenvolvimento dos meios de transportes, comunicação e das técnicas em geral, dotando-se de infra-estrutura e serviço novas áreas do território baiano, vêem contribuindo no aumento de sua especialização do trabalho. Os municípios e regiões servidos por estes progressos passam a oferecer suas aptidões específicas a produção estadual. É uma nova divisão territorial que atinge áreas até então periféricas e remodelam regiões já ocupadas, ampliando a desconcentração industrial. Entretanto, na Bahia é enorme a concentração industrial em três setores industriais, químico/petroquímico, refino e metalúrgico (juntos são responsáveis por quase 60% do valor da transformação industrial e por mais de 20% do pessoal ocupado), como estas industriais se localizam na Região Metropolitana de Salvador, o resultado é a produção, também, de enorme concentração espacial da atividade industrial no Estado da Bahia, reforçada pelo complexo automotivo da Ford, em Camaçari (SOUZA FILHO e SILVA, 2002b). O mapa de círculos proporcionais da quantidade de empresas por

municípios para o Estado da Bahia, no ano de 2005, ajuda a compreender esta situação (figura 8). Figura 8 ESTADO DA BAHIA QUANTIDADE DE EMPRESAS – 2005 Quantidade de empresas 1,00 78,00 232,00 501,00 1044,00 Fonte: FIEB, 2005.

Elaboração: José Rodrigues. 0 30 60 90 km

As regiões e municípios que tiveram uma melhor condição de acolher vetores da modernidade atual tornaram mais densa a divisão territorial do trabalho no Estado. A nova estrutura da base industrial no Estado da Bahia, apesar da forte concentração está mudando a dinâmica do território, pois em algumas atividades

industriais existe uma relativamente boa localização em outras regiões e municípios, tais como: celulose e papel (Extremo Sul da Bahia); agroindústria no Oeste e Médio São Francisco; têxteis e confecções, alimentos e bebidas, couro e calçados (em diversos municípios). Além do setor de computadores tem uma localização privilegiada em Ilhéus. Esta compartimentação do Estado onde novas áreas despontam no processo de desconcentração industrial, impõem um acréscimo nas interações desses novos espaços entre si e com a RMS.

O indicador que pode evidenciar, entre outros, a força da participação da RMS no tecido econômico estadual é justamente a infra-estrutura direcionada para a atividade comercial como a concentração do consumo de energia elétrica. Tal indicador, que é típico dos centros urbanos, demonstra estas disparidades regionais, evidenciando a distribuição desigual da atividade comercial no Estado. Um maior consumo significa maior importância, maior centralidade de uma cidade em relação a outras. A figura 9 ilustra este aspecto do Estado da Bahia.

Assim sendo, municípios como Barreiras no Oeste baiano, Juazeiro e Paulo Afonso mais ao norte, Vitória da Conquista perto da divisa com Minas Gerais e Teixeira de Freitas no extremo sul, possuem consumo bem superior ao seu entorno denotando uma polarização regional. Contudo, ainda podemos perceber o peso de Salvador no total do Estado, com 992.811 MWh, correspondendo por 50% deste consumo e, além do mais, sendo este valor dez vezes maior que o de Feira de Santana o segundo maior centro do Estado, com apenas 94.456 MWh (SEI, 2005).

Partindo para uma abordagem mais qualitativa do consumo de energia, pode- se classificar os municípios de acordo com seu tipo de demanda energética e assim obter algumas considerações relativa ao comportamento da economia baiana (Figura 10). De forma geral, em 308 municípios baianos a o predomínio do consumo residencial, em 49 municípios o maior consumo é rural, em 31 municípios destaca-se o consumo dos órgãos e instituições públicas, em 21 municípios é a indústria a maior consumidora e em apenas 8 municípios o comercio é o maior consumidor.

Como dito anteriormente, o consumo comercial se destaca em apenas 8 municípios, dos quais pode-se enumerar Lençóis, Cairu, Itacaré, Porto Seguro, onde o turismo é a maior fonte de renda, da mesma forma, nos municípios restantes o turismo vem crescendo e tornando-se a principal atividade econômica.

Figura 9 ESTADO DA BAHIA

CONSUMO DE ENERGIA ELÉTRICA COMERCIAL – 2000

0 a 500 501 a 1.000 1.001 a 5.000 5.001 a 10.000 10.001 a 94.756 992.811 (Salvador) Em MWh 0 30 60 90 km Fonte: SEI, 2005.

Elaboração: José Rodrigues.

Nos municípios da Região Metropolitana de Salvador e de alguns vizinhos do Recôncavo a demanda por energia nas indústrias é maior do que nos outros setores da economia, configurando a situação de concentração industrial já descrita anteriormente, no restante dos municípios onde há um maior consumo de energia neste setor, encontramos explicação nos empreendimentos industriais de grande

porte, que por singularidades regionais ou incentivos à diversificação da base, aí encontram-se instalados, os exemplos de Itapetinga com a Azaléia e Mucuri com a BahiaSul Celulose são os mais expressivos.

Figura 10 ESTADO DA BAHIA

MUNICÍPIOS POR CLASSE DE MAIOR CONSUMO DE ENERGIA – 2005

Pública