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P ARTICIPAÇÃO NA HISTÓRIA DA I NTERNET

5 C ONSIDERAÇÕES F INAIS

P ARTICIPAÇÃO NA HISTÓRIA DA I NTERNET

Bom, meu envolvimento com redes, essas coisas, começa em, eu me formei na Poli em 75, como engenheiro, mas desde 71, já estagiava no centro de computação lá da USP e lá já tínhamos um envolvimento com computador, etc., tal; na época redes, não se falava em redes de computadores, se falava no máximo, redes em que terminais acessavam um computador central, então havia uma rede, chamada de rede USP na época, que era de terminais acessando um computador central, eu me envolvi na montagem dessa rede, mas nada parecido com o que nós temos agora. Depois do CCE, do Centro de Computação da USP, eu fui pra FAPESP, em 85, tive sorte de estar então na FAPESP, no momento em que havia uma grande pressão pra que fossem montados acessos internacionais do Brasil às redes acadêmicas que já eram uma realidade em 85. Então, nós montamos uma equipe lá a partir de 86, 87, o Professor Oscar Sala, que era o presidente da FAPESP, um físico que é muito importante, foi presidente da Academia Brasileira de Ciências e tudo o mais, ele encabeçou a iniciativa, resolveu que a FAPESP era o lugar certo pra fazer isto, porque era neutra em relação às três universidades e também englobava a Secretaria de Ciência e Tecnologia, hoje o IPT e tudo o mais, então, nós montamos lá um grupinho e fizemos uma conexão internacional, um laboratório de Física, chamado Fermlab, que fica perto de Chicago, uma cidade chamada Batávia e acessamos uma rede chamada Bitnet, é Bitnet é “Becouse it’s time network”, porque “ta” na hora da Rede. É, na verdade nós, nessa iniciativa, nessa iniciativa, também houve uma iniciativa ao mesmo tempo no Rio de Janeiro, que aliás, conectou-se também à Bitnet um mês antes da FAPESP, no LNCC (o Laboratório Nacional de Computação Científica), então, no final de 88, haviam duas conexões do Brasil ao exterior, uma da FAPESP ao Ferm, e outra do LNCC à

Maryland, à Universidade de Maryland, as duas trabalhando com Bitnets, e, além de Bitnet, que era uma rede muito boa pra correio eletrônico, mas não tinha nenhuma outra interatividade, não tinha vídeo, não tinha imagem, a rede era uma rede de terminais a caracter, na época os terminais, os microcomputadores basicamente trabalhavam com caracteres, tela de 24 linhas por 80 colunas, não tinha imagem, essas coisas que nós temos hoje, mas era muito boa por causa do correio eletrônico, correio eletrônico foi uma ferramenta sensacional, ainda é uma ferramenta sensacional e abriu um horizonte de uso que ninguém tinha, quer dizer, você podia falar com seu orientador, podia continuar seus projetos, podia continuar usando os aceleradores do exterior, fazer experimentos, sem ter que se deslocar “pra” fora.

Então, isso foi um sucesso, rapidamente, várias universidades puxaram linhas por conta própria até São Paulo ou Rio e montou-se uma rede então, totalmente espontânea, de conexões desorganizadas “pra” espalhar a Bitnet pelo país. Em breve se viu, que além da Bitnet, havia outras redes interessantes, no caso da FAPESP, a gente também usou uma rede chamada Hafnet (Hinet Fisics network) , uma rede de físicos, trabalhava em outro protocolo e, finalmente...

Então, em 88, 89 então, as conexões brasileiras, tanto da FAPESP, quanto do Rio de Janeiro iam “pros” Estados Unidos e traziam bitnet “pro” país. Bitnet era boa “prá” correio eletrônico, era uma rede muito econômica em termos de banda, para você ter uma idéia, a linha que ligava o Brasil aos Estados Unidos era de 4.800 bits por segundo e hoje não é nada, quer dizer, ninguém consegue fazer nada com isso, depois nós subimos pra 9.600 bits por segundo, mas pra correio eletrônico é suficiente, porque era só texto não tinha imagem, não tinha carga adicional nenhuma. Então, primeiro Bitnet, depois Hacnet (Hinet Fisics Network) e, rapidamente nos anos 90, ficou claro que as duas, a Bitnet e a Hacnet iam ser substituídas por uma única nova estrutura, baseada em TCP/IP, que era a Internet, então nós, rapidamente tentamos nos incluir também pela Internet e aí, foi na FAPESP que isso aconteceu, o Ferm ia participar de uma rede chamada Easnet (Energy Ciences Network), que era um dos backbones americanos, uma das espinhas dorsais americanas, que rodaria o TCP/IP e estariam integradas na Internet. O Ferm entrou no Easnet no final de 90, e já em 91, em janeiro, nós estávamos ligados, carregando os mesmos pacotes TCP/IP na linha São Paulo/Batávia, essa que ia até o Ferm e, a partir daí, nós vimos que rapidamente a

depois fomos pra 128, 256, e rapidamente a linha internacional foi sendo aumentada.

Eu posso comentar que em 92, teve um evento importante, que foi a Eco 92, no Rio, e na Eco 92 no Rio, nós conseguimos disponibilizar Internet pro pessoal que tava lá no Rio e isso foi um dos fatores de amadurecimento da rede brasileira também, então aí, tanto São Paulo quanto o Rio colaboraram pra que a Eco 92 tivesse acesso à Internet, como falei, na época, com linhas de 64 K, que eram consideradas de alta velocidade.

Aí, em 93, acontece um fenômeno muito importante, que é a entrada do World Wide Web. Hoje nós confundimos www com a própria Internet, elas são coisas distintas, quer dizer, www é uma aplicação sobre a rede, que começa a ganhar força a partir de 93. Na época, a gente era muito cético com relação a isso, porque achava que não haveria banda suficiente pra acomodar uma imagem e porque as imagens não só valem mais que mil palavras como pesam também mais que mil palavras, uma imagem é um negócio muito maior que um texto. Então, mas por sorte, também na época, as infra-estruturas de telecomunicação foram melhorando, o Brasil foi passando a ter fibra entre as cidades, nas áreas metropolitanas e a linha internacional pôde ser aumentada 2 megabytes por segundo, que também é uma miséria hoje, mas na época, era considerada uma grande velocidade, então, de alguma forma, a rede conseguiu sobreviver à enchente de dados que o www representou e no Brasil começaram a aparecer os grandes provedores, em 94/95.