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P ROCEDIMENTOS E D IRETRIZES PARA A I MPLEMENTAÇÃO DA

3 PROTOTIPAGEM

3.3 P ROCEDIMENTOS E D IRETRIZES PARA A I MPLEMENTAÇÃO DA

Ulrich e Eppinger (2000) destacam a importância de efetuar um planejamento da atividade de prototipagem com o intuito de evitar que os resultados não contribuam para o propósito almejado. Esses autores propõem um roteiro para realizar o planejamento da prototipagem em que os seguintes aspectos são explicitados: propósito do protótipo; nível de aproximação do protótipo em relação às características do produto; número de protótipos a serem construídos; esboço dos testes aos quais o protótipo será submetido e o cronograma para o processo de prototipagem.

Para aplicação da prototipagem propriamente dita, Clark, Chew e Fujimoto (1992) sugerem o emprego de um conjunto de procedimentos estruturados e cíclicos que envolvem o estabelecimento de uma meta, a definição de uma alternativa para atingi-la, testes e avaliação dos resultados tendo em vista a meta. Segundo os mesmos autores, trata-se de um método estruturado para solução de problemas, semelhante ao ciclo PDCA, proposto por Shewhart e discutido nas seções 2.6.2 e 2.6.3.

3.3.2 Diretrizes para a Implementação da Prototipagem

Segundo Thomke (2001), a agilidade na condução da atividade de experimentação propicia o aumento da velocidade de aprendizagem e do retorno de decisões atreladas ao cronograma de desenvolvimento do produto. Este autor sugere que sejam utilizadas tecnologias adequadas ao nível de incerteza ao longo das etapas de desenvolvimento do produto.

Associada a esta diretriz, Thomke (2001) menciona o fundamento dos 3Rs – rough (grosseiro); rapid (rápido) e right (certo). Por exemplo, simulações através do computador, prototipagem virtual por intermédio de softwares 3D e prototipagem rápida ou protótipos físicos incompletos podem trazer a informação necessária para aquele momento. Em outras palavras, esse autor sugere que se abdique do excesso de preciosismo nos protótipos iniciais, fazendo com que informações simples possam ser obtidas rapidamente e incorporadas ao desenvolvimento do produto no momento necessário.

Ulrich e Eppinger (2000) e Faithfull, Ball e Jones (2001) também recomendam uma hierarquia na seleção de tipos de prototipagem. Os mesmos autores esclarecem que protótipos analíticos, em geral, são os primeiros a serem empregados porque implicam menores custos, maior facilidade de alteração de parâmetros com repercussão nos resultados e maior agilidade nas respostas. No entanto, conforme destacam Ulrich e Eppinger (2000), normalmente os protótipos analíticos não eliminam a necessidade de protótipos físicos, porém são úteis para identificar que aspectos devem ser explorados nos protótipos físicos.

Faithfull, Ball e Jones (2001) acrescentam que protótipos físicos focados, isto é de apenas parte do produto, têm sido frequentemente empregados quando a diferença de custo entre um protótipo analítico e um protótipo físico do produto completo é elevada. Grimm (2004) destaca que, nestes casos, a prototipagem rápida é frequentemente empregada.

Thomke (2001) sugere, também, processar rapidamente as informações ao término de cada etapa do experimento, permitindo que as mesmas sejam incorporadas na etapa seguinte.

Ulrich e Eppinger (2000) alertam para a necessidade de vinculação das datas de término de cada etapa da prototipagem ao cronograma do desenvolvimento do produto final. Esses autores afirmam que um prazo muito exíguo para o lançamento do produto pode levar a equipe envolvida a não completar a atividade de prototipagem, deixando de realizar as etapas de compilação e análise dos dados e de consolidação das lições aprendidas.

Em relação às pessoas a serem envolvidas, Thomke (2001) sugere a formação de um grupo pequeno, composto por pessoas chave (projetistas, engenheiros de teste e engenheiros de produção), que tenham conhecimento apropriado para o estudo.

Diversos autores (THOMKE, 2001; REINERTSEN, 1997; PATTERSON, 1999) apontam a necessidade de valorizar as falhas como forma de aprendizagem e de combate aos erros, na medida em que estes são geralmente decorrentes de problemas na assimilação das lições não aprendidas com as falhas. Reinertsen (1997) também alerta para a importância da ampla veiculação dos resultados, pois a conduta de encobrir as falhas expõe a equipe à repetição das mesmas, não gerando informações novas que possam contribuir para a evolução do conhecimento na tarefa executada.

Thomke (2001) aponta alguns elementos básicos na condução da experimentação: definição de propósitos claros, levantamento de hipóteses (o que se espera que ocorra) e definição de variáveis de controle que permitam avaliar a eficiência das alternativas experimentadas para o propósito definido. Estes parâmetros são considerados pelo referido autor como importantes para promover a aprendizagem proporcionada pela experimentação. Spear e Bowen (1999) também destacam a importância destes parâmetros na condução de experimentos voltados à resolução de problemas no STP, contribuindo para a aprendizagem dos funcionários. Em ambientes nos quais a variabilidade e a incerteza são elevadas, Thomke (2001) sugere que sejam efetuados experimentos múltiplos e repetitivos.

Thomke (2001) propõe a combinação de tecnologias novas e tradicionais nos processos de prototipagem, pelo fato de que o uso de uma tecnologia nova muitas vezes implica um desempenho inicial aquém do esperado, podendo ser pior do que a tecnologia anterior. Segundo o mesmo autor, as tecnologias atuais para acelerar a experimentação normalmente não substituem integralmente os protótipos físicos, que continuam sendo necessários em etapas mais avançadas do desenvolvimento do produto.

No que diz respeito à produção-piloto realizada diretamente na linha de montagem comercial, Clark, Chew e Fujimoto (1992) destacam algumas diretrizes com o intuito de

amenizar os efeitos da experimentação no tempo de atravessamento dos produtos já existentes na linha de produção. Os referidos autores destacam que a solução de interromper temporariamente a fabricação dos produtos existentes para realizar a produção-piloto, acarreta perdas significativas no volume de produção. Uma solução alternativa consiste em intercalar a fabricação de produtos existentes com produtos-piloto e aproveitar a ociosidade de operários com baixa carga de trabalho para absorver a diferença de produtividade.

Clark, Chew e Fujimoto (1992) mencionam que o sucesso das empresas automobilísticas japonesas ao introduzir a produção-piloto na linha de montagem comercial é decorrente de dois fatores principais: (a) alta capacidade de gestão da produção, abrangendo eficiência no suprimento e manuseio de materiais e no planejamento da produção, mão de obra e supervisores qualificados e, finalmente, um controle da produção que permita garantir a flexibilidade necessária para lidar com a complexidade proveniente do mix de produtos novos e existentes na linha de montagem e; (b) um projeto do produto completo e preciso, evitando interrupções freqüentes. Clark, Chew e Fujimoto (1992) destacam que este último fator é possibilitado pelo uso intenso de outros recursos de prototipagem mais focados no produto em etapas anteriores à produção-piloto.

Na seção 2.6.5 foi apontada a necessidade de uma cultura voltada à experimentação como importante fator na capacidade de improvisar diante de situações não corriqueiras e imprevistas. Vera e Crossan (2005) destacam a disponibilidade de recursos (por exemplo, tempo, pessoas capacitadas e o capital) como um requisito básico na cultura voltada à experimentação.

No primeiro capitulo discutiu-se a respeito do potencial da prototipagem para definir padrões e a revisão da literatura (seção 2.6.4) indicou que a padronização contribui para aprimorar o conhecimento acerca do uso dos recursos. Portanto, um questionamento natural é como disponibilizar os recursos necessários para a atividade de prototipagem, mais especificamente, para a produção-piloto, considerando que uma das principais contribuições é justamente a definição desta informação. Nestas situações, Chew, Leonard-Barton e Bohn (1991) sugerem que haja certa folga de recursos e o uso de experimentação virtual, como por exemplo, a simulação. Também é sugerida pelos autores, a aprendizagem a partir do conhecimento de pessoas que tenham experiência anterior em situação similar à investigada na produção-piloto.

A seguir, discorre-se a respeito do emprego da prototipagem especificamente no ambiente da construção civil.