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CAPÍTULO II – ENQUADRAMENTO TEÓRICO

2.7. Padrões de desempenho – contextualização

Uma vez que anteriormente nos referimos a padrões de desempenho, pensamos ser de extrema necessidade entender o que tal pode significar. Assim, o padrão de desempenho pode ser tido como um referencial de comparação, servindo para efetivar a avaliação.

O Despacho n.º 16034/2010, a que já fizemos referência anteriormente no contexto dos objetivos da avaliação, retrata especificamente os padrões de desempenho, senão vejamos: “(…) a definição de padrões de desempenho docente consagrada neste diploma poderá contribuir para orientar a acção dos docentes, para estimular a respectiva auto-reflexão, para articular a avaliação do seu desempenho e para catalisar um debate construtivo e enriquecedor sobre a profissionalidade docente”..

Concluímos que à profissão de docente lhe estão atribuídas responsabilidades em termos de promoção de aprendizagens, nomeadamente quando a classe é uma categoria especializada em saberes de cariz específico. Daí que existem dimensões e se criaram conceitos para “o que representa integrar a profissão e identificam

conhecimentos, capacidades e atitudes que lhe atribuem a especificidade no quadro da sociedade actual. A profissão docente é frequentemente confrontada com complexidades, incertezas e dilemas. Apesar do conhecimento em que se baseia a acção dos docentes, do seu empenho e profissionalismo, estes têm frequentemente de lidar com situações cuja resolução poderia ser facilitada através de uma orientação baseada nas boas práticas e na investigação científica”, conforme Despacho n.º 16034/2010 de 22 de Outubro de 2010.

Desta forma, os padrões de desempenho têm que ser englobados nos objetivos do próprio sistema educativo, que como se entende não é sempre igual e o contexto de cada escola é único. Neste caso, cada escola tem que definir através de projetos educativos, de estratégias variadas e adequadas para que o seu plano de atividades produza os resultados previstos.

Danielson (2013) refere que:

A framework for teaching provides a structure for discussions among teachers and also serves to sharpen the focus for professional development. A framework also serves to communicate to the larger community the array of competencies needed to be an effective teacher. (p. 3)

A cimentar esta ideia Danielson (2013) considera que os padrões de desenvolvimento constituem uma referência profissional, atuando como um guia previamente estruturado que orienta o desempenho da profissão.

Ainda usando o Despacho n.º 16034/2010, “Os padrões de desempenho docente que aqui se apresentam, e que constituem um elemento de referência da avaliação de desempenho, visam providenciar um contexto para o julgamento profissional levado a cabo pelos docentes no decurso da sua actividade. Não pretendem substituir esse julgamento. Não existe nenhum elenco de padrões de desempenho que preveja todas as circunstâncias possíveis e que seja aplicável de forma universal sem a interpretação do profissional docente”. Entende-se que estes padrões de desempenho atuam como referentes da ação a desenvolver pelos docentes, propondo o seu desenvolvimento profissional e simultaneamente o desenvolvimento organizacional da instituição educativa em que está inserido.

Scriven (1997) acrescenta ainda que ao docente que é empenhado e do qual resulta um profissional de excelência, se deve conseguir evidenciar qualidades que se considerem de qualidade, nomeadamente ”os seus conhecimentos na sua área de especialização; as suas competências avaliativas; as suas capacidades para ensinar, as suas qualidades intelectuais e pessoais; e o seu valor, ou seja, a utilidade da sua atuação para a escola” (p. 124).

Mas para que se consiga contextualizar um determinado nível de desempenho, ou até mesmo situar o profissional, é necessário conduzir um processo pelo qual se facilitem e enquadrem por comparação com os padrões de desempenho. Para que

isso aconteça é necessário haver um método que delimita um elemento exterior de relação ou “aquilo em relação ao qual o juízo de valor produzido” (Figari, 1996, p. 177) ou seja encontrar um conjunto de referentes para a seriação de referenciais em que os docentes participem e se envolvam diretamente na construção do momento de avaliação em si mesmo.

Uma vez com os referentes estabelecidos, é necessário começar por estabelecer critérios, ou seja, têm que ser estabelecidas as “dimensões relativamente às quais o desempenho é classificado, ou julgado, como bem-sucedido ou meritório” Ventura (2008). Como exemplo destes critérios, podemos observar quer o rigor científico, a coerência entre as planificações e a sua avaliação comparando-a com o seu desenvolvimento do ensino e da aprendizagem.

Seguidamente a este processo é de extrema necessidade a elaboração dos indicadores, que estes sim, têm de ser observáveis, e que permitem “efetuar concretamente a comparação induzida pelo critério (Ventura, 2008). São estes indicadores que vão demonstrar o que foi atingido, a qualidade do atingido, desde os critérios ao desenvolvimento do professor.

Com os instrumentos de recolha de informações, que facilitam a recolha dos dados e de factos, podem assim entrar em comparação com os padrões de desempenho e com os respetivos descritores, onde se podem situar em cinco diferentes níveis e que são: Insuficiente, regular, bom, muito bom e excelente, respetivamente nas quatro dimensões fundamentais: profissional, social e ética; desenvolvimento do ensino e da aprendizagem; participação na escola e relação com a comunidade educativa; desenvolvimento e formação profissional ao longo da vida.

Os padrões de desempenho definem as características fundamentais da profissão docente e as tarefas profissionais que dela decorrem, caracterizando a natureza, os saberes e os requisitos da profissão. Podem ser considerados como um modelo de referência que permite (re)orientar a prática docente num quadro de crescente complexidade e permanente mutação social, em que as escolas e os profissionais de ensino são confrontados com a necessidade de responderem às exigências colocadas por essas transformações e, em muitas situações, anteverem e gerirem com qualidade e eficácia as respostas necessárias. Assim, enquanto elemento de referência nacional, o documento dos padrões de desempenho deve ser lido em contexto, isto é, de acordo com o projecto e características de cada escola e com as especificidades da comunidade em que se insere. (Despacho n.º 16034/2010)

Os padrões de desempenho são como que uma referência, uma orientação do processo de avaliação, e permitem que o próprio sistema reconheça as sua valências e deficiências. Os avaliadores e avaliados têm mais facilidade em reconhecer as suas funções e ao mesmo tempo há um trajeto que pode ser seguido de encontro à melhoria e qualidade da ação, porque se uns têm que observar (avaliadores), outros têm que desenvolver (avaliados), e assim permite-se que um docente em avaliação se consiga situar, além de que “os padrões de desempenho docente que aqui se

apresentam pretendem constituir um documento orientador para a afirmação de um dispositivo de avaliação justo, confiável e que contribua efetivamente para o desenvolvimento profissional de todos os docentes envolvidos” (Despacho n.º 16034/2010).

2.8. A Supervisão pedagógica na avaliação de desempenho dos