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PAGAMENTOS

No documento Ação executiva (páginas 155-160)

Findo o prazo para a reclamação de créditos (cfr. art.º 788.º, n.º 2), a execução prossegue, independentemente dos trâmites do apenso de verificação e graduação de créditos, com as necessárias diligências para a realização dos pagamentos, a efetuar,

obrigatoriamente, no prazo de três meses a contar da penhora (cfr. art.º 796.º, n.º 1), à exceção da consignação de rendimentos, que pode ser requerida pelo exequente e deferida logo a seguir à penhora.

São modalidades de pagamentos (cfr. art.º 798.º): - entrega de dinheiro (cfr. art.º 798.º);

- adjudicação dos bens penhorados (cfr. art.ºs 799.º a 802.º);

- consignação judicial dos seus rendimentos (cfr. art.ºs 803.º a 805.º); - pagamento em prestações (cfr. art.ºs 806.º a 809.º);

- acordo global (cfr. art.º 810.º)

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18.1

Entrega de dinheiro (art.º 798º)

Se a penhora recair em moeda corrente, depósito bancário em dinheiro ou outro direito de crédito pecuniário, o exequente ou qualquer credor que o sobreponha é pago pelo dinheiro existente até ao montante do seu crédito, tendo sempre em atenção o previsto no art.º 541.º (garantia do pagamento das custas).

Julgada improcedente a oposição à execução ou decorrido o prazo para ela, o

agente de execução:

Entrega ao exequente as rendas, abonos, vencimentos, salários ou outros rendimentos periódicos, que não garantam crédito reclamado, até ao valor da quantia exequenda, depois de deduzido o montante correspondente às despesas previsíveis da execução entre as quais se incluem as custas da execução; e

Adjudica ao exequente as quantias vincendas, notificando a entidade pagadora

para as entregar diretamente ao exequente – extinguindo a execução (cfr. art.º 779.º, n.ºs 3 e 4).

Não sendo satisfeito, integralmente, o crédito exequendo, o exequente pode requerer a renovação da instância para satisfação do remanescente – não se repetem as citações e aproveita-se tudo o que tiver sido processado relativamente aos bens em que prossegue a execução, notificando-se os outros credores e o executado da apresentação do requerimento para prosseguimento da execução – cfr. 779.º, n.º 5 e 850.º, n.º 4.

Na penhora se saldos bancários, o agente de execução entrega ao exequente as

quantias penhoradas que não garantam crédito reclamado, até ao valor da dívida exequenda, depois de descontado o montante relativo a despesas de execução, referido no n.º 3 do art.º 750.º- cfr. art.º 780.º, n.º 13.

18.2

Adjudicação (art.ºs 799.º a 802.º)

Esta modalidade de pagamento consiste na possibilidade que o exequente e os credores reclamantes têm para pedir os bens penhorados não compreendidos nos art.º s 830.º e 831.º lhe sejam adjudicados como pagamento completo ou parcial do

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seu crédito, tendo sempre em atenção, como atrás já foi referido, que as custas saem precípuas do produto dos bens penhorados (cfr. art.º 541.º).

Todos os bens penhorados podem ser objeto de adjudicação, à exceção dos que, de acordo com o disposto nos art.ºs 830.º e 831.º, devam ser vendidos nas bolsas de capitais ou mercadorias ou a certas entidades (cfr. art.º 799.º, n.º 1).

O requerente deve indicar o preço em que assenta a sua oferta, o qual não poderá ser inferior a 85% do valor base dos bens (cfr. art.º 816.º, n.º 2).

Cabe ao agente de execução fazer a adjudicação, mas, se à data do

requerimento já estiver anunciada a venda por propostas em carta fechada, esta não será sustada e a pretensão do requerente só será considerada se não houver pretendentes que ofereçam preço superior (cfr. art.º 799º, n.º 4).

Requerida a adjudicação, será designado dia e hora para abertura das propostas

de preço superior ao oferecido, notificando-se o exequente, os preferentes, executado e credores reclamantes, se os houver. Na adjudicação, a publicitação

segue os termos previstos para a venda mediante propostas em carta fechada (cfr. 800.º n.º 1), que mais adiante abordaremos.

A abertura de propostas tem lugar perante o juiz se se tratar de imóveis ou, estabelecimento comercial, se o juiz o determinar, ou perante o agente de execução, nos restantes casos, desempenhando este as funções reservadas ao juiz na venda do imóvel, aplicando-se, as normas da venda por propostas em carta fechada, devidamente adaptadas (cfr. art.º 800.º, n.º 3).

Se não surgir qualquer proposta e ninguém comparecer a exercer o direito de preferência, aceita-se o preço oferecido pelo requerente. Se houver propostas de maior preço, observar-se-á o disposto nos art.ºs 820º e 821º, ou seja, em princípio aceita-se o preço de maior valor, em proteção de todos os interessados.

Se o requerimento de adjudicação tiver sido feito depois de anunciada a venda por proposta em carta fechada e esta não tiver qualquer proposta, são logo adjudicados os bens ao requerente (cfr. art.º 801.º, n.º 3).

A adjudicação como atrás foi referido, cabe ao agente de execução, a qual é efetuada nos termos do art.º 817.º (cfr. art.º 802.º).

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18.3 Consignação de rendimentos (art.ºs 803º a 805º)

Esta modalidade de pagamento pode ser requerida ao agente de execução logo após a penhora de bens e até à venda ou adjudicação, desde que a penhora tenha recaído em bens imóveis ou móveis sujeitos a registo (cfr. art.º 803º, n.º 1).

Diversamente da adjudicação de bens, que pode ser requerida igualmente pelos credores reclamantes, a consignação de rendimentos só pode ser requerida pelo

exequente.

Ouvido o executado, se este não requerer a venda, é deferido o requerido ao exequente, sendo este pago pelo rendimento dos bens.

Se a consignação de rendimentos for deferida antes de se iniciar a fase da convocação de credores, esta não se realiza (cfr. art.º 803.º, n.º 3) uma vez que os

bens não são transmitidos.

A consignação efetua-se por comunicação ao serviço competente de registo, através de comunicação eletrónica, sendo o registo efetuado por averbamento (cfr. art.º 803.º, n.ºs 4 e 5).

Não haverá lugar à citação dos credores se a consignação de rendimentos for requerida antes dela (citação dos credores).

18.4 Pagamento em prestações (art.º s 806.º a 809.º)

É admissível o pagamento em prestações da dívida exequenda, se se verificarem os seguintes pressupostos:

- Exequente e executado estarem de comum acordo, no pagamento em prestações da dívida exequenda, que terá de ser requerida ao agente de execução até à transmissão do bem penhorado ou, no caso da venda mediante proposta em carta fechada, até à aceitação da proposta apresentada;

- No referido requerimento para pagamento em prestações constar o plano

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- Extinguindo-se a execução.

De acordo com o artigo 807.º n.º 1, se o exequente não desistir da penhora deve esta ser convertida em hipoteca (para bens imóveis ou bens móveis sujeitos a registo, onde se incluem os veículos automóveis – cfr. alínea f) do n.º 1 do artigo 688.º do CC e Artigo 4.º do Dec. Lei n.º 54/75) ou penhor (para bens móveis não sujeitos a registo).

O agente de execução deve comunicar à conservatória competente, a conversão da penhora em hipoteca, atualizar o registo informático de execuções com a respetiva informação99 e, depois de cumprido o acordo, comunicar à

conservatória a extinção da hipoteca ou penhor – cfr. art.º 807.º, n.º 4.100

Convertida a penhora em penhor deve o agente de execução atualizar o registo informático de execuções com aquela menção – alínea f) do n.º 2 do art.º 717.º

Perante a falta de pagamento de qualquer prestação, nos termos acordados, o exequente pode requerer a renovação da execução, de acordo com o art.º 850.º - cfr. art.º 808.º, n.º 1.

Na execução renovada, a penhora inicia-se pelos bens sobre os quais tenha sido

constituída hipoteca ou penhor, só podendo recair noutros quando se reconheça a

insuficiência deles para conseguir os fins da execução – cfr. art.º 808.º, n.º 2

Se estiver a correr termos algum processo de verificação de créditos, pode o credor reclamante, cujo crédito esteja vencido, requerer a renovação da instância para satisfação do seu crédito, nos termos previstos no art.º 809.º.

18.5

Acordo global (art.º 810.º )

O exequente, executado e credores reclamantes podem acordar num plano de pagamentos, que pode consistir numa simples moratória, num perdão, total ou

99 Cfr. alínea e) do n.º 2 do art.º 717.º

100 Deve ainda fazer menção no registo informático de execuções do cumprimento do acordo nos termos previstos na

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parcial, de créditos, ou, na substituição, total ou parcial, de garantias ou ainda na constituição de novas garantias, extinguindo-se a execução – art.º 810.º, n.ºs 1 e 2.

O incumprimento dos termos do acordo, no prazo de 10 dias, após interpelação escrita do exequente ou do credor reclamante, implica, na falta de convenção expressa em contrário, a renovação da execução para pagamento do remanescente do crédito – cfr. art.º 810.º n.ºs 3 a 5.

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