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CAPÍTULO II – NO TOM DA INSPIRAÇÃO – Referencial Teórico

QUADRO 3 CLASSIFICAÇÃO E CONCEITO DE AUTOESTIMA

2.7 O Palco A sala de aula de L

A sala de aula é um espaço emblemático e com grande valor simbólico na vida e formação do aprendiz. Ela representa um ambiente no qual diversas experiências ocorrem, local de variadas formas de interação e representação identitárias. No espaço da escola, esse cômodo pode ser compreendido como um espaço de relações sociais, culturais, políticas etc.

No conjunto das instituições sociais que regulam a vida dos cidadãos, a escola, oficialmente autorizada a interferir na produção de significados e consequentemente de identidades, é constituída por um denso tecido discursivo que opera como uma tecnologia do poder, afirma Fontana (2010).

Para Fontana (2010), no contexto da sala de aula de LE, os aprendizes de línguas não estão aprendendo apenas um sistema linguístico; eles estão aprendendo um conjunto diversificado de práticas socioculturais, no contexto de relações de poder mais amplas.

assimetria:

A assimetria é uma característica inerente à relação professor/alunos, em virtude, por exemplo, da diferença de idade, da diferença de experiência e conhecimentos e, principalmente, da diferença de poder que é conferido a cada um destes interagentes, pela própria instituição escolar. Ao professor, em geral, é garantido o poder para selecionar os conteúdos que serão ensinados aos alunos, bem como o seu modo de transmissão. O fato de ocupar uma posição privilegiada nesta relação, na maioria das vezes, também confere ao professor o direito de falar mais, de iniciar e sustentar os turnos conversacionais, de dirigir o discurso de acordo com os tópicos conversacionais que ele julga serem relevantes para determinada aula.(BRANTS, 2004, p. 2)

Dentro do contexto de assimetria proposto por Brants (2004), pode-se inferir que quando se trata de identidade(s), a assimetria é elemento intrínseco. Deste modo, as identidades assumidas pelos aprendizes na sala de aula são elementos com carga significativa de poder.

Ao relacionar identidade com poder, é importante salientar que:

O poder não existe. Quero dizer o seguinte: a ideia de que existe, em um determinado lugar, ou emanando de um determinado ponto, algo que é um poder, me parece baseada em uma análise enganosa e que, em todo caso, não dá conta de um número considerável de fenômenos. Na realidade, o poder é um feixe de relações, mais ou menos organizado, mais ou menos piramidalizado, mais ou menos coordenado. (FOUCAULT,2001, p. 248)

Sendo assim, entende-se que as identidades relacionam-se de uma forma ou de outra com as questões relativas com o conceito de poder dado por Foucault (ibidem), uma vez que, nas suas mais diversas concepções, as identidades, no caso desta pesquisa, a identidade do aprendiz, são construídas num contexto de “feixes de relações mais ou menos organizados”. Observo que a coordenação apontada pelo autor refere-se, possivelmente, ao fato de o aluno perceber seu espaço em aula, ter consciência das suas ações, procedimentos e relações estabelecidas para que ele se invista da identidade de aprendiz. Desse modo, ele age de forma consciente do seu papel tanto na relação com o professor, quanto com os seus pares e consigo mesmo.

Além de espaço de interação e aprendizagem, compreendo a sala de aula, não como um espaço físico, mas um espaço capaz de possibilitar

diversas ações em virtude de sua configuração, pois

Nos últimos anos, foram dados muitos passos à frente e hoje faz parte da cultura profissional dos professores(as) dessa etapa educacional que o espaço de suas aulas seja um recurso polivalente que possam utilizar de muitas maneiras e do qual podem extrair grandes possibilidades para a formação. (FORNEIRO, 2008 p. 229)

Segundo Arends (2008), a forma como o espaço é utilizado interfere no ambiente da sala de aula, influencia o diálogo e a comunicação e tem efeitos emocionais e cognitivos importantes nos alunos.

No que diz respeito à disposição das cadeiras em sala de aula é que;

[...] disposição em U, atribui um lugar de destaque ao professor, permitindo-lhe liberdade de movimento, dando-lhe acesso rápido ao quadro e possibilitando a sua entrada dentro do U sempre que necessite de estabelecer contato mais próximo com algum aluno. No entanto, estabelece uma certa distância emocionalmente professor e alunos, além de que coloca uma distância física considerável entre os alunos que se sentam nos topos e os restantes. (TEIXEIRA e REIS, 2012 p. 176)

Assim sendo, faz-se importante salientar que diversos fatores influenciam no espaço da sala de aula. Conforme asseveram Teixeira e Reis (2012), penso que a distância emocional deve ser observada. A configuração da sala de aula ou disposição da sala, pode parecer, a grosso modo como algo que não apresenta relevância. No entanto, por se tratar de um espaço de manifestações de identidades demanda significativas reflexões contínuas a respeito dela.

Uma vez que esta pesquisa busca verificar as interpretações dos alunos acerca de suas identidades de aprendizes de LI durante o tempo de estudo desse idioma e de que maneira essas interpretações influenciam ou são influenciadas no engajamento do aluno no curso, no próximo capítulo apresento a metodologia utilizada para a busca de respostas para essas perguntas.

CAPÍTULO 3 – RIMA, REFRÃO E MELODIA – Referencial Metodológico

Amanheceu eu peguei a viola botei na sacola e fui viajar Sou cantador e tudo nesse mundo

Vale pra que eu cante e possa praticar A minha arte sapateia as cordas E esse povo gosta de me ouvir cantar

Amanheceu...

Ao meio dia eu tava em Mato Grosso Do Sul ou do Norte, não sei explicar Só sei dizer que foi de tardezinha Eu já tava cantando em Belém do Pará

Amanheceu...

Em Porto Alegre um tal de coronel

Pediu que eu musicasse uns versos que ele fez Para uma china, que pela poesia

Nem lá de Pequim se vê tanta altivez

Amanheceu...

Parei em Minas pra trocar as cordas E segui direto para o Ceará

E no caminho fui pensando, é lindo Essa grande aventura de poder cantar

Amanheceu...

Chegou a noite e me pegou cantando Num bailão, lá no norte do Paraná Daí pra frente ninguém mais se espanta E o resto da noitada eu não posso contar

Anoiteceu e eu voltei prá casa

Que o dia foi longo e o sol quer descansar Amanheceu.

Renato Teixeira, Músico Brasileiro Canção: Amanheceu peguei a viola Álbum: Amizade Sincera, BMG Ariola, 1990

Introdução

Neste capítulo, sobre a metodologia da pesquisa, apresento os princípios do estudo de caso de caráter interpretativista, que é o referencial metodológico adotado para a pesquisa apresentada nesta dissertação, como também explicações sobre sua natureza, desafios, contexto, além da descrição dos participantes e dos instrumentos e procedimentos de coleta e análise de dados.