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FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA E PROGRAMA BOLSA FAMÍLIA

2.6 Panorama Histórico e o Desenvolvimento do Programa Bolsa Família

No Brasil, as Políticas Públicas implantadas e implementadas são alvo de muitas discussões, principalmente em se tratando de políticas sociais que envolvem a necessidade e a aplicabilidade de gerar rendas a classes menos favorecidas. Neste contexto, percebe-se a necessidade de investimentos do país com Programas de Transferência de Renda que contribuam para a diminuição da pobreza15 e extrema pobreza16.

15 A pobreza — entendida a partir da consideração de seus múltiplos aspectos — é um termo que indica, antes de mais nada, privação relativamente ao que se considera o modo de vida predominante numa dada sociedade, o que quer dizer que deve ser apreciada histórica e geograficamente (ROCHA, 2006).

16 A linha de extrema pobreza do Plano Brasil Sem Miséria foi definida como renda domiciliar mensal nominal per capita menor ou igual a R$ 70,00 em julho de 2010. No caso dos domicílios sem rendimento, foram considerados extremamente pobres somente aqueles que cumprissem uma das seguintes características: sem banheiro de uso exclusivo; sem ligação com rede geral de esgoto ou pluvial e não tinham fossa séptica; em área urbana sem ligação à rede geral de distribuição de água; em área rural sem ligação à rede geral de distribuição de água e sem poço ou nascente na propriedade; sem energiaelétrica; com pelo menos um morador de 15 anos ou mais de idade analfabeto; com pelo menos três moradores de até 14 anos de idade; ou pelo menos um morador de 65 anos ou mais de idade (MDS, ESTUDO TÉCNICO Nº 2/2013).

O termo “pobreza” está em destaque no país, pois a pobreza e a destituição social assumem um patamar de muitas discussões, de certa forma alarmante, pois se referem à desigualdade social (FONSECA; FAGNANI, 2013, p. 264).

No senso comum e, algumas vezes, na mídia brasileira, o Programa Bolsa Família é visto como um programa que não propicia geração de empregos. Desta forma, Zimmermann e Frota (2006, p. 24) reforçam que “o programa de transferência de renda bolsa família é visto como responsável por assombrar o nosso País, causando acomodação e falta de incentivos ao trabalho”.

Por outro lado, pesquisadores como Fonseca (2006), demonstram preocupação com a continuidade na política de distribuição dessa renda, voltada para combater a fome, a pobreza e a extrema pobreza. Nas palavras de Fonseca,

La crisis económica y los programas de ajuste agravaron la pobreza y fue en este contexto que surgieron en nuestra región las redes de protección social para focalizar en los grupos más vulnerables (FONSECA, 2006. p. 7).

Mesmo com tantos embates e divergências e se estendendo nos seguintes anos, o projeto de lei nº 80/90 começou a funcionar a partir de 1995 em alguns municípios brasileiros como: Campinas, Ribeirão Preto e Distrito Federal, sob a forma de Programas de Renda Mínima (ZIMMERMANN; FROTA, 2006).

Subsequentemente, os municípios de Vitória/ES, Santos/SP, Belo Horizonte/MG, Jundiaí/SP, Boa Vista/RR, Franca/SP e Salvador/BA também aderiram a essa iniciativa (ZIMMERMANN; FROTA, 2006). Com a adesão destes municípios, o Programa de Renda Mínima foi criando corpo e destaque em nível nacional.

Durante a gestão do Governo Federal do ano 2000, foram implementados alguns programas em nível nacional e que, na verdade,

Esses programas compõem a “Rede de Proteção Social” do governo, de modo que, cada um dos programas estava vinculado a um Ministério e/ou Secretaria. O Programa Bolsa Escola é vinculado ao Ministério da Educação (ZIMMERMANN & FROTA, 2006, p. 14).

A citação ajuda-nos a compreender a dimensão dos programas implementados que podem contribuir para o fortalecimento dos mecanismos e da divisão de responsabilidades no campo da proteção social. Com as mudanças de governo, em âmbito federal, no ano de 2003 houve algumas iniciativas sobre a unificação dos Programas de Transferência de Renda no

Brasil e, o PBF foi institucionalizado como um programa unificador de distribuição de renda. Nesse processo, a unificação se caracteriza como,

Instrumento de identificação e caracterização socioeconômica das famílias brasileiras de baixa renda a ser obrigatoriamente utilizado para seleção de beneficiários e integração de programas sociais do Governo Federal voltados ao atendimento desse público (BRASIL, 2007b).

O instrumento de identificação pode conter os dados como um mapa representativo das famílias mais pobres e vulneráveis do Brasil, por isso torna-se uma ferramenta de planejamento de políticas sociais para todas as esferas de governo por conter dados de cada pessoa, família e seus domicílios.

Com o processo unificador dos programas, os dados relativos às famílias passaram a ser executados num sistema que contém dados das famílias cadastradas em alguns Programas do Governo Federal- Cadastro Único17, que é um mecanismo que dá visibilidade à população mais vulnerável, mapeando suas carências e possibilitando a integração de ações de diferentes áreas para a sua inclusão social, sendo composto por formulários de cadastramento em um sistema informatizado e com base de dados.

Figura 2: CADASTRO ÚNICO - SISTEMATIZADO

Fonte: Elaborado pela pesquisadora com base em informação do sítio do sistema do MDS.

17

O Cadastro Único, regulamentado pelo Decreto n. 6.135, de 26 de junho de 2007 (BRASIL, 2007b), identifica e caracteriza as famílias com renda mensal de até meio salário mínimo per capita ou de três salários mínimos no total.

O sistema Cadastro Único é obrigatório para todos os Programas Sociais Federais, voltados para este público, que dispõe de legislações18.

O processo unificador Cadastro Único é um sistema utilizado para selecionar beneficiários que tenham perfil19 das famílias para o acesso a vários programas do Governo Federal, no qual o PBF está inserido. Seguem no quadro abaixo alguns programas do governo que estão disponibilizados para a população que está inserida no sistema do Cadastro Único.

QUADRO 10: PROGRAMAS E BENEFÍCIOS SOCIAIS