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4. CONTEXTO EMPÍRICO DA PESQUISA

4.4 A I NDÚSTRIA DE M INERAÇÃO : B REVE PANORAMA DE A SPECTOS

4.4.2 Panorama da Mineração no Brasil

Esta Seção objetiva apresentar aspectos históricos e econômicos da indústria de mineração no Brasil. A mineração comercial no Brasil tem uma história muito longa e

tortuosa que remonta a pelo menos 500 anos. Porém, foi a partir da década de 40 que a indústria de mineração se fortaleceu no Brasil.

O período entre a década de 40 e meados dos anos 90

A emergência da indústria de mineração no Brasil esteve associada à eclosão da Segunda Guerra Mundial, e consequente crescimento da indústria siderúrgica mundial com grande demanda por minério de ferro. As potências ocidentais buscavam vias alternativas para o fornecimento de matéria prima para a indústria bélica. O Brasil, que até aquele momento ainda não tinha solucionado seus problemas básicos de exportação de minério, encontrou a oportunidade propícia para definir sua posição no mercado mundial. Os Acordos de Washington definiram as bases para a organização, no Brasil, de uma companhia de exportação de minério de ferro que asseguraria a produção, transporte e exportação de 1,5 milhão de toneladas anuais, a serem compradas, em partes iguais, pelos Estados Unidos e pela Inglaterra, por um prazo de três anos (CVRD, 1992).

Terminada a Segunda Guerra Mundial, iniciou-se a reconstrução dos países envolvidos, com um período de prosperidade econômica com reflexos no consumo de aço e, por consequência, de minério de ferro. Portanto, o setor de siderurgia mundial, apresentou nesta fase um período de crescimento. Em paralelo, na indústria de mineração houve: (i) queda geral dos custos de produção das minas; (ii) entrada na indústria de novas minas; (iii) aumento da capacidade de produção das minas em operação; e (iv) aumento da concorrência entre os produtores de minério (Souza, 1991).

A partir de meados da década de 50, o Brasil passou por um acelerado crescimento econômico baseado no Plano de Metas. O ideal desenvolvimentista defendido por Kubitschek assentava-se na política de substituição de importações. No plano internacional, a conjuntura apresentava-se bastante favorável ao minério de ferro. A Europa, sobretudo a Alemanha começava a superar a grave depressão do imediato pós- guerra. Paralelamente, a corrida armamentista, provocado pela eclosão da guerra da

Coréia (1950) aumentava a demanda por minério de ferro para reforço bélico norte- americano (CVRD, 1992).

Com isso, em 1948 a VALE obteve, pela primeira vez um saldo positivo, sensivelmente influenciado pela recuperação dos preços internacionais do minério de ferro. Além disso, iniciou um ensaio de diversificação para outros mercados. Além das exportações para os Estados Unidos, também foram realizadas vendas para o Canadá e para países da Europa Ocidental que consequentemente geraram aumento das vendas. Enquanto em 1942 a participação da VALE nas exportações de minério de ferro brasileira representavam 11% (produção de 35.407 toneladas), em 1950 ultrapassava 80% (produção de 721.765 toneladas) (CVRD, 1992).

Nos primeiros anos da década de 60, o Brasil atravessou uma grave crise política e econômica. Uma das alternativas vislumbradas para atenuar esse cenário de dificuldades era o incremento da produção mineral, que poderia aumentar a capacidade do país de gerar divisas e aliviar o balanço de pagamentos por meio do aumento das exportações e redução das importações, o que gerou em 1967 um novo Código de Mineração. Neste mesmo ano a VALE já era incluída entre as seis maiores empresas exportadoras de minério de ferro do mundo, comercializando mais de 26 tipos de minérios diferentes (CVRD, 1992).

Preocupada em aumentar a sua produção – uma vez que além da demanda crescente no exterior, a siderurgia nacional experimentava significativa expansão - a VALE adquiriu novas minas no Estado de Minas Gerais. Porém, ainda havia um desconhecimento considerável do subsolo brasileiro o que restringia a expansão da produção mineral brasileira. Sendo assim em 1969 houve a criação da Companhia Brasileira de Pesquisa de Recursos Minerais (CPRM) com o objetivo de intensificar o descobrimento e aproveitamento dos recursos minerais e hídricos.

Em 1973, por recomendação do I Plano Nacional de Desenvolvimento (PND), foi aprovado o Plano Básico de Desenvolvimento Científico que priorizava os seguintes projetos: (i) implantação do Centro de Pesquisas Tecnológicas (CPM) da VALE para apoiar o programa de prospecção da Docegeo; (ii) estímulo ao programa de pesquisas do CPM pela VALE; e (iii) a implantação do CPRM – esta última tinha como objetivo

realizar trabalhos de mineração para terceiros, efetuando pesquisas próprias e, ser uma empresa de financiamento, fornecendo capital de risco às mineradoras. Estes três projetos procuraram resolver um dos maiores limitantes ao crescimento da produção mineral do Brasil: a falta de domínio da tecnologia de tratamento de minério (CVRD, 1992; VALE, 2012).

Em 1974, com o impacto da crise do petróleo, o governo Ernesto Geisel (1974-1979) lançou o II PND onde um dos objetivos era estimular o desenvolvimento das indústrias de base pela ampliação e melhoria da infraestrutura (comunicações, ferrovias, navegação e portos). Em 1976, aprofundando as orientações contidas no II PND, o II Plano Básico de Desenvolvimento Científico e Tecnológico aprovou uma política tecnológica específica para as atividades de mineração. O II Plano Básico destacava a

“necessidade de obtenção de tecnologia adequada para o aproveitamento de minerais de baixos teores e de aprimoramento da qualidade dos produtos” (CVRD, 1992:345).

Neste cenário de euforia, a VALE teve uma ação agressiva em termos de verticalização/diversificação no Sistema Sul, e uma entrada na Amazônia com grandes projetos, os quais mudariam em definitivo a face de estados, como o Pará e o Maranhão. Foi na primeira metade dos anos 80 que o Projeto Grande Carajás foi iniciado. O projeto recebeu boa receptividade junto a empresas japonesas, europeias e norte- americanas, e por esse motivo as perspectivas de assinatura de contratos de fornecimento de longo prazo de minérios de ferro, bem como a obtenção de financiamentos externos, eram bastante alentadoras. O Projeto Minério de Ferro Carajás originou-se 1967, quando foram descobertos significativos depósitos ferríferos na Serra dos Carajás. Em 1974, o DNPM autorizou a lavra das jazidas. O Projeto Ferro Carajás, orçado em US$ 930 milhões, propunha-se a extrair 12 milhões de toneladas anuais de minério de ferro a partir de 1979 e alcançar uma produção de 50 milhões de toneladas por ano até 1985.

No Brasil, a economia da década de 80 é caracterizada por um momento de crise na história do país. Esses anos foram marcados pela queda nas taxas de crescimento do PIB, pela aceleração do processo inflacionário e pelo aumento da dívida externa, problemas decorrentes em última instância do esgotamento do modelo de desenvolvimento industrial baseado na substituição de importações. No cenário

econômico nacional dos anos 1990 somavam-se a ruptura com o protecionismo econômico do regime militar, a abertura comercial e financeira para o capital estrangeiro e uma profunda recessão. De 1980 a 1993, o Brasil teve quatro moedas, cinco congelamentos de preços, nove planos de estabilização, 11 índices para medir a inflação, 16 políticas salariais, 21 propostas de pagamento da dívida externa e 54 mudanças na política de preços (Vale, 2012a). No que tange às orientações governamentais em relação à pesquisa científica e tecnológica nas atividades de mineração, durante a década de 80, estas esbarraram em dificuldades relacionadas à sensível redução de recursos para as instituições que atuavam no setor (CVRD, 1992:442).

Entre 1988 e 1993, a tarifação média aplicada sobre a indústria caiu de níveis superiores a 50% para 13,2%, facilitando a troca de bens e serviços com outros países. Nesse contexto, as empresas estatais e sua desestatização teriam papel determinante na reestruturação econômica pretendida pelo Governo Federal. A partir da segunda metade dos anos 1980 as empresas estatais tinham dificuldade de desenvolver uma gestão eficiente, pois de um lado eram unidades produtivas que exigiam resultados financeiros positivos e de outro lado, eram unidades organizacionais às quais o Estado atribuía papéis na execução das políticas públicas. Entre estes papéis se destacavam: o controle de tarifas e preços para reduzir as taxas inflacionárias; a participação acionária em projetos pioneiros; a localização em áreas deprimidas para atenuar desequilíbrios regionais de desenvolvimento, etc. Isso resultava, em geral, na redução da lucratividade financeira necessária para suas reinversões (CVRD, 1992; VALE, 2012).

Assim, o fraco desempenho econômico das empresas estatais e a impossibilidade de maiores transferências de recursos pelo governo, por causa de sua própria fragilidade financeira, levaram a um processo de privatização, acompanhando a tendência mundial de menor intervenção governamental na economia. No Brasil, esse quadro iniciou com o lançamento do Programa Nacional de Desestatização, instituído em abril de 1990, e atingiria o seu ápice em 1997, com a privatização de setores das telecomunicações e da VALE (Vale, 2012a).

Portanto, entre a década de 1940 e meados dos anos 1990, a mineração organizada de

época, a mineração (assim como outros setores brasileiros) tinha forte dependência da proteção, subsídios e outros privilégios do governo, e foi objeto de regulamentos difusos e ampla interferência governamental. Essa política industrial ativa serviu para criar a base de uma economia industrial, mas também surtiu alguns efeitos negativos sobre o investimento, eficiência e crescimento industrial. Por exemplo, apesar do surgimento de tecnologias de mineração muito mais potentes no plano internacional, apenas uma pequena parte do imenso potencial mineral do Brasil foi identificado, mesmo naquela época. Assim, a contribuição da mineração para a produção total e PIB do país permaneceu modesta: a estimativa de contribuição da mineração para o PIB era de cerca de 0,4 em 1950 % e subiu para apenas cerca de 1,0% em 1980 (Triner 2011).

A partir de meados da década de 90

Em meados da década de 1990, o Brasil deflagrou reformas macroeconômicas e estruturais sob o comando do governo Fernando Collor de Mello. A liberalização abriu a economia brasileira ao comércio internacional e eliminou boa parte do protecionismo e privilégios concedidos à indústria nacional, o que criou novas oportunidades para empresas estrangeiras penetrarem no setor de mineração brasileiro.

A partir dos anos 2000, a indústria da mineração brasileira, encontrava-se em um

momento de pujante crescimento, impulsionado pelo processo de urbanização de países

emergentes dotados de grande área territorial, alta densidade demográfica e elevado Produto Interno Bruto, como os BRICs (Brasil, Rússia, Índia e China), que os torna coincidentemente grandes players para a mineração mundial. No Brasil, a criação da Lei do Bem em 2005, que cria a concessão de incentivos fiscais às pessoas jurídicas que realizarem pesquisa e desenvolvimento de inovação tecnológica e a criação da Lei da Inovação em 2004, que buscou a aproximação de empresas e universidades brasileiras por meio de: (i) criação de laboratórios que trabalham em cooperação; (ii) desenvolvimento de projetos conjuntos; (iii) incubação de start-ups; e (iv) formação de pessoas qualificadas para trabalhar com Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação (OCDE, 2010) contribuiu para a ampliação de atividades de P&D entre empresas, como a VALE e universidades.

Portanto, houve uma sensível aceleração do crescimento da produção total da mineração a partir de 2000. O valor da produção saltou de menos de US$ 10 bilhões em 2000 para

cerca de US$ 53 bilhões em 2011 (IBRAM, 2015). Esse crescimento acelerado se deu em função dos preços mundiais fortemente favoráveis, sobretudo do minério de ferro, mas também do vigoroso crescimento nos níveis da produção física. Em termos específicos, a tonelagem física da produção de minério de ferro dobrou de 157 milhões toneladas em 2000 para cerca de 400 milhões de toneladas em 2014 (IBRAM, 2014; IBRAM, 2015).

A partir de 2010, a queda no consumo internacional provocou uma importante redução de preços para os bens minerais, particularmente o minério de ferro (o principal produto da VALE) e deixou as aciarias com excesso de capacidade produtiva.

Em 2014, o mercado de mineração brasileiro era dominado por cerca de 10 empresas, de origem tanto nacional quanto internacional (Quadro 12) que atuam com diferentes bens minerais. O ferro é o minério que predomina entre os minerais exportados para o mercado internacional e a VALE domina o setor, representando 80% da produção brasileira total de ferro, seguida pela CSN, Anglo American, MMX e Samarco (Global Business Report, 2012).

Quadro 12. As dez maiores mineradoras do Brasil em 2014 (em produção) Posição Empresa Nacionalidade do

capital Principais bens minerais Participação na produção mineral brasileira (%) 1 Vale Brasileira Ferro, manganês, cobre, níquel, fosfato

e potássio 52,3% 2 Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) Brasileira Ferro, calcário e estanho 3,2%

3 Samarco (Vale & BHP)

Brasileira e

Australiana Ferro 2,2%

4 Yamana Canadense Ouro e cobre 1,6%

5 AngloGold Ashanti Sul Africana Ouro 1,6%

6 Kinross Canadense Ouro 1,5%

7 Anglo American Inglesa e Sul Africana

Níquel, fosfato e

nióbio 1,3%

8 Votorantim Metais Brasileira Bauxita, níquel, zinco

e cobalto 1,1% 9 Mineração Rio do Norte S.A. Brasileira Bauxita 1,0% 10 MMX Brasileira Ferro 0,9%

Fonte: Brasil Mineral (2014)

Assim como o ferro, outros minérios, também, são dominados por um grupo relativamente pequeno de empresas. Mineração Rio do Norte, Alcoa e VALE dominam a produção de bauxita e alumina. A produção de nióbio é dominada pela CBMM, enquanto a produção de manganês é quase totalmente controlada pela VALE. A Votorantim Metais é a única produtora de zinco do Brasil, e é também responsável por cerca de metade da produção de níquel no país, ao lado da Anglo American Brasil (Global Business Report, 2012).

Em 2013 foram registradas, 8.870 mineradoras distribuídas pelo Brasil (IBRAM, 2015). A maior concentração de empresas mineradoras está na região sudeste concentrando 3.609, ou seja, 41% das empresas. O sul concentra 2.065 empresas (23%), o nordeste 1.606 (18%), o centro-oeste 1.075 mineradoras (12%) e o norte 515 companhias (6%) (IBRAM, 2012). São 1.820 lavras garimpeiras, 830 complexos de água mineral e 13.250 licenciamentos (IBRAM, 2015).

Os maiores estados produtores de minérios em 2012, de acordo com o recolhimento da CFEM (Compensação Financeira pela Exploração de Recursos Minerais) foram: MG (53,2%), PA (28,6%), GO (4,1%), SP (2,8%), BA (2,0%) e outros (9,3%). Em 2012, a arrecadação da CFEM alcançou R$ 1,832 bilhão. Em 2011 a arrecadação já havia sido

significativa com R$ 1,540 bilhão, ou seja, 42,8% superior à de 2010, que foi de R$ 1,078 bilhão (IBRAM, 2012).

O Brasil é o segundo maior produtor de minério de ferro do mundo, com 17% da produção mundial total (Quadro 13). Depois do petróleo, o ferro é o segundo produto com maior exportação do país, que tem China (45,78%), Japão (9,71%) e Coréia do Sul (4,97%) como principais compradores (Global Business Report, 2012; IBRAM, 2012). O Quadro 13 apresenta a porcentagem da produção brasileira frente à produção mundial e a posição do Brasil, por produto e reserva, no ranking mundial de produção mineral.

Quadro 13. Classificação da produção e das reservas minerais brasileiras no mundo

Minerais Participação da Produção Brasileira na Produção Mundial Posição no Ranking mundial (produção) Participação das Reservas Brasileiras nas Reservas Mundiais Posição no Ranking mundial (reservas) Bauxita 14% 3º 6,8% 5º Cobre 2% 5º 2% 13º Rochas Ornamentais 7,7% 3º 5,6% 6º Ouro 2,3% 12º 3,3% 9º Minério de Ferro 17% 2º 11% 5º Caulim 6,8% 5º 28% 2º Manganês 20% 2º 1,1% 6º Nióbio 98% 1º 98% 1º Tantalita 28% 2º 50% 1º Estanho 4,1% 5º 13% 3º Zinco 2,4% 12º 0,85% 6º Fonte: IBRAM (2014)

Apesar do Brasil ser um importante player na indústria de mineração mundial, o país ainda é dependente de alguns minerais estratégicos para a economia, como carvão metalúrgico, potássio e terras raras (Quadro 14) (IBRAM, 2015).

Quadro 14. Produção de Minerais – Posição Mundial do Brasil em 2014

Exportador

(Global Player) Exportador Autossuficiente

Importador/ Produtor Dependência Externa - Nióbio (1) - Minério de ferro (3) - Vermiculita (3) - Grafita (3) - Bauxita (2) - Caulim (5) - Níquel - Magnesita - Manganês - Estanho - Cromo - Ouro - Rochas Ornamentais - Calcário - Diamante industrial - Talco - Tungstênio - Cobre - Enxofre - Titânio - Diatomito - Fosfato - Zinco - Carvão metalúrgico - Potássio - Terras Raras Fonte: IBRAM (2015)

Com relação à taxa de crescimento da produção da indústria de mineração no Brasil, a partir do ano 2000, a procura maior por minerais, principalmente pelo elevado índice de crescimento mundial, impulsionou o valor da PMB (Produção Mineral Brasileira). No período 2001 a 2012, o valor da PMB cresceu 550%, saindo de US$ 7,7 bilhões em 2001 para US$ 53 bilhões, em 2011 e US$ 38 bilhões, em 2015 – já refletindo o momento de repressão dos preços das commodities e da demanda (Figura 10).

Figura 10. Evolução do valor da produção mineral brasileira (US$ bilhões)

Fonte: IBRAM (2015)

Com relação à pauta de exportação mineral esta apresenta grande concentração em um único bem mineral. Analisando as exportações em 2014 verifica-se a proeminência

absoluta do minério de ferro, que representou 75% do valor das exportações dos bens minerais exportados.

A crescente participação das exportações de minerais durante os anos 2000 permitiu ao setor financiar uma grande parcela da balança comercial brasileira (ver Figura 11). O aumento cumulativo de todas as categorias de exportações anuais de minerais de 1995 a 2010 chegou a quase US$ 60 bilhões, montante superior ao movimento total da balança comercial do país (para todos os bens e serviços) registrado no mesmo período, mais da metade desse aumento do valor em dólar dos minerais é atribuível ao minério de ferro e outros metais.

Figura 11. Balança Comercial Brasileira vs. Balança Comercial da Indústria de Mineração

0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 2010 2011 2012 2013

Balança Comercial Brasileira Balança Comercial da Indústria de Mineração

Fonte: IBRAM (2014)

A participação dos minérios e metais ferrosos nas exportações totais, que saltou de 6,3% em 1995 para 16,7% em 2010. Em 2011, os minerais contribuíram com um terço das divisas totais das exportações brasileiras, com uma contribuição de 23% dos minerais não combustíveis, sobretudo do minério de ferro. Esse nível de contribuição fica um pouco abaixo do verificado em economias menos desenvolvidas, como a Gana e Tanzânia (ICMM, 2011; ICMM, 2013).

Apesar das contribuições do setor de mineração brasileiro discutidas anteriormente, a contribuição dos minerais para o PIB total (3 a 5%) representa um percentual baixo em

comparação com a contribuição do setor de mineração para as exportações (20% do total das exportações) e o investimento, em grande medida devido à elevada intensidade de capital da mineração moderna (ICMM, 2013).

O setor de mineração brasileiro é um empregador direto relativamente pequeno no nível nacional, visto ser esta uma característica típica da mineração moderna intensiva em capital em todo o mundo. Segundo dados do IBRAM (2015) o emprego formal direto total em 2015 na mineração correspondeu a 214.070 empregos, menos de 1% da mão- de-obra ocupada total no país. Porém, o setor extrativo mineral gera um efeito multiplicador de 3,6 postos de trabalho sobre a indústria de transformação mineral, ou seja, são 770.652 empregos na cadeia produtiva seguinte (DNPM, 2014). Ao longo de toda a cadeia industrial brasileira, o IBRAM (2015) revela que este efeito multiplicador ocorre para trás e para frente na cadeia produtiva, gerando efeito multiplicador de até 13 empregos indiretos, ou seja, quase 2,7 milhões de trabalhadores envolvidos de alguma forma com a atividade de mineração. Também, no sudeste do Pará o emprego direto total é altamente significativo, em particular durante a construção de novos projetos de grande porte, por exemplo as operações da VALE no projeto S11D geraram oportunidades de emprego direto de 1 em 5 dos empregos formais nos municípios abrangidos pela mineração (ICMM, 2013). A Seção a seguir apresenta um breve histórico da empresa VALE.