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O PAPEL DAS FORÇAS DE SEGURANÇA NA PROTECÇÃO DA CRIANÇA

No documento CPCJ Guia FS (páginas 70-72)

de situações de maus tratos ou outras situações de perigo

4. O PAPEL DAS FORÇAS DE SEGURANÇA NA PROTECÇÃO DA CRIANÇA

A importância do papel das Forças de Segurança (FS) no sistema de protecção das

crianças em perigo é indiscutível e justificada pela responsabilidade constitucional que os seus elementos têm, como profissionais, pela segurança de todos os cidadãos. As crianças representam um dos grupos mais vulneráveis e desprotegidos

da sociedade. É por isso que as FS têm de lhes dedicar uma protecção e atenção especiais.

Os elementos das FS contactam diariamente com situações como a violência familiar, a delinquência, o alcoolismo, as toxicodependências, a pobreza extrema, etc. Estas e outras circunstâncias problemáticas podem favorecer a ocorrência de diversas situações de perigo ou maus tratos para as crianças que vivem nesses meios.

Além disso, quando acontece uma violação dos direitos fundamentais das crianças, os cidadãos normalmente recorrem, em primeiro lugar, aos elementos das FS, já que são geralmente conhecidos e facilmente identificáveis e encontram- se permanentemente à disposição do conjunto dos cidadãos. Muitas vezes representam o primeiro elo da cadeia de profissionais que vão intervir nos processos de protecção da criança, sobretudo nos casos de especial gravidade.

As FS evoluíram no seu papel de mera reacção às ocorrências e desenvolveram acções destinadas à prevenção. De facto, em matéria de maus tratos à criança,

cada vez mais se requer uma intervenção capaz de evitar situações de perigo como, por exemplo, através da detecção, comunicação ou sinalização precoces de casos em que os direitos da criança não estejam a ser garantidos e consequentemente as suas necessidades não estejam a ser devidamente asseguradas.

Uma vez contemplada a necessidade de participação dos elementos das FS, é necessário responder às seguintes perguntas:

• Em que momentos chave da intervenção com crianças em perigo devem ser envolvidos os elementos das FS?

• Que responsabilidades e competências em matéria de protecção à criança são atribuíveis a estes profissionais?

O conceito de Comunicação diz respeito ao primeiro patamar de intervenção, ou seja, sempre que uma ECMIJ comunica a outra ECMIJ a detecção de uma situação de perigo;

O conceito de Sinalização diz respeito ao segundo patamar de intervenção, ou seja, quando uma ECMIJ sinaliza uma situação de perigo a uma CPCJ.

Quando os pais não cumprem a sua função protectora, torna-se necessária a participação da situação de perigo às Entidades com Competência em Matéria de Infância e Juventude de primeira linha (ECMIJ) em geral, às CPCJ ou ao Tribunal, em particular.

Os procedimentos que determinam o envolvimento e a participação de pessoas e instituições alheias à família na tarefa de protecção à criança são complexos. Os maus tratos constituem um problema que requer uma abordagem multidisciplinar e em rede, pois pode ter implicações legais, educativas, sociais e de saúde, entre

outras. Todas as actuações dirigidas à infância devem estar integradas num plano de actuação mais amplo e articulado que inclua profissionais tais como: FS, assistentes sociais, psicólogos, profissionais de saúde e de educação, magistrados judiciais e do MP.

Considerando os maus tratos à criança nesta perspectiva ecossistémica, os elementos das FS, tal como outros, devem participar no processo que vai da própria detecção e identificação de uma situação suspeita de maus tratos até à intervenção planeada para a sua resolução.

O passo prévio a qualquer intervenção de protecção consiste em poder identificar os

sinais de perigo, ou seja, de suspeita de maus tratos ou de outra situação e comunicá-

los à entidade competente, seguindo o princípio da subsidiariedade, o perigo deve ser resolvido, em primeiro lugar, no primeiro patamar pelas ECMIJ e só depois de esgotadas todas as possibilidades da sua resolução ou quando a situação exige de facto uma medida de promoção e protecção deve o caso ser sinalizado às CPCJ.

Na situação detectada deve apurar-se a veracidade dos factos comunicados, bem como a gravidade e os efeitos da situação de perigo a que a criança está exposta. Colocar hipóteses que expliquem a situação de maus tratos ou de perigo, a fim de

se planear a intervenção, no sentido de resolver as necessidades da criança e da sua família, sempre que possível, ao nível das ECMIJ. Dentro desta perspectiva global de intervenção integrada em matéria de protecção à infância vai-se considerar, nos pontos que se seguem, o lugar que as FS ocupam em todo o processo de intervenção

levado a cabo para a protecção de crianças que estão a ser, ou correm o risco de vir a ser, vítimas de maus tratos ou de outras situações de perigo. Serão também focados os profissionais e instituições que estão directamente envolvidos na protecção à criança e com quem os elementos das FS devem articular e colaborar para a sua protecção eficaz.

Ponto 6 – Procedimentos de intervenção.

Ponto 7 – Procedimento de intervenção em situação de urgência.

Anexo E - Fluxograma

Anexo F – Quadro explicativo do fluxograma

Ponto 2 – Abordagem teórica dos maus tratos.

Ponto 5.3. - Indicadores de detecção

Anexo C1 - Checklist de indicadores

Anexo C2 – Indicadores segundo o tipo de maus tratos

Ter sempre em consideração as eventuais consequências de uma intervenção mal planeada e/ou executada na vitimização da criança.

4.1. ASPECTOS GERAIS NA DETECÇÃO, AVALIAÇÃO E INTERVENÇÃO DE SITUAÇÕES DE MAUS TRATOS OU DE OUTRAS SITUAÇÕES DE PERIGO

A função das FS é fundamental na fase de detecção e de comunicação/sinalização às entidades competentes das situações de maus tratos às crianças. Os seus

elementos devem estar atentos à presença de sinais de alerta que possam indicar

a existência de qualquer situação de perigo. De facto, as denúncias ou informações procedentes de pessoas, instituições ou profissionais e as funções exercidas em contacto com o cidadão, fazem das FS um importante agente de detecção e de

No documento CPCJ Guia FS (páginas 70-72)