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5.4 O papel das políticas públicas no processo de permanência dos jovens no campo

São muitas as definições para enfatizar o papel da política pública na dissolução de problemas na esfera pública. E a política pública emerge como uma diretriz formatada para atender e resolver o problema que afeta um determinado grupo ou setor da sociedade. As políticas públicas ‘tomam corpo através de programas públicos, projetos, leis, gasto público direto, dentre outros.

Nas duas últimas décadas, as políticas públicas se tornaram um campo de ação e de estudos que ganhou visibilidade tanto na esfera acadêmica quanto no campo midiático. Este processo se deu através da tensão entre as demandas de redução interventiva do Estado, por um lado, e por outro das

demandas para um Estado de Bem Estar Social, ou um Estado ampliado, tensão esta que nos últimos 20 anos, configurou-se um cenário onde a sociedade passou a pressionar os governos para que se estabelecesse um equilíbrio no orçamento público, assim como a promoção de políticas que possibilitassem, ao mesmo tempo, desenvolvimento econômico e inclusão social.

No contexto da descentralização no processo de redemocratização brasileiro do pós 1988, emerge um desenho de mudança de paradigma de política pública, algumas políticas passaram a ser executadas diretamente pelos entes federativos, estados e municípios, como exemplo disso: política de saúde, políticas de habitação, saneamento e educação apontados na pesquisa desenvolvida por Marta Arretche (2002). Essas informações nos possibilitam compreender a extensão dos avanços e ampliação dos espaços participativos no Brasil, a conjuntura política e social no pós 88, se projetando por toda década de 90 possibilitou essa estruturação dos espaços participativos nos governos de Lula e Dilma. Esse arcabouço institucional participativo, pressionada pela sociedade civil organizada, gerou uma projeção da ação coletiva para o associativismo rural e urbano.

As novas diretrizes da política atual indicam uma reconfiguração dos processos participativos, haja vista que estes variam de acordo com o desenho institucional e, portanto, dependem da conjuntura política e social que a sociedade está imersa. Os espaços participativos gestados no período da redemocratização possibilitaram mais tarde a inserção de grupos sociais excluídos, no caso dos jovens, aqui em especial trataremos sobre os jovens rurais. Nos últimos anos, o debate da juventude rural se torna um tema de interesse da sociedade, em nível de Estado, de organizações e movimentos sociais. O processo de formulação das políticas públicas para a juventude rural foi gestada em meio a intensas articulações, disputas e mobilizações políticas especialmente nos anos de 2003 e 2004, na esfera do Governo Federal.

Para Barcellos e Mansan (2014), aponta-se que viabilizar e capilarizar essas políticas públicas com um arranjo técnico e político apropriado serão em grande medida possíveis, se estas forem gestadas e monitoradas com o conjunto das organizações e dos movimentos sociais que atuam em juventude. Nesse sentido, os jovens rurais têm procurado assumir posições afirmativas e

atuantes como atores sociais engajados em processos e movimentos reivindicativos, se organizando para configurar novas demandas como propostas para novas políticas e programas para a juventude rural. Partindo da discussão ancorada na participação e sobre as conquistas dessa categoria nos últimos anos, pode-se comemorar esse aspecto mais ativo da juventude no campo.

No entanto, a trajetória é longa diante dos desafios até as conquistas, principalmente se considerarmos a atual crise política e econômica no Brasil, na qual o reordenamento político tem sido feito por atores da bancada ruralista do Congresso, de posições ideológicas à direita sob a qual o Estado passa a ser visto pela sua atuação mínima nas políticas públicas e sociais e pelo desmonte de tantos programas e setores, os quais já não existem mais, ou deixaram de receber recursos fundamentais para o seu funcionamento. Por isso, a importância do ativismo juvenil e a continuação da ocupação desses espaços de reivindicação, pois as políticas públicas também se fazem a partir do posicionamento dos diversos atores sociais no contexto social brasileiro.

No contexto da pesquisa buscou-se compreender a relação entre as políticas públicas acessadas e a permanência dos jovens no campo. A ausência de políticas públicas específicas para os jovens nos direcionou a questioná-los de forma genérica sobre quais programas e projetos tiveram acesso nos últimos anos, e assim compelimos as informações coletadas no gráfico nº 19 a seguir.

GRÁFICO 18 – Programas e políticas públicas acessados nos últimos 15 anos.

Fonte: Dados da pesquisa. Elaboração: E. C. dos Santos.

Nota-se que o Pronaf foi à política pública mais acessada entre 26% dos jovens através do crédito rural. E esta política possibilitou investimentos nas atividades agropecuárias e posterior geração de renda; neste contexto a segunda política pública mais acessada foi a Bolsa Família com 24% entre os jovens, este programa tem sido um dos principais programas de transferência de renda. Uma parcela de 16% dos pesquisados acessaram o Programa Garantia Safra, programa voltado à reparação de perdas ocasionadas por frustração de safras. Outros 11% tiveram acesso ao PAA, programa que viabiliza a compra da produção dos agricultores familiares, e semelhante a este programa são os 10% que tiveram acesso ao PNAE, programa para realizar a compra gêneros alimentícios dos agricultores familiares para a merenda escolar. Outros 5% não tiveram acesso a nenhuma política pública nos últimos anos. Já 4% tiveram acesso ao programa de construção de Barragens Subterrâneas, programa voltado para o combate à seca. Somente 3% tiveram acesso a programas da Reforma Agrária e 1% do Crédito Fundiário, programas voltados à promoção do acesso a terra.

1% 3% 4% 5% 10% 11% 16% 24% 26%

Políticas públicas

Crédito Fundiário Reforma agrária Barragens subterraneas Não teve acesso PNAE

PAA

Garantia safra Bolsa família Crédto rural

A partir dos dados destacados podemos indicar que apesar do acesso a várias modalidades de políticas públicas, um dos problemas relatados foi a descontinuidade desses programas, o que inviabiliza os objetivos traçados para estas políticas. A falta de infraestrutura e condições mínimas de sobrevivência se constitui como uma ameaça a inúmeros jovens que se veem obrigados a deixar as áreas rurais em busca de trabalho para garantir sua manutenção e reprodução social, portanto nessa perspectiva os níveis de acesso às políticas públicas destacadas não se configuram como corresponsáveis pela permanência dos jovens no município. Não basta o desejo de permanecer no campo é preciso ter as condições necessárias a promover sua reprodução. O acesso à terra é condição sine qua non, para efetivar este desejo. O uso da terra na condição de parceira, arrendatário, meeiro, comodatário e etc. limitam as possibilidades de realizar investimentos fixos, que consequentemente gerem mais lucros, assim este fator é essencial à permanência de inúmeras famílias no campo. E por isso muitos acabam abandonando essa atividade, principalmente os jovens. A maioria dos jovens não considera o campo um lugar negativo, apenas veem muitas dificuldades na realização de seus projetos de vida devido à precariedade nas áreas rurais e a impossibilidade de realizar investimentos nas atividades agropecuárias.

Podemos constatar essa afirmação no quadro que exprime a subjetividade do modo de viver no campo sobre diversos aspectos no ponto de vista dos (as) filhos (as).

Quadro 1 – Na perspectiva dos filhos (as): Subjetividade do modo de vida no campo. Perguntas Respostas Concordo totalmente Concordo parcialmente Discordo totalmente Discordo parcialmente Total (%)

Permanecer no campo é um atraso de vida. 4,00 4,00 92,00 0,0 100

Nas áreas rurais se tem mais qualidade de vida. 68,00 32,00 0,0 0,0 100

A vida no campo é muito dura. 47,00 30,00 22,00 4,00 100

Tem muitas vantagens morar e trabalhar nas áreas rurais.

60,00 25,00 11,00 4,00 100

Na primeira década do século XXI houve muito incentivo para a agricultura familiar.

50,00 25,00 21,00 4,00 100

Atualmente há incentivos para a agricultura familiar?

46,00 21,00 29,00 4,00 100

Há muitas dificuldades de trabalho nas áreas rurais.

64,00 18,00 18,00 0,0 100

A agricultura familiar é fundamental para o país, pois traz o alimento para muitas famílias.

92,00 4,00 4,00 0,0 100

A permanência nas áreas rurais dos jovens tem acontecido cada vez mais fracamente?

92,00 8,00 0,0 0,0 100

Dos dados expostos constatou-se que 92% dos filhos (as) discordam que permanecer no campo seja um sinônimo de atraso, apesar de 4% de estes afirmar o contrário, em concordância com a frase proposta. E 4% dos pesquisados concordam parcialmente sobre essa afirmação, estabelecendo condicionantes a essa permanência. Outro ponto abordado é a questão da qualidade de vida, afirmaram que quem vive nas áreas rurais têm mais qualidade de vida, 68% dos pesquisados concordaram totalmente com esta afirmação, já 32% concordaram parcialmente, expressando duvidas sobre a questão. Sobre a afirmação que diz “a vida no campo é muito dura”, 47% dos filhos (as) confirmaram que sim, concordando totalmente com a afirmação, 30% concordaram parcialmente demonstrando que há relatividade na afirmação, já 22% discordaram totalmente e apenas 4% discordaram parcialmente. Outros fatores são questionados através da afirmação “tem muitas vantagens morar e trabalhar nas áreas rurais”, 60% dos filhos (as) concordaram com a afirmativa, já 25% destes concordaram parcialmente, outros 11% discordaram totalmente e 4% discordaram parcialmente.

A depender do ponto de vista dos pesquisados, para muitos há vantagens em viver e trabalhar nas áreas rurais longe da correria dos grandes centros urbanos, ter seus próprios horários e estar próximo da família no lugar onde sempre viveu, com mais liberdade. Já para outros o fato de não ter uma infraestrutura que possibilidade o acesso a bens e serviços básicos, a imagem da cidade torna-se mais atrativa e a saída do campo é um desejo eminente.

As políticas públicas podem dar esse alento e favorecer a permanência destes jovens e suas famílias no lugar de origem produzindo e vivendo do seu sustento com mais qualidade de vida, assim questionamo-los através desta afirmação “na primeira década do século XXI houve muito incentivo para a agricultura familiar”, em resposta 50% destes concordaram totalmente com a afirmativa, já 25% concordaram parcialmente, outros 21% discordaram totalmente e 4% discordaram parcialmente.

Considerando neste quesito que a análise paira sobre o período onde diversas políticas públicas foram implementadas no Brasil, no primeiro mandato do presidente Lula, através, por exemplo, do fortalecimento e expansão do Pronaf, além da criação de outras políticas através do surgimento de novos mercados, por meio do PAA. Podemos destacar que nem todos os

pesquisados tiveram acesso a essas políticas nos dados destacados anteriormente relembramos que um grupo relatou não ter tido acesso a nenhum tipo de política mencionada no questionário. Essa questão indica ter havido um grupo que não foi incluído sob nenhum aspecto nas políticas públicas, das primeiras décadas do século XXI.

Sobre a continuidade dessas há o questionamento: Atualmente há incentivos para a agricultura familiar? Em resposta 46% dos pesquisados concordam que os incentivos permanecem já 21% concordaram parcialmente, outros 29% discordaram totalmente e 4% discordaram parcialmente. Sabe-se que houve retração no tocante a manutenção de diversas políticas públicas, muito embora muitos não percebam essa realidade. Isso pode ser explicado também pelo atraso na informação, ou na própria percepção das políticas, por um lado, e por outro, os resultados dos impactos da retirada das políticas não são sentidos de imediatos por todos os beneficiários, e deverão ser sentidos no futuro próximo, embora outros já sintam na pele esse processo, afetados pelos cortes de recursos e extinção de setores que favoreciam a agricultura familiar.

Portanto, na conjuntura da agricultura familiar, diversos fatores se somam a favor, e contra, a permanência do homem no campo. Assim afirmaram 64% dos pesquisados que “há muitas dificuldades de trabalho nas áreas rurais”, 18% concordaram parcialmente e outros 18% discordaram totalmente. Para essa questão podemos sopesar que dada às dificuldades estruturais existentes no campo, se impõem sobre os camponeses, diversas limitações que ultrapassam exclusivamente o desenvolvimento de atividades agropecuárias, e o viver no campo, muitas vezes, torna-se inviável pela precariedade existente em determinadas comunidades, principalmente as mais isoladas, com acesso difícil.

A agricultura familiar tem sido reconhecida por sua função social e econômica, fundamental para o desenvolvimento brasileiro, nessa perspectiva buscamos analisar o ponto de vista dos pesquisados sobre essa relação, se de fato eles percebem esse contexto. Examinamos através da afirmativa “a agricultura familiar é fundamental para o país, pois traz o alimento para muitas famílias”, 92% dos filhos (as) concordaram totalmente, uma parcela de 4% destes concordaram parcialmente com a afirmação e outros 4% discordaram totalmente.

Diante das restrições socioeconômicas em efetivar a permanência dos jovens no campo, indagamos os pesquisados sobre: A permanência nas áreas rurais dos jovens tem acontecido cada vez mais fracamente? Considerando a saída dos jovens das áreas rurais e 92% concordaram totalmente e apenas 8% concordaram parcialmente. Os dados mostram que cada vez mais a tendência aponta para saída dessa população motivada por fatores econômicos, a falta de renda é a principal delas. Muitos até expressam o desejo de permanecer, mas se veem sem possibilidade de realizar seus projetos de vida e assim a busca por novas possibilidades profissionais os empurra para os centros urbanos. Mas de modo geral ainda há jovens que persistem e lutam para continuar neste espaço, se revelando como potenciais sucessores, porém necessitam de uma condição mínima para concretizar seus projetos no campo como agricultores no desenvolvimento pleno deste ofício.

Partiu-se então para o desfecho deste debate que está longe de ser exaurido, dada à relevância social, cultural e econômica, mas se faz necessário o fechamento dos pontos elencados neste estudo que será conduzido no próximo tópico.

6 CONCLUSÕES

No espaço agrário de Pedro velho se desenvolvem atividades agropecuárias paralelamente por categorias distintas: agricultores familiares, a agroindústria canavieira e o agronegócio. Estes atores compõem o tecido social dos que atuam no campo, exercendo forças distintas sobre esse espaço, caracterizando-se no antagonismo de relações. Notadamente há um consenso sobre a importância econômica e social de todas essas categorias, porém enfatizamos neste estudo a importância da permanência do ofício de agricultor (a), repassado na convivência familiar e através da experiência de vida dos pais e responsáveis. O cenário é instituído por desigualdades que incidem na complexidade das relações estabelecidas, e ameaçadas pelas limitações do processo de vulnerabilidade social.

A mesorregião estudada é caracterizada por ter uma forte concentração fundiária, onde predominou e ainda predomina a monocultura da cana-de- açúcar e a bovinocultura de corte. Outro fator que intensifica a problemática é a alta concentração de agricultores pobres com perfil do grupo B do Pronaf nesta região, 78,27% na microrregião Litoral Sul e 72,22% no Agreste Potiguar (AQUINO; LACERDA, 2015, grifos da autora).

A agricultura familiar tem se destacado em várias dimensões: social, cultural, econômica e política. Sem dúvidas, houve ganhos em razão do acesso a direitos fundamentais que possibilitaram o fortalecimento dessa categoria social e sua permanência no espaço rural, promovendo a cidadania a sujeitos historicamente esquecidos pelo poder público.

Os atores que integram as dinâmicas do rural, principalmente no caso da mesorregião Leste Potiguar, especificamente, o município de Pedro Velho, marcados por processos históricos de desigualdade social muitas vezes não se percebem fruto desse processo de segregação social. Em mais de quatro séculos de ocupação o território em que se formou o município fora palco de disputas e negociatas políticas que favorecerem historicamente uma minoria, cravando marcas sociais profundas, reveladas num contexto socioeconômico deflagrado numa letargia social, que caracteriza a população que ainda vive nesse espaço rural.

Esse processo marcado por essa letargia social configurou a formação do lugar, que se firmou num contexto de subordinação e exclusão social, historicamente, os menos favorecidos foram deixados à margem do desenvolvimento rural, sem acesso a bens necessários para desenvolver seus potenciais profissionais e pessoais. Num processo constante de degradação humana, com imensos obstáculos para promover a quebra dessas barreiras sociais históricas, e mesmo depois de mais de quatro séculos, ainda podem ser sentidas através da dificuldade de acesso a terra. Pois este fator se constitui como principal limitante a continuidade do ofício de agricultor (a) para os pesquisados de modo geral. As melhores terras estão à disposição das usinas produtoras de cana-de-açúcar e dos herdeiros dos “acordos políticos do passado” que desfrutam dessas áreas realizando arrendamentos aos agricultores familiares.

Além disso, a própria legislação impõe limites ao acesso de determinadas políticas públicas em razão da falta de contratos que firmam a forma de uso da terra, com prerrogativas específicas, pois os próprios arrendatários têm restrições por receio dos agricultores familiares contraírem financiamentos bancários. Logo, ficam impossibilitados de realizar investimentos, sujeitando-se a arrendamentos temporários para cobrir o ciclo do feijão, cultura de ciclo curto que se adéqua as condições que os mesmos dispõem para exercer a atividade. Porém esta atividade requer altas despesas com mão de obra na colheita, mesmo tendo a participação da família não é suficiente, o que torna essa cultura inviável em alguns períodos do ano, principalmente no inverno quando há uma queda no preço.

Assim uma estratégia adotada pelos agricultores familiares é o plantio na entre safra, através do uso de sistema de irrigação, mas a escassez de água pode também ser fator limitador em alguns pontos do Rio Pirarí, na comunidade de Carnaúba do Padre, em virtude dos desvios no curso natural do rio para a exploração dos recursos hídricos na criação de camarão. Além disso, a baixa dinâmica participativa através de espaços coletivos como associações rurais e cooperativas torna os agricultores familiares reféns dos atravessadores que mesmo sendo um “mal necessário” também se revela como um fator que se impõe de forma negativa ao desenvolvimento das atividades agropecuárias.

Nesse contexto destacamos o vínculo existente entre as atividades agropecuárias e a construção permanente de um ofício estruturado no saber fazer cotidiano em estágios cronológicos distintos, que se cristalizam na formação da família dos filhos (as). Esse processo se realiza no bojo familiar apoiado pelos pais, em etapas que interligam a infância a vida adulta.

Nesse processo de construção de saberes não se aprende apenas a criar, plantar e processar alimentos há o fortalecimento dos vínculos com a família e a cultura local. Fazendo das atividades agropecuárias o alicerce para a transmissão e reprodução da cultura através das praticas religiosas, do lazer caracterizado por festas tradicionais e produção de comidas típicas.

Mesmo havendo uma relação muito densa alicerçada nessa construção de saberes, este por si só não é determinante para que os filhos e filhas permaneçam na atividade, pois para alguns, outros fatores são condicionantes dessa efetivação, mas a relação de empatia desenvolvida desde a infância é influenciadora deste processo. Economicamente, as famílias rurais se utilizam de diversas combinações de fonte de receitas para permanecerem no campo e certamente as famílias pluriativas são preponderantes, poucas conseguem de fato ter suas receitas exclusivamente das atividades agropecuárias. Outro aspecto que nos chama atenção é a relevância que estes recursos têm para este público os programas de transferência de renda, como as aposentadorias rurais e o Programa Bolsa Família. Segundo Sacco dos Anjos et al (2006, p.12):

O exercício da pluriatividade, ao que tudo indica, pode representar uma oportunidade não apenas para incrementar o nível de ingresso econômico familiar e diversificar as fontes de renda, mas para expandir o universo das relações sociais a que se acham submetidos agricultores e seus familiares que, em boa medida, acham-se à mercê dos caprichos da natureza e do estado de humor dos mercados.

Essas combinações são estratégias desenvolvidas pelas famílias rurais e nessas atividades assim como no publico pesquisado observamos uma maior participação dos homens, mas uma parcela menor as mulheres também participa das atividades agropecuárias de várias formas, no plantio e na colheita, poucas participam de todo o ciclo.

Sobre a permanência dos jovens no campo, 39% deseja constituir família e continuar no campo exercendo o ofício de agricultor, mas há um longo processo que pode influenciar, ou limitar este projeto de vida. A falta de políticas públicas especifica para a permanência dos jovens, pode influenciar negativamente neste processo. Cerca de 8% dos filhos (as) pesquisados (as) têm receita acima de 04 salários-mínimos e Ensino Superior com formação na