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Para o docente fazer bom uso das tecnologias digitais de informação e comunicação, ele precisa conhecer a forma de utilização do tipo de técnicas de criação e comunicação específicas dessas tecnologias, sabendo que estas, algumas vezes, diferem das aplicadas em sala de aula convencional. (MOORE; KEARSLEY, 2008)

Para compreender a função de ensinar, precisamos compreender a caminhada de cada um dentro e fora da sala de aula. Kenski (1998) argumenta que antes de tudo devem ser dadas, ao docente, possibilidades de conhecimento e de uma reflexão sobre sua postura profissional e acima de tudo sobre sua identidade pessoal. O docente precisa ter tempo para se familiarizar com as TIC, saber suas possibilidades de uso e seus limites, porque quando o professor tiver que utilizá-las as faça de forma consciente e reflexiva. As TIC precisam ser um instrumento que favoreça a aprendizagem e não que a dificulte. As ferramentas tecnológicas podem fazer com que os estudantes tenham mais satisfação em aprender e com isso os resultados sejam mais positivos, porque existem vários níveis de conhecimento e de complexidade a serem atingidos por um determinado grupo de estudantes, e em um determinado tempo. (KENSKI, 1998)

Para tanto, precisamos saber que profissionais são estes que ensinam na EaD? Belloni (2001) explica que

a definição do papel, das funções e das tarefas docentes em EaD terá de ser necessariamente diferente daquelas do ensino convencional. Naturalmente, a indefinição conceitual e institucional neste campo reflete-se no papel e nas funções do professor a distância. (BELLONI, 2001, p.79)

A principal característica da EaD é a segmentação do ato de ensinar em múltiplas tarefas por meio das TIC, as quais tornam o ensino mais complexo, afirma Belloni (2001). Para Moore e Kearsley (2008, p. 9), “um sistema de educação a distância é formado por todos os processos componentes que operam quando ocorre o ensino e o aprendizado a distância. Ele inclui aprendizado, ensino, comunicação, criação e gerenciamento”. Estas características precisam ser percebidas e compreendidas pelo professor.

Segundo analisa Belloni (2001), em EaD, o trabalho é dividido. Os docentes possuem funções separadas e pertencem a um processo de planejamento e execução dividido no tempo e no espaço. Selecionar e organizar conteúdos, bem como lecionar são ações exercidas em aulas convencionais no ensino presencial e correspondem em EaD “à preparação e autoria das unidades curriculares (cursos) e de textos que constituem a base dos materiais pedagógicos realizados em diferentes suportes” (BELLONI, 2001, p. 80).

O ensino a distância é um desafio para muitos docentes, pois este é conduzido por intermédio das TIC. Conforme explicam Moore e Kearsley (2008), os professores

precisam descobrir sozinhos as limitações e o potencial da tecnologia e as melhores técnicas para comunicação por meio dessa tecnologia. Se você estiver ensinando pela televisão, tem que aprender como aparecer perante uma câmera; em frente a um microfone de rádio ou audioconferência, a controlar (mas variar) seu ritmo e tom de voz; por correspondência ou on- line, interpretar o que o aluno escreve e ser capaz de responder por escrito de um modo instrutivo – sem estender em excesso o tempo dedicado a cada aluno!

Os melhores professores a distância têm empatia e capacidade para entender as personalidades de seus alunos, mesmo quando filtradas pelas comunicações transmitidas tecnologicamente. (MOORE; KEARSLEY, 2008, p. 147-148)

Quanto mais estruturada a EaD, mais oportunidade terá o professor de envolver seus estudantes em discussões, reflexões e construção do conhecimento. Além disso, o docente tem a responsabilidade de propiciar um ambiente para que os estudantes aprendam a gerenciar e controlar seu próprio conhecimento. Isto também fará com que estes apliquem e se envolvam mais com os materiais, relacionando-os às suas próprias vidas e, portanto, redimensionando as informações dos professores em conhecimento pessoal. (MOORE; KEARSLEY, 2008)

Belloni (2001) argumenta que o professor tem funções específicas para acompanhar a aprendizagem, entre elas poderíamos citar: aconselhamento, tutoria, gerenciamento dos polos e dos recursos, avaliação – preparação e correção dos materiais para avaliação

formativa e somativa. Estas questões fazem parte do trabalho cotidiano do professor de EaD, tanto quanto a de um professor de presencial.

Entretanto, estas situações são arranjadas na EaD de uma forma mais sutil e intuitiva, diríamos até artesanal, porque o trabalho é feito com pequenos grupos de estudantes. Em EaD, assim como pode ocorrer no ensino presencial, o professor deixa de ser uma única pessoa a contribuir na construção do conhecimento do estudante e passa ser um sujeito coletivo formado por outros professores (tutores). Essa é uma característica que pode se tornar comum no ensino presencial, pois as TIC acabam proporcionando estas construções coletivas. (BELLONI, 2001)

Como bem ilustra a autora (2001), o professor deixará de ser o personagem principal de uma peça que ele escreveu e que ele mesmo dirige para dar lugar a outros atores – os estudantes. Estes desempenharão papel principal na peça que o professor poderá até dirigir, mas que foi escrita por diversos outros autores. A autora (2001) acredita que para um novo professor, mais autônomo, um novo tipo de estudante surge, diferente daquele estudante protegido e orientado (ou controlado) do ensino convencional. O professor fará frente a esta nova atuação utilizando constantemente, tanto na disciplina que ministra, quanto em relação aos métodos de ensino e tecnologias que utiliza como facilitadores da aprendizagem.

CAPÍTULO 4

A LINGUAGEM HIPERTEXTUAL

Todo texto é uma máquina preguiçosa pedindo ao leitor que faça uma parte de seu trabalho. (Umberto Eco)

Para compreendermos como se dá o processo de elaboração de hipertextos para a EaD, necessitamos fundamentar teoricamente o que é o hipertexto, situando-o em um determinado contexto de produção. Neste momento do trabalho, apresentaremos as relações existentes entre hipermídia, hiperlink e hipertexto, conceituando-os e explicando-os em seus processos discursivos. Esta compreensão é importante para que delimitemos a partir daí a metodologia e a análise feita por nós acerca das disciplinas elencadas no Curso de Letras Português a distância da UFSC. Ainda discutiremos, neste capítulo, o uso do hipertexto como ferramenta metodológica de ensino em EaD, apresentando a relação existente entre o hipertexto e o AVEA, as características do hipertexto e as possibilidades de ensino a partir de seu uso.